“POR TRÁS DOS PORTÕES” – A DISCIPLINA NO COLÉGIO ...

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e o horário das atividades, até mesmo o número de avaliações a serem aplicadas no dia. Ainda segundo decreto: o corpo discente deveria ser dividido em companhias, cinco no total, de modo que constituísse grupos homogêneos, ou seja, por série no 1° ciclo, ou por arma de afinidade (cavalaria, infantaria, artilharia) no 2° ciclo.[...] Eram, também, as companhias responsáveis pela verificação de presença, pelo elogio ou punição dos alunos. Estando, cada companhia, na responsabilidade de um capitão e tendo sargentos como monitores de alunos. 50 Cabe aqui ressaltar, a importância do sistema escolhido para a instituição que foi criada por Henry C. Morrison, educador estadunidense, que utiliza o método de Unidades Didáticas, para desenvolver sua pedagogia. Para Morrison, a idéia de unidade seria uma organização do ensino em torno daquilo que seria mais importante, o essencial, negando a idéia de que ensino-aprendizagem possa ter como centro uma pluralidade de elementos. Para que existisse uma unidade, seria necessário que a experiência a ser vivida e os assuntos a serem estudados fossem suficientemente amplos e ricos, pois assim se tornariam importantes na vida do aluno. Além disso, defendia o educador, que os temas estudados deveriam ser bastante homogêneos para constituírem uma totalidade coerente. 51 Para Irene Mello Carvalho, que discute o método de Unidades Didáticas proposto por Tenente-coronel Alipio Ayres de Carvalho inaugurando o CMC - 1959 Acervo: Arquivo Colégio Militar de Curitiba Morrison, a vantagem deste método estaria na idéia de estudar o todo inicialmente antes de desenvolver o estudo minucioso de cada uma das partes ou subunidades. Isso foi melhor explicado, segundo a autora, no livro The Pratice of teaching in the Secondary School, no qual Morrison procurou caracterizar a escola secundária e analisar os seus objetivos na aprendizagem da criança. Com base nestas idéias, o educador apontou três técnicas educacionais, consideradas por ele como básicas: a técnica de controle, relacionada com o problema da disciplina dos alunos, principalmente na sala de aula, a técnica operativa, que estuda o método propriamente dito e a técnica administrativa, que considera os problemas da administração escolar prejudiciais à aprendizagem do aluno. 52 Mesmo levando em conta esses três fatores, Morrison dá mais destaque à compreensão da Técnica Operativa, já que esta expressa o método aplicado. Os principais objetivos que a educação secundária deveria alcançar eram: as atitudes que se estruturam na escola e as habilidades e destrezas que ela procura desenvolver. Essas atitudes seriam de compreensão e apreciação. Para estruturar a primeira seria necessário que a aquisição de informações e a assimilação de conhecimentos já tivesse ocorrido, tomando o cuidado de que isso não fosse transformado em pura memorização. 53 Para a apreciação, os elementos afetivos estariam presentes, uma vez Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 16 | História | 2009
que os interesses e preferências do aluno seriam respeitados. As habilidades e destrezas não parecem ser muito claras a respeito do ensino. 53 Henry Morrison critica a escola secundária devido à confusão que os educadores fazem entre erudição e educação, consideram que o aluno cursou bem o curso secundário por saber muito e não necessariamente por ter aprendido. Outro ponto seria a transmissão de valores culturais da sociedade à qual a escola pertence, não abrindo espaço para um pensamento crítico. Esses seriam erros que prejudicariam a formação do jovem. A partir dos objetivos propostos e as críticas realizadas, o método geral de ensino sugerido por ele compreendia cinco fases: exploração, apresentação, assimilação, organização e recitação. Na exploração, a cada início de unidade, cabia ao professor realizar uma sondagem prévia para avaliar se os alunos sabiam ou não o suficiente para passar de uma unidade a outra, uma espécie de pré-teste. A justificativa seria uma economia de tempo e esforço do professor. Após ter essa certeza, iniciava a fase de Apresentação. Nesta, a unidade era exposta de uma forma geral, não devendo ser minuciosa, pois podia dificultar a compreensão por parte dos alunos. Os objetivos aqui seriam mostrar as contribuições dessa unidade para o conhecimento e sua aplicação de ordem prática. As condições disciplinares nesse momento seriam fundamentais, pois comprometeriam o entendimento da classe. O empenho do professor tornava-se fundamental para que se mantivesse uma atitude vigilante, mas se ainda assim a indisciplina permanecesse, as técnicas de controle deveriam ser aprimoradas. No que concebia a Assimilação, o aluno se tornaria um estudante, como diz Morrison, capaz de elaborar seus próprios conceitos e aprofundar a sua capacidade crítica. Até então a unidade era expositiva, nesta fase cabia ao estudante aprender sozinho. No entanto, o estudo seria dirigido e caberia ao professor indicar as bibliografias utilizadas. O tempo para essa fase seria de 60% a 80% de todo o período destinado à unidade. A seguinte fase: “Organização seria dedicada para recursos de fixação do conhecimento adquirido”, tinha como propósito distinguir o que era realmente essencial, as idéias principais. Essa fase não seria finalizada com uma prova, mas sim com um quadro sinótico. Por fim, chegava-se a Recitação: fase a qual depois de organizada a unidade por parte dos alunos, estes deveriam apresentar oralmente, frente à turma, os seus pontos de vista pessoais. Após esta apresentação das idéias de Henry C. Morrison para o ensino secundário, alguns pontos devem ser observados. Na fase de Assimilação, a qual o aluno deveria estudar sozinho e aprofundar sua capacidade crítica, observamos que não há na realidade uma autonomia do aluno, uma vez que seu estudo é dirigido e a bibliografia escolhida pelo professor. Ou seja, é nesse momento que a ideologia que a escola pretende passar será mais explorada. A idéia patriótica, os ideais militares em geral, pretendidos pelo Colégio Militar de Curitiba eram transmitidos através de livros e textos que induziam os alunos a pensarem de forma parcial, uma vez que “[...] a classe entra em trabalho, sob a forma de estudo dirigido, em que o aluno executa aquilo que seu professor achar mais fundamental, tendo-o a seu lado para orientá-lo, quando necessitar de ajuda [...].” 55 Além disso, devemos destacar uma das críticas feitas por Henry C. Morrison, em relação a essa transmissão de valores culturais da sociedade a qual a escola pertence, ou seja, valores que só dizem respeito a um certo grupo de pessoas sem dar espaço para reflexões Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 17 | História | 2009
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