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UFRRJ<br />

INSTITUTO DE CIÊNCIA HUMANAS E SOCIAIS<br />

CU<strong>RS</strong>O DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA<br />

E SOCIEDADE<br />

A IMPORTÂNCIA DO CULTIVO E DA PRODUÇÃO DA UVA BORDÔ<br />

PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DE MONTE ALEGRE DOS CAMPOS<br />

IVAN BUSIN<br />

2002


UNIVE<strong>RS</strong>IDAADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO<br />

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS<br />

CU<strong>RS</strong>O DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESEMVOLVIMENTO,<br />

AGRICULTURA E SOCIEDADE<br />

A IMPORTÂNCIA DO CULTIVO E DA PRODUÇÃO DA UVA BORDÔ<br />

PARA A AGRICULTURA FAMILIAR DE MONTE ALEGRE DOS CAMPOS<br />

IVAN BUSIN<br />

Sob a orientação do Professor<br />

Dr.Ph.D. Eli Lino de Jesus<br />

Seropédica, RJ<br />

Novembro de 2002<br />

Monografia submetida como requisito<br />

parcial para obtenção do diploma de<br />

Pós-graduação Lato Sensu em<br />

Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade<br />

2


UNIVE<strong>RS</strong>IDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO<br />

INSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS<br />

CU<strong>RS</strong>O DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO, AGRICULTURA<br />

E SOCIEDADE<br />

IVAN BUSIN<br />

Monografia submetida ao Curso de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e<br />

Sociedade como requisito parcial para obtenção do diploma de Pós-graduação Lato<br />

Sensu em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade<br />

MONOGRAFIA APROVADA EM ......./......../...............<br />

____________________________________________________<br />

Eli Lino de Jesus ( Dr., Ph.D) CPDA/UFRRJ<br />

(Orientador)<br />

____________________________________________________<br />

Nelson Giordano Delgado (Ph.D.) CPDA/UFRRJ<br />

____________________________________________________<br />

Silvana de Paula (Ph.D.) CPDA/UFRRJ<br />

____________________________________________________<br />

Nora Beatriz Amodeo (Ph.D.) REDCAPA<br />

3


AGRADECIMENTOS<br />

A Deus, que desde que o conheci está comigo, através de seu filho Jesus Cristo.<br />

A minha esposa Marlova, milha filha Thalita, meus pais Dejalma “in memoriun”<br />

e Ondina e meus irmãos: Olavo, Rui, Eluir, Edson e Ieda, e meus colegas de trabalho:<br />

Valni, Zanete, Marta e Délcio, e aos produtores rurais de Monte Alegre dos Campos,<br />

pela convivência, solidariedade e carinho.<br />

À Direção da Empresa EMATER/ASCAR - <strong>RS</strong>, colegas do Escritório Regional<br />

de Erechim e da Central.<br />

A todos os professores do cpda e da REDCAPA que tanto me ensinaram,<br />

lançando-me desafios e me fazendo repensar minha vida como homem e Extensionista<br />

Rural.<br />

Ao meu orientador, professor Eli Lino de Jesus pela sua dedicação e apoio.<br />

A todos os colegas da I Turma do CU<strong>RS</strong>O de ESPECIALIZAÇÃO em<br />

AGRICULTURA FAMILIAR E DESENVOLVIMENTO RURAL, que de diferentes<br />

formas contribuíram com meu aprendizado como pessoa e profissional.<br />

E a todos aqueles que de uma forma ou outra, mesmo anonimamente<br />

colaboraram na realização deste curso.<br />

4


SUMÁRIO<br />

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9<br />

1 ORIGEM E HISTÓRIA DA VITIVINICULTURA............................................ 11<br />

1.1 Origem das Espécies do Gênero Vitis............................................................... 11<br />

1.2 Origem da Viticultura e do Vinho...................................................................... 11<br />

1.3 História da Dispersão da Videira........................................................................ 12<br />

1.3.1 No Mundo....................................................................................................... 12<br />

1.3.2 Nas Américas................................................................................................... 12<br />

1.3.3No Brasil........................................................................................................... 12<br />

1.3.4 No Rio Grande do Sul..................................................................................... 13<br />

1.3.5 Em Monte Alegre dos Campos....................................................................... 13<br />

2 METODOLOGIA................................................................................................ 16<br />

2.1 Objetivos............................................................................................................ 16<br />

2.2 Local da Realização da Pesquisa....................................................................... 16<br />

2.3 Período............................................................................................................... 16<br />

2.4 População-alvo................................................................................................... 17<br />

2.5 Roteiro da Pesquisa............................................................................................ 17<br />

3 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE DOS CAMPOS..... 18<br />

3.1 As diferentes Vertentes da Vitivinicultura Familiar no Município.................... 20<br />

3.1.1 O foco local..................................................................................................... 20<br />

3.1.2 O foco social e cultural.................................................................................... 22<br />

3.1.3 O foco econômico............................................................................................ 24<br />

3.2 As Ameaças e Oportunidades do Setor Vitícola................................................ 27<br />

3.3 Conversando com os Produtores........................................................................ 30<br />

3.3.1 Passos na implantação de um parreiral........................................................... 30<br />

3.4 Principais Pragas e Doenças............................................................................... 33<br />

3.5 Tratos Culturais................................................................................................. 33<br />

5


3.6 Questionário....................................................................................................... 34<br />

CONCLUSÃO......................................................................................................... 40<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 42<br />

ANEXOS................................................................................................................. 43<br />

6


LISTA DE QUADROS<br />

Quadro 1 – Espelho Rural de Monte Alegre dos Campos........................................ 19<br />

Quadro 2 – Número de famílias que trabalham com parreira de uva Bordô............ 20<br />

Quadro 3 – Matriz Sintética da História Agrária do Município............................... 23<br />

Quadro 4 – Matriz Sintética da História Agrária do Município............................... 24<br />

Quadro 5 – Valores Adicionados pela Produção de Maçã da Agropecuária das<br />

Empresas Agropecuárias do Município...................................................................<br />

Quadro 6 – Valores Adicionados pela Produção da Agropecuária.......................... 26<br />

Quadro 7 – Principais cantineiros que compram uva no município ....................... 29<br />

26<br />

7


RESUMO<br />

BUSIN, Ivan. A importância do cultivo e da produção da uva bordô para a<br />

Agricultura Familiar de Monte Alegre dos Campos- Monte alegre dos<br />

Campos,<strong>RS</strong>. Seropédica: UFRRJ,2002. 54p.(Monografia, Pós-graduação lato<br />

sensu em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade).<br />

Este trabalho contribuiu para o aprimoramento da nossa prática profissional como<br />

extensionista rural, nas questões voltadas ao planejamento agrícola, envolvendo a<br />

participação da comunidade. Diariamente, em contato com os colegas, lideranças,<br />

produtores, produtoras, jovens e crianças rurais, observa-se as necessidades de ampliar<br />

e compartilhar os conhecimentos locais, adquiridos e científicos. Diante das<br />

informações e dos desafios compartilhados com os professores deste curso, a<br />

necessidade de rever a estratégia de nosso trabalho tornou-se cada vez mais presente.<br />

Se observarmos o cotidiano do nosso produtor rural e sua família, nos deparamo-nos<br />

com as características da agricultura dependente de alguns fatores tais como: clima,<br />

terra, produção associada, da incidência de riscos, sistema de competição econômica,<br />

produtos não uniformes e dos altos custos de saída e/ou entrada, os quais dificultam sua<br />

administração. Mesmo assim a agricultura familiar em sua forma social, econômica e<br />

cultural. transforma-se dia-a-dia e consegue sobreviver ao tempo, mas com<br />

dificuldades cada vez maiores para se manter competitivas, em razão do sistema de<br />

competição econômica que se pratica em nosso país, além da globalização dos<br />

mercados.<br />

Entre as áreas de maiores conflitos, para a permanência dos produtores de<br />

vitivinicultura, destacam-se os setores de: comercialização, na qual os produtores têm<br />

dificuldades de assumirem compromissos, quer por suas fragilidade de organização,<br />

quer por serem dependentes, desprotegidos, disporem de pouca infra-estrutura , do<br />

volume de suas produções, quer pelo conhecimento de seus custos, do de tecnologia,<br />

da assistência técnica , da fiscalização, permanecendo dependente das leis que regulam<br />

o setor. Sendo assim, realizou-se uma pesquisa em nível municipal para verificar onde<br />

se localiza, como está, como se planeja o plantio, produção e a venda da uva bordô, e<br />

qual a sua importância para os pequenos produtores de Monte Alegre dos Campos.<br />

Palavras chave: Agricultura familiar, solidariedade, parcerias, subsistência e agregar<br />

valores a produção..<br />

8


INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho tem como base relatar nossa experiência a campo, descrevendo a<br />

vida cotidiana dos produtores rurais da uva Bordô, de Monte Alegre dos Campos/<strong>RS</strong>,<br />

enfatizando sua realidade, suas virtudes, seu conhecimento e dificuldades.<br />

Buscamos na competência pessoal (o aprender a ser), na competência<br />

relacionada (aprender a conviver), e na competência produtiva (aprender a conhecer), o<br />

compromisso de trabalhar com pessoas, em que a responsabilidade social, cultural e<br />

econômica com a nossa cidade, empresa, negócio-missão fazem parte de uma visão<br />

imperativa de todos para auxiliar a formar a liderança, ao líder cidadão.<br />

município.<br />

Inicialmente, buscamos relatar a origem e história da vitivinicultura até ao<br />

Na segunda parte enfocamos a história do município através do seu espelho<br />

rural, do mapa onde destacou-se as regiões de produção da uva Bordô (serrana e do<br />

campo), através do levantamento realizado junto às localidades quanto ao número de<br />

famílias, área e média do plantio da uva e como isso foi possível através do crédito<br />

agrícola Pronaf Vitivinicultura e da assistência técnica.<br />

Na terceira parte, enfocamos as ameaças, oportunidades do setor vitivinicola<br />

em que o setor gaúcho passa por três eixos: local, sócio cultural e o econômico.<br />

Na quarta parte enfocamos o trabalho rural junto as comunidades e suas<br />

famílias, relatando-se como os produtores implantaram seus parreirais, como se faz o<br />

vinho colonial .<br />

Na quinta parte aplicamos um questionário semi-estruturado junto aos<br />

diferentes produtores de uva Bordô, em suas localidades, com o objetivo de mostrar as<br />

suas realidades.<br />

Por fim, a nossa conclusão baseia-se na realidade oportunizada pelo trabalho,<br />

onde a agricultura familiar do município é dependente de vitivinicultura, onde além de<br />

gerenciar o seu próprio negócio, o produtor rural familiar mostra-se desejoso de<br />

9


permanecer na propriedade, manejar os recursos naturais existentes com<br />

responsabilidade e dependente da acessória técnica, investimentos locais, regionais e do<br />

mercado.<br />

10


1 ORIGEM E HISTÓRIA DA VITICULTURA<br />

1.1 Origem das Espécies do Gênero Vitis<br />

O provável centro de origem paleontólogico das videiras atuais é a Groelândia.<br />

Lá se encontram os fósseis mais antigos de suas ancestrais. Há 300 mil anos, durante a<br />

era Cenozóica, no Período Terciário, surgiu a primeira espécie de videira. No final do<br />

Período Quaternário, devido à grande glaciação, esta extingui-se naquele local. De lá a<br />

videira dispersou-se em duas direções: uma américo-asiática e outra euro-asiática. A<br />

presença milenar da videira na Terra possibilitou grande variabilidade de espécies,<br />

adaptadas às diversas situações de clima e solo e resistentes às pragas e moléstias.<br />

1.2 Origem da Viticultura e do Vinho<br />

A cultura da videira teve seu início na Ásia Ocidental, entre a Armênia e a<br />

Pérsia, entre os mares Negro e Cáspio, no final da Idade do Bronze. O vinho é anterior à<br />

história, pois foram encontrados vestígios de sua produção em cavernas e ruínas de<br />

cidades pré-históricas.<br />

A viticultura e a produção de vinhos assumiram importante papel na cultura<br />

ocidental. Para povos antigos, que deram origem às culturas européias, a videira e o<br />

vinho eram tidos como presentes de divindades (Osíris no Egito, Dionísio na Grécia e<br />

Baco em Roma). Também, na cultura hebraica, origem do Cristianismo, o vinho<br />

assumiu grande importância.<br />

11


1.3 História da Dispersão da Videira<br />

1.3.1 No Mundo<br />

Em seu local de origem, no final do neolítico (neolítico, idade do bronze, entre<br />

6.000 e 5.000 a. C.), são registrados os mais antigos vestígios de cultivo da videira.<br />

Estes foram encontrados na cidade de Kannish, no sul do Cáucaso, datados de 3.500<br />

a.C. Ela também já era cultivada no Egito e Oriente Médio. Ainda antes de 600 a.C. os<br />

fenícios teriam levado a videira à Grécia e dali à Roma e ao sul da França. Os romanos<br />

difundiram a vinha por todas as terras por eles conquistadas estendendo-se a Lusitânia<br />

(Portugal) até a Dácia (România) e da Britânia (Inglaterra) até a Mauritânia (Norte da<br />

África, Argélia, Tunísia e Líbia).<br />

Durante a Idade Média a viticultura na Europa manteve-se dentro dos mosteiros.<br />

Ao final dessa era, com o início das grandes navegações, começou um nova fase de<br />

expansão.<br />

1.3.2 Nas Américas<br />

Em sua segunda viagem, em 1493, Cristóvão Colombo levou bacelos 1 de<br />

videira às Antilhas. Desta forma foram propagadas as plantas que seriam introduzidas<br />

poucos anos após no México.<br />

Para a difusão do cristianismo era necessário o vinho, utilizado nos<br />

sacramentos. Deste modo, os missionários levaram a videira a praticamente todos os<br />

pontos do continente americano. Na América do Sul, os primeiros plantios foram feitos<br />

no Peru. De lá, a cultura foi difundida para a outros países.<br />

__________________<br />

1 Bacelos: pequenos galinhos retirados do ramo da videira, normalmente com 3 a 4 gemas.<br />

12


1.3.3 No Brasil<br />

A videira foi introduzida no Brasil por Martim Afonso de Souza, em 1532, na<br />

Capitania de São Vicente. Em 1535, a videira foi plantada na Bahia e em Pernambuco.<br />

Em 1551, Brás Cubas produziu o primeiro vinho em território brasileiro, no planalto de<br />

Piratininga (São Paulo).<br />

1.3.4 No Rio Grande do Sul<br />

O jesuíta espanhol Roque Gonzáles de Santa Cruz introduziu a videira no Rio<br />

Grande do Sul, em 1626, quando da fundação da redução de São Nicolau.<br />

Uma nova introdução foi feita por açorianos e madeirenses, a partir de 1742,<br />

quando esses começaram a colonizar as terras do interior. Em 1813, próximo a Rio<br />

Pardo, Manoel Macedo de Brum produziu vinho. Em 1820, Saint Hilaire registrou a<br />

presença de vinhedos na região de Porto Alegre. Em 1824, iniciou-se a colonização<br />

alemão. Estes também plantariam a videira alguns anos após a introdução da “Isabel”.<br />

No ano de 1840, José Marques Lisboa, gaúcho que se encontrava em<br />

Washington, E.U.A., enviou mudas de videira para o comerciante Thomas Messiter em<br />

Marinheiros, naquele município. De lá, esta variedade isabel foi difundida para todo o<br />

Estado, logo substituindo as cultivares viníferas.<br />

Quando em 1875 chegaram os primeiros colonos italianos e esse cultivar já<br />

existia até na região do vale do Caí. Esses trouxeram bacelos de suas viníferas, porem,<br />

devido às dificuldades de clima, substituíram-na pela “Isabel”.<br />

1.3.5 Em Monte Alegre dos Campos<br />

Serra das Antas, antiga colônia dos Bentos, era conhecida antigamente como<br />

a primitiva mata dos índios Coroados, hoje Capela São Francisco. Através de pesquisas<br />

realizadas entre os moradores mais antigos, afirma-se que a mesma foi fundada em<br />

1931, por descendentes de imigrantes italianos na sua grande maioria vindos de Criúva,<br />

13


distrito de Caxias do Sul. No dia 04 de outubro de 1931, foi inaugurada a primeira a<br />

Igreja Católica Apostólica Romana, na comunidade.<br />

Essa brava gente trouxe de sua terra de origem a experiência agrícola,<br />

ferramentas, sementes, os primeiros vinhos, a coragem, a bravura e a “fé no criador”.<br />

Iniciou-se assim o desbravamento da mata virgem constituída basicamente de pinhais,<br />

o chamado "inferno verde".<br />

Assim, os imigrantes que residiam começaram a se organizar-se em<br />

comunidades, após o advento da inauguração da primeira Igrejinha. No seu labutar<br />

diário, os filhos de imigrantes italianos foram desbravando as matas virgens, os<br />

pinheirais; então, jogaram-se com fé e amor ao árduo trabalho de cultivar a terra. Essa<br />

brava gente que aqui plantou raízes trouxeram de sua terra originária a experiência<br />

agrícola, e acreditaram no desenvolvimento e no futuro da comunidade. Aos filhos de<br />

imigrantes italianos juntaram-se os gaúchos Vacaria e, juntos, construíram esta próspera<br />

comunidade. O início do desenvolvimento e estruturação começou com a troca de<br />

experiências nos costumes e hábitos entre os moradores. Da parte dos italianos foi<br />

introduzido o galeto, vinho, polenta; já os gaúchos contribuíram com o churrasco e o<br />

chimarrão.<br />

Nos início da colonização, as famílias praticavam exclusivamente a agricultura<br />

de subsistência, com exceção do fumo que era cultivado e industrializado em casa e<br />

vendido na cidade de Vacaria.<br />

O cultivo da viticultura começou em pequena escala com a finalidade de<br />

fabricar o vinho para o consumo próprio. Com o evento da Fundação da Vinícola<br />

Caldart, em 1969 criou-se incentivos junto aos produtores para que se aumentasse o<br />

cultivo das videiras com a finalidade de comercializar a uva. Com o crescimento da<br />

produção, acontecia, no dia 13 de fevereiro de 1983, a "I Festa da Uva". Fizeram parte<br />

da organização da organização o grupo de jovens "Jucris". Na ocasião, com a presença<br />

do então Prefeito Municipal Dr. Marcos Palombini, e por solicitação dos organizadores,<br />

a Festa da Uva passou a ser municipal ficando determinado que a mesma se realizaria<br />

a cada dois anos seguindo-se aos anos ímpares. Em 1988 a Vinícola Cerezer instala-se<br />

em São Francisco, consolidando a produção da uva bordô na região, transformando a<br />

base da economia familiar, cultural e social da região. No dia 09 de fevereiro de 1997,<br />

realizou-se a I Festa Municipal da Uva de Monte Alegre dos Campos, na tradicional<br />

localidade de São Francisco, situada a 13 quilômetros da Sede do município.<br />

14


De acordo com a classificação da uva para fins industriais, segundo a sua<br />

aptidão, qualidade enológica e de acordo com o artigo 41.1988, a uva bordô, cujo nome<br />

verdadeiro é Ives, pertence ao grupo III das chamadas uvas tintas. A região da serra<br />

Gaúcha dedica-se à produção da uva bordô para a industrialização( vinhos, derivados e<br />

sucos), caracterizada por pequenas propriedades, com relevos de difícil mecanização,<br />

cuja expectativa é de um aumento de 20% da área de plantio para o próximos dois anos.<br />

15


2 METODOLOGIA<br />

Este estudo de caso foi realizado junto a órgãos de viticultura do Estado,<br />

entrevistas com produtores, técnicos, cantineiros e autoridades, através de reuniões,<br />

encontros e participação de seminários. Para tanto foi aplicado em 10 produtores rurais<br />

um questionário com 10 perguntas, semi- estruturadas, com o objetivo de mapeadas as<br />

dificuldades e potencialidades de uva bordô no município.<br />

município.<br />

2.1 Objetivos<br />

- Verificar a importância social, cultural e econômica da vitivinicultura para o<br />

- Identificar o modo de produção da uva bordô na propriedade familiar.<br />

- Como é trabalhada essa produção.<br />

- Sugestões que viabilizem a melhoria da qualidade da uva bordô.<br />

2.2 Local da realização da pesquisa<br />

Nos distritos do município de Monte Alegre dos Campos.<br />

2.3 Período<br />

Agosto a setembro de 2002.<br />

2.4 População alvo<br />

Produtores rurais do municípios, lideranças do setor, cantineiros e<br />

técnicos.<br />

16


2.5 Roteiro de pesquisa<br />

- Roteiro de entrevista (questionário) com produtores nas localidade;<br />

- análise dos resultados obtidos nas entrevistas;<br />

- foram utilizados nesta pesquisa: revistas, livros, trabalhos científicos , teses .<br />

17


3 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO<br />

Monte Alegre dos Campos teve sua origem no final do século XIX quando, em<br />

1820, foi fundada a Capela Nossa Senhora da Luz, junto à qual funcionava também uma<br />

escola. Em 1917, pelo Ato n° 64, o povoado foi elevado à categoria de distrito,<br />

passando a denominar-se Vila Esteira, 8° distrito de Vacaria, que já teve sua época de<br />

prosperidade nos anos 40, representada pela existência de várias casas comerciais,<br />

ambulatório, médico, farmácia e açougue. Nessa época a sede contava com 188<br />

habitantes. Na década seguinte a Vila, infelizmente começou,a regredir.<br />

A atual sede do município foi instalada na Capela Menino Deus, por estar<br />

localizada no centro do município. A Capela Menino Deus existe até hoje e foi também<br />

conhecida por Capela Zambam, em virtude de Pedro Zambam ter se estabelecido com<br />

toda sua família, instalando comércio, moinho e serraria.<br />

Figura 1 – Mapa do município de Monte Alegre dos Campos (região 1 e região 2)<br />

18


Quadro 1 – Espelho Rural de Monte Alegre dos Campos<br />

ESPELHO RURAL DE MONTE ALEGRE DOS CAMPOS<br />

- Área : 550 Km²<br />

- Altitude : 965<br />

- População:<br />

- urbana – 120 habitantes<br />

- rural – 2880 habitantes<br />

- Precipitação média anual : 1200 mm<br />

- Horas de frio: 850 horas<br />

Estratificação Fundiária<br />

Tamanho de<br />

Propriedades<br />

( ha )<br />

- Número de distritos : 11<br />

- Distância de Porto Alegre : 260 km<br />

- Malha rodoviária municipal : 450 km<br />

- Data de emancipação : 28/12/1995<br />

N° estabelecimentos Tamanho de<br />

Propriedades<br />

( ha )<br />

N° estabelecimentos<br />

Até 50 643 (83,0%) De 250 à 500 10 (1,2%)<br />

De 50 à 100 86 (11,0%) De 500 à 1000 4 (0,5%)<br />

De 100 à 250 26 (3,3%) Acima de 1000 6 (0,8%)<br />

N° de propriedades rurais: 775<br />

Estrutura Agropecuária<br />

Cultura hectares Cultura hectares<br />

Maçã 750 Milho 400<br />

Videira 411 Olericultura 17<br />

Ameixa 40 Feijão 220<br />

Pêra 40 Soja 300<br />

Laranja 12 Trigo 200<br />

Pêssego 12 Alho 50<br />

Figo 13 Pastagens anuais 300<br />

Reflorestamento 220 Pastagens perenes 150<br />

Mata nativa 11000 Caqui 10<br />

Cevada 40 Kiwi 4<br />

Criações<br />

Criações Cabeças Criações Cabeças<br />

Bovinos de corte 17000 Ovinos 400<br />

Bovinos de leite misto (queijo) 2000 Apicultura 1500 caixas<br />

Eqüinos 2500 Suínos 2000<br />

Assistência técnica<br />

Entidades Eng. Agro. Téc. Agrícola ERBES Veterinário<br />

<strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong> 01 01 01 00<br />

Particulares 04 05<br />

SMAG<br />

STR<br />

Fonte: E.M. da <strong>Emater</strong>/SMA/STR/2002<br />

O quadro a seguir, levantado em entrevistas com produtores familiares e<br />

lideranças de cada comunidade, nos mostra o número de famílias que trabalham com<br />

parreiras de uva bordô nas localidades do município, sendo que cerca de 60% dos<br />

parreiras estão em plena produção e o restante que foram plantados nos últimos 3 anos,<br />

encontra-se em desenvolvimento vegetativo. Esta meta só foi alcançada com os<br />

recursos do Pronaf Vitivinicultura e com a acessória do Escritório Municipal da <strong>Emater</strong>.<br />

19


Quadro 2 – Número de famílias que trabalham com parreira de uva Bordô<br />

Localidade: Famílias: Área(há): Área/média/fam:<br />

1º Sede 17,00 18,00 1,40<br />

2º Capela Sant. Antônio 33,00 38,00 1,15<br />

3º Capela Nossa Senhora do Carmo 24,00 35,00 1,45<br />

4º Capela São Francisco 71,00 140,00 1,97<br />

5º Capela da Saúde 37,00 44,00 1,19<br />

6º Capela São José 29,00 43,00 1,48<br />

7º Capela São Judas 42,00 60,00 1,42<br />

8º Capela da Luz 11,00 17,00 1,54<br />

9º Passo do Carro 2,00 2,25 1,12<br />

10° Ranchinho 6,00 6,60 1,30<br />

11º Enxovia 6,00 7,50 1,25<br />

Total: 278,00 411,35 1,38<br />

Fonte: E. M. <strong>Emater</strong>/<strong>RS</strong>- 2.002<br />

3.1 As Diferentes Vertentes da Vitivinicultura Familiar<br />

3.1.1 O foco local<br />

Segundo Jesus 2 , referindo-se à longa caminhada do reducionismo da<br />

agricultura convencional, a história registra inúmeras civilizações que floresceram e<br />

prosperaram enquanto conseguiram manter a eficiência de sus agro sistemas e entraram<br />

em decadência quando os recursos naturais se esgotaram. Altieri, Miguel (1987) e<br />

colaboradores chamam a atenção sobre as agricultura tradicional. Segundo Ruthenbeg<br />

(1971), sitado por Altieri em (1987) em aproximadamente 60% da área cultivada do<br />

mundo, praticasse a agricultura de subsistência e utilizando métodos convencionais.<br />

História da colonização italiana, na Capela São Francisco/8º distrito da<br />

Vacaria, hoje Monte Alegre dos Campos.<br />

O nono 3 Bortolo Antônio Longhi, hoje com 91 anos de idade, nas suas<br />

narrativas, nos conta que em 1931 residia na Linha Amarilio de Antônio Prado/<strong>RS</strong> e<br />

era desejo da família Longhi comprar novas terras.Com 22 anos de idade, seu Bortolo<br />

comprou 1,50. colônia 4 de terra, no 8º distrito de Vacaria/<strong>RS</strong>, do Senhor Ângelo Poleto,<br />

__________________<br />

2 Eli Lino de Jesus. Engenheiro Agrônomo, Ms em Agronomia. Assessor Técnico da AS-PTA.<br />

3 Avô no dialeto vêneto.<br />

4 Uma colônia equivale a 25 hectares de terra.<br />

20


por cinco contos de réis. Antes de iniciar a viagem casou-se, na Linha Amarílio com<br />

Adélia Albina Conte , e iniciaram a viagem para a terra prometida. A viagem foi a pé e<br />

descalço, com paradas pelo caminho para descansar, fazer as refeições e dormir, com<br />

eles vinham os mantimentos e a mudança no lombo das mulas. A viagem durou cinco<br />

dias e na chegada foram cortados alguns pinheiros de araucária para ser feita a<br />

primeira casa da família com 6,0 m² de levando um dia e meio de serviço.<br />

Após a vinda da família Longhi, subiram a serra rumo a capela São Francisco,<br />

8º distrito, outras famílias tradicionais de Italianos como os (Guerra, Poletto, Zardo,<br />

Rech, Trevisan, Deon, Scarabotto, Gobetti, Carraro, Rizzon, Giuriolo, Marcolin e os<br />

Giordani), naturais de São Marcos, Caxias do Sul , Criúva e Antônio Prado. Na época<br />

residiam no 8º distrito da Vacaria as tradicionais famílias dos (Palhanos, Silveiras,<br />

Santos, Vieira, Alves e Almeida). Com a italianada vieram as primeiras mudas de<br />

videira (parreiras), das cultivares isabel, bordô e saibel, plantadas no espaçamento de<br />

4X4m. Ainda existem algumas plantas produzindo aos 69 anos de idade, na casa do<br />

Senhor Geraldo Longhi, atual presidente da III Festa Municipal da Uva e filho do nono<br />

Bortolo.<br />

Também nos conta a Dona Helena Daros Poletto, com 83 anos de idade,<br />

mulher mais velha da comunidade, casada com o Senhor Ulisses Poletto, das<br />

dificuldades e privações pelas quais passaram. Naquela época não havia médico e<br />

escola, faltavam alimentos como açúcar (e quando tinha era amarelo), farinha preta de<br />

trigo e arroz. Tudo tinha que vir de Santa Catarina , Caxias do Sul ou Vacaria. Comia-<br />

se carne de caça, porco ou peixe pescado no Rio das Antas. Tinha muito trabalho, mato<br />

para cortar, roçar e plantar, tudo no braço e com o auxílio dos bois para o arado e da<br />

carroça . O dinheiro era pouco e a mercadoria era trocada ou comprada na conta do<br />

armazém para pagar na safra. Era comum a criação de suínos (porcos), que após o<br />

engorde, eram transportados a pé em varas, durante vários dias, até o lugar da venda,<br />

normalmente serra abaixo SC, a Caxias do Sul (Frigorífico Pettefi).<br />

Foi com a participação do grupo de jovens assistentes JUCRIS (Juventude<br />

Cristão), que se reuniam nos fins de semana para rezar, conversarem, assistirem ao<br />

matinê e se divertirem na Capela de São Francisco, onde surgiu a idéia se fazer algo<br />

diferente na comunidade. Após a volta do jovem filho do nono Bortolo, Claudino<br />

Longhi, e sua esposa Zélia Maria Poletto Longhi, que foram passear em Otávio Rocha<br />

em 1982, distrito de Flores da Cunha, onde aconteceu a Festa da Uva Colonial, o casal<br />

21


em reunião com o grupo de jovens do JUCRIS, compostos pelas famílias italianas,<br />

contaram o que viram e surgiu daí a idéia de se fazer o mesmo . Em 13/02/83, as<br />

famílias de Claudino Longhi e famílias Deon, organizaram a 1º Festa da uva no<br />

Município de Vacaria, que ficou assim constituída:<br />

Presidente: Valdecir Carraro e Zaira Deon<br />

Rainha: Marilene Longhi<br />

1º princesa: Rita Trevisan<br />

2º princesa: Rosemari Pontel<br />

Frei : Alcides Armiliatto<br />

Prefeito: Marcos Palombini<br />

A primeira festa foi um sucesso. As uvas expostas eram das variedades<br />

Champanhe, Bordô, Isabel e Francesa, e o evento contou com o apoio e participação<br />

dos cantineiros .Francisco Caldart e Antônio Caldart. Houve desfile de carros<br />

alegóricos, baile e distribuição de prêmios aos vendedores. Atualmente, vivem na<br />

Capela São Francisco cerca de 80 famílias, que praticam a agricultura familiar, onde a<br />

cultura da videira em minifúndios é a renda econômica mais importante, com<br />

produção prevista de 1.200 Ton de uva bordô.<br />

3.1.2 O foco social e cultural<br />

Segundo a professora Julia S. Guiuvant 5 , as relações de poder são negociáveis<br />

assim como o conhecimento, mas nem sempre é legitimamente aberto. O poder faz<br />

parte de uma negociação, que geralmente é disputado na organização da comissão que<br />

planejará a Festa da Uva, onde as negociações dão-se face a face e ganha quem tiver<br />

maior apoio dos grupos de familiares que se dividiram por questões de interesses ou<br />

frustrações com a festa anterior. A mulher tem uma participação importantíssima, quer<br />

na educação dos filhos , quer nas lidas da casa, cuidando da horta doméstica, ajudando<br />

na carneação de pequenos animais e fazendo embutidos para a manutenção da casa,<br />

ajudando a filha a fazer o enxoval com o artesanato e participando das reuniões com a<br />

__________________<br />

5 Professora Doutora do Mestrado em Sociologia Política, Departamento de Ciências Sociais, UFSC.<br />

22


PERÍODO<br />

1880<br />

a<br />

1917<br />

1918<br />

a<br />

1948<br />

1949<br />

a<br />

1970<br />

1971<br />

a<br />

2000<br />

FUTURO<br />

agente de Bem Estar Social da <strong>Emater</strong>, além de trabalhar ombro a ombro com os<br />

homens desde o plantio do parreiral, tratos culturais, colheita e na poda seca de inverno<br />

Através da matriz sintética da história agrária do município de Monte Alegre<br />

dos Campos, observa-se que os fatores ambientais, na medida que eram manipulados<br />

pelo homem, interferiam diretamente nos fatores econômicos e, por conseqüência,<br />

afetavam a organização social e geravam crises com mudanças sérias, como é o caso da<br />

saída das serrarias nos anos 70 e contribuiu para o empobrecimento e o êxodo rural.<br />

Por outro lado teve influência na vinda da colonização italiana por volta dos anos 60-70<br />

e da mudança do trato com a terra, plantio da fruticultura(parreiras). Influiu também nos<br />

usos, costumes, alimentação e seu comportamento social e econômico da região.<br />

Quadro 3 – Matriz Sintética da História Agrária do Município<br />

FATOS AMBIENTAIS<br />

(Solo, terra, vegetação, água e<br />

fauna)<br />

Matas virgens<br />

Início das derrubadas<br />

Caça e pesca abundantes<br />

Aguadas<br />

Aumento das derrubadas<br />

Degradação do meio<br />

ambiente<br />

Surgimento das primeiras<br />

lavouras e queimadas.<br />

Aumento de derrubadas das<br />

matas de pinheiro<br />

Aumento das queimadas<br />

para lavouras.<br />

Produção de suínos ao ar<br />

livre.<br />

Contaminação do meio<br />

ambiente, solo e água<br />

Aumento da erosão do solo<br />

Preocupação com o meio<br />

ambiente<br />

Fonte: E.M. da <strong>Emater</strong>-<strong>RS</strong>- 2.000<br />

FATOS<br />

ECONÔMICOS<br />

(Culturas, criações,<br />

agroindústria, mão-de-obra e<br />

comercialização)<br />

Produção de subsistência<br />

Culturas: milho, feijão e<br />

trigo<br />

Criações: suínos, galinhas<br />

e gado de corte<br />

Surgimento das serrarias<br />

Plantio dos primeiros<br />

parreirais<br />

Criação extensiva de<br />

porcos para os mercados<br />

de Antônio Prado e<br />

Caxias do Sul<br />

Plantio de milho, feijão e<br />

trigo<br />

Surgimento do gado<br />

leiteiro<br />

Surgimento primeiras<br />

estradas<br />

Plantio de batatas<br />

Aumento dos parreirais<br />

Transferência dos valores<br />

econômicos provenientes<br />

da madeira para Caxias do<br />

Sul e arredores<br />

Transporte rodoviário<br />

Expansão da fruticultura<br />

(maçã) e frutas de caroço<br />

Aposentadoria rural<br />

Agregar valor aos<br />

produtos<br />

Mais crédito<br />

Comercialização<br />

FATOS SÓCIO CULTURAIS<br />

(Organização, fluxos, saúde,<br />

habitação)<br />

Fundação da 1ª Capela<br />

Criação do 8º Distrito<br />

Chegado dos colonizadores<br />

Casas de madeira e chão<br />

batido<br />

Surgimento de povoados<br />

Venda de mercadorias à<br />

base de trocas<br />

Colonização italiana<br />

Aumento da população<br />

Início das correções de solo<br />

Início uso de agrotóxicos<br />

Início programas de<br />

vacinações<br />

Existência de farmácia,<br />

moinho, casas comerciais e<br />

engenho<br />

Êxodo rural<br />

Emancipação do município<br />

(1995)<br />

Luz elétrica<br />

Aumentar a participação<br />

efetiva aos movimentos<br />

Saúde e habitação<br />

23<br />

CRISES<br />

(Reações,<br />

mudanças)<br />

2ª Guerra<br />

Mundial<br />

Surgimento<br />

de pragas na<br />

agricultura<br />

Saída das<br />

Serrarias<br />

Êxodo rural<br />

Êxodo rural<br />

.Organização dos<br />

produtores<br />

familiares da<br />

vitivinicultura.


Quadro 4 – Matriz Sintética da História Agrária do Município<br />

PERÍODO<br />

CARACTERÍSTICAS<br />

CAUSAS<br />

(Fatores e Atores)<br />

24<br />

CONSEQÜÊNCIAS<br />

(Reflexos)<br />

Matas virgens Chegada dos Início do desmatamento e plantio<br />

1880 Início das derrubadas primeiros habitantes na de subsistência<br />

a Caça e pesca abundantes localidade<br />

1917 Aguadas<br />

Aumento das derrubadas Aumento das Desmatamento<br />

Degradação do meio lavouras<br />

Degradação do meio ambiente<br />

1918 ambiente<br />

Abertura de serrarias<br />

a Surgimento das<br />

1948 primeiras lavouras e<br />

queimadas<br />

Aumento de derrubadas Aumento da erosão Diminuição da produtividade das<br />

lavouras<br />

1949 das matas de pinheiro Empobrecimento do<br />

a Aumento das queimadas solo<br />

1970 para lavouras<br />

Mudança no<br />

Produção de suínos. comércio.<br />

.Surge os primeiros Mudanças no<br />

parreirais.<br />

trabalhar a terra.<br />

. Consolidação da imigração italiana.<br />

. Surge novas fontes de trabalho na<br />

agricultura.<br />

Contaminação do meio Uso indiscriminado Êxodo rural<br />

1971 ambiente, solo e água de agrotóxicos e insumos Empobrecimento do produtor<br />

a Aumento da erosão do agrícolas<br />

.Aumenta a procura e o valor das terras.<br />

2000 solo<br />

Aumento de plantio . Produtores passam a plantar menos<br />

.Vitivinicultura é<br />

de parreiras<br />

feijão e milho.<br />

consolidada.<br />

Diversifica o setor da . Aumenta a procura de assistência<br />

. O plantio da uva sai da serra pecuária de corte. técnica e de crédito rural, consolidando<br />

e vai para o campo.<br />

o Pronaf.<br />

Os agricultores estão preocupados com o meio ambiente<br />

VISÃO DO Agregar valor aos produtos<br />

FUTURO Mais crédito<br />

Aumentar a participação efetiva aos movimentos<br />

Investimentos no setor da saúde e habitação.<br />

Organização dos produtores de uva bordô, no sentido de discutir o futuro do setor e como<br />

agregar valores.<br />

A festa da uva passa a ser encarada não mais como uma festa da capela, mas do município e<br />

onde se discute os problemas do município e não mais da comunidade, com a participação direta do<br />

poder público municipal e de outros atores de fora da comunidade como: comerciantes, cantineiros,<br />

recreação etc...<br />

Fonte: E.M. da <strong>Emater</strong>-<strong>RS</strong>- 2.000<br />

3.1.3 O Foco Econômico<br />

Muitas são as formas de pensar desenvolvimento e muitos são os argumentos<br />

que outorgam vantagens e desvantagens às diferentes correntes de pensamentos. O


desenvolvimento pode ser visto simplesmente pelo prisma do crescimento econômico.<br />

A dimensão do crescimento econômico e o desenvolvimento de toda uma população é<br />

considerada como uma informação média, desconsiderando-se a característica de cada<br />

segmento social. Para José Hermeto Hoffman e José Fernando da Silva Protas ,<br />

historicamente a contribuição das instituições de Ciências e Tecnologia (C&T), por<br />

meio de ações de Pesquisa e Desenvolvimento(P&D), tem se tornado cada vez mais<br />

essencial para determinar a direção e o ritmo do desenvolvimento social e econômico da<br />

base tecnológica de qualquer região, estado ou país. Isso porque, de um lado P&D<br />

resolve problemas da base tecnológica já instalada e de outro lado, cria novos<br />

conhecimentos e tecnologias, que reestruturam essa base tecnológica a partir das quais<br />

novas formas de desenvolvimentos e novos negócios tornam-se possíveis.<br />

A agricultura familiar do município compõe-se de aproximadamente 775<br />

propriedades rurais distribuídas desigualmente pelo seu território em uma área de<br />

550Km 2 . Em termos econômicos, tomando um dado de estudo realizado pelo projeto de<br />

cooperação FAO/INCRA, a agricultura familiar gera uma renda de R$ 240,00/ ha no<br />

Sul do Brasil, contra uma renda de R$ 99,00/ ha da agricultura patronal. Na produção da<br />

uva bordô da agricultura familiar de Monte Alegre dos Campos, entrevistou-se dez<br />

produtores de diferentes localidades, constatando-se uma renda total de R$ 96,686,00,<br />

gerando com isso uma renda de R$ 9.686,00 por propriedade, considerando-se parreiras<br />

em produção e novos. O estudo deste caso apontou 278 propriedades de agricultores<br />

familiares trabalhando em 410/ha de vitivinicultura com uva bordô. A mulher tem uma<br />

participação importante na produção e geralmente não é remunerada, buscando outras<br />

formas de renda para si, como o artesanato, produção de ovos, leite, queijo, verduras, ou<br />

da ajuda da aposentadoria de alguém da família que mora junto.<br />

De acordo com as dados da Secretária da Fazenda do Estado do Rio Grande do<br />

Sul de 2001, os valores adicionados pela produção agropecuária de Monte Alegre dos<br />

Campos, mostra a fruticultura como a principal atividade, onde a uva bordô produzida<br />

pela agricultura familiar, representa 14% da arrecadação municipal, só perdendo para a<br />

maçã que é praticamente produzida por grandes e média empresas.<br />

25


Quadro 5 – Valores adicionados pela produção de maçã da agropecuária das<br />

empresas agropecuárias do município<br />

Empresas: Valores(R$) %<br />

Agropecuária Varena Ltda. 246.611,70 5,0<br />

Agropecuária Schio Ltda. 2.134.376,70 47,0<br />

Luiz Ivan de Boni 400.450,81 9,0<br />

Valter Peroboni 150.012,00 3,0<br />

Prax Agropecuária Ltda. 473.976,35 10,0<br />

José Souzo 230.419,31 5,0<br />

Rasip Agro Pastoril S/A 866.034,10 19,0<br />

Exclusivo Agro-Florestal Ltda. 18.377,00 2,0<br />

Total: 4.520.257,28 100,0<br />

Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul/20001<br />

Empresas agropecuárias que produzem maçã e seus valores adicionados a produção no município.<br />

Quadro 6 – Valores adicionados pela produção da agropecuária<br />

Cultura Valor (R$) %<br />

1.Fruticultuta:<br />

-Pêssego e ameixa 136.519,40<br />

-Pêra e marmelo 50.239,20<br />

-Maçã 4.957.345,34<br />

-Uva 835.920,99<br />

Sub-total: 5.980.023,99 73%<br />

2. Grãos:<br />

-Milho 195.816,51<br />

-Feijão 40.390,21<br />

-Cevada 22.326,82<br />

-Soja 95.294,07<br />

-Trigo 47.828,64<br />

Sub-total: 401.656,25 5%<br />

3.Olericultura:<br />

-Outros 115.662,75<br />

-Alho 120.452,10<br />

Sub-total: 351.777,60 4%<br />

4- Madeira:<br />

-Bruta 103.350,80<br />

Sub-total: 103.350,80 1%<br />

5-Pecuária:<br />

-Bovinos e bubalinos 1.390.515,11<br />

Sub-total: 1.390.515,11 17%<br />

Total: 8.227.323,75 100%<br />

Fonte: Secretária da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul/20001.<br />

26


3.2 As ameaças e as oportunidades do setor vitivinicola<br />

Pasteur, o cientista francês, disse que o vinho é a bebida mais saudável do<br />

mundo. Tão saudável que é considerado mais alimento do que bebida. Pesquisadores e<br />

cientistas do mundo todo estão descobrindo que sua riqueza nutricional inclui o açúcar<br />

do vinho, de fácil digestão, minerais e vitaminas. Bebido moderadamente estimula o<br />

funcionamento de todos os órgãos internos, incluindo o coração e todo o sistema<br />

digestivo, a circulação e a limpeza das veias. Os médicos recomendam o consumo<br />

diário de dois cálices durante as refeições.<br />

De acordo com a 3° jornada da viticultura gaúcha , realizada em Garibildi, <strong>RS</strong><br />

em junho de 2002, muitos esforços estão sendo realizados pelos produtores de uvas e<br />

vinhos , pelas instituições e pelos órgãos públicos para o ordenamento da produção<br />

vitivinicola do Rio Grande do Sul. Discutiu-se muito a questão da ética na produção de<br />

vinhos, onde produzir vinho bom, não significa produzir um vinho mais barato e pior. O<br />

vinho vem 100% da terra e deve ser um produto natural da uva. Não é suficiente<br />

produzir uva e vinho; deve-se preparar os produtores contra os interesses<br />

internacionais. 0 Brasil é uma reserva de mercado do mundo e deve ficar atento às<br />

decisões do comércio internacional que vem subsidiando a sua produção em mais de<br />

600 bilhões de Euros. Hoje fala-se que a área mundial está próxima a 7,3 milhões/ha de<br />

parreiras e o consumo mundial de litros de vinho que em 1979 era de 277 bilhões de<br />

litros, vem caindo e em 2001 ficou em 223 bilhões de litros, em função das pessoas<br />

estarem mudando o seus costumes e hábitos, eis que o almoço em família virou um<br />

lanche em função das diferentes jornadas de trabalho da população, nos grandes centros.<br />

O consumo percapita no Brasil de vinho em 2001 ficou em 1,99 litros e o suco<br />

de uva em 0,33 litros, e tudo indica que deva cair ainda mais pela falta de qualidade e<br />

pela competitividade com os refrigerantes.<br />

27


De acordo com o Seminário, faz-se necessário rever o sistema agro-industrial<br />

da cadeia produtiva da uva, hoje assim representado:<br />

Insumos Produtor Comércio<br />

Máquinas e<br />

Implementos Governo do Estado<br />

Agentes Financeiros Instituições de pesquisa<br />

Ibravim<br />

Demais entidades<br />

Segundo o Seminário do Programa de Fortalecimento da Vitivinicultura Familiar<br />

do <strong>RS</strong>, os produtores rurais de uva e vinho, devem responder à seguinte pergunta. Qual<br />

a vitivinicultura que queremos?<br />

Hoje, a vitivinicultura familiar gaúcha, tem cerca de 16 mil famílias, como<br />

fortalecer este setor? Qual o seu perfil para o futuro?<br />

28


Hoje o projeto para a vitivinicultura gaúcho passa por 3 eixos:<br />

Fomento<br />

a produção<br />

Controle a<br />

Fiscalização<br />

Qualificação<br />

Outra ameaça importante diz respeito às empresas (cantineiros) que vêm de<br />

fora do estado ou de outros municípios comprar a uva bordô no município.<br />

Antigamente, conforme nos relatou um produtor, o proprietário da cantina Caldart, Sr.<br />

Toni, financiava o arame, muda e tratamentos e comprava a uva, descontando na safra o<br />

empréstimo, podendo levar de 6 meses a 1 ano para receber. Com o tempo, o sócio da<br />

cantina, o Sr. Francisco, mudou a regra e a partir da entrada de outras cantinas como<br />

Iumere, Fastino, Alvori Deon, Catafesta, e Canção o quadro mudou muito e os<br />

produtores passaram a receber praticamente à vista conforme o quadro abaixo:<br />

Quadro 7 – Principais cantineiros que compram uva bordô no município.<br />

Cantineiros: Estado:<br />

Toneladas. R$/Kg<br />

Iumere SC 700,00 0,52<br />

Faustino SC 500,00 0,52<br />

Alvori Deon SC 30,00 0,57<br />

Catafesta <strong>RS</strong> 800,00 0,57<br />

Caldarte <strong>RS</strong> 600,00 0,52<br />

Canção <strong>RS</strong> 800,00 0,57<br />

Consumo próprio/vinho colonial <strong>RS</strong> 70,00 -<br />

Total: - 3.500,00 0,54<br />

Fonte: E.M da <strong>Emater</strong>-SMAG-2.002<br />

A temperatura constitui–se no fator mais importante em relação ao cultivo da uva<br />

bordô. Está limitação é provocada pelas baixais temperaturas que ocasionam geadas<br />

tardias nos locais de baixadas, interferindo na brotação e frutificação, determinando<br />

29


queda de produção, qualidade e doenças fúngicas, além de chuva granizos que pode<br />

ocorrer na plena frutificação da uva.<br />

Dentre as oportunidades viáveis as uvas americanas( híbridas), podemos citar:<br />

apresentam rusticidade, alta produtividade e baixo custo;<br />

possibilitam vinhos elaborados sem maiores cuidados;<br />

a melhoria da qualidade deste tipo de vinho, pode atender a um<br />

significativo segmento do mercado impossibilitado de pagar por vinhos finos;<br />

viabilizar a criação de marketing local;<br />

Como conseguir atingir essas oportunidades?<br />

- melhorando as técnicas de trabalho;<br />

- melhorando a qualidade da uva, colhendo-as mais tarde (maduras);<br />

- tendo cuidado com adubações nitrogenadas, com o uso de cana de aviário e<br />

equilibrando as adubações químicas;<br />

preta;<br />

- realizando podas seca todo o ano e estabilizando a produção;<br />

- fazendo a pode verde, após a floração da uva;<br />

- buscar uma graduação entre 16 a 17 o Brix;<br />

- tendo o máximo de cuidado no uso de agrotóxicos nos tratos culturais;<br />

- atendo-se ao uso e manejo do solo; preferindo a adubação verde com a aveia<br />

- organizar os produtores em pequenos grupos por localidade, rever e discutir o<br />

processo da gestão de qualidade e do empreendimento da vitivinícola.<br />

3.3 Conversando com os produtores<br />

3.3.1 Passos para implantar um parreiral<br />

Buscamos informações em dois diferentes produtores: o primeiro da região nº1,<br />

região de serra, onde existe mais tradição no cultivo da uva bordô, os recursos das<br />

famílias são maiores. E outro produtor familiar da região n° 2, região do campo , onde<br />

a realidade é oposta.<br />

30


Produtor da região 1<br />

1° ano:<br />

Escolheu-se o terreno, passou-se o trator de esteira para grampear o solo, repetiu-<br />

se a grampeação e limpou-se a área, gradeou-se com o trator e plantou-se o milho.<br />

2º ano:<br />

Após a colheita do milho, tirou-se amostra da terra e fez-se a análise do solo na<br />

<strong>Emater</strong>, aplicou-se o calcário, a lanço, no inverno , passou-se o arado de disco e<br />

plantou-se as mudas de parreiras em pequenas covas. Em outubro aplicou-se a lanço<br />

uma cama de aviário e plantou-se o milho no meio das mudinhas de parreira.<br />

3º ano:<br />

Colocou-se os piquetes e palanques, realizou-se o tutoramento das mudas,<br />

estendeu-se os fios de arame e rabichos e plantou-se feijão. Após a colheita do feijão as<br />

mudas já estavam no arame, fez-se a poda de inverno, amarrio e adubação de base com<br />

NPK, iniciando a primeira colheita de aproximadamente 3 a 5 t/ha.<br />

A escolha das mudas<br />

Um pouco antes da colheita da uva, marcou-se as plantas boas de onde serão<br />

tirados os galhos para serem feitas as mudinhas. Após à colheita d a uva bordô, se fez<br />

um tratamento de verderame 6 para ajudar a amadurecer e limpar bem os galhinhos.<br />

Por ocasião da poda seca de inverno, separou-se o material cortado das plantas<br />

marcadas e retiraram-se os galhinhos mais próximos à mestra, geralmente com 5 a 6<br />

gemas ou 30 a 40 cm de comprimento, tendo o cuidado de selecionar apenas uns<br />

galhinhos por bacelo.<br />

Produtor da região 2<br />

No 1º ano, escolheu-se a terra, próxima a casa formada por campo nativo. As<br />

mudas foram retiradas de dois pomares em produção das capelas Santo Antônio e São<br />

Francisco, em 1987, logo após a poda de inverno. Trouxeram as varas para casa, e fez-<br />

se um canteiro comprido e baixinho, colocando-se adubo 05-30-15 e plantados os<br />

galhinhos com 4 a 6 gemas , enterrando a metade e outra metade deixando para fora do<br />

solo. Nunca conseguiu os canteiros molhar e morreram uns 15 a 20%. Aplicou cerca de<br />

__________________<br />

6 Sulfato de cobre (2%) + cal virgem queimado (2%).<br />

31


50 ton de calcário dolomitico D, em uma área de cerca de 4,0 ha. N outro ano foram<br />

plantadas as mudas no espaçamento de 3,0 X 2,5 m, entremeados com o milho. Em<br />

2001 e 2002, foram plantadas o resto das mudas que estavam no viveiro de casa.<br />

Também foram plantados feijão preto, colhendo-se cerca de 50 sacos de 50 kg no total<br />

e apareceram umas doenças, devido ao frio e a chuva. Nesse ano foi colocado um<br />

pouco de adubo químico, por mudinha, sendo encaminhada terra para a análise do<br />

solo na <strong>Emater</strong>. O produtor pretende plantar entremeado ao parreiral milho ou feijão,<br />

sendo que há 2 anos vem cortando as mudinhas de parreiras com 2 a 4 gemas, pois<br />

somente nesse ano conseguiu o financiamento do Pronaf Vitivinicultura e com isso<br />

pode comprar os rolos de arame, piquetes, postes e outros materiais necessário para<br />

iniciar o levantamento do parreiral. Foram colocados os piquetes de pedra e neste ano<br />

o produtor pretende colocar o 1º fio de arame e os rabichos. Com isso, ele espera que<br />

no ano que vem as parreiras possam chegar à altura do fio de arame e ser abertas e<br />

amaradas junto ao arame. Os principais problemas verificados foi formiga preta e<br />

vermelha, falta de verba e gente para trabalhar, pois é duro limpar tudo no braço da<br />

enxada.<br />

Buscamos informações junto ao produtor de como se fazer o vinho<br />

colonial de uva bordô no município<br />

Após à colheita da uva, separa-se numa vasilha e esmaga-se com as mãos ou<br />

num rolete de madeira; após, deixa-se fermentar por mais ou menos uns 5 dias com o<br />

bagaço da uva junto. O bagaço levanta e o liquido fica por baixo da vasilha, que é<br />

aberta embaixo. Então tira-se o mosto, ou seja, o vinho. Põe-se numa vasilha plástica<br />

ou de madeira e deixa-se fermentar pelo menos uns 2 meses e após extravasa-se( separa-<br />

se para outra vasilha limpa), limpa-se com um pano a vasilha antiga e volta o mosto.<br />

Após esses passos o vinho está pronto para ser engarrafado e comercializado.<br />

É importante ter o cuidado de ver a graduação da uva, que deve estar próxima a<br />

18° Brix; se não estiver deve-se colocar açúcar. Ex: Uma uva bordô com 15° Brix deve<br />

receber 3,0 kg de açúcar branco(grosso) em cada 100 litros de mosto.<br />

32


3.4 Principais pragas e doenças<br />

Segundo os produtores, as principais pragas são ocasionadas por pequenos<br />

mamíferos, aves, nematóides e insetos dentre os quais destacamos: as lebres (Lepus<br />

europaeus L.), diversas espécies de ratos (Rattus rattus, Mus musculus), e preás (Cavia<br />

aperea), que causam danos ao roerem os troncos das mudas. Pombas do mato,<br />

sabiás(Mimus spp), curruíras (Troglodytes aedon) e outras. Também causam danos às<br />

parreiras os nematóides, do gênero Meloidogyne que são endoparasitas, causando<br />

galhas nas raízes das plantas infectadas. Insetos como o pulgão, pérola da terra ou<br />

margarodes (Eurhizococcus brasiliensis Hempel) Homóptera: Margarodidae, formigas<br />

cortadeiras (Atta spp e Acromyrmex spp.) Hymenoptera: Formicidae, Cochonilha<br />

Parda(Parthenolecanium persicae Fabricius) Homóptera: Coccidae; Cochonilha do<br />

Lenho( Duplaspidiotus tesseratus Chamoy) Homóptera: Diaspididae: Besouros<br />

Desfolhadoares(Maecolaspis spp.) Coleoptera: Chrysomelidae e Broca dos<br />

Ramos((Xylopsocus capucinus Fabricius e Paramadarus complexus Casey) Coleoptera:<br />

Curculionidae. Doenças fungicas como a antracnose (Elsionoe ampelina), também<br />

conhecida como olho de passarinho, negrão ou varola. O míldio ou peronóspora<br />

(Plasmopara viticola), mofo e a mufa. A podridão amarga (Greeneria uvicola), ataca<br />

mais a uva madura, bem como a podridão cinzenta(Botryotinia fuckeliana),e a podridão<br />

nobre da fase da maturação da uva. E doença de solo, como a fusariose (Fusarium<br />

oxysporum f.sp), que é a maior dor de cabeça dos produtores no momento.<br />

3.5 Tratos culturais<br />

Geralmente faz-se a poda de inverno ou a poda seca, realizada na segunda<br />

quinzena de agosto até a primeira semana de setembro, tendo o cuidado especial no<br />

controle preventivo da mufa, eliminando-se galhos velhos, mal formados e doentes.<br />

Quando os brotos atingirem 5 cm de comprimento, até a completa limpeza completa<br />

dos cachos (pós-floração), deve-se estar atento ao aparecimento da mufa, enquanto o<br />

negrão ou olho de passarinho pode ocorrer no início do mês de novembro, quando<br />

ocorrem os ventos frios e alta umidade relativa do ar. Normalmente, procura-se<br />

33


pulverizar no inicio desta fase fonológica com sulfato de cobre a 0,3% e cal virgem<br />

corrigida a 0,3%, aumentando gradativamente até 1:1. Se o ataque for muito severo<br />

com chuva e frio, o produtor apela para fungicidas químicos, não mais que duas<br />

pulverizações. Dificilmente usam-se inseticidas químicos no combate a insetos. Em<br />

alguns casos isolados de aparecimento de pulgão ou cochonilhas pelo uso exagerado de<br />

cama de aviário, falta de insolação no parreiral, ou poda severa, busca-se o tratamento<br />

de inverno com calda sulfocálcica 7 a razão de 1:10 a 32 graus Be, entre 30 a 40 dias<br />

antes da poda seca de inverno e de preferência após uma chuva para que a calda possa<br />

penetrar bem na casca da planta, fazendo com ela caia e paralise a ação dos fungos ali<br />

escondidos. A adubação verde é feita com aveia preta, a maneira encontrada para se<br />

conseguir eliminar o uso de herbicidas, segurando a erosão do solo, possibilitando a<br />

melhor aeração deste solo e, assim diminuindo a mortalidade das parreiras, além de<br />

viabilizar um aumentando da produção da uva bordô.<br />

3.6 Questionário<br />

Para conhecer melhor a realidade dos produtores de uva bordô, verificamos<br />

através do questionário abaixo, aplicado a 10 diferentes produtores em diferentes<br />

localidades em uma série de informações. Na pesquisa optamos em trabalhar com um<br />

questionário de 10 perguntas, e através de visitas a campo, conversamos com os<br />

produtores entrevistando-os. Redigido na íntegra relatamos as questões e em seguida as<br />

respostas dos produtores, sendo cada número da resposta referente ao número total de<br />

cada produtor entrevistado.<br />

__________________<br />

7 Calda sulfocálcica: preparado a base de enxofre e cal virgem (calda fúngica) usada nos tratamentos de<br />

viveiro; onde a sua graduação é medida por aparelho especial, chamado Aerômetro de Be. Normalmente<br />

os produtores adquirem esta calda pronta no comércio de Vacaria na firma Veison.<br />

34


1- Porque você plantou um parreiral de uva bordô?<br />

1. É melhor para vender.<br />

2. Precisa de menos remédio.<br />

3. É a uva mais procurada na venda.<br />

4. Me informaram que é mais prático de trabalhar.<br />

5. É a uva que vai menos tratamento, a gente não tem máquina, só uso o<br />

costal e se sofre muito.<br />

6. Por que ela não pesteia tanto.<br />

7. Na época era a melhor, quase não ia tratamento os cantineiros só se<br />

interessavam pôr uva tinta.<br />

8. Todo mundo plantava.<br />

9. Pra nóis era a uva de mais saída , mais procurada.<br />

10. Por que tinha mais saída e não ia tanto veneno.<br />

2- Você tem experiência em trabalhar com vitivinicultura? Há quanto tempo?<br />

1- Não, nada. Há 4 anos eu nem sabia plantar um pé de uva.<br />

2- Não, fui adquirindo com o tempo.<br />

3- Não.<br />

e ganhava pouco.<br />

4- Não, o meu vizinho foi me ajudando, antes eu trabalhava com milho e feijão<br />

5- Não. Fiz um pouco olhando os outros o resto fiz sozinho.<br />

6- Não. Vi outros parreirais, feijão e milho não dá mais.<br />

7- Um pouco, mais ou menos há 20 anos iniciei com o meu pai com 7 anos.<br />

8- Não, aprendi com os vizinhos.<br />

9- Não, trabalho há 25 anos na roça e aprendi com os vizinhos.<br />

10- Sim, só de parreiral pequeno, meus pais e meu marido tinham parreiral que<br />

hoje está com 60 anos de idade e produz.<br />

3- Você teve alguma orientação para trabalhar com parreiral? De quem?<br />

1- Nunca, hoje foi a primeira vez que tive a visita do agrônomo da <strong>Emater</strong>.<br />

2- Não, aprendi com os vizinhos.<br />

3- Sim, com os vizinhos.<br />

4- Sim, com os vizinhos.<br />

35


5- Não, tive que sair e trabalhar de empregado para dar a volta, depois procurei<br />

orientação na emater.<br />

6- Sim, da <strong>Emater</strong>.<br />

7- Não, troquei dias de trabalho com outros vizinhos para apreender.<br />

8- Não, com os vizinhos.<br />

9- Não, só com os vizinhos.<br />

10- De agrônomo não, só com os pais.<br />

4- Quantas pessoas de sua família trabalham no parreiral, quem fica mais no parreiral e<br />

quantos dias por ano?<br />

parreiral.<br />

tratamentos.<br />

pessoas.<br />

1- Três pessoas, é meio parelho.<br />

2- Três pessoas é o ano inteiro.<br />

3- Quatro pessoas, mais ou menos 80 dias.<br />

4- Duas pessoas, o homem fica mais no parreiral.<br />

5- Ultimamente uma pessoa, de 120 a 150 dias, fica mais o homem.<br />

6- Quatro pessoas, três da família e um empregado pois estou aumentando o<br />

7- Três pessoas, no mais pesado é o homem, mas a mulher que faz os<br />

8- Quatro pessoas, toda a família, perto de 8 o dias, mais trabalha o homem.<br />

9- Nós quatro da família, mais ou menos parelho.<br />

10- Fixo 2 da família, na poda quatro pessoas e na colheita a de doze a quinze<br />

5- Qual a remuneração anual que a uva te deu este ano?<br />

1- R$ 2.850,00<br />

2- R$ 300,96, fiz uns 130 litros de vinho para o gasto.<br />

3- R$ 4.000,00<br />

4- R$ 4.368,00<br />

5- R$ 7.800,00<br />

6- R$ 2.600,00<br />

7- R$ 7.020,00<br />

8- R$ 8.840,00<br />

36


9- R$ 2.925,60<br />

10 -R$ 56.160,00<br />

6- Quais os principais problemas que tem tido com no parreiral?<br />

grandes.<br />

1- Manchas no parreiral.<br />

2- Apareceu a mufa, falta preparar melhor o solo e vou tirar a uva saibel.<br />

3- Tem despencado uva.<br />

4- Preparar melhor o solo, falta máquina para escarificar, as despesas são<br />

5- É sério o meu problema, falta peão para trabalhar, fica difícil os tratamentos,<br />

é longe o parreiral. Antes eu produzia só 4.000 kg de uva, depois que fui pra <strong>Emater</strong> e<br />

fiz análise de solo fui para 15.000 kg. Tenho problema com a formiga, o produtor sofre<br />

muito com o pulverizador costal, os produtos estão ficando caros.<br />

6- Falta alimentação para as parreiras e mais orientação técnica.<br />

7- Durante 10 ano só tive prejuízos, aí fiz análise de solo na <strong>Emater</strong> e produziu<br />

mais. Tem gente que leva 8 anos pra produzir a primeira safra, o preço de uva tem<br />

baixado a cada ano e as despesas aumentando.<br />

8- Mufa, cochonilha eu não fazia tratamento na parreira de 5 anos para cá estou<br />

fazendo. Também este ano só deu umas 5 ou 6 geadas, antes tinha mais de 30 geadas.<br />

9- Tá morrendo uns pés de parreiras.<br />

10- Mortandade do parreiral, não sei como é o nome.<br />

7- Você já ouviu falar em produção agroecológica? Você acha possível produzir uva<br />

bordô sem usar agrotóxicos?<br />

mufa.<br />

1- Não. Não, tem o rios das Antas com cerração e tem o frio que dá muita<br />

2- Sim. Antigamente só se usava verderame, mas hoje sem análise do solo e<br />

boa muda é difícil.<br />

3- Sim. Não.<br />

4- Vi falar, mas não sei se funciona muito, o problema é ter todo o material que<br />

substitua os venenos, já era bom diminuir os venenos.<br />

5- Sim. Mas não sei como funciona, eu faria se fosse barato, talvez arriscaria,<br />

tenho que ver se alguém produziu primeiro, tenho medo de fazer um ano e perder tudo.<br />

37


6- Não. Acho que sim, mas é arriscado, depende do tempo e de trocar de idéia.<br />

7- Já vi falar, mas tenho pouca experiência, só cuida-se da uva, tivesse muita<br />

gente e muito tempo poderia ser.<br />

material.<br />

8- Sim. Não dá mais, não é que nem uma vez, falta mão de obra, tempo e<br />

9- Sim. Antigamente se produzia só com composto que o pai fazia.<br />

10- Sim. Não tenho experiência, acho que sim.<br />

8- Você já teve algum caso de intoxicação na família por causa do uso de agrotóxico no<br />

parreiral, ou na propriedade?<br />

1- Não.<br />

2- Não.<br />

3- Não.<br />

4- Já, eu mesmo, com veneno de formiga tinha vento e há 2 anos atrás me deu<br />

febre e ferida , me curei bem.<br />

5- Já, eu fiquei tão mal com o ridomil e o dithane, não uso mais, uso só folpan,<br />

cercobim e antracol. O verderame me faz mal para as vistas, tenho problema de<br />

estômago, úlcera o Dr° me proibiu de comer fruta azeda e tomar café.<br />

6- Forte não, mas um começo já me deu, eu não posso mais trabalhar com<br />

veneno de formiga, tenho dor de cabeça, a mulher já teve intoxicação quando era<br />

solteira com o carrapaticida e tem remédio que ela sente a catinga , até o cheiro de óleo<br />

diesel dá dor de cabeça nela.<br />

7- Não.<br />

8- Não<br />

9- Não<br />

10- Nunca.<br />

9- Você pretende aumentar o seu parreiral? Com que tipo de uva?<br />

1- Não.<br />

2- Sim, com uva bordô.<br />

3- Sim, com uva bordô.<br />

4- Sim, com uva bordô.<br />

5- Sim, mais ou menos uns 2.000 plantas de bordô no ano que vem.<br />

38


6- Tenho vontade, não tenho mais terra, se pudesse comprar terra, faço pra<br />

gurizada com uva bordô.<br />

7- Sim, com uva bordô.<br />

8- Estou com dúvida, já tive vontade, tenho terra, falta pessoal e verba, o<br />

investimento é grande e o serviço é bastante.<br />

9- Sim, com uva bordô.<br />

10- Sim, com uva bordô.<br />

10- Como você acha que deveria ser enfrentado os problemas que foram citados na<br />

questão seis?<br />

difícil.<br />

1- Com orientação e assistência técnica.<br />

2- Com assistência técnica e mais crédito.<br />

3- Com assistência técnica, reuniões e mais visitas.<br />

4- Arrumar um trator pra arrumar a terra e conseguir um para mim.<br />

5- Com mais máquinas, mais gente, cortar um pouco os venenos, a formiga é<br />

6- Se reunir mais e mais assistência técnica.<br />

7- São difíceis, sobre as doenças não está bem testado. Tem que preparar bem o<br />

solo e corrigir com análise do solo na época certa. Penso que os cantineiros são<br />

organizados e nós não, une 3 escapa 3. Usar remédios mais baratos ou não usar, tudo<br />

depende do tempo, chove mais, adoece mais e tem as pragas, grilos, cabeludos e<br />

besouros que cortam a uva e as folhas , antes não tinha.<br />

8- Tratar mais cedo e adubar melhor.<br />

9- Não sei, este problema vem de anos, quem sabe trocando os pés de parreiras,<br />

eu faço só 3 pulverização, dithane e cercobim e depois verderame.<br />

10- É a vez dos técnicos que tem mais estudo.<br />

39


CONCLUSÃO<br />

A produção de uva bordô em Monte Alegre dos Campos- <strong>RS</strong>, é 100%<br />

constituída de pequenos agricultores familiares em 11 localidades, onde 278 famílias<br />

produzem a uva bordô em 411 ha, em uma área média de 1,38 ha utilizando<br />

basicamente a mão de obra familiar e a solidariedade entre parentes e vizinhos.<br />

Constatamos que últimos três anos aconteceu uma profunda transformação nos setores,<br />

econômico, social e cultural dessas famílias no município, onde a região 2 da Serra está<br />

deixando de ser a única a plantar e produzir a uva bordô, migrando está para a região 1<br />

dos campos em cinco distritos, consideradas antigamente como sem tradição ao cultivo<br />

de uvas. O modelo de produção da uva bordô é totalmente latada 8 , com espaçamento<br />

variam de 2,0 X 2,5 m a 1,75 X 2,20 m e 2,0 X 4,0 m nos parreiras mais antigos, onde<br />

cerca de 80% dos foram feitas análise de solo e corrigidos nos últimos três anos em<br />

função dos investimentos financeiros do Pronaf Viticultura, do uso de novas técnicas de<br />

manejo e dos tratos culturais, da assistência técnica da equipe do E. M da <strong>Emater</strong>- <strong>RS</strong>.<br />

Com isso os produtores vêm ampliando as suas informações e troca de idéias em<br />

pequenos grupos pôr localidades, onde a solidariedade é o fator importante que vem<br />

contribuindo para o aumento da produtividade e de novas áreas de plantio. Embora nos<br />

últimos três anos o preço recebido pelos produtores pelo Kg de uva bordô tenha caído<br />

de R$ 0,80 para R$ 0,53 não significa que a renda tenha baixado, pelo contrário, a<br />

produtividade tem garantido um bom retorno financeiro, que motiva e viabiliza uma<br />

expectativa de cerca de 100 ha novos para os próximo dois anos. Também podemos<br />

constatar que a fruticultura representa 73% do valor adicionado do município.<br />

__________________<br />

8 O sistema latada é conhecido também por pérgola ou caramanchão, sendo o mais difundido no Brasil.<br />

Proporciona altas produções e permite expansão vegetativa à planta. É empregado na região da Serra<br />

Gaúcha (<strong>RS</strong>), no Alto do Vale do Rio do Peixe (SC), no Vale do Rio São Francisco (BA, MG e PE), no<br />

Estado do Paraná e na região de Jales (SP).<br />

40


A uva bordô ficou em 2º lugar, quando foram movimentados mais de R$ 1.800.000,00<br />

entre 278 famílias, representando uma renda média de cerca de R$ 6.500,00 por ano. Na<br />

área social, a uva bordô é homenageada a cada 2 anos com a festa da uva no distrito de<br />

São Francisco, onde mais de 5.000 pessoas comparecem, entre eles familiares que<br />

residem em outros municípios, produtores, empresários da região, compradores de uva<br />

de outros estados e da região e outras pessoas que garantem a maior festa do município<br />

e a troca de intercâmbio social e cultural, além da escolha da rainha, baile e dos pratos<br />

colônias e do tradicional almoço no salão comunitário.<br />

Constatou-se que os produtores estão preocupados com o futuro da viticultura,<br />

embora estejam aumentando a área de produção e produtividade, buscamos uma melhor<br />

qualidade da uva e do gerenciamento da propriedade, afim de que venha agregar<br />

valores a produção e não esperar pelas medidas do governo e da vinda dos cantineiros.<br />

Para que isso aconteça de fato, é necessário pensar na cadeia da uva integrada aos<br />

valores, sociais, culturas e econômicos, sendo que a cada dia que se passa ocorrem<br />

mudanças nas relações entre o urbano e o rural, daí a necessidade de um plano de<br />

desenvolvimento integrado, holístico e busque a integridade das relações ambientais ,<br />

para que não venhamos gerar novos planos equivocados, que não atinge somente o<br />

setor rural, mas à humanidade como um todo.<br />

Portanto, concluímos que o cultivo e a produção da uva bordô no município,<br />

pela Agricultura Familiar, privilegia as relações de produção e do estabelecimento<br />

agropecuário e viabiliza mais do que relações de trabalho como poderia indicar a<br />

simples confrontação da agricultura familiar com o agricultor patronal(campeiro),<br />

envolvendo isto sim perspectivas econômicas, sociais, culturais e políticas ampliando e<br />

garantindo o conceito de propriedade da terra, seu uso e manejo, forma de exploração,<br />

geração de trabalho e renda, onde o agricultor rural se apresenta como capaz de<br />

proteger os recursos naturais locais, permitindo uma economia viável e propondo a<br />

sociedade urbana uma abertura justa no sentido de ser reconhecido o seu esforço de<br />

explorar e viver do frutos da terra e manejando os recursos naturais existentes com<br />

responsabilidade e <strong>continuidade</strong>.<br />

41


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AA, ATUALIZAÇÃO EM AGROECOLOGIA. Coletâneas de artigos de periódicos<br />

recebidos pelo Centro de Documentação da AS-PTA. Rio de Janeiro: Eletrônica e<br />

Produção Gráfica.<br />

ALIER, J. Martinez. Apostila do Curso sobre Economia Ecológica. Período de 2, 3 de<br />

junho de 2001. Porto Alegre- <strong>RS</strong>.<br />

ALTIERI, M.A. As Bases Cientificas da Agricultura Alternativa. Rio de Janeiro: Fase,<br />

1989.<br />

BRACAGIOLI NETO, A. (Org). Sustentabilidade e Cidadania: o papel da extensão<br />

rural. Porto Alegre, 1999<br />

GIOVANINI, Eduardo. Produção de uvas para vinho, suco e mesa. Porto Alegre:<br />

Renascença, 1999.<br />

GLIESSMAN, Stephen R. Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura<br />

sustentável. Porto Alegre: Ed. Universidade/URFRGS, 2000.<br />

GUIVANT, Julia S. A Trajetória das Análises de Risco: da periferia ao centro da teórica<br />

social- Depto. De Ciências Sociais, Universidade Federal de Santa Catarina,<br />

Florianópolis/ SC, 2002.<br />

LIPP, Paulo et al. Levantamento da Fruticultura Comercial do RGS-200.<br />

REDCAPA/CPDA-UFR/Rural-RJ/EMATER-<strong>RS</strong>. Apostilas. Professoras Eli Lima de<br />

Jesus e Júlia S. Guiuvant do I Curso de Especialização via Internet para Técnicos da<br />

EMATER- <strong>RS</strong>, 2000 a 2002.<br />

VEIGA, José Eli da. A face rural do desenvolvimento: natureza, território e agricultura-<br />

Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000.<br />

42


ANEXOS<br />

43


Anexo 1<br />

Quadro da Festa da uva desde o seu início e seus representes.<br />

44


Anexo 2<br />

Ficha de Inscrição<br />

46


Nome Completo:<br />

Data de nascimento: / /<br />

Ficha de Inscrição<br />

Filiação:..............................................................................................................................<br />

e...........................................................................................................................................<br />

Características Físicas<br />

Cor dos cabelos:................................................Cor dos olhos:...........................................<br />

Altura:...............................................................Peso:..........................................................<br />

Grau de Escolaridade: ............................................................. Série: ................................<br />

Localidade ou endereço:......................................................................................................<br />

Entidade que representa:......................................................................................................<br />

Você tem alguma habilidade manual, qual?........................ ...............................................<br />

Data da inscrição: / /<br />

Assinatura da Candidata:..........................................................................<br />

Roteiro para Entrevista dos jurados com as candidatas<br />

1 - Que gênero de música você aprecia?<br />

2 - Cite uma música preferida e autor?<br />

3 - Qual o livro mais interessante que você leu? Por quê? Qual seu autor?<br />

4 - Cite dois pontos turísticos do município:<br />

5 - Qual a origem do nome Monte Alegre dos campos?<br />

6 - Qual a base da economia do município?<br />

7 - Como você conceitua:<br />

a) Amizade:<br />

b) Amor:<br />

c) Medo:<br />

47


d) Família:<br />

e) Futuro:<br />

f) Sonho:<br />

Obs.: Esse roteiro será utilizado para avaliação das candidatas quanto à<br />

desembaraço, postura, simpatia.<br />

Os jurados poderão fazer outras perguntas, desde que o assunto conste no material<br />

que estas receberam.<br />

Prova de Conhecimentos Gerais<br />

1 - Na sua opinião o que representa a Festa Municipal da Uva para o município de<br />

Monte Alegre dos Campos?<br />

2 - Qual motivo levou-a a candidatar-se à Rainha da IV Festa Municipal da Uva?<br />

3 - Caso seja eleita, Rainha ou Princesa da IV Festa Municipal da Uva que sugestões<br />

daria para aumentar o brilhantismo do evento:<br />

4 - Quando se realizou a I edição da Festa Municipal da Uva e quem foi sua Rainha?<br />

5- Qual casal de italianos deu origem a realização da Festa da Uva?<br />

6 - Qual foi o casal fundador da Capela São Francisco de Assis e em que ano a mesma<br />

foi fundada?<br />

7 - Qual é à base da economia do município?<br />

8 - Monte Alegre dos Campos foi emancipado em:<br />

9 - A área territorial de Monte Alegre dos Campos e de Km 2 , e pelo último censo do<br />

IBGE tem habitantes.<br />

10 - Quais as primeiras espécies de videiras cultivadas no município?<br />

11 - Quem foram os presidentes da III Edição da Festa da Uva?<br />

12 - Quem se sagrou Presidente da República do Brasil nas últimas eleições?<br />

13 - Quem foi eleito Governador e Vice-Governador do Rio Grande do Sul, neste<br />

último pleito?<br />

14 - Em que ano iniciou-se a Colonização Italiana no Rio Grande do Sul? Cite duas<br />

cidades originárias dos imigrantes italianos:<br />

48


15 - Alguns dos costumes dos descendentes italianos permanecem até hoje, como:<br />

serões 9 e ainda fazem parte do lazer, jogos e competições esportivas, genuinamente<br />

italianas, como:<br />

16 - Transcreva uma receita típica da Culinária Italiana:<br />

17 - Conclua seu trabalho manual<br />

__________________<br />

9 Serões: trabalhar a noite.<br />

49


Anexo 3<br />

Regulamento<br />

50


Regulamento<br />

Art. 1°: As inscrições do Concurso de Rainha da IV Festa Municipal da Uva,<br />

serão realizadas de 01 a 31 de outubro de 2002, na Secretaria Municipal de Educação ou<br />

na Capela São Francisco -4° Distrito, com a Comissão da Festa da Uva;<br />

Art. 2°: As candidatas a Rainha da IV Festa Municipal da Uva, no ato da<br />

inscrição, devera apresentar um documento de identidade, comprovando idade mínima<br />

de 15 anos e duas fotos (10x15), sendo: uma de busto e outra de corpo inteiro;<br />

Art. 3°: As candidatas a Rainha da IV Festa Municipal da Uva devem I<br />

preferencialmente, residir no município;<br />

Art. 4°: No dia 30 de novembro de 2002, às 14 horas, na sede do município, na<br />

biblioteca pública municipal, as candidatas serão submetidas a uma prova de<br />

conhecimentos gerais, conforme material e roteiro em anexo, inclusive, deverão<br />

transcrever uma receita típica da culinária italiana; "<br />

Art. 5°: As candidatas a Rainha da IV Festa Municipal da Uva, terão uma<br />

entrevista com a comissão julgadora, referente aos assuntos de conhecimentos gerais<br />

determinados no roteiro e material em anexo;<br />

Art. 6°: Cada candidata deverá elaborar um trabalho manual (crochê, tricô,<br />

bordado, vime e etc.) a ser apresentado e concluído no dia 30 de novembro de 2002,<br />

diante da comissão julgadora;<br />

Art. 7°: A avaliação do concurso, dar-se-á da seguinte forma:<br />

- Entrevista com a comissão julgadora: serão avaliados os critérios de:<br />

desembaraço, postura, simpatia, beleza e elegância, com pontuação mínima de 1(um)<br />

ponto e máxima de 10(dez) pontos, totalizando, no máximo, 50(cinqüenta) pontos;<br />

- Prova de conhecimentos gerais: as questões de 1 a 15, terão valor de 2(dois)<br />

pontos cada uma, totalizando 30(trinta) pontos. A apresentação da receita típica da<br />

culinária italiana terá valor de 5(cinco) pontos e apresentação do trabalho manual valerá<br />

15(quinze) pontos, totalizando 20(vinte) pontos;<br />

Art. 8°: O baile de coroação da rainha e entrega de faixas será no dia 14 de<br />

dezembro de 2002 com animação do Grupo Musical Carícia. Na ocasião, as candidatas<br />

deverão trajar um vestido (médio ou longo) ou saia (média ou longa);<br />

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Art. 9°: A Rainha da IV Festa Municipal da Uva, será premiada com R$<br />

300,00(trezentos reais) e as 1 a e 2 as Princesas, receberão R$ 150,00(cento e cinqüenta<br />

reais) cada uma;<br />

Art. 10°: A Rainha e Princesas da IV Festa Municipal da Uva, comprometer-se-ão<br />

a participar de todos os eventos onde a Festa for divulgada;<br />

Art. 11°: No dia 09 de fevereiro de 2003, por ocasião da IV Festa Municipal da<br />

Uva, a Rainha e Princesas deverão apresentar-se trajadas tipicamente nos moldes da<br />

cultura italiana e farão a recepção às autoridades e público presente à Festa.<br />

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Anexo 4<br />

Foto de parreira da uva Bordô<br />

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Foto de parreira da uva bordô<br />

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