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genetica_de_populacoes

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por pequenos isolados genéticos, cujo tamanho efetivo não <strong>de</strong>veria exce<strong>de</strong>r a 100. Nesses<br />

pequenos isolados existia a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um único indivíduo, altamente fecundo, ou com<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes muito fecundos, provocar a predominância <strong>de</strong> um ou mais genes na população<br />

originária <strong>de</strong> tais isolados, ainda que um <strong>de</strong>sses genes conferisse baixo valor adaptativo a seus<br />

portadores. Quando se reconhece a existência <strong>de</strong>sse processo, costuma-se falar em efeito do<br />

fundador.<br />

Nas populações primitivas também era freqüente a diminuição abrupta <strong>de</strong> seu tamanho,<br />

pela redução do número <strong>de</strong> pessoas em conseqüência <strong>de</strong> guerras, epi<strong>de</strong>mias, fome e outras<br />

catástrofes, dizimando famílias, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do valor adaptativo <strong>de</strong> seus genes. As<br />

freqüências gênicas dos sobreviventes nem sempre correspondiam à da população original, <strong>de</strong><br />

sorte que a população oriunda <strong>de</strong>les podia mostrar uma composição genética diversa da que<br />

existia anteriormente. Esse efeito, <strong>de</strong>corrente do “estreitamento da passagem” <strong>de</strong> genes <strong>de</strong> uma<br />

população original para outra por intermédio <strong>de</strong> uma geração reduzida por uma catástrofe, que<br />

afetou uma parte do isolado e que, evi<strong>de</strong>ntemente, nada tem a ver com o processo <strong>de</strong> seleção<br />

natural, costuma ser <strong>de</strong>nominado efeito do gargalo.<br />

Dentre os exemplos <strong>de</strong> possíveis conseqüências <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva genética po<strong>de</strong>-se mencionar o<br />

caso dos indígenas sul-americanos não miscigenados, os quais apresentam, praticamente, apenas<br />

o grupo sangüíneo O. Assim, por exemplo, todos os 1.622 índios do Amazonas e do Mato<br />

Grosso estudados por vários pesquisadores (Biocca e Ottensooser, 1944; Ottensooser e<br />

Pasqualin, 1949; Lima, 1950; Junqueira e Wishart, 1956) mostraram ser do grupo sangüíneo O.<br />

A ausência dos genes A e B do sistema ABO entre eles po<strong>de</strong>ria ser explicada como conseqüente<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>riva genética ocorrida nos pequenos grupos que compunham as gerações ancestrais que lhes<br />

<strong>de</strong>ram origem.<br />

Existem, entretanto, outros exemplos em que o efeito da <strong>de</strong>riva genética está bem mais<br />

evi<strong>de</strong>nte, porque os genes que se manifestam com alta freqüência conferem a seus portadores<br />

valor adaptativo baixo. É o caso da porfiria hepática do tipo sul-africano (dominante<br />

autossômica), que é rara na maioria das populações humanas, mas ocorre em alta proporção nos<br />

africân<strong>de</strong>res (cerca <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> pequeno número <strong>de</strong> holan<strong>de</strong>ses e <strong>de</strong><br />

franceses, que se estabeleceram na África do Sul em fins do século XVII). As investigações<br />

genealógicas realizadas levam a crer que a maioria dos casos <strong>de</strong> porfiria hepática entre os<br />

africân<strong>de</strong>res seja constituída por <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um holandês que chegou à Cida<strong>de</strong> do Cabo em<br />

1686.<br />

Outro caso interessante é o da população dos atóis <strong>de</strong> Pinguelape e Moki1 e <strong>de</strong> seus<br />

migrantes para a ilha vizinha <strong>de</strong> Ponape. Nessas ilhas, que fazem parte das Ilhas Carolinas, a<br />

freqüência da acromatopsia associada à miopia é altíssima, pois está em torno <strong>de</strong> 5%. A<br />

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