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genetica_de_populacoes

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com anemia falciforme (homozigotos SS) nunca atingiam a ida<strong>de</strong> reprodutiva, é claro que a<br />

freqüência do gene responsável por essa hemoglobinopatia <strong>de</strong>veria correspon<strong>de</strong>r apenas à taxa <strong>de</strong><br />

mutação. No entanto, esse gene atinge proporções muito altas em algumas populações africanas<br />

(Allison,1954b), entre as quais é comum o encontro <strong>de</strong> freqüências iguais ou superiores a 10%.<br />

Isso equivale a dizer, pois, que, para explicar a manutenção do gene da hemoglobina S nessa<br />

freqüência tão alta, <strong>de</strong>veríamos supor a taxa <strong>de</strong> mutação <strong>de</strong> 1%, o que, evi<strong>de</strong>ntemente, é um<br />

absurdo.<br />

Em vista disso, recorreu-se à hipótese <strong>de</strong> que os indivíduos com o traço siclêmico<br />

(heterozigotos AS) teriam uma vantagem seletiva em relação aos homozigotos do gene da ca<strong>de</strong>ia<br />

beta <strong>de</strong> hemoglobina normal (AA) e, é claro, em relação aos indivíduos afetados pela anemia<br />

falciforme (SS). Essa vantagem ocorreria em áreas tropicais e subtropicais on<strong>de</strong> a malária<br />

causada pelo Plasmodium falciparum é ou era freqüente. Como se sabe, nas áreas<br />

holo-endêmicas, a malária causada por P. falciparum é o tipo mais letal em crianças entre os seis<br />

meses e os três anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Antes dos seis meses <strong>de</strong> vida as crianças <strong>de</strong>ssas regiões são imunes<br />

à malária, porque apresentam imunida<strong>de</strong> adquirida passivamente das mães. Por outro lado, após<br />

o terceiro ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, o quadro clínico ten<strong>de</strong> a ser menos drástico, mesmo em indivíduos com<br />

alta concentração <strong>de</strong> parasitas no sangue. Em outras palavras, nessas regiões, as crianças com<br />

anemia falciforme (homozigotos SS) estariam con<strong>de</strong>nadas à morte precoce por causa da própria<br />

heredopatia, enquanto que as crianças com hemoglobina totalmente normal (homozigotos AA)<br />

teriam maior probabilida<strong>de</strong> do que as heterozigotas AS <strong>de</strong> ir a óbito por malária causada por P.<br />

falciparum.<br />

Essa hipótese ganhou apoio porque:<br />

1. no período entre os seis meses e os três anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> as crianças <strong>de</strong> regiões endêmicas<br />

<strong>de</strong> P. falciparum revelaram que os heterozigotos AS tinham menor parasitemia que os<br />

homozigotos AA (Allison, 1954b);<br />

2. em crianças com mais <strong>de</strong> mil parasitas por milímetro cúbico <strong>de</strong> sangue, a freqüência <strong>de</strong><br />

heterozigotos AS (13,7% em 386 crianças) foi, praticamente, a meta<strong>de</strong> da esperada (24,4% em<br />

1.180 controles) na hipótese <strong>de</strong> inexistência <strong>de</strong> seleção (Van<strong>de</strong>pitte e Delaisse, 1957);<br />

3. reunindo os dados <strong>de</strong> vários autores a respeito <strong>de</strong> óbitos infantis em diversas<br />

populações africanas, causados por malária predominantemente do tipo cerebral, verificou-se<br />

que, <strong>de</strong>ntre 100 <strong>de</strong>sses óbitos, havia apenas um caso com traço siclêmico, o que contrasta com o<br />

número teórico esperado <strong>de</strong> heterozigotos AS (22,6%) na hipótese <strong>de</strong> inexistência <strong>de</strong> seleção<br />

preferencial (Motulsky, 1964).<br />

Além <strong>de</strong>sses, existem, ainda, os dados <strong>de</strong> Allison (1954a) sobre os resultados das<br />

inoculações <strong>de</strong> P. falciparum em 30 negros africanos <strong>de</strong> uma área hiper-endêmica <strong>de</strong> malária.<br />

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