“POR TRÁS DOS PORTÕES” – A DISCIPLINA NO COLÉGIO ...
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A estrutura escolar era muito avançada para o período, pois contava<br />
com uma biblioteca com mais de 5.000 volumes, um Museu Militar, a<br />
sala de armas, o campo de exercícios, a linha de tiro, gabinete de Física,<br />
laboratório de Química, museu de História Natural, um salão de cinema<br />
com 300 lugares, o primeiro com finalidades pedagógicas no Brasil.<br />
Devido a essas novidades e a grande qualidade de ensino o renome<br />
do Colégio Militar, a partir de 1905, espalhou-se pelo Brasil. Um exemplo<br />
disso devia-se à entrada de alunos que, ao concluírem os estudos no<br />
Colégio Imperial, eram dispensados das provas de habilitação da Escola<br />
Politécnica do Largo de São Francisco. O prestígio do colégio pode ser<br />
comprovado nas palavras de Dulcídio A. Pereira na década de 1950. No<br />
seu discurso na festa dos ex-alunos, de1953, disse o professor:<br />
Naquela época em que terminei o curso nesta casa, a única faculdade<br />
civil que exigia exame era a antiga Escola Politécnica. E esse exame<br />
era difícil, entregue a homens de envergadura de um Francisco Cabrito<br />
e de um Otto de Alencar. Pois bem. Os candidatos que terminavam o<br />
curso do Colégio Militar eram dispensados dessa prova de habilitação,<br />
porque seus conhecimentos eram, pela congregação da Politécnica,<br />
considerados de nível bem acima dos daqueles que vinham de outros<br />
colégios, alguns também de grande valor. .21<br />
Com base nestas palavras, pode-se perceber que o prestígio adquirido<br />
pelo Colégio foi um dos fatores que motivaram o Exército a defender a idéia<br />
de espalhar uma rede de colégios militares pelo Brasil “para selecionar<br />
homens valorosos, tanto para o Exército, quanto para as carreiras civis” 22 .<br />
Acreditavam os militares que o Colégio representava para a nação, o<br />
caminho ideal para o civismo, a renovação de valores e ampliação da<br />
cultura, além de “contribuir para dar amparo social aos militares, como<br />
ajudar o Brasil a debelar o cancro do analfabetismo”. 23 Sendo assim, o<br />
exemplo do Colégio do Rio de Janeiro foi seguido, e outros “seminários<br />
de civismo” criados, no ano de 1912, em Porto Alegre e Barbacena; 1919,<br />
em Fortaleza.<br />
No entanto, mesmo com o bem conceituado Colégio Militar do Rio<br />
de Janeiro nem sempre a criação desses estabelecimentos era bem<br />
vista, pois como indicava o Tenente Coronel Antonio Joaquim Figueiredo,<br />
os argumentos usados por aqueles que não concordavam com a idéia<br />
educacional eram sempre os mesmos. Alegavam estas pessoas, que<br />
o colégio era fonte de despesas e que criava privilégios para os filhos<br />
de militares. Além disso, afirmavam que os resultados práticos não<br />
correspondiam às despesas feitas, pois as finalidades não eram atingidas,<br />
uma vez que a maioria dos alunos não seguia a carreira militar. 24<br />
Esta pressão contribuiu para o fechamento do Colégio Militar<br />
de Barbacena em 1925. A justificativa foi o alto custo para mantê-lo<br />
funcionando o que promoveu divergências entre os militares. Na década de<br />
1930, no governo de Getúlio Vargas, ocorreu “um período de centralização<br />
e nacionalização que tentava controlar a influência das forças regionais.” 25<br />
Essa centralização atingiu também ao Exército e seus colégios. A volta das<br />
críticas aos educandários, de acordo com o Coronel Figueiredo, somou-<br />
se a outra: a suposta incapacidade dos professores. 26 A situação foi<br />
paulatinamente agravando-se para os militares até que no ano de 1938 o<br />
Colégio de Fortaleza deixou de ser administrado pelo Ministério da Guerra<br />
e, com o nome de Colégio Floriano, passou ao Ministério da Educação e<br />
Saúde. Mesmo com esta mudança, o estabelecimento deveria continuar<br />
a ministrar a instrução militar e conceder matrículas gratuitas. Já, os<br />
professores militares foram transferidos para outros colégios do Exército.<br />
Por fim, em 1939, o educandário de Porto Alegre foi transformado em<br />
Escola Preparatória e apenas o Colégio Militar do Rio de Janeiro funcionou<br />
normalmente, como ainda funciona.<br />
Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 8<br />
| História | 2009