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CARTA: UM MEIO AFETIVO NAS ONDAS DO RÁDIO - Biblioteca ...

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Estas concepções mencionadas por Martín-Barbero como moralistas redundariam<br />

na tese de que “o receptor é uma vítima, um ser manipulado, condenado ao que se<br />

quer fazer com ele”. (BARBERO apud SOUSA, 1995, p. 41).<br />

Conforme Martín-Barbero (apud SOUSA, 1995, p. 42), a crítica a essa forma<br />

de pensar sobre o receptor, segundo ele, “pobrezinho do telespectador, leitor de<br />

jornais sensacionalistas, ouvintes de rádio, expostos a essa enorme manipulação<br />

dos meios”, faz com que analisemos a recepção não como objeto, mas sim como um<br />

“lugar novo, onde podemos rever e repensar o processo de comunicação em nossos<br />

países, em nossas culturas e em nossa sociedade”. A partir disto, Martín-Barbero<br />

expõe um mapa noturno repleto de intuições, demandas e exclusões.<br />

Para Mauro Wilton de Sousa é necessário esclarecer o novo lugar do receptor<br />

na comunicação. O emissor não é mais o “rei” da informação; nos dias atuais o<br />

receptor age de forma significativa em relação à informação dada a ele. Como<br />

declara o pesquisador:<br />

A relação de predomínio do emissor sobre o receptor é a ideia que<br />

primeiro desponta, sugerindo uma relação básica de poder, em que<br />

a associação entre passividade e receptor é evidente. Como se<br />

houvesse uma relação sempre direta, linear, unívoca e necessária<br />

de um pólo, o emissor, sobre outro, o receptor; uma relação que<br />

subentende um emissor genérico, macro, sistema, rede de veículos<br />

de comunicação, e um receptor específico, indivíduo, despojado,<br />

fraco, micro, decodificador, consumidor de supérfluos; como se<br />

existissem dois pólos que necessariamente se opõem, e não eixos<br />

de um processo mais amplo e complexo, por isso mesmo, também<br />

permeado por contradições. (SOUSA, 1995, p.14).<br />

Martín-Barbero destaca que para o estudo da recepção ser feito na íntegra<br />

faz-se necessário analisar a exclusão cultural. Segundo o autor, existem “três modos<br />

de deslegitimação e de desqualificação do gosto popular através da pecha de<br />

ausência de gosto ou mau gosto” (apud SOUSA, 1995, p. 52). Em primeiro lugar<br />

descreve que as classes populares não têm gosto, “há uma deslegitimação do gosto<br />

popular por essas vulgaridades que são a telenovela, a luta livre, a comédia barata<br />

norte-americana etc”. Em um segundo momento trata sobre o cinema de autor, em<br />

que é mais importante assistir um filme de um determinado cineasta do que um filme<br />

de gênero. E o último, marcado pela recepção apaixonada de viver, onde o popular<br />

não tem educação, não possui gosto e não possui cultura. Essas exclusões são<br />

explicadas por Barbero:<br />

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