genetica_de_populacoes
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Para exemplificar, tomemos o caso da fibrose cística do pâncreas, a qual é, sabidamente,<br />
<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> numerosos mutantes alelos, pertencentes a um mesmo loco do cromossomo 7.<br />
Visto que tais mutantes <strong>de</strong>terminam essa anomalia recessiva tanto em homozigose quanto em<br />
heterozigose entre si, tudo se passa como se houvesse um único alelo responsável por esse<br />
<strong>de</strong>feito genético. Desse modo, em <strong>de</strong>corrência da alta freqüência <strong>de</strong>ssa heredopatia entre os<br />
caucasói<strong>de</strong>s (1:1.000 a 1:3.000), não se <strong>de</strong>ve esperar alta proporção <strong>de</strong> filhos <strong>de</strong> casais<br />
consangüíneos entre os pacientes caucasói<strong>de</strong>s com fibrose cística do pâncreas, pois, nesse caso, a<br />
heterogeneida<strong>de</strong> genética, como vimos, não diz respeito a diferentes locos gênicos, mas a um<br />
único.<br />
Em países on<strong>de</strong> há gran<strong>de</strong> mistura racial, como no Brasil, po<strong>de</strong> acontecer, entretanto, que<br />
se assinale alta proporção <strong>de</strong> casais consangüíneos entre os genitores <strong>de</strong> pacientes com fibrose<br />
cística do pâncreas. De fato, sabendo-se que essa heredopatia é praticamente ausente tanto em<br />
negros africanos quanto nas populações <strong>de</strong> origem mongólica, está claro que nas populações<br />
resultantes da miscigenação <strong>de</strong> caucasói<strong>de</strong>s com negros ou com mongolói<strong>de</strong>s a freqüência do<br />
“gene” responsável pela fibrose cística do pâncreas estará diminuída. Depen<strong>de</strong>ndo do<br />
componente caucasói<strong>de</strong> na população miscigenada, a freqüência <strong>de</strong>sse “gene” po<strong>de</strong>rá ser muito<br />
baixa e, assim, propiciar o aparecimento <strong>de</strong> uma alta proporção <strong>de</strong> filhos <strong>de</strong> consangüíneos entre<br />
os pacientes com essa heredopatia.<br />
4. O TAMANHO DOS ISOLADOS<br />
Os isolados po<strong>de</strong>m crescer por reprodução <strong>de</strong> seus indivíduos (crescimento <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
suas fronteiras) ou por miscigenação com imigrantes (quebra dos isolados), mas eles po<strong>de</strong>m, ao<br />
invés, diminuir ou, ao menos, manter seu tamanho, em conseqüência da pouca reprodutibilida<strong>de</strong><br />
e(ou) <strong>de</strong> emigração <strong>de</strong> seus elementos. Por isso, a medida do tamanho dos isolados <strong>de</strong>ve sempre<br />
referir-se a um período <strong>de</strong>finido. Além disso, consi<strong>de</strong>rando que os geneticistas estão interessados<br />
na população <strong>genetica</strong>mente ativa, da qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a variação do tamanho dos isolados, a<br />
medida <strong>de</strong>sse tamanho <strong>de</strong>ve ser feita com o objetivo <strong>de</strong> estimar não o número <strong>de</strong> indivíduos que<br />
os constituem, mas sim o número <strong>de</strong> pessoas do isolado que, em um <strong>de</strong>terminado período, estão<br />
se casando (Dahlberg, 1929) ou que estão se unindo e <strong>de</strong>ixando prole (Frota-Pessoa, 1957,1963).<br />
Para estimar esse número Dahlberg (1929) partiu do princípio <strong>de</strong> que, em panmixia, os<br />
casamentos entre consangüíneos ocorrem aleatoriamente e, nesse caso, a freqüência <strong>de</strong>sses<br />
casamentos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá apenas do tamanho médio das famílias e do tamanho do isolado. Assim,<br />
se i for o tamanho médio das irmanda<strong>de</strong>s, i - 1 será o número médio <strong>de</strong> irmãos <strong>de</strong> cada indivíduo<br />
e 2(i - 1) será o número médio <strong>de</strong> tios <strong>de</strong> cada indivíduo, isto é, i - 1 tios paternos e i - 1 tios<br />
maternos. Portanto, cada indivíduo da população terá, em média,<br />
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