O Preconceito em Gadamer: sentido de uma reabilitação - LusoSofia
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6 Maria Luísa Portocarrero Ferreira da SILVA<br />
mento <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s das consi<strong>de</strong>rações aqui apresentadas. A segunda<br />
parte <strong>de</strong>nomina-se “A Hermenèutica como verda<strong>de</strong>” e procura estabelecer<br />
a relação entre a experiência e a verda<strong>de</strong>: “é na pertença ou referência<br />
(não voluntarista n<strong>em</strong> objectiva) do espírito h<strong>uma</strong>no a algo essencial<br />
ao <strong>sentido</strong> do exisitir no mundo que <strong>de</strong>ve procurar-se a dimensão<br />
originária e positiva da verda<strong>de</strong>.” (Ibid, p. 154). Nesta medida, “a verda<strong>de</strong><br />
é fundamentalmente, <strong>sentido</strong>/experiência/ «pathos» e naão apenas<br />
certeza. T<strong>em</strong> <strong>uma</strong> dimensão retórica-hermenêutica essencial que <strong>de</strong>ve<br />
ser esclarecida, pois é aquilo que lhe permite ser integração/explicação<br />
e não só reconstrução ou a<strong>de</strong>quação.” (Id<strong>em</strong>, p. 157). Esta dimensão<br />
retórica-hermenêutica da verda<strong>de</strong> implica a análise do papel da linguag<strong>em</strong><br />
como medium <strong>de</strong> toda a experiência ou compreensão. “Tal<br />
como suspen<strong>de</strong> a substancialida<strong>de</strong> egói<strong>de</strong> do sujeito, também a linguag<strong>em</strong><br />
eleva o sujeito acima da sua parcialida<strong>de</strong>. Logo só na linguag<strong>em</strong><br />
e seus múltiplos jogos se realiza a compreensão.” O papel<br />
da linguag<strong>em</strong> na compreensão e na superação <strong>de</strong> um dimensão objectivista<br />
da ciência será <strong>de</strong>ste modo esclarecido <strong>de</strong> modo luminoso por<br />
<strong>Gadamer</strong>: “falar não é apenas tornar disponível ou calculável: não apenas<br />
o enunciado e o julgamento são apenas formas particulares <strong>de</strong> entre<br />
a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comportamentos linguísticos como essa multiplicida<strong>de</strong><br />
permanece intimamente ligada ao comportamento da vida. É por<br />
esse motivo que a concepção objectivante <strong>de</strong> ciência vê na configuração<br />
da experência natural do mundo pela linguag<strong>em</strong> <strong>uma</strong> fonte <strong>de</strong><br />
preconceitos.” (<strong>Gadamer</strong>, Vérité et Metho<strong>de</strong>, Paris, Éditions du Seuil,<br />
1976, p. 478). Logo, “na linguag<strong>em</strong> o mundo <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser privado, um<br />
ambiente limitado para se a–presentar como um universo comunicativamente<br />
partilhado, um espaço <strong>de</strong> gravitação multiplamente habitado,<br />
por meio do qual, aliás, surge a realida<strong>de</strong> relacional da consciência.” (<br />
O <strong>Preconceito</strong> <strong>em</strong> <strong>Gadamer</strong>, 189). Ou seja, “só na linguag<strong>em</strong> (e seu<br />
po<strong>de</strong>r dia-lógico) as coisas pod<strong>em</strong> realmente alcançar a sua objectivida<strong>de</strong>/subsistência/i<strong>de</strong>alida<strong>de</strong>,<br />
pois só aqui <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> coincidir com o<br />
meu ponto <strong>de</strong> vista ou com o do outro para se elevar<strong>em</strong> à dimensão<br />
(...) do universal e do comum.” (Id<strong>em</strong>, p. 191). A terceira parte da<br />
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