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“POR TRÁS DOS PORTÕES” – A DISCIPLINA NO COLÉGIO ...

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n.° 16 Flávio Trajano da Silva. Cútis branca. Cabelos castanhos claros<br />

lisos. Barba imberbe. Bigode imberbe. Olhos castanhos médios.<br />

Altura 1,62m. Sinais característicos: Cic de corte em forma irregular<br />

de mais ou menos 2 cm na região frontal esquerda a mais ou menos<br />

3 cm da linha mediana.<br />

n.° 17 Francis Noêmio Guedes. Cútis branca. Cabelos castanhos<br />

claros lisos. Barba imberbe. Bigode imberbe. Olhos castanhos claros.<br />

Altura 1,67m.<br />

n.° 18 Wagner José da Silva. Cútis morena. Cabelos castanhos<br />

médios lisos. Barba imberbe. Bigode imberbe. Olhos castanhos<br />

escuros. Altura 1,55m. Sinais característicos: Verruga no bordo<br />

externo do polegar esquerdo 101 .<br />

Percebe-se, então, que além do registro das punições e premiações,<br />

as características físicas também levantadas se mostravam necessárias<br />

para fazer de cada aluno “um caso”, ou nas palavras de Foucault,<br />

“[...] o caso [...] é o indivíduo tal como pode ser descrito, mensurado,<br />

medido, comparado a outros e isso em sua própria individualidade; e é<br />

também o indivíduo que tem que ser treinado ou retreinado, tem que ser<br />

classificado, normalizado, excluído, etc”. 102<br />

A descrição é transformada, portanto, em um meio de controle e um<br />

método de dominação e o Exame, combinando vigilância hierárquica e<br />

sanção normalizadora, faz com que as funções disciplinares de repartição<br />

e classificação dos indivíduos sejam realizadas.<br />

Os alunos do Colégio Militar de Curitiba, submetidos a um sistema<br />

disciplinar nos mesmos moldes aplicados nos quartéis, no entanto<br />

adaptados ao ambiente escolar, são disciplinados e exercitados a<br />

uma nova realidade. Estes jovens eram moldados para aquilo que o<br />

Exército almejava: educar os futuros homens com responsabilidade<br />

no cumprimento de seus deveres para com a família, Deus e a Pátria.<br />

Esse se tornava o grande modelo de cidadão pretendido pelo Exército. E<br />

retomando as palavras do General Nilo Horacio Sucupira, sobre o objetivo<br />

do educandário de “incutir no espírito dos alunos a consciência do dever<br />

e da responsabilidade; formar-lhe o caráter; criar e desenvolver o espírito<br />

da brasilidade” 103 , constatou que as práticas disciplinares empregadas na<br />

instituição permitiram que o objetivo principal do CMC fosse alcançado.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O Colégio Militar de Curitiba mostrou-se como formador das<br />

condutas almejadas pelo Exército, baseadas em uma educação que<br />

primava os valores militares como o amor a Pátria, a Deus e a Família,<br />

além de garantir a segurança nacional. O fenômeno educativo não pode,<br />

portanto, ser encarado sob um ângulo da neutralidade política.<br />

A educação militar, por suas características disciplinares, exerce<br />

um poder de transformação pessoal. Esse poder foi sentido pelos<br />

alunos desde os primeiros dias em que entraram em contato com a<br />

instituição. O primeiro choque ocorria devido à rígida rotina diária,<br />

um dos procedimentos mais eficazes para incutir a idéia de ordem e<br />

disciplina entre os alunos. A existência de horários exatos para realizar<br />

diária e repetidamente as atividades como marchar, assistir às aulas,<br />

alimentar-se, dormir, estudar entre outras, colaborava para automatizar<br />

os comportamentos dos jovens. O espaço físico devidamente fechado,<br />

vigiado e ordenado permitia que os alunos adquirissem a noção de que<br />

ocupavam um determinado lugar dentro da instituição, onde exerciam<br />

atividades específicas. Esta noção deveria ser levada para fora dos<br />

portões, contribuindo assim para a harmonia da sociedade.<br />

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 30<br />

| História | 2009

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