CARTA: UM MEIO AFETIVO NAS ONDAS DO RÁDIO - Biblioteca ...
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Não podemos estudar a recepção sem analisar essas dimensões de<br />
exclusão que hoje continuam vivas em nossa sociedade, por mais<br />
transformações que tenha havido. Qualquer tipo de expressividade,<br />
em termos informacionais, se converte em ruído. A expressividade<br />
popular é um ruído que não temos podido tratar nos estudos de<br />
comunicação da América Latina. Há boa parte de nossa cultura<br />
popular que somente entra como ruído, como obstáculo à<br />
informação. (BARBERO apud SOUSA, 1995, p. 53).<br />
Uma outra forma de reflexão para o estudo da recepção definida por Barbero<br />
são os artifícios e as tentações. Segundo ele, a mensagem transmitida pelo slogan<br />
publicitário que demonstra que o consumidor é o portador da mensagem é falsa,<br />
pois o poder não está no consumidor, mas sim na publicidade com seus artifícios e<br />
estratégias de persuasão. Barbero define artifício:<br />
Consiste em nos darmos conta de que a verdadeira proposta do<br />
processo de comunicação e do meio não está nas mensagens, mas<br />
nos modos de interação que o próprio meio – como muitos dos<br />
aparatos que compramos e que trazem consigo seu manual de uso<br />
– transmite ao receptor. (BARBERO apud SOUSA, 1995, p. 57).<br />
Mas Barbero alerta que devemos estudar o pensamento do emissor, pois este<br />
poderá ter a intenção de manipular o receptor, “o que estamos estudando, com base<br />
na recepção, é um modo de interagir não só com as mensagens, mas com a<br />
sociedade, com outros atores sociais, e não só com os aparatos” (apud SOUSA,<br />
1995, p. 58).<br />
Considerando o objeto deste estudo, as cartas dos ouvintes da rádio Senado<br />
Ondas Curtas, e com o entendimento da recepção feita pelos ouvintes, ocasiona a<br />
exata dimensão e complexidade do processo comunicacional:<br />
Os vínculos favorecem, assim, nosso sentimento de participação em<br />
uma determinada sociedade. As pessoas que estão ao nosso lado<br />
ou vinculadas a nós através do jornal, do rádio ou de uma rede de<br />
computadores nos indicam que existimos, que estamos articulados a<br />
outras pessoas, que não estamos jogados num universo sem<br />
sentido. (MENEZES apud BAITELLO, 2005, p. 28).<br />
Sobre a necessidade de se estudar os vínculos do receptor e a busca<br />
constante de obter uma resposta de audiência, um dos pesquisadores que se<br />
destacam no estudo da recepção da mensagem é o Stuart Hall do Centre for<br />
Contemporary Cultural Studies (CCCS), da Universidade de Birmingham. Os<br />
estudos sobre audiências da mídia foram desenvolvidos, a partir do modelo de<br />
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