01.06.2013 Views

Programa Odisseia - Teatro Nacional São João no Porto

Programa Odisseia - Teatro Nacional São João no Porto

Programa Odisseia - Teatro Nacional São João no Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Odisseia</strong>: <strong>Teatro</strong> do Mundo<br />

Mambo<br />

11<br />

A apresentação em Portugal das últimas criações de pina<br />

Bausch constitui um dos pontos culminantes do <strong>Odisseia</strong>:<br />

<strong>Teatro</strong> do Mundo, ao proporcionar contacto com uma das<br />

linguagens fundacionais da dança do século XX. Sweet<br />

Mambo, peça de 2008, formula um convite para acedermos<br />

ao parque da espécie humana ainda uma outra vez, tomar<br />

o pulso às suas tendências selvagens e reconhecer os seus<br />

comportamentos quando em cativeiro. Mulheres felinas<br />

em sumptuosos vestidos de seda pavoneiam ‑se entre<br />

cortinas transparentes, montando um jogo de sedução<br />

com os poucos machos presentes. Contudo, a ascendência<br />

masculina impõe ‑se, e a provação e o abando<strong>no</strong> coloram<br />

as relações tensas figuradas em vários duetos. Apesar do<br />

erotismo e da “doce” sensualidade, neste mambo os corpos<br />

entregam ‑se também a solos violentos, quase masoquistas.<br />

A sucessão de imagens, arrepiantes ou anedóticas, segue<br />

os ritmos de Portishead, Barry Adamson ou Ryuichi<br />

Sakamoto. Nos véus batidos pelo vento projectam ‑se<br />

imagens de A Raposa Azul (1938), comédia alemã onde<br />

Zarah Leander faz de jovem em busca de alternativas a<br />

um casamento infeliz. Em palco, uma mulher grita até<br />

perder a voz. O elenco em peso apela: “Não se esqueçam”.<br />

Está garantida a navegação aos interstícios da fragilidade<br />

humana. O travo só pode ser agridoce. •<br />

The Portuguese premiere of pina Bausch’s final creations is a<br />

highlight of <strong>Odisseia</strong>: <strong>Teatro</strong> do Mundo, bringing to the public<br />

one of the founding names of 20th ‑century dance. Sweet<br />

Mambo, a 2008 piece, invites us yet one more time to visit<br />

the human species’ park, in order to check the pulse of their<br />

wild penchants and better recognise their behaviours when<br />

in captivity. Feline women in sumptuous silk dresses prance<br />

amidst translucent curtains, setting up a seduction game<br />

with the few males present. However, masculine ascendancy<br />

imposes itself, and hardship and neglect tint the tense<br />

relationships represented as several duets. Eroticism and<br />

‘sweet’ sensuality <strong>no</strong>twithstanding, the bodies involved in this<br />

mambo also give themselves to violent, almost masochistic<br />

solos. This sequence of chilling or anecdotic images follows<br />

the cadences of Portishead, Barry Adamson or Ryuichi<br />

Sakamoto. On the windswept veils are projected images from<br />

The Blue Fox (1938), a German comedy film, in which Zarah<br />

Leander plays a young woman who searches for alternatives<br />

to an unhappy marriage. On stage, a woman screams until her<br />

voice is gone. The whole cast asks: “Do <strong>no</strong>t forget”. We are<br />

taken on a journey into the interstices of human fragility. The<br />

experience can only be bittersweet. •

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!