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“POR TRÁS DOS PORTÕES” – A DISCIPLINA NO COLÉGIO ...

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Em 1888, quando Thomas Coelho de Almeida assumiu o Ministério<br />

da Guerra, o Asilo ainda não havia sido entregue aos homens de comércio<br />

devido a grande pressão feita pelos militares. O ministro também ansiava<br />

a criação de um Colégio Militar e por este motivo, tentou um acordo com<br />

a associação: o governo imperial homologaria a fusão, assumindo as<br />

pendências em relação ao patrimônio do Asilo, que seria incorporado à<br />

Associação Comercial. Com isso, esta entraria com recursos necessários à<br />

aquisição de um imóvel destinado à instalação de um Colégio Militar. Assim<br />

sendo, em 25 de abril de 1888, foi homologada, pela Resolução Imperial,<br />

a fusão entre as duas entidades e a Associação obteve todos os direitos<br />

e obrigações da Sociedade do Asilo dos Inválidos da Pátria. Ou seja, os<br />

homens de comércio ficariam obrigados a manter o Asilo e o Colégio. Dessa<br />

forma, o Decreto Imperial 10.202 foi assinado em 9 de março de 1889,<br />

oficializando assim, o nascimento do Imperial Colégio Militar da Corte.<br />

Escusado citar que, o Imperial Colégio foi criado em um momento de<br />

grandes agitações políticas e sociais no país. O descontentamento com<br />

o Império crescia e o movimento republicano se fortalecia cada vez mais,<br />

sobretudo entre os militares da Corte, estabelecidos na Academia da<br />

Praia Vermelha. O grupo que iniciou a conspiração republicana no interior<br />

do Exército foi de jovens oficiais com estudos superiores ou “científicos”<br />

influenciados pelas idéias positivistas de Auguste Comte apresentadas<br />

por Benjamin Constant, que:<br />

[...] colocando-se sempre à luz das suas obrigações de professor de<br />

Geometria Analítica, [...] na verdade o que fazia era apresentar e<br />

exaltar o Positivismo, nos seus aspectos de filosofia das ciências.<br />

Nele eram colocados desde o agnosticismo, a relatividade histórica<br />

dos acontecimentos, a exaltação da ciência, até a conceituação<br />

da dinâmica social e política, até, naturalmente, a condenação dos<br />

regimes monárquicos. 14<br />

Esta afirmação pode ser articulada as análises de José Murilo de<br />

Carvalho, ao indicar que mesmo as teses positivistas apontando um<br />

governo militar como obstáculo ao progresso, teoricamente tais idéias<br />

foram adaptadas pelos militares brasileiros. Isto se deu porque no Brasil,<br />

os militares tinham uma formação técnica, em oposição à formação<br />

literária da elite civil, e sentiam-se fortemente atraídos pela ênfase dada<br />

pelo positivismo à ciência. 15<br />

Com a criação do Colégio Militar, o Ministro Thomas Coelho buscou<br />

acalmar os ânimos dos militares republicanos com uma demonstração<br />

de boa vontade do Império para com os filhos desamparados dos<br />

militares. 16 No entanto, a tentativa de conquistar os oficiais para o<br />

Império não surtiu efeito e o clima turbulento permaneceu. Além de<br />

militares, outros setores não estavam satisfeitos com as atitudes<br />

tomadas pelo imperador. Os grandes fazendeiros, por exemplo,<br />

reivindicavam indenizações ao governo devido ao prejuízo gerado pelas<br />

medidas abolicionistas adotadas para a extinção da escravidão. Com a<br />

Lei Áurea (1888), a situação dos grandes proprietários de terras piorou<br />

aumentando a insatisfação com o Império. Outro grupo a mostrar<br />

seu descontentamento foi o clero, que submetido ao Estado, devia<br />

obediência a D. Pedro II. Como este era adepto da maçonaria, mandou<br />

que os bispos de Olinda (PE) e Belém (PA) parassem com as punições<br />

a maçons na região. Este episódio fez com que a Igreja não visse com<br />

bons olhos as ações do governo.<br />

Com tantas manifestações contra o governo Imperial, em 15 de<br />

novembro de 1889 a República foi proclamada. Porém, mesmo que a<br />

proclamação tenha sido realizada por um ato militar, em parte desvinculado<br />

do movimento republicano civil, as suas raízes devem ser buscadas mais<br />

longe e mais fundo, escapando ao propósito desta pesquisa. No entanto,<br />

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 6<br />

| História | 2009

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