DO DECISIONISMO À TEOLOGIA POLÍTICA - LusoSofia
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6 Alexandre Franco de Sá<br />
de um duplo combate. Por um lado, do combate contra uma metafísica<br />
que negue a metafísica própria. Por outro, do combate contra<br />
a neutralidade e a indecisão, contra a cobardia, a comodidade e a<br />
resistência a combater. É neste sentido que a filosofia política da<br />
contrarevolução, abordada a partir de três autores que nela são decisivos<br />
– Joseph de Maistre, Louis de Bonald e José Donoso Cortés<br />
–, surge para Schmitt como a expressão e o exemplo de um combate<br />
que se dirige, ao mesmo tempo, quer contra uma política sem<br />
metafísica e sem efectiva teologia, contra a fuga romântica da realidade<br />
e contra a recusa burguesa da decisão, quer contra a visão<br />
do mundo e do homem de uma metafísica revolucionária que surge<br />
como a sua própria negação.<br />
Contudo, se a primeira tese proposta por Schmitt constitui o<br />
fio condutor dos primeiros dois capítulos de Politische Theologie,<br />
correspondendo a segunda ao fio condutor dos dois capítulos restantes,<br />
torna-se necessário perguntar pela relação possível entre as<br />
duas teses apresentadas. Se os dois primeiros capítulos se articulam<br />
em função da primeira tese, e se os dois últimos podem ser relacionados<br />
em função da segunda, como é possível articular a unidade<br />
constituída pelos dois primeiros capítulos de Politische Theologie<br />
com a unidade constituída pelos dois últimos? Dito de outro modo:<br />
como é possível relacionar as duas teses schmittianas de Politische<br />
Theologie? O problema ganha relevância a partir da fácil verificação<br />
da absoluta heterogeneidade das duas teses propostas. Numa<br />
primeira leitura, dir-se-ia que nenhuma relação existe entre a afirmação<br />
de que a soberania consiste na possibilidade de decidir um<br />
estado de excepção a uma norma, por um lado, e, por outro, a afirmação<br />
de que todos os conceitos políticos têm uma proveniência<br />
teológica. Contudo, embora a relação entre as duas teses schmittianas<br />
não possa deixar de parecer, à partida, inexistente, esta mesma<br />
relação tem de ser necessariamente pressuposta. Com efeito, se<br />
não houvesse uma relação entre as duas teses de Politische Theologie,<br />
como poderia ser que os dois conjuntos de dois capítulos<br />
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