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CARTA: UM MEIO AFETIVO NAS ONDAS DO RÁDIO - Biblioteca ...

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A canção que nos instiga, histórias contadas e imaginadas, o roteiro da vida,<br />

tudo isso é marcado pela proximidade do rádio, e sua recepção é primordial na vida<br />

do ouvinte.<br />

3.2 A VOZ POÉTICA DE PAUL Z<strong>UM</strong>THOR<br />

No seu livro A letra e a voz: a literatura medieval, publicado em 1993, o poeta<br />

suíço Paul Zumthor analisa a poesia e traz estudos sobre a oralidade. O rádio é um<br />

dos veículos que mais utiliza a voz como instrumento de seu funcionamento. Jerusa<br />

Pires detalha sobre a proposta de oralidade do autor:<br />

A oralidade se faz um princípio do texto poético, permitindo-lhe<br />

deslocar a dicotomia popular/erudito, evitando discriminações. O<br />

reconhecimento profundo da materialidade produtiva da voz, com<br />

seus atributos intercorrentes que abalroam o signo – nomadismo<br />

radical, intervocalidade, eroticidade, movência, dissipação de autoria<br />

– propõe de fato novos caminhos. (PIRES apud Z<strong>UM</strong>THOR, 1993,<br />

p. 287).<br />

A palavra falada demonstra mais significativamente a autoridade, segundo o<br />

teórico isto era exposto nos séculos XV e XVI, praticado pelas pessoas que estavam<br />

no poder. Para que se cumpra o poder da voz e sua efetiva oralidade, Zumthor<br />

descreve:<br />

A passagem do vocal ao escrito manifesta uma convergência entre<br />

os modos de comunicação assim confrontados. O par voz/escritura<br />

é atravessado por tensões, oposições conflitivas e, com o recuo do<br />

tempo, mostra-se muito frequentemente aos medievalistas como<br />

contraditório. (Z<strong>UM</strong>THOR, 1993, p. 114).<br />

Para que a transmissão radiofônica aconteça é inevitável que ocorra a divisão<br />

entre o texto narrado e a voz do apresentador. Segundo Cida Golin (apud<br />

MEDITSCH, 2005, p. 261) “a voz invade a letra e põe em xeque a lógica de um<br />

espaço fechado”, isto ocasiona a performance, termo utilizado pelo Zumthor que é<br />

definido como “ação complexa pela qual uma mensagem poética é simultaneamente<br />

transmitida e percebida aqui e agora” (Z<strong>UM</strong>THOR, 1993, p. 32).<br />

No seu estudo, Zumthor declara que existe uma distinção entre a forma verbal<br />

e a escrita, “oral não significa popular, tanto quanto escrito não significa erudito”<br />

(1993, p.119). Segundo o autor existem três tipos de oralidade: a “Primária e<br />

imediata” que é representada por pessoas analfabetas, a segunda é a “Mista” que se<br />

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