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genetica_de_populacoes

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(Teriam eles se submetido voluntária e conscientemente a essas inoculações?). Dentre os<br />

indivíduos inoculados 15 eram heterozigotos AS e 15 eram homozigotos AA (controles). Dos 15<br />

portadores do traço siclêmico apenas dois contraíram malária e, mesmo assim, a contagem <strong>de</strong><br />

parasitas no sangue foi pequena, ao passo que todos os controles manifestaram malária e alguns<br />

casos precisaram <strong>de</strong> tratamento. Beutler et al. (1955), entretanto, não conseguiram obter<br />

resultado semelhante ao repetir o mesmo experimento em prisioneiros negros norte-americanos,<br />

já que não encontraram diferença significativa entre o grupo controle e o grupo com traço<br />

siclêmico.<br />

Uma explicação plausível para a proteção conferida pela hemoglobina S contra a malária<br />

causada pelo P. falciparum po<strong>de</strong> ser a <strong>de</strong> que as hemácias com os trofozoítos ficariam retidas nos<br />

capilares durante um tempo suficiente para causar hipóxia, <strong>de</strong>vida tanto à perda <strong>de</strong> oxigênio para<br />

os tecidos quanto para os parasitas. Esse acontecimento, aliado ao fato <strong>de</strong> que as hemácias com<br />

os trofozoítos <strong>de</strong> P. falciparum ten<strong>de</strong>m a a<strong>de</strong>rir às pare<strong>de</strong>s dos capilares dos tecidos periféricos,<br />

facilitaria a falciformação das hemácias parasitadas, as quais, por isso, seriam <strong>de</strong>struídas (Miller<br />

et al., 1956).<br />

A explicação dada para a manutenção do polimorfismo da hemoglobina S foi estendida à<br />

hemoglobina C, que ocorre em alta freqüência na África Oci<strong>de</strong>ntal, principalmente em Gana, e à<br />

hemoglobina E, que tem freqüência alta no Sudoeste da Ásia, apesar <strong>de</strong> os homozigotos CC e EE<br />

não manifestarem complicações tão graves quanto os homozigotos SS. Do mesmo modo, a alta<br />

freqüência da talassemia beta nas populações vizinhas ao Mar Mediterrâneo e nas asiáticas tem<br />

sido explicada como uma conseqüência da melhor viabilida<strong>de</strong> dos heterozigotos em regiões on<strong>de</strong><br />

a malária causada pelo P. falciparum foi endêmica.<br />

Aliás, é importante lembrar que foi a coincidência da distribuição geográfica da<br />

talassemia beta e, no passado, do P. falciparum (Figura 2.6) que levou o gran<strong>de</strong> geneticista,<br />

bioquímico e humanista inglês John Burdon San<strong>de</strong>rson Haldane a sugerir a hipótese <strong>de</strong> que os<br />

indivíduos com talassemia heterozigótica teriam vantagem seletiva sobre os homozigotos<br />

(Haldane, 1949). Como se sabe, os indivíduos com talassemia beta homozigótica apresentam<br />

uma anemia grave (anemia <strong>de</strong> Cooley ou talassemia major) com alterações eritrocitárias<br />

(alvócitos, microcitose, anisocitose, hipocromia, aumento da resistência osmótica),<br />

esplenomegalia, hepatomegalia, além <strong>de</strong> outras alterações que po<strong>de</strong>m prejudicar a sobrevivência<br />

até a ida<strong>de</strong> reprodutiva. Os homozigotos do gene que confere ritmo <strong>de</strong> síntese normal da ca<strong>de</strong>ia<br />

beta <strong>de</strong> hemoglobina seriam, por sua vez, mais selecionados pela malária do que os heterozigotos<br />

assintomáticos (talassemia mínima) ou que aqueles com uma forma pouco grave <strong>de</strong> talassemia<br />

(talassemia minor). Tal proteção po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>correr das necessida<strong>de</strong>s nutricionais do P.<br />

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