31.05.2013 Views

RBR 52(6) - Book.indb - Sociedade Brasileira de Reumatologia

RBR 52(6) - Book.indb - Sociedade Brasileira de Reumatologia

RBR 52(6) - Book.indb - Sociedade Brasileira de Reumatologia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

RELATO DE CASO<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos na<br />

esclerose sistêmica: como interpretar?<br />

Scheila Fritsch 1 , Vanessa Irusta Dal Pizzol 2 , Eduardo dos Santos Paiva 3 ,<br />

Carolina <strong>de</strong> Souza Muller 4<br />

Os autoanticorpos possivelmente infl uenciam as manifestações clínicas da esclerose sistêmica (ES). Essa correlação<br />

clínico-sorológica, associada à insufi ciência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos, originou o paradigma histórico<br />

<strong>de</strong> que seriam mutuamente exclu<strong>de</strong>ntes. Porém, po<strong>de</strong>-se questionar essa tese. Po<strong>de</strong>ria a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoanticorpos<br />

signifi car a coexistência <strong>de</strong> duas patologias distintas? Por outro lado, se assumidos como anticorpos específi cos <strong>de</strong> uma<br />

doença única, essa multiplicida<strong>de</strong> seria um evento aleatório ou representaria um subgrupo distinto <strong>de</strong> pacientes, com<br />

características clínicas, patogênicas e imunogenéticas próprias? A prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos na ES precoce é elevada.<br />

Entretanto, a duplicida<strong>de</strong> do anticorpo anticentrômero (AAC) e do anticorpo antitopoisomerase 1 (AAT) é um evento<br />

raro. Já a coexistência <strong>de</strong> AAC, AAT e anticorpo anti-RNA polimerase (anti-RNA-P) III ainda não foi <strong>de</strong>scrita em um<br />

paciente isolado. Neste relato, com positivida<strong>de</strong> para AAC, AAT e anti-RNA-P III, notamos manifestações vasculares<br />

precoces e posterior comprometimento cutâneo limitado. Este parece ser o primeiro relato <strong>de</strong> concomitância <strong>de</strong> três<br />

autoanticorpos específi cos em um paciente com ES. Acreditamos que essa coexistência representa um subgrupo sorológico<br />

raro <strong>de</strong> uma única doença, com possível valor clínico e prognóstico – porém, ainda há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confi rmação.<br />

Palavras-chave: esclero<strong>de</strong>rmia sistêmica, DNA topoisomerases, RNA polimerase III.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A primeira <strong>de</strong>scrição da dualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoanticorpos na esclerose<br />

sistêmica (ES) – anticorpo anticentrômero (AAC) e anticorpo<br />

antitopoisomerase 1 (AAT) – data <strong>de</strong> 1985, 1 e seu signifi cado<br />

ainda precisa ser elucidado. Este fato po<strong>de</strong> ser explicado pela<br />

rarida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>sse fenômeno na literatura, com prevalência<br />

<strong>de</strong> 0,05%–5,6%, 2 com variações signifi cativas <strong>de</strong> acordo<br />

com os métodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção utilizados (imunofl uorescência<br />

indireta, imunodifusão, ELISA ou imunotransferência). Há<br />

também concomitância <strong>de</strong>sses autoanticorpos com os anticorpos<br />

anti-RNA polimerase (anti-RNA-P) I, II e III, anti-Ro, anti-La,<br />

anti-Jo, anti-U3-RNP, anti-Th-RNP, anti-Pm-Scl, anti-Ku, 3 anti-<br />

histona e anticorpos antimitocondriais. 2<br />

Embora não esteja comprovado, existem dados clínicos<br />

que respaldam o entendimento geral <strong>de</strong> que o perfi l autoimune<br />

individual correlaciona-se com as manifestações clínicas da<br />

ES. 2–4 Na prática clínica, esse conceito induz ao monitoramento<br />

distinto do paciente em cada subgrupo da doença. 5 Essa correlação<br />

clínica e laboratorial e a insufi ciência <strong>de</strong> casos com concomitância<br />

<strong>de</strong> autoanticorpos originou o paradigma histórico <strong>de</strong><br />

que seriam mutuamente exclu<strong>de</strong>ntes. Não obstante, tal hipótese<br />

po<strong>de</strong> ser questionada, bem como a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> a coexistência ser<br />

explicada simplesmente <strong>de</strong> forma casual.<br />

RELATO DE CASO<br />

Mulher, <strong>de</strong> 38 anos, apresentava sintomas <strong>de</strong> artralgias associados<br />

ao fenômeno <strong>de</strong> Raynaud ao longo dos últimos três<br />

anos. A paciente não apresentava artrite, rigi<strong>de</strong>z matinal,<br />

fotossensibilida<strong>de</strong>, xeroftalmia, disfagia, queixas urinárias,<br />

febre ou perda <strong>de</strong> peso, embora apresentasse evidência <strong>de</strong><br />

Recebido em 25/01/2011. Aprovado em 05/09/2012. ESP <strong>de</strong>clara ter recebido honorários por apresentação, conferência ou palestra. Os <strong>de</strong>mais autores<br />

<strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse.<br />

Hospital das Clínicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – HC-UFPR.<br />

1. Resi<strong>de</strong>nte em Clínica Médica, , Hospital <strong>de</strong> Clínicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – HC-UFPR<br />

2. Especialização em Clínica Médica, HC-UFPR<br />

3. Professor da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, HC-UFPR<br />

4. Professora voluntária da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, HC-UFPR<br />

Correspondência para: Scheila Fritsch. Departamento <strong>de</strong> Clínica Médica, Hospital <strong>de</strong> Clínicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná. Rua General Carneiro, 180,<br />

10 o andar. CEP: 80060-900. Curitiba, PR, Brasil. E-mail: scheilaf@gmail.com<br />

9<strong>52</strong> Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):949-955

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!