“POR TRÁS DOS PORTÕES” – A DISCIPLINA NO COLÉGIO ...
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XX, outros Colégios pelo Brasil nos mesmos moldes do CMRJ. O Paraná<br />
não fugiu a esta regra e, em 1959, foi criado na capital o Colégio Militar<br />
de Curitiba (CMC).<br />
A opção do Colégio Militar de Curitiba como objeto de estudo,<br />
foi motivada por conversas entre familiares e amigos que passaram<br />
por instituições militares, e neste caso específico, o Colégio Militar<br />
de Curitiba. O amor pela instituição, descrito por esses, conduziu a<br />
reflexões e instigaram alguns questionamentos, tais como: Como era<br />
a educação militar direcionada às crianças? Qual era o cotidiano dos<br />
alunos no Colégio? De que maneira a disciplina militar era ensinada?<br />
Que tipo de aluno pretendia formar o Exército?<br />
A escolha do representante paranaense dos Colégios Militares fez<br />
com que o olhar fosse conduzido à temporalidade que compreende o ano<br />
de 1959, o qual foi inaugurado o CMC, até 1964, ano em que ocorreu<br />
no país o Golpe civil-militar.<br />
Para compreender o dia-a-dia dos alunos e o programa de ensino<br />
do CMC , as fontes utilizadas foram: o Boletim Interno (BI) da<br />
instituição (1959-1964) e o Registro Histórico, localizados no arquivo<br />
do CMC, além de entrevistas concedidas por ex-alunos. O primeiro<br />
é corpo de documentos, isto é, registro detalhado do dia-a-dia de<br />
todos aqueles que trabalharam e estudaram no Colégio. Nestes<br />
documentos, foram registrados os discursos das cerimônias, as ordens<br />
do dia, as punições dos alunos, o programa de ensino, além da própria<br />
administração escolar. Estes eram organizados por trimestres e para<br />
a realização da pesquisa foram consultados 24 Boletins Interno o que<br />
exigiu um trabalho intenso de leitura e seleção no arquivo do CMC.<br />
Já, o Registro Histórico é um documento mais resumido do Boletim<br />
e aborda a parte referente à organização geral do Colégio entre os<br />
anos de 1959 e 1988, o processo de sua criação e os discursos feitos<br />
na sua inauguração.<br />
As entrevistas tiveram papel fundamental no desenvolvimento do<br />
trabalho, pois proporcionaram uma proximidade maior com a realidade<br />
escolar e as experiências vividas pelos alunos que estudaram no período.<br />
E para tanto, foi utilizada a metodologia da História Oral com o intuito de<br />
suprir lacunas encontradas na leitura de outras fontes.<br />
Importa aqui considerar que, o trabalho com a memória requer<br />
cuidados especiais, pois como indica Michael Pollak, a memória é<br />
composta por diferentes elementos, como também por fenômenos de<br />
projeção e transferência que podem ocorrer tanto dentro da organização<br />
da memória individual quanto na ordenação da memória coletiva. Com<br />
bases nestas indicações, pode-se perceber que a memória é seletiva,<br />
uma vez que nem tudo fica gravado e registrado. Portanto, a memória<br />
é um fenômeno construído, além de ser fundamental na construção do<br />
sentimento de identidade. 4<br />
Nesse sentido, a metodologia da História Oral constituiu-se em um<br />
recurso caracterizando-se como uma fonte construída, pois se levou em<br />
conta que as pessoas entrevistadas, trouxeram à tona o passado, porém<br />
com o referencial do presente, que comandou o depoimento. Dessa<br />
forma, nesta pesquisa buscou-se estabelecer uma relação dialética entre<br />
testemunho oral e documentação escrita. 5<br />
Para ter um entendimento melhor do papel do ensino escolar, levou-<br />
se em consideração o fato de que a escola não é um espaço neutro e<br />
transitório onde os alunos apenas adquirem conhecimento intelectual,<br />
mas o de que ela [a escola] é, sim, observada como um lugar marcado<br />
por relações de poder, pois visam modelar não apenas o intelecto, mas<br />
também os corpos, os discursos dos indivíduos. Tal consideração exigiu,<br />
Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 2<br />
| História | 2009