genetica_de_populacoes
genetica_de_populacoes
genetica_de_populacoes
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CAPÍTULO 8. MOLÉSTIAS INFECCIOSAS E<br />
CONSTITUIÇÃO GENÉTICA DO HOSPEDEIRO<br />
As moléstias infecciosas <strong>de</strong>vem ter começado a <strong>de</strong>sempenhar um papel importante<br />
como agentes da seleção natural quando os seres humanos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> constituir grupos<br />
nôma<strong>de</strong>s pequenos e passaram a se associar em aglomerados rurais e urbanos, mais ou<br />
menos se<strong>de</strong>ntários, o que <strong>de</strong>ve ter acontecido há 5.000 ou 7.000 anos. Desse modo, ao<br />
mesmo tempo que a disseminação das infecções era facilitada pelo aumento da<br />
contigüida<strong>de</strong> entre as pessoas, a seleção natural tinha oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar, eliminando<br />
os indivíduos <strong>genetica</strong>mente suscetíveis e poupando aqueles que eram <strong>genetica</strong>mente<br />
resistente aos agentes infecciosos.<br />
Nos países <strong>de</strong>senvolvidos as moléstias infecciosas per<strong>de</strong>ram quase toda a sua<br />
importância como agentes da seleção natural. Entretanto, até há pouco tempo, numerosas<br />
populações da África, da Ásia e das Américas exibiam taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> antes da ida<strong>de</strong><br />
reprodutiva semelhantes às registradas na Europa do século 18. Nesse tempo, eram comuns<br />
as taxas <strong>de</strong> 200 óbitos por mil até a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ano e cerca <strong>de</strong> 500 por mil até os 20 anos<br />
<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, provocados, na maior parte, por moléstias infecciosas e carenciais.<br />
Se tomarmos por referência a mortalida<strong>de</strong> até os 12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, fica fácil<br />
<strong>de</strong>monstrar que nessas populações sub<strong>de</strong>senvolvidas a maioria dos óbitos na infância é<br />
conseqüência <strong>de</strong> doenças infecciosas intestinais, doenças imunopreviníveis, infecções<br />
respiratórias agudas, <strong>de</strong>ficiências nutricionais, anemias carenciais e peso muito abaixo do<br />
normal ao nascer. De fato, sabendo-se, <strong>de</strong> há muito, que a incidência <strong>de</strong> anomalias<br />
genéticas graves varia <strong>de</strong> 1% a 5,5% (Neel, 1958; Stevenson, 1959; Saldanha et al., 1963)<br />
po<strong>de</strong>-se estimar que, pelo menos, aproximadamente 10 por mil, isto é, 1% dos recém<br />
nascidos terão alterações patológicas constitucionais que po<strong>de</strong>rão provocar óbito antes <strong>de</strong><br />
um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Em outras palavras, a taxa esperada <strong>de</strong> óbitos antes <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> por causas<br />
exógenas que, no caso, são as moléstias infecciosas e carenciais, será tudo aquilo que<br />
exce<strong>de</strong>r 10 por mil, pois nessa faixa etária os aci<strong>de</strong>ntes são raros. Por sinal, nos países<br />
<strong>de</strong>senvolvidos, bem como naqueles que, apesar <strong>de</strong> estarem em <strong>de</strong>senvolvimento, possuem<br />
211<br />
202