DO DECISIONISMO À TEOLOGIA POLÍTICA - LusoSofia
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Do Decisionismo à Teologia Política 31<br />
político também não é pensável a partir de si mesmo. Se o jurídico<br />
não é autónomo, remetendo sempre para o político como a sua justificação<br />
última, se a ordem jurídica não pode deixar de remeter<br />
necessariamente para a decisão de um poder político que a justifica,<br />
também o político carece de autonomia, remetendo sempre<br />
para o teológico enquanto fonte do seu poder. A segunda tese formulada<br />
em Politische Theologie pode então começar a articular-se<br />
com a primeira. Na primeira tese, Schmitt determinara a ausência<br />
de autonomia do jurídico, assim como a necessidade da existência<br />
de um poder político. Nesta tese, apresenta-se a necessidade<br />
da existência de um poder caracterizado, na sua essência, pela sua<br />
ilimitação do ponto de vista jurídico, ou seja, pela sua ausência de<br />
reconhecimento de qualquer poder que o procure limitar em nome<br />
de uma ordem instaurada pela lei. Na segunda tese, insatisfeito<br />
com uma primeira justificação racional do poder político ilimitado,<br />
implicitamente apresentada a partir de Hobbes enquanto “representante<br />
clássico” do modo decisionista de pensar, Schmitt determina<br />
a ausência de autonomia do próprio político e assinala o plano teológico<br />
como a fonte dos seus conceitos fundamentais. E se é no teológico<br />
que o político encontra a sua necessária origem, do mesmo<br />
modo que o jurídico não pode deixar de ter neste mesmo político<br />
a sua raiz, é no plano teológico que, na perspectiva schmittiana, o<br />
político, ou seja, a realidade de um poder soberano ilimitado, prévio<br />
e instaurador da ordem jurídica, encontrará a possibilidade da<br />
sua justificação racional. O problema da articulação entre as duas<br />
partes fundamentais de Politische Theologie, o problema da articulação<br />
entre o decisionismo e a teologia política, ganha aqui uma<br />
configuração mais precisa. Ele consiste em mostrar como é a partir<br />
do teológico que o político, a existência de um poder soberano<br />
ilimitado, adquire a possibilidade da sua justificação racional.<br />
A tese schmittiana da origem teológica dos conceitos políticos<br />
fundamentais sugere uma relação essencial entre o político e o teológico.<br />
Segundo uma tal relação, a dimensão teológica funda uma<br />
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