“POR TRÁS DOS PORTÕES” – A DISCIPLINA NO COLÉGIO ...
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sido eleito pela maioria absoluta de votos. Por meio de um “golpe<br />
preventivo”, apoiado pelo Exército, JK assumiu o poder e preocupado<br />
em garantir a estabilidade política, além de já ter o apoio das Forças<br />
Armadas, procurou fazer aliança com o PSD/PTB. Atendendo as<br />
aspirações do PSD e do PTB, respectivamente manutenção do regime de<br />
propriedade agrícola e ampliação do mercado de trabalho, o presidente<br />
conseguiu o apoio da maioria parlamentar, responsável pela aprovação<br />
de todos os projetos que interessavam ao Executivo. A preocupação em<br />
atender aos interesses dos dois partidos manifestou-se na composição<br />
dos ministérios, constantemente renovados entre 1956-1961, com<br />
exceção do Ministério de Guerra, nas mãos do general Henrique Teixeira<br />
Lott, até 1960, quando este se candidata a Presidência da República.<br />
Lott foi o principal responsável pelo apoio que JK recebeu das Forças<br />
Armadas. Por esse motivo, houve uma concessão de verbas substanciais<br />
ao Ministério da Guerra, da Aeronáutica, da Marinha e a entrega do<br />
controle das áreas estratégicas aos militares, com a justificativa de<br />
“segurança e desenvolvimento” do país. 32<br />
Sob o slogan cinqüenta anos em cinco, no qual baseou sua campanha,<br />
Juscelino estabeleceu o seu programa de governo, o Plano de Metas<br />
que tinha como objetivo principal incentivar a industrialização acelerada,<br />
como meio de gerar novas oportunidades de emprego e elevar o nível de<br />
vida da população. Para aprofundar o processo de industrialização, JK<br />
incentivava investimentos privados de capital nacional e estrangeiro para<br />
ampliar o parque industrial.<br />
A partir da idéia nacionalista e desenvolvimentista do governo, os<br />
militares encontraram um grande apoio para disseminar seus ideais para<br />
a população. Nesse momento, um grupo favorável à criação de colégios<br />
militares estava no poder. Além do Ministro da Guerra, Teixeira Lott, ex-<br />
aluno do Colégio Militar de Barbacena e comandante da Escola Militar<br />
de Realengo, o Ministro da Educação e Cultura, Clóvis Salgado, ex-<br />
aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro, também desejava a criação. 33<br />
Ambos contavam com o apoio de grande parte das Forças Armadas.<br />
Teixeira Lott, aproveitando a sua forte influência e os recursos<br />
advindos do Plano de Metas, determinou ao Estado Maior do Exército,<br />
em 1956, que estudasse a possibilidade de criar colégios e ginásios<br />
militares pelo Brasil. Sendo assim, em 22 de maio de 1956, segundo a<br />
Nota Ministerial 195, o Estado Maior, atendendo ao pedido do ministro<br />
da Guerra, elaborou um plano no qual previa a criação de colégios<br />
pelo Brasil, em especial para três cidades onde não existia nenhum<br />
estabelecimento militar:<br />
[...]. Com despacho de 12 de maio de 1956, aprovei o plano do<br />
Estado Maior do Exército no sentido de criar Colégios Militares e<br />
Ginásios Militares no Brasil, nas capitais onde não existem escolas<br />
Preparatórias.O plano, todavia, mereceu uma alteração: 1ª urgência<br />
- Recife; 2ª urgência - Curitiba; 3ª urgência - Goiás. No mais, tudo<br />
ficou de acordo com o oficio 85/c, de 17 de jan.de 56, urgente, a<br />
saber: Cinco Colégios Militares: Rio. Belo Horizonte, Recife, Curitiba<br />
e Goiás. Três Escolas Preparatórias: Porto Alegre, São Paulo e<br />
Fortaleza. Doze Ginásios Militares: Florianópolis, Vitória, Salvador,<br />
Aracajú, Maceió, João Pessoa, Natal, São Luiz, Belém, Manaus e<br />
Cuiabá.[...] 34<br />
A urgência demonstrada referente à construção dos colégios, das<br />
escolas preparatórias e ginásios pode ser entendida como uma forma<br />
de difundir os ideais militares para a população. Ao tentar transpor<br />
valores institucionais para a sociedade, o Exército, sugere Gilberto<br />
Vianna, “teria ainda como meta fundamental a construção de barreiras<br />
eficazes à propagação de doutrinas consideradas perigosas à defesa<br />
da nacionalidade” 35 . Esta afirmação justifica que, para garantir o<br />
Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 10<br />
| História | 2009