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RBR 52(6) - Book.indb - Sociedade Brasileira de Reumatologia

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BRAZILIAN JOURNAL OF RHEUMATOLOGY<br />

REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA<br />

Offi cial Organ of Brazilian Society of Rheumatology<br />

Órgão Ofi cial da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />

NOVEMBER/DECEMBER 2012 • VOLUME <strong>52</strong> • NUMBER 6<br />

NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012 • VOLUME <strong>52</strong> • NÚMERO 6<br />

ISSN: 0482-5004<br />

EDITORIAL | EDITORIAL<br />

817 Antinucleosome and anti-C1q antibodies in juvenile systemic lupus erythematosus<br />

818 Anticorpos antinucleossomo e anti-C1q no lúpus eritematoso sistêmico juvenil<br />

Paulo Louzada-Junior, Max Victor Carioca Freitas<br />

ORIGINAL ARTICLE | ARTIGO ORIGINAL<br />

819 Disability and quality-of-life are not infl uenced by the prevalence of autoantibodies<br />

in early rheumatoid arthritis patients – results of the Brasília Cohort<br />

824 Incapacitação e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida não são infl uenciadas pela prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos<br />

em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong> inicial – resultados da Coorte Brasília<br />

Licia Maria Henrique da Mota, Leopoldo Luiz dos Santos Neto, Rufus W. Burlingame, Henri A. Ménard, Ivanio Alves Pereira,<br />

Jozélio Freire <strong>de</strong> Carvalho, Ieda Maria Magalhães Laurindo<br />

830 Therapeutic effi cacy and safety of methotrexate + lefl unomi<strong>de</strong> in Colombian patients with<br />

active rheumatoid arthritis refractory to conventional treatment<br />

837 Efi cácia terapêutica e segurança <strong>de</strong> metotrexato + lefl unomida em pacientes colombianos<br />

com artrite reumatoi<strong>de</strong> ativa refratária ao tratamento convencional<br />

John Londono, Ana Maria Santos, Pedro Ivan Santos, Maria Fernanda Cubi<strong>de</strong>z, Claudia Guzman, Rafael Valle-Oñate<br />

846 Effect of hydrotherapy on quality of life, functional capacity and sleep quality in<br />

patients with fi bromyalgia<br />

851 Efeito da hidrocinesioterapia sobre qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, capacida<strong>de</strong> funcional e qualida<strong>de</strong><br />

do sono em pacientes com fi bromialgia<br />

Kyara Morgana Oliveira Moura Silva, Silvia Jurema Pereira Tucano, Claudia Kümpel, Antonio Adolfo Mattos <strong>de</strong> Castro,<br />

Elias Ferreira Porto<br />

858 Serum levels of vitamin B12 are not related to low bone mineral <strong>de</strong>nsity in<br />

postmenopausal Brazilian women<br />

863 Níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12 não se relacionam com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea em<br />

mulheres brasileiras na pós-menopausa<br />

Adriana Maria Kakehasi, Ariane Vieira Carvalho, Fabiana Alves Nunes Maksud, Alfredo José Afonso Barbosa<br />

870 Impact of exercise on the functional capacity and pain of patients with knee osteoarthritis:<br />

a randomized clinical trial<br />

876 Impacto dos exercícios na capacida<strong>de</strong> funcional e dor em pacientes com osteoartrite <strong>de</strong><br />

joelhos: ensaio clínico randomizado<br />

Aline Mizusaki Imoto <strong>de</strong> Oliveira, Maria Stella Peccin, Kelson Nonato Gomes da Silva, Lucas Emmanuel Pedro <strong>de</strong> Paiva Teixeira,<br />

Virgínia Fernan<strong>de</strong>s Moça Trevisani


883 Sexual activity in ankylosing spondylitis<br />

887 Ativida<strong>de</strong> sexual na espondilite anquilosante<br />

Andrea Lopes Gallinaro, Lilian Lie Akagawa, Mariana Hissami Ichiba Otuzi, Percival Degrava Sampaio-Barros,<br />

Célio Roberto Gonçalves<br />

892 Adult <strong>de</strong>rmatomyositis: experience of a Brazilian tertiary care center<br />

897 Dermatomiosite em adulto: experiência <strong>de</strong> um centro terciário brasileiro<br />

Fernando Henrique Carlos <strong>de</strong> Souza, Thiago Bitar Moraes Barros, Maurício Levy-Neto, Samuel Katsuyuki Shinjo<br />

REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO<br />

903 Temporomandibular joint alterations and their orofacial complications in patients<br />

with juvenile idiopathic arthritis<br />

907 Alterações da articulação temporomandibular e suas repercussões orofaciais em pacientes<br />

portadores <strong>de</strong> artrite idiopática juvenil<br />

Renata Teixeira <strong>de</strong> Carvalho, Flávia Silva Farah Ferreira Braga, Fernanda Brito, Jonas Capelli Junior,<br />

Carlos Marcelo Figueredo, Flávio Roberto Sztajnbok<br />

912 Pharmacoeconomic analysis of strategies to treat postmenopausal osteoporosis: a<br />

systematic review<br />

924 Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da osteoporose em mulheres na<br />

pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

Cristina Mariano Ruas Brandão, Gustavo Pinto da Matta Machado, Francisco <strong>de</strong> Assis Acurcio<br />

938 Sexual dysfunction in patients with psoriasis and psoriatic arthritis − a systematic review<br />

943 Disfunção sexual em pacientes com psoríase e artrite psoriásica − uma revisão sistemática<br />

Patricia Shu Kurizky, Licia Maria Henrique da Mota<br />

CASE REPORT | RELATO DE CASO<br />

949 Autoantibodies coexistence in systemic sclerosis: how to interpret it?<br />

9<strong>52</strong> Concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos na esclerose sistêmica: como interpretar?<br />

Scheila Fritsch, Vanessa Irusta Dal Pizzol, Eduardo dos Santos Paiva, Carolina <strong>de</strong> Souza Muller<br />

956 Protein-losing enteropathy in systemic lupus erythematosus: case report<br />

960 Enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas no lúpus eritematoso sistêmico: relato <strong>de</strong> caso<br />

Fernando Moreira Batista Aguiar, Zilaís Linhares Carneiro Menescal, Débora Maia da Costa, José Walter Correia,<br />

José Gerardo Araújo Paiva, Júlio Marcus Sousa Correia<br />

965 Increased photosensitivity? Case report of porphyria cutanea tarda associated with<br />

systemic lupus erythematosus<br />

968 Fotossensibilida<strong>de</strong> amplifi cada? Relato <strong>de</strong> porfi ria cutânea tarda associada a lúpus eritematoso<br />

sistêmico<br />

Scheila Fritsch, Adma Silva <strong>de</strong> Lima Wojcik, Lilian Scha<strong>de</strong>, Milton Marcio Machota Junior, Fabiane Mulinari Brenner,<br />

Eduardo dos Santos Paiva<br />

BRIEF COMMUNICATION | COMUNICAÇÃO BREVE<br />

971 Anti-C1q, anti-chromatin/nucleosome, and anti-dsDNA antibodies in juvenile systemic<br />

lupus erythematosus patients<br />

976 Anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA em pacientes com lúpus<br />

eritematoso sistêmico juvenil<br />

Adriana Almeida <strong>de</strong> Jesus, Lucia Maria Arruda Campos, Berna<strong>de</strong>te Lour<strong>de</strong>s Liphaus, Magda Carneiro-Sampaio,<br />

Cristóvão Luis Pitangueira Mangueira, Eliane Aparecida Rosseto, Clovis Artur Almeida da Silva, Morton Scheinberg<br />

INDEX | ÍNDICE<br />

982 Content in<strong>de</strong>x | Índice por edição<br />

989 Subject in<strong>de</strong>x<br />

991 Índice por assunto<br />

993 Authors in<strong>de</strong>x | Índice por autor


EDITORIAL<br />

Anticorpos antinucleossomo e anti-C1q no<br />

lúpus eritematoso sistêmico juvenil<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

Em adultos, o anticorpo antinucleossomo já foi <strong>de</strong>scrito<br />

como marcador <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença e <strong>de</strong> nefrite<br />

lúpica em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico<br />

(LES). 1–4 Além disso, anticorpos anti-C1q e antinucleossomo<br />

têm efeito amplifi cador na etiopatogênese da nefrite<br />

lúpica <strong>de</strong> adultos. 5 Neste número da Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Reumatologia</strong>, Jesus et al. 6 <strong>de</strong>monstram <strong>de</strong> forma clara a associação<br />

<strong>de</strong>sses anticorpos com a nefrite lúpica, indicando que<br />

po<strong>de</strong>riam ser um biomarcador em potencial para a ocorrência<br />

<strong>de</strong> lesão renal no LES juvenil. Esse mesmo grupo já havia <strong>de</strong>monstrado<br />

a associação dos anticorpos antinucleossomo com a<br />

ativida<strong>de</strong> da doença, mas não com a nefrite lúpica. 7 Uma das<br />

principais preocupações do reumatologista é ter um exame que<br />

possa ser útil no seguimento do paciente com LES, seja adulto<br />

ou pediátrico, especialmente no que se refere em estabelecer a<br />

ativida<strong>de</strong> da doença e o diagnóstico correto. Assim, o trabalho<br />

<strong>de</strong> Jesus et al. 6 mostrou que os anticoporpos antinucleossomo<br />

e anti-C1q apresentaram alta especifi cida<strong>de</strong> e elevado valor<br />

preditivo positivo, superior a 97%, para diagnóstico <strong>de</strong> lúpus,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rados instrumentos confi áveis na prática<br />

clínica. Por fi m, os autores também mostraram que as <strong>de</strong>terminações<br />

dos anticorpos antinucleossomo e anti-C1q po<strong>de</strong>m ser<br />

realizadas na avaliação do diagnóstico <strong>de</strong> lúpus, especialmente<br />

em pacientes com LES juvenil, que apresentam anticorpos<br />

anti-dsDNA negativos.<br />

Paulo Louzada-Junior<br />

Max Victor Carioca Freitas<br />

Editores-chefe, Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />

REFERENCES<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Kiss E, Lakos G, Szegedi G, Poor G, Szodoray P. Anti-nucleossomo<br />

antibody, a reliable indicator for lupus nephritis. Autoimmunity<br />

2009; 42(5):393–8.<br />

2. Muller S, Dieker J, Tincani A, Meroni PL. Pathogenic antinucleossomo<br />

antibodies. Lupus 2008; 17(5):431–6.<br />

3. Gómez-Puerta JA, Burlingame RW, Cervera R. Anticromatina (antinucleossomo)<br />

antibodies: diagnostic and clinical value. Autoimmun<br />

Rev 2008; 7(8):606–11.<br />

4. Souza A, da Silva LM, Oliveira FR, Roselino AM, Louzada-Junior P.<br />

Anti-nucleossomo and anticromatina antibodies are present in active<br />

systemic lupus erythematosus but not in the cutaneous form of the<br />

disease. Lupus 2009; 18(3):223–9.<br />

5. O’Flynn J, Flierman R, van <strong>de</strong>r Pol P, Rops A, Satchell SC, Mathieson PW<br />

et al. Nucleossomos and C1q bound to glomerular endothelial<br />

cells serve as targets for autoantibodies and <strong>de</strong>termine complement<br />

activation. Mol Immunol 2011; 49(1-2):75–83.<br />

6. Jesus AA, Campos LMA, Liphaus BL, Carneiro-Sampaio M,<br />

Mangueira CLP, Rosseto EA et al. Anti-C1q, anti-chromatin/<br />

nucleosome, and anti-dsDNA antibodies in juvenile systemic lupus<br />

erythematosus patients. Rev Bras Reumatol 2012; <strong>52</strong>(6):971–81.<br />

7. Jesus AA, Silva CA, Carneiro-Sampaio M, Sheinberg M, Mangueira CL,<br />

Marie SK et al. Anti-C1q antibodies in juvenile-onset systemic lupus<br />

erythematosus. Ann N Y Acad Sci 2009; 1173:235–8.<br />

818 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):817-818


ARTIGO ORIGINAL<br />

Incapacitação e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida não são<br />

infl uenciadas pela prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos<br />

em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

inicial – resultados da Coorte Brasília<br />

Licia Maria Henrique da Mota 1 , Leopoldo Luiz dos Santos Neto 2 , Rufus W. Burlingame 3 ,<br />

Henri A. Ménard 4 , Ivanio Alves Pereira 5 , Jozélio Freire <strong>de</strong> Carvalho 6 , Ieda Maria Magalhães Laurindo 7<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Introdução: Embora muitos estudos sugiram que a presença <strong>de</strong> autoanticorpos, tais como fator reumatoi<strong>de</strong> (FR) e/ou antipeptí<strong>de</strong>os<br />

citrulinados cíclicos (anti-CCP), sejam preditores <strong>de</strong> danos articulares na artrite reumatoi<strong>de</strong> (AR), a associação<br />

entre os questionários <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida ainda são <strong>de</strong>sconhecidos. Objetivos: Avaliar a correlação<br />

entre os questionários Health Assessment Questionnaire (HAQ) e Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health<br />

Survey (SF-36) com marcadores como FR, anti-CCP e antivimentina citrulinada (anti-Sa). Pacientes e métodos: Foram<br />

avaliados no momento do diagnóstico 65 pacientes da Coorte Brasília com AR inicial. Foram realizadas sorologias (ELISA)<br />

para FR (IgM, IgG e IgA), anti-CCP (CCP2, CCP3 e CCP3.1) e anti-Sa, com a aplicação do HAQ e SF-36 na avaliação<br />

inicial. Resultados: A ida<strong>de</strong> média foi <strong>de</strong> 45 anos, predominando o gênero feminino (86%). Na avaliação inicial, o FR<br />

foi positivo em 32 indivíduos (49,23%); anti-CCP em 34 indivíduos (<strong>52</strong>,3%); e anti-Sa em nove indivíduos (13,8%). O<br />

escore inicial do HAQ foi <strong>de</strong> 1,8. Os escores dos domínios do SF-36 foram: emocional, 19,3; social, 43,1; dor, 25,43;<br />

estado geral, 57,6; saú<strong>de</strong> mental, 48,1; vitalida<strong>de</strong>, 49,5; físico, 4,6; e limitação por aspecto físico, 24,7. HAQ e escores do<br />

SF-36 não variaram com os níveis <strong>de</strong> autoanticorpos. Conclusão: Muitos pacientes com AR inicial apresentam comprometimento<br />

na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida relacionada aos domínios da capacida<strong>de</strong> física e mental. Embora FR e anti-CCP tenham<br />

sido relacionados com dano articular e pior prognóstico clínico, não há correlação entre os questionários e as avaliações<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e incapacida<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: artrite reumatoi<strong>de</strong>, qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, fator reumatoi<strong>de</strong>, citrulina, estudos <strong>de</strong> coortes.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A artrite reumatoi<strong>de</strong> (AR), mesmo em seu estágio inicial, po<strong>de</strong><br />

causar impacto consi<strong>de</strong>rável na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida relacionada<br />

à saú<strong>de</strong> (HRQoL, do inglês, Health-Related Quality of Life). 1<br />

HRQoL é um conceito muito amplo, que po<strong>de</strong> ser simplifi cado<br />

como o impacto da saú<strong>de</strong> na capacida<strong>de</strong> funcional do indivíduo<br />

e em seu bem-estar percebido nos aspectos físico, mental e vida<br />

social. 2<br />

Foram propostos vários instrumentos a fi m <strong>de</strong> avaliar a<br />

capacida<strong>de</strong> física e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em pacientes com AR,<br />

<strong>de</strong>tectar mudanças no estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com o passar do tempo<br />

Recebido em 06/09/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Burlingame RW trabalha para INOVA Diagnostics, Inc., on<strong>de</strong> os testes sorológicos foram<br />

realizados. Ele não teve acesso aos dados clínicos dos pacientes antes <strong>de</strong> conhecidos os resultados dos testes. Carvalho JF recebeu bolsa da Fe<strong>de</strong>rico Foundation<br />

e do CNPq (300665/2009-1). Os <strong>de</strong>mais autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse. Comitê <strong>de</strong> Ética: CEP-FM 028/2007.<br />

Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília – HUB-UnB.<br />

1. Doutora em Ciências Médicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília – FMUnB; Professora Colaboradora <strong>de</strong> Clínica Médica e do Serviço <strong>de</strong><br />

<strong>Reumatologia</strong>, FMUnB<br />

2. Doutor; Professor-Associado <strong>de</strong> Clínica Médica, FMUnB<br />

3. Doutor; Vice Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento, INOVA Diagnostics, Inc., San Diego, Califórnia, EUA<br />

4. MD, Fellow of the College of Physician and Surgeons of Canada (FRCPC); Professor <strong>de</strong> Medicina, McGill University, Montreal, Quebec, Canadá<br />

5. Doutor; Professor <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Universida<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong> Santa Catarina – UNISUL<br />

6. Doutor; Médico Reumatologista<br />

7. Doutora; Professora Colaboradora, Hospital das Clínicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – HC-FMUSP<br />

Correspondência para: Licia Maria Henrique da Mota. SHLS 716/916 Bloco E salas 501-502, Centro Médico <strong>de</strong> Brasília – Asa Sul. CEP: 70390904. Brasília, DF, Brasil.<br />

E-mail: liciamhmota@yahoo.com.br<br />

824 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):819-829


Incapacitação e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida não são infl uenciadas pela prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong> inicial –<br />

resultados da Coorte Brasília<br />

e avaliar o prognóstico e os riscos e benefícios <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada<br />

intervenção terapêutica, 3 inclusive instrumentos gerais,<br />

como o Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health<br />

Survey (MOS 36-SF), 4 e instrumentos específi cos, como o<br />

Health Assessment Questionnaire (HAQ). 5 Poucos estudos já<br />

avaliaram instrumentos – tanto gerais como específi cos – para<br />

medir a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em pacientes com AR inicial (ERA,<br />

do inglês, early rheumatoid arthritis). 6,7<br />

Embora evidências recentes confi rmem que a presença <strong>de</strong><br />

autoanticorpos em pacientes com AR está associada à forma mais<br />

agressiva da doença, à lesão articular maior e a um prognóstico sombrio,<br />

<strong>de</strong>sconhece-se a possível associação entre esses instrumentos<br />

e a presença <strong>de</strong> marcadores sorológicos, como fator reumatoi<strong>de</strong><br />

(FR), anticorpos antipeptí<strong>de</strong>os citrulinados cíclicos (anti-CCP) e<br />

anticorpos antivimentina citrulinada (anti-Sa). 8–10<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi avaliar a possível associação<br />

entre os escores <strong>de</strong> certos questionários <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

(HAQ e SF-36) e alguns marcadores sorológicos (RF, anti-CCP<br />

e anti-Sa) em um grupo <strong>de</strong> pacientes com AR com menos <strong>de</strong><br />

12 meses <strong>de</strong> sintomas na avaliação inicial.<br />

PACIENTES E MÉTODOS<br />

Foi realizado um estudo inci<strong>de</strong>nte prospectivo <strong>de</strong> coorte<br />

(parte da Coorte Brasília <strong>de</strong> Artrite Reumatoi<strong>de</strong> Inicial), no<br />

qual pacientes consecutivos diagnosticados com ERA foram<br />

avaliados com acompanhamento periódico durante 36 meses<br />

após o diagnóstico. Os pacientes foram avaliados na Clínica<br />

<strong>de</strong> Artrite Reumatoi<strong>de</strong> do Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília,<br />

Brasil. Os dados apresentados referem-se à avaliação inicial<br />

(momento do diagnóstico) <strong>de</strong> 65 pacientes.<br />

A AR foi <strong>de</strong>fi nida como a ocorrência dos sintomas articulares<br />

compatíveis com a doença (padrão infl amatório <strong>de</strong> dor e inchaço<br />

das articulações com ou sem rigi<strong>de</strong>z matinal ou outras manifestações<br />

sugestivas <strong>de</strong> artropatia infl amatória, com avaliação por<br />

apenas um observador), prolongando-se por mais <strong>de</strong> seis semanas<br />

e menos <strong>de</strong> 12 meses, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do cumprimento dos critérios<br />

<strong>de</strong> classifi cação do American College of Rheumatology. 11<br />

Para analisar o impacto da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida relacionada à<br />

saú<strong>de</strong> em pacientes com ERA, os questionários utilizados no<br />

estudo foram o HAQ (um instrumento específi co) e o SF-36<br />

(um instrumento geral).<br />

O estudo do FR (IgG, IgM e IgA) foi realizado utilizando<br />

os testes Quanta Lite TM RF IgA ELISA, Quanta Lite TM RF IgG<br />

ELISA e Quanta Lite TM RF IgM ELISA (INOVA Diagnostics,<br />

CA, EUA), <strong>de</strong> acordo com o protocolo dos fabricantes. Valores<br />

superiores a 15 UI/mL (IgM e IgA) e 20 UI/mL (IgG) foram<br />

consi<strong>de</strong>rados pontos <strong>de</strong> corte positivos.<br />

Anti-CCP foi estudado usando os testes Quanta Lite TM<br />

CCP IgG ELISA, Quanta Lite TM CCP3 IgG ELISA e Quanta<br />

Lite TM CCP3.1 IgG/IgA ELISA (INOVA Diagnostics,<br />

CA, EUA), <strong>de</strong> acordo com as instruções do fabricante.<br />

Inicialmente, o soro <strong>de</strong> cada paciente foi diluído em 1:100<br />

em diluente <strong>de</strong> amostra. Se o resultado da amostra estivesse<br />

acima <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óptica <strong>de</strong> 2,5, a amostra era retestada<br />

com diluições <strong>de</strong> 1:500 e 1:2.500, e o valor unitário resultante<br />

era multiplicado pelo fator <strong>de</strong> diluição. Os resultados foram<br />

calculados e expressados em unida<strong>de</strong>s, com < 20 U sendo<br />

consi<strong>de</strong>rado negativo, 20–39 U fracamente positivo, 40–59 U<br />

mo<strong>de</strong>radamente positivo e ≥ 60 U fortemente positivo, para<br />

todos os testes.<br />

O teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anti-Sa foi realizado nas placas<br />

originais <strong>de</strong>senvolvidas pela McGill University Autoimmune<br />

Research Laboratory – proteína básica mielínica bovina<br />

análise ELISA. 12 Os resultados foram calculados e expressados<br />

em unida<strong>de</strong>s, com < 20 U sendo consi<strong>de</strong>rado negativo,<br />

21–79 U duvidoso e ≥ 80 U positivo.<br />

Para <strong>de</strong>tectar diferenças entre duas médias aplicou-se o<br />

teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt ou o teste t pareado para amostras exibindo<br />

distribuição normal, consi<strong>de</strong>rando os valores médios e o <strong>de</strong>svio<br />

padrão. Para casos com rejeição da normalida<strong>de</strong> aplicou-se<br />

o teste não paramétrico <strong>de</strong> Wilcoxon ou <strong>de</strong> Mann-Whitney,<br />

levando em conta o valor da mediana e a faixa interquartis.<br />

Consi<strong>de</strong>rou-se um nível <strong>de</strong> signifi cância <strong>de</strong> 5%.<br />

Para o cálculo do tamanho da amostra utilizou-se uma<br />

amostra-piloto <strong>de</strong> 10 pacientes. Consi<strong>de</strong>rando-se o nível <strong>de</strong><br />

signifi cância <strong>de</strong> 5%, uma potência <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> 80% e as informações<br />

obtidas com a amostra piloto, calculou-se o tamanho<br />

mínimo da amostra como sendo <strong>de</strong> 40 pacientes.<br />

O estudo foi aprovado pela Comissão <strong>de</strong> Ética em pesquisas<br />

da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, Brasil.<br />

RESULTADOS<br />

Características da população estudada<br />

Dos 65 pacientes inicialmente diagnosticados com AR provenientes<br />

da Coorte Brasília <strong>de</strong> Artrite Reumatoi<strong>de</strong> Inicial, a<br />

ida<strong>de</strong> média foi <strong>de</strong> 45,64 ± 14,51 anos, variando entre 26–71<br />

anos. Houve predomínio <strong>de</strong> mulheres (56 pacientes, 86,15%) e<br />

da etnia branca (31 pacientes, 47,69%). De acordo com dados<br />

<strong>de</strong> história clínica, a duração média dos sintomas articulares<br />

por ocasião do diagnóstico era <strong>de</strong> 32 ± 15,4 semanas, e 23<br />

pacientes (35,3%) tinham menos <strong>de</strong> 12 semanas <strong>de</strong> sintomas<br />

no diagnóstico inicial, indicando artrite muito inicial.<br />

As características <strong>de</strong>mográfi cas e clínicas da coorte já<br />

foram previamente publicadas. 13<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):819-829 825


Mota et al.<br />

Autoanticorpos<br />

Na primeira avaliação dos 65 pacientes, 32 indivíduos<br />

(49,23%) foram positivos para pelo menos um isótipo <strong>de</strong> FR,<br />

28 pacientes (43,07%) para FR IgA, 19 (29,23%) para FR IgG<br />

e 32 (49,23%) para FR IgM.<br />

Com relação aos anticorpos anti-CCP, 34 pacientes<br />

(<strong>52</strong>,30%) foram positivos para pelo menos uma das técnicas<br />

utilizadas na triagem (CCP2, CCP3 ou CCP3.1).<br />

Utilizando a técnica ELISA2 (CCP2), 33 pacientes (50,77%)<br />

foram negativos, cinco (7,69%) fracamente positivos e 27<br />

(41,54%) fortemente positivos. Com o uso da técnica ELISA3<br />

(CCP3), 30 pacientes (46,15%) foram negativos, cinco (7,69%)<br />

fracamente positivos, dois (3,08%) mo<strong>de</strong>radamente positivos<br />

e 28 (43,08%) fortemente positivos. Utilizando a técnica<br />

ELISA3.1 (CCP3.1), 31 pacientes (47,69%) foram negativos,<br />

dois (3,08%) fracamente positivos, três (4,62%) mo<strong>de</strong>radamente<br />

positivos e 29 (44,62%) fortemente positivos.<br />

Na avaliação inicial dos 65 pacientes analisados, <strong>52</strong> (80%)<br />

estavam negativos para anti-Sa, quatro (6,15%) apresentaram<br />

um resultado ambíguo e nove (13,85%) estavam positivos.<br />

As características laboratoriais dos pacientes recrutados<br />

nessa coorte brasileira foram previamente publicados. 14<br />

Questionários <strong>de</strong> avaliação da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida e da capacida<strong>de</strong><br />

Os escores obtidos com a aplicação dos questionários <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida HAQ e SF-36 na avaliação inicial dos 65<br />

pacientes estão ilustrados na Tabela 1. O padrão <strong>de</strong> respostas<br />

a questionários direcionados para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida na<br />

Coorte Brasília <strong>de</strong> Artrite Reumatoi<strong>de</strong> Inicial foi previamente<br />

publicado. 15<br />

Questionários <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e sua<br />

associação com marcadores séricos na ERA<br />

Fator reumatoi<strong>de</strong><br />

Não houve diferença no escore HAQ ou em qualquer dos<br />

domínios <strong>de</strong> SF-36 entre pacientes positivos ou não para FR<br />

IgA, IgG e IgM, conforme mostra a Tabela 2.<br />

Tabela 1<br />

Pacientes com diagnóstico <strong>de</strong> AR conforme escores dos<br />

questionários HAQ e SF-36 (avaliação inicial, n = 65)<br />

Questionário Escore*<br />

HAQ<br />

SF-36 (domínios)<br />

1,87 (0,81)<br />

Papel emocional (PE)<br />

19,37 (37,04)<br />

Funcionamento social (FS)<br />

43,16 (34,78)<br />

Dor física (DF)<br />

25,43 (19,76)<br />

Saú<strong>de</strong> geral (SG)<br />

57,68 (26,30)<br />

Saú<strong>de</strong> mental (SM)<br />

48,18 (15,89)<br />

Vitalida<strong>de</strong> (VT)<br />

49,59 (15,44)<br />

Papel físico (PF)<br />

4,68 (15,98)<br />

Funcionamento físico (FF)<br />

24,76 (27,05)<br />

*Média (DP).<br />

Tabela 2<br />

Escores dos questionários HAQ e SF-36 para pacientes com ERA, positivos ou negativos para FR IgG, IgA e IgM na<br />

avaliação inicial<br />

Questionário<br />

IgA FR* Mann-<br />

Whitney<br />

P<br />

IgG FR* Mann-<br />

Whitney<br />

P<br />

IgM RF* Mann-<br />

Whitney P<br />

Negativo Positivo Negativo Positivo Negativo Positivo<br />

HAQ 1,75 2,00 0,68 0,40 2,13 1,88 0,45 0,50 2,38 1,75 1,40 0,23<br />

SF-36 (domínios)<br />

(1,50) (1,13)<br />

(1,25) (1,14)<br />

(1,25) (1,13)<br />

Papel emocional 0,00 0,00 0,01 0,99 0,00 0,00 0,78 0,37 0,00 0,00 0,01 0,93<br />

(33,33) (0,00)<br />

(33,33) (0,00)<br />

(0,00) (33,33)<br />

Funcionamento social 25,00 37,50 0,18 0,66 25,00 37,50 0,04 0,83 25,00 37,5 2,47 0,11<br />

(50,00) (62,50)<br />

(50,00) (37,50)<br />

(37,5) (62,5)<br />

Dor física<br />

22,00 22,00 0,02 0,96 22,00 22,00 0,05 0,94 22,00 22,00 0,26 0,60<br />

(31,00) (20,00)<br />

(31,00) (29,00)<br />

(22,00) (29,00)<br />

Saú<strong>de</strong> geral<br />

67,00 <strong>52</strong>,00 1,67 0,19 65,00 60,00 0,78 0,37 67,00 55,00 0,54 0,46<br />

(45,00) (42,00)<br />

(50,00) (40,00)<br />

(45,00) (45,00)<br />

Saú<strong>de</strong> mental <strong>52</strong>,00 <strong>52</strong>,00 0,01 0,90 <strong>52</strong>,00 <strong>52</strong>,00 0,27 0,59 <strong>52</strong>,00 <strong>52</strong>,00 0,42 0,51<br />

(24,00) (16,00)<br />

(20,00) (16,00)<br />

(24,00) (20,00)<br />

Vitalida<strong>de</strong><br />

50,00 50,00 0,93 0,33 50,00 55,00 2,48 0,11 50,00 50,00 2,13 0,14<br />

(20,00) (10,00)<br />

(20,00) (10,00)<br />

(15,00) (10,00)<br />

Papel físico<br />

0,00 0,00 0,45 0,50 0,00 0,00 0,10 0,74 0,00 0,00 0,12 0,72<br />

(0,00) (0,00)<br />

(0,00) (0,00)<br />

(0,00) (0,00)<br />

Funcionamento físico 20,00 10,00 0,42 0,51 15,00 10,00 0,05 0,82 5,00 25,00 0,91 0,33<br />

* Mediana (faixa interquartis).<br />

(40,00) (45,00)<br />

(40,00) (40,00)<br />

(40,00) (40,00)<br />

826 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):819-829


Anti-CCP<br />

Incapacitação e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida não são infl uenciadas pela prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong> inicial –<br />

resultados da Coorte Brasília<br />

Conforme mostram as Tabelas 3, 4 e 5, ao ser utilizada a técnica<br />

CCP2 não houve diferença no escore HAQ e em nenhum dos<br />

domínios <strong>de</strong> SF-36 entre pacientes positivos ou negativos para<br />

anti-CCP. Com relação a CCP3 e CCP3.1, houve uma diferença<br />

estatisticamente signifi cativa para o domínio <strong>de</strong> funcionamento<br />

social, que foi signifi cativamente melhor para os pacientes<br />

com sorologia positiva para anti-CCP por essas duas técnicas<br />

(P = 0,02 para ambas).<br />

Tabela 3<br />

Escores dos questionários HAQ e SF-36 para pacientes com<br />

ERA positivos ou negativos para anti-CCP2 na avaliação inicial<br />

Questionário<br />

CCP2<br />

Média (<strong>de</strong>svio padrão)<br />

Negativo Positivo<br />

Teste t<br />

pareado P<br />

HAQ 1,99 (0,81) 1,81 (0,78) 0,92 0,36<br />

Questionário<br />

SF-36 (domínios)<br />

Papel emocional<br />

Funcionamento social<br />

Dor física<br />

Saú<strong>de</strong> geral<br />

Saú<strong>de</strong> mental<br />

Vitalida<strong>de</strong><br />

Papel físico<br />

Funcionamento físico<br />

CCP2<br />

Mediana (faixa interquartis)<br />

Negativo Positivo<br />

0,00 (0,00)<br />

25,00 (37,50)<br />

22,00 (26,00)<br />

62,50 (44,50)<br />

<strong>52</strong>,00 (24,00)<br />

50,00 (15,50)<br />

0,00 (0,00)<br />

5,00 (40,00)<br />

0,00 (33,33)<br />

43,75 (62,50)<br />

26,50 (24,50)<br />

<strong>52</strong>,00 (14,00)<br />

50,12 (14,58)<br />

50,00 (17,50)<br />

0,00 (0,00)<br />

25,00 (47,50)<br />

Teste <strong>de</strong><br />

Mann-<br />

Whitney<br />

1,05<br />

3,17<br />

3,68<br />

0,04<br />

0,29<br />

0,05<br />

0,10<br />

2,27<br />

P<br />

0,30<br />

0,07<br />

0,05<br />

0,82<br />

0,58<br />

0,80<br />

0,74<br />

0,13<br />

Tabela 4<br />

Escores dos questionários HAQ e SF-36 questionários para<br />

pacientes com ERA positivos ou negativos para anti-CCP3<br />

na avaliação inicial<br />

Questionário<br />

CCP3<br />

Mediana (faixa interquartis)<br />

Negativo Positivo<br />

Teste <strong>de</strong><br />

Mann-<br />

Whitney<br />

HAQ 2,00 (1,50) 1,88 (1,38) 0,01 0,91<br />

SF-36 (domínios)<br />

Papel emocional<br />

Funcionamento social<br />

Dor física<br />

Saú<strong>de</strong> mental<br />

Vitalida<strong>de</strong><br />

Papel físico<br />

Funcionamento físico<br />

SF-36 (domínio)<br />

0,00 (0,00)<br />

25,00 (37,50)<br />

21,50 (21,00)<br />

<strong>52</strong>,00 (20,00)<br />

50,00 (20,00)<br />

0,00 (0,00)<br />

5,00 (40,00)<br />

0,00 (33,33)<br />

50,00 (62,50)<br />

26,50 (29,00)<br />

<strong>52</strong>,00 (16,00)<br />

50,00 (15,00)<br />

0,00 (0,00)<br />

22,50 (45,00)<br />

CCP3<br />

Média (<strong>de</strong>svio padrão)<br />

Negativo Positivo<br />

1,86<br />

4,67<br />

3,17<br />

1,30<br />

0,02<br />

0,02<br />

1,48<br />

P<br />

Teste t<br />

pareado P<br />

0,17<br />

0,02<br />

0,07<br />

0,25<br />

0,87<br />

0,88<br />

0,22<br />

Saú<strong>de</strong> geral 59,27 (25,41) 56,29 (27,38) 0,45 0,65<br />

Tabela 5<br />

Escores dos questionários HAQ e SF-36 para pacientes com<br />

ERA positivos ou negativos para anti-CCP3.1 na avaliação<br />

inicial<br />

Questionário<br />

CCP3.1<br />

Mediana (faixa interquartis)<br />

Negativo Positivo<br />

Teste <strong>de</strong><br />

Mann-<br />

Whitney<br />

HAQ 2,00 (1,50) 1,88 (1,38) 0,01 0,91<br />

SF-36 (domínios)<br />

Papel emocional<br />

Funcionamento social<br />

Saú<strong>de</strong> mental<br />

Vitalida<strong>de</strong><br />

Papel físico<br />

Funcionamento físico<br />

SF-36 (domínio)<br />

0,00 (0,00)<br />

25,00 (37,50)<br />

<strong>52</strong>,00 (20,00)<br />

50,00 (16,00)<br />

0,00 (0,00)<br />

5,00 (40,00)<br />

0,00 (33,33)<br />

50,00 (62,50)<br />

<strong>52</strong>,00 (16,00)<br />

50,00 (20,00)<br />

0,00 (0,00)<br />

22,5 (45,00)<br />

CCP3.1<br />

Média (<strong>de</strong>svio padrão)<br />

Negativo Positivo<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):819-829 827<br />

0,80<br />

4,67<br />

0,83<br />

0,02<br />

0,02<br />

1,48<br />

Teste t<br />

pareado<br />

P<br />

0,37<br />

0,02<br />

0,36<br />

0,87<br />

0,88<br />

0,22<br />

Dor física 21,50 (18,09) 28,91 (20,77) −1,51 0,13<br />

Saú<strong>de</strong> geral 57,37 (25,78) 57,97 (27,14) −0,09 0,92<br />

Tabela 6<br />

Escores dos questionários HAQ e SF-36 para pacientes com<br />

ERA positivos ou negativos para anti-Sa na avaliação inicial<br />

Questionário<br />

Anti-Sa<br />

Mediana (faixa interquartis)<br />

Negativo Positivo<br />

Teste <strong>de</strong><br />

Mann-<br />

Whitney<br />

HAQ 1,88 (1,63) 2,13 (0,50) 0,18 0,66<br />

SF-36 (domínios)<br />

Papel emocional<br />

Funcionamento social<br />

Dor física<br />

Saú<strong>de</strong> geral<br />

Saú<strong>de</strong> mental<br />

Vitalida<strong>de</strong><br />

Papel físico<br />

Funcionamento físico<br />

Anti-Sa<br />

17,12 (35,58)<br />

25,00 (50,00)<br />

22,00 (31,00)<br />

65,00 (47,00)<br />

<strong>52</strong>,00 (20,00)<br />

50,00 (20,00)<br />

0,00 (0,00)<br />

15,00 (45,00)<br />

28,20 (42,70)<br />

37,50 (50,00)<br />

31,00 (20,00)<br />

<strong>52</strong>,00 (45,00)<br />

48,00 (12,00)<br />

50,00 (16,00)<br />

0,00 (0,00)<br />

10,00 (40,00)<br />

0,96<br />

0,10<br />

1,60<br />

0,33<br />

0,10<br />

0,01<br />

0,21<br />

0,16<br />

P<br />

P<br />

0,33<br />

0,74<br />

0,20<br />

0,56<br />

0,74<br />

0,89<br />

0,64<br />

0,68<br />

Conforme está ilustrado na Tabela 6, não houve diferença<br />

no escore HAQ e em qualquer dos domínios <strong>de</strong> SF-36 entre<br />

pacientes positivos ou negativos para anti-Sa.<br />

DISCUSSÃO<br />

Nosso estudo confi rma um gran<strong>de</strong> impacto na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida e na capacida<strong>de</strong> física <strong>de</strong> pacientes com ERA. As coortes<br />

previamente publicadas <strong>de</strong>monstram ampla variação na média<br />

HAQ na avaliação inicial, 16 mas os escores médios observados<br />

na maioria <strong>de</strong>las giram em torno <strong>de</strong> 1 (0,8–1,3), 16–20 um


Mota et al.<br />

valor mais baixo que o encontrado em nossa população. Com<br />

relação ao questionário SF-36, os baixos escores dos domínios<br />

na avaliação inicial, particularmente nos domínios <strong>de</strong><br />

“limitação <strong>de</strong> papel <strong>de</strong>vido aos aspectos físico e emocional”<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>monstram que, nos pacientes <strong>de</strong> nossa<br />

coorte, esses foram os aspectos da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida mais<br />

afetados na avaliação inicial. Os domínios “saú<strong>de</strong> mental”<br />

e “vitalida<strong>de</strong>” foram os menos prejudicados por ocasião do<br />

diagnóstico.<br />

Em nossa coorte não foi observada diferença nos escores<br />

HAQ ou em qualquer domínio <strong>de</strong> SF-36 entre pacientes positivos<br />

ou negativos para FR IgA, IgG, IgM FR, anti-CCP-2<br />

ou anti-Sa. Para CCP3 e CCP3.1, foi observada diferença<br />

signifi cativa apenas para o domínio <strong>de</strong> funcionamento social,<br />

que foi signifi cativamente melhor para aqueles com sorologia<br />

positiva para anticorpos anti-CCP com o uso <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />

terceira geração. A análise <strong>de</strong> nossos dados sugere que os<br />

instrumentos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida, como HAQ e SF-36, po<strong>de</strong>m refl etir os danos causados<br />

pela ativida<strong>de</strong> da AR, mas se comportam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

dos autoanticorpos. A associação isolada <strong>de</strong> anti-CCP, pelas<br />

técnicas CCP3 e CCP3.1, com o domínio <strong>de</strong> funcionamento<br />

social (que avalia a integração dos indivíduos em ativida<strong>de</strong>s<br />

sociais) parece ter sido fortuita.<br />

Silva et al.. 21 publicaram que o escore HAQ não se correlacionava<br />

com ativida<strong>de</strong> da AR, duração da doença e FR positivo<br />

(FR IgM), embora estivesse signifi cativamente associado à<br />

positivida<strong>de</strong> para anti-CCP (CCP 2).<br />

No estudo sueco STRIP 22 observou-se que a evolução do<br />

escore HAQ não era diferente entre pacientes sorologicamente<br />

positivos ou negativos para anti-CCP, embora o HAQ tivesse<br />

correlação com marcadores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, como VHS, PCR e<br />

DAS-28.<br />

Ao avaliar <strong>52</strong> pacientes com média <strong>de</strong> três anos <strong>de</strong> diagnóstico<br />

<strong>de</strong> AR, Mohd Shahrir et al. 23 informaram que havia<br />

uma correlação entre o escore HAQ e níveis anti-CCP (CCP2).<br />

Não foram publicados estudos sobre a correlação do questionário<br />

SF-36 e a ocorrência <strong>de</strong> autoanticorpos em AR. Além<br />

disso, ainda não foi avaliada a associação entre os escores HAQ<br />

e SF-36 e a presença <strong>de</strong> anti-Sa.<br />

CONCLUSÕES<br />

A população avaliada em nossa coorte (Coorte Brasília <strong>de</strong><br />

Artrite Reumatoi<strong>de</strong> Inicial) <strong>de</strong>monstrou gran<strong>de</strong> impacto na<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em <strong>de</strong>corrência da AR, conforme <strong>de</strong>terminação<br />

pelos questionários HAQ e SF-36 por ocasião do<br />

diagnóstico, on<strong>de</strong> essa suposição fi cou mais fi rmemente<br />

estabelecida, em comparação com outras coortes previamente<br />

avaliadas.<br />

Não houve diferença no escore HAQ e em nenhum dos<br />

domínios <strong>de</strong> SF-36 entre pacientes positivos ou negativos para<br />

FR IgA, IgG, IgM e anti-CCP ou anti-Sa. Os instrumentos para<br />

avaliação da incapacida<strong>de</strong> e da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, como HAQ e<br />

SF-36, po<strong>de</strong>m refl etir os danos causados pela ativida<strong>de</strong> da AR, mas<br />

se comportam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos níveis <strong>de</strong> autoanticorpos.<br />

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EDITORIAL<br />

Anticorpos antinucleossomo e anti-C1q no<br />

lúpus eritematoso sistêmico juvenil<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

Em adultos, o anticorpo antinucleossomo já foi <strong>de</strong>scrito<br />

como marcador <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença e <strong>de</strong> nefrite<br />

lúpica em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico<br />

(LES). 1–4 Além disso, anticorpos anti-C1q e antinucleossomo<br />

têm efeito amplifi cador na etiopatogênese da nefrite<br />

lúpica <strong>de</strong> adultos. 5 Neste número da Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Reumatologia</strong>, Jesus et al. 6 <strong>de</strong>monstram <strong>de</strong> forma clara a associação<br />

<strong>de</strong>sses anticorpos com a nefrite lúpica, indicando que<br />

po<strong>de</strong>riam ser um biomarcador em potencial para a ocorrência<br />

<strong>de</strong> lesão renal no LES juvenil. Esse mesmo grupo já havia <strong>de</strong>monstrado<br />

a associação dos anticorpos antinucleossomo com a<br />

ativida<strong>de</strong> da doença, mas não com a nefrite lúpica. 7 Uma das<br />

principais preocupações do reumatologista é ter um exame que<br />

possa ser útil no seguimento do paciente com LES, seja adulto<br />

ou pediátrico, especialmente no que se refere em estabelecer a<br />

ativida<strong>de</strong> da doença e o diagnóstico correto. Assim, o trabalho<br />

<strong>de</strong> Jesus et al. 6 mostrou que os anticoporpos antinucleossomo<br />

e anti-C1q apresentaram alta especifi cida<strong>de</strong> e elevado valor<br />

preditivo positivo, superior a 97%, para diagnóstico <strong>de</strong> lúpus,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rados instrumentos confi áveis na prática<br />

clínica. Por fi m, os autores também mostraram que as <strong>de</strong>terminações<br />

dos anticorpos antinucleossomo e anti-C1q po<strong>de</strong>m ser<br />

realizadas na avaliação do diagnóstico <strong>de</strong> lúpus, especialmente<br />

em pacientes com LES juvenil, que apresentam anticorpos<br />

anti-dsDNA negativos.<br />

Paulo Louzada-Junior<br />

Max Victor Carioca Freitas<br />

Editores-chefe, Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />

REFERENCES<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Kiss E, Lakos G, Szegedi G, Poor G, Szodoray P. Anti-nucleossomo<br />

antibody, a reliable indicator for lupus nephritis. Autoimmunity<br />

2009; 42(5):393–8.<br />

2. Muller S, Dieker J, Tincani A, Meroni PL. Pathogenic antinucleossomo<br />

antibodies. Lupus 2008; 17(5):431–6.<br />

3. Gómez-Puerta JA, Burlingame RW, Cervera R. Anticromatina (antinucleossomo)<br />

antibodies: diagnostic and clinical value. Autoimmun<br />

Rev 2008; 7(8):606–11.<br />

4. Souza A, da Silva LM, Oliveira FR, Roselino AM, Louzada-Junior P.<br />

Anti-nucleossomo and anticromatina antibodies are present in active<br />

systemic lupus erythematosus but not in the cutaneous form of the<br />

disease. Lupus 2009; 18(3):223–9.<br />

5. O’Flynn J, Flierman R, van <strong>de</strong>r Pol P, Rops A, Satchell SC, Mathieson PW<br />

et al. Nucleossomos and C1q bound to glomerular endothelial<br />

cells serve as targets for autoantibodies and <strong>de</strong>termine complement<br />

activation. Mol Immunol 2011; 49(1-2):75–83.<br />

6. Jesus AA, Campos LMA, Liphaus BL, Carneiro-Sampaio M,<br />

Mangueira CLP, Rosseto EA et al. Anti-C1q, anti-chromatin/<br />

nucleosome, and anti-dsDNA antibodies in juvenile systemic lupus<br />

erythematosus patients. Rev Bras Reumatol 2012; <strong>52</strong>(6):971–81.<br />

7. Jesus AA, Silva CA, Carneiro-Sampaio M, Sheinberg M, Mangueira CL,<br />

Marie SK et al. Anti-C1q antibodies in juvenile-onset systemic lupus<br />

erythematosus. Ann N Y Acad Sci 2009; 1173:235–8.<br />

818 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):817-818


ARTIGO ORIGINAL<br />

Efi cácia terapêutica e segurança <strong>de</strong><br />

metotrexato + lefl unomida em pacientes<br />

colombianos com artrite reumatoi<strong>de</strong> ativa<br />

refratária ao tratamento convencional<br />

John Londono 1 , Ana Maria Santos 2 , Pedro Ivan Santos 1 , Maria Fernanda Cubi<strong>de</strong>z 3 , Claudia Guzman 4 , Rafael Valle-Oñate 1<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Introdução: A combinação <strong>de</strong> metotrexato (MTX) + lefl unomida (LFN) <strong>de</strong>monstrou ser efetiva no tratamento da artrite<br />

reumatoi<strong>de</strong> (AR), mas sua segurança tem sido questionada. Objetivo: Avaliar a efi cácia e a segurança terapêutica da combinação<br />

<strong>de</strong> MTX + LFN em pacientes com AR ativa. Métodos: Estudo multicêntrico com 24 semanas <strong>de</strong> duração envolvendo<br />

88 pacientes com doença ativa, apesar do tratamento regular com MTX e prednisolona. Resultados: Participaram<br />

do estudo 78 mulheres (88%) e 10 homens. A ida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 51,3 ± 12,4 anos, e o tempo <strong>de</strong> evolução da doença, 8,0 ± 6,8<br />

anos. Os pacientes tinham doença ativa evi<strong>de</strong>nciada por IQR média <strong>de</strong> 10 (7,0–13,0) nas articulações infl amadas e 14,0<br />

(18,0–10,0) nas articulações dolorosas. As respostas ACR obtidas na semana 24 foram: ACR20: 76%; ACR50: 67,1%;<br />

e ACR70: 23,9%. Houve melhora na ativida<strong>de</strong> da doença, medida pelo escore DAS-28: 5,8 ± 1,2 no início do estudo vs.<br />

3,8 ± 1,6 na semana 24 (P = 0,000). O evento adverso mais signifi cativo foi elevação das transaminases, ocorrida em oito<br />

(26%) pacientes. Oito pacientes <strong>de</strong>scontinuaram o estudo <strong>de</strong>vido a eventos adversos: quatro por elevação das transaminases,<br />

um por diabetes insípido, um por erupção cutânea, um por diabetes mellitus e um por dor osteomuscular. Conclusão: A<br />

combinação <strong>de</strong> MTX + LFN é efetiva para o tratamento <strong>de</strong> AR em pacientes que não obtiveram sucesso com o tratamento<br />

convencional. Há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rígido controle médico e laboratorial para segurança terapêutica.<br />

Palavras-chave: metotrexato, artrite reumatoi<strong>de</strong>, toxicida<strong>de</strong> medicamentosa.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A artrite reumatoi<strong>de</strong> (AR) é uma doença infl amatória crônica<br />

poliarticular simétrica. Com o passar do tempo, a progressão<br />

leva à <strong>de</strong>struição das articulações, <strong>de</strong>formação, diferentes níveis<br />

<strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> funcional e <strong>de</strong>terioração na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. 1<br />

Sua prevalência varia com a população estudada. 2 Na Colômbia,<br />

não há uma estimativa real da prevalência <strong>de</strong> AR, exceto entre a<br />

população afro-americana na região do Pacífi co, com prevalência<br />

<strong>de</strong> 0,01%. 3 Os dados sobre a prevalência <strong>de</strong> AR na América Latina<br />

são escassos, e não há informação em vários países da região.<br />

Spindler et al. 4 observaram um percentual <strong>de</strong> 0,2% em Tucuman,<br />

Argentina. No Brasil, Senna et al. 5 estimaram a prevalência em<br />

0,5%. Cardiel 6 informou uma prevalência <strong>de</strong> 0,3% na Cida<strong>de</strong> do<br />

México. Com base nesses dados, a prevalência geral na região<br />

foi estimada conservadoramente em 0,4%. 7<br />

Foi <strong>de</strong>monstrado que o controle apropriado da infl amação<br />

reduz os danos mostrados nas radiografi as e evita a <strong>de</strong>struição<br />

<strong>de</strong> articulações. O tratamento com drogas modifi cadoras do<br />

curso da doença (DMCDs), analgésicos e anti-infl amatórios<br />

tem sido visto como efetivo para o controle dos sintomas<br />

e a redução da progressão da lesão articular. Os resultados<br />

Recebido em 01/10/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesses. Suporte Financeiro: Universidad<br />

<strong>de</strong> La Sabana.<br />

Universidad <strong>de</strong> La Sabana.<br />

1. Reumatologista; Professor, Universidad <strong>de</strong> La Sabana<br />

2. Bacteriologista; Professora, Universidad <strong>de</strong> Los An<strong>de</strong>s<br />

3. Bolsista <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Universidad <strong>de</strong> La Sabana<br />

4. Bolsista <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Universidad Militar Nueva Granada<br />

Correspondência para: John Londono. Campus Universitario <strong>de</strong>l Puente <strong>de</strong>l Comun, Km. 7. Autopista Norte <strong>de</strong> Bogotá D.C. CEP: 250001. Chia, Colombia.<br />

E-mail: john.londono@unisabana.edu.co<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):830-845 837


Londono et al.<br />

publicados nos últimos anos <strong>de</strong>monstraram que a combinação<br />

<strong>de</strong> metotrexato (MTX) com outras DMCD é mais efetiva que<br />

a monoterapia com MTX. 8<br />

A lefl unomida (LFN) é uma DMCD aprovada para tratamento<br />

<strong>de</strong> AR <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996. Como o MTX, a LFN tem efeitos<br />

antimetabólitos, inibindo a síntese das pirimidinas. 9 Sua<br />

efi cácia no tratamento da AR foi <strong>de</strong>monstrada em vários estudos.<br />

10,11 A combinação <strong>de</strong> MTX + LFN tem sido sugerida como<br />

efetiva para o controle da doença; porém, essa combinação<br />

não foi incluída em nenhum protocolo <strong>de</strong> tratamento, <strong>de</strong>vido<br />

à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento da frequência <strong>de</strong> eventos adversos<br />

hematológicos e hepáticos. 12<br />

A efi cácia <strong>de</strong>ssa combinação para o controle da AR foi<br />

previamente <strong>de</strong>monstrada em vários estudos <strong>de</strong> pacientes com<br />

resposta ina<strong>de</strong>quada ao MTX. Os efeitos adversos informados<br />

nesses estudos não foram consistentes, embora aparentemente<br />

muitos <strong>de</strong>les fossem secundários, <strong>de</strong>saparecendo com a redução<br />

da dose ou com a <strong>de</strong>scontinuação da medicação. 13–15<br />

O Consenso Brasileiro sobre tratamento da AR enfatiza a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tentar uma segunda DMCD antes <strong>de</strong> introduzir<br />

um agente biológico. 16 Embora o custo seja um aspecto muito<br />

relevante na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre o tratamento da AR,<br />

essa não é a principal razão para o uso da combinação MTX<br />

+ LFN. O uso prolongado <strong>de</strong>ssas DMCDs, isoladamente ou<br />

combinados, é provavelmente mais seguro quando comparado<br />

a agentes biológicos, embora não existam dados seguros sobre<br />

essa suposição.<br />

Os resultados do presente estudo po<strong>de</strong>m ajudar a estabelecer<br />

o real potencial <strong>de</strong>ssa combinação entre os possíveis<br />

tratamentos atuais da AR na Colômbia e em outros países da<br />

América Latina.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Desenho do estudo<br />

Este foi um estudo multicêntrico, aberto, não controlado,<br />

com duração <strong>de</strong> 24 semanas. O estudo foi realizado entre<br />

janeiro e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009 em 10 centros colombianos que<br />

oferecem tratamento reumatológico. O principal objetivo foi<br />

avaliar a efi cácia e a segurança da adição <strong>de</strong> LFN aos regimes<br />

terapêuticos <strong>de</strong> pacientes com AR que continuavam a exibir<br />

ativida<strong>de</strong> infl amatória, apesar da terapia combinada com MTX,<br />

glicocorticoi<strong>de</strong>s e anti-infl amatórios não esteroi<strong>de</strong>s (AINEs).<br />

População<br />

Foram incluídos 88 pacientes com mais <strong>de</strong> 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

com diagnóstico <strong>de</strong> AR estabelecido pelos critérios do<br />

American College of Rheumatology (ACR), 17 fi rmados pelo<br />

menos 12 meses antes do início do estudo, com menos <strong>de</strong> 15<br />

anos <strong>de</strong> evolução e cuja doença permanecia ativa apesar <strong>de</strong><br />

regularmente tratada nos últimos três meses. Consi<strong>de</strong>ramos<br />

tratamento regular a combinação <strong>de</strong> glicocorticoi<strong>de</strong>s em baixa<br />

dose (≤ 10 mg/dia <strong>de</strong> prednisona), MTX na dose ≥ 12,5 mg/semana<br />

e AINEs e/ou paracetamol na dose <strong>de</strong> 2 g/dia. Incluímos<br />

pacientes que, além <strong>de</strong>sses tratamentos, também haviam sido<br />

medicados com doses estáveis <strong>de</strong> 250 mg/dia <strong>de</strong> cloroquina<br />

ao longo dos últimos três meses.<br />

Defi nimos ativida<strong>de</strong> da doença pelas recomendações do<br />

ACR. 18 Incluímos no estudo apenas os pacientes com capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e preencher os formulários relacionados<br />

à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (Short Form 12, SF-12), capacida<strong>de</strong> funcional<br />

(Health Assessment Questionnaire, HAQ-DI), ativida<strong>de</strong><br />

da doença (Escala Visual Analógica, EVA 0–10 cm), efi cácia<br />

terapêutica e segurança com relação ao tratamento.<br />

Foram excluídos os pacientes com comorbida<strong>de</strong>s importantes:<br />

úlcera peptídica ativa, consumo <strong>de</strong> álcool em volumes<br />

superiores a 30 cc/semana, hepatite viral, hepatopatia<br />

obstrutiva, imuno<strong>de</strong>fi ciência, tratamento com rifampicina,<br />

nefropatia crônica e insuficiência cardíaca congestiva.<br />

Também excluímos pacientes com níveis das transaminases<br />

superiores a 1,5 vezes o controle, níveis <strong>de</strong> creatinina<br />

sérica > 1,5 mg/dL, excreção calculada <strong>de</strong> creatinina < 55%<br />

e contagem <strong>de</strong> leucócitos < 3.500/mm 3 , além <strong>de</strong> gestantes e<br />

mulheres amamentando.<br />

Adicionamos LFN aos protocolos previamente <strong>de</strong>scritos<br />

para todos os pacientes. A dose inicial foi <strong>de</strong> 100 mg durante<br />

três dias; em seguida, a medicação foi mantida na dose<br />

<strong>de</strong> 20 mg/dia. Registramos as informações laboratoriais a<br />

cada consulta, como parte da avaliação dos efeitos adversos.<br />

No presente estudo, utilizamos LFN fabricada pelo<br />

PROCAPS Laboratories na apresentação farmacêutica <strong>de</strong><br />

cápsulas gelatinosas moles, aprovadas para uso na Colômbia<br />

pelo Instituto Nacional <strong>de</strong>Vigilância <strong>de</strong> Medicamentos y<br />

Alimentos (INVIMA), sob o número <strong>de</strong> registro sanitário<br />

2006M-005987.<br />

Avaliação da efi cácia clínica<br />

O principal <strong>de</strong>sfecho avaliado compreendia os resultados <strong>de</strong><br />

ACR20. Também consi<strong>de</strong>ramos os resultados <strong>de</strong> ACR50 e ACR70.<br />

Avaliação da segurança<br />

A segurança foi medida pelo número <strong>de</strong> eventos adversos informados<br />

em cada consulta, avaliação física e dados laboratoriais<br />

838 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):830-845


– hemograma, velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hemossedimentação (VHS), transaminases,<br />

nitrogênio ureico (BUN), creatinina e urinálise.<br />

Uma elevação nos níveis das transaminases superior a 3<br />

vezes implicava na remoção do estudo. Uma elevação persistente<br />

≥ 2 mas ≤ 3 vezes o valor normal implicava na redução<br />

da dose <strong>de</strong> MTX para 7,5 mg/semana, ou na redução da dose<br />

<strong>de</strong> LFN para 10 mg/dia. Os regimes eram modifi cados sequenciadamente,<br />

a critério do investigador, que indicava qual seria<br />

a medicação inicialmente reduzida. Havendo persistência da<br />

elevação nesse nível (≥ 2 mas ≤ 3 vezes o valor normal) apesar<br />

da modifi cação da dose para os dois medicamentos, o paciente<br />

era excluído do estudo, a critério do investigador.<br />

Análise estatística<br />

Utilizamos medidas <strong>de</strong> dispersão e <strong>de</strong> tendência central para<br />

as variáveis quantitativas, e frequências e percentuais para<br />

as variáveis qualitativas. Para as comparações das variáveis<br />

quantitativas com a distribuição paramétrica, utilizamos o<br />

teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt para amostras correlatas e o teste <strong>de</strong> postos<br />

com sinais <strong>de</strong> Wilcoxon para variáveis com distribuição<br />

não paramétrica. Para as variáveis qualitativas, utilizamos<br />

o teste do χ 2 com a correção <strong>de</strong> Fisher, quando apropriado.<br />

Utilizamos um nível <strong>de</strong> signifi cância <strong>de</strong> P ≤ 0,05 e intervalos<br />

<strong>de</strong> confi ança <strong>de</strong> 95%.<br />

Aspectos éticos<br />

O estudo seguiu as normas estabelecidas pela Declaração <strong>de</strong><br />

Helsinque, Orientações para a Boa Prática Clínica e Resolução<br />

8430 (1993) do Ministério da Proteção Social da Colômbia.<br />

O estudo foi aprovado pela Comissão Central <strong>de</strong> Ética em<br />

Investigações Clínicas do Departamento <strong>de</strong> Medicina da<br />

Universidad <strong>de</strong> La Sabana. Todos os pacientes assinaram um<br />

formulário <strong>de</strong> consentimento informado e a confi <strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong><br />

foi rigidamente preservada.<br />

Aspectos operacionais<br />

A Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Investigações Clínicas da Universidad <strong>de</strong> La<br />

Sabana é o setor para investigações clínicas e farmacológicas<br />

autorizado pelo INVIMA para realizar esse tipo <strong>de</strong> investigação,<br />

do mesmo modo que todas as instituições participantes.<br />

A Unida<strong>de</strong> cumpre todos os procedimentos e satisfaz a todos<br />

os regulamentos estabelecidos em 2008 pela Resolução 2378<br />

do Ministério <strong>de</strong> Proteção Social da Colômbia. O estudo foi<br />

aprovado e supervisionado pela subdivisão <strong>de</strong> Medicamentos<br />

Biológicos do INVIMA, tendo cumprido todas as exigências<br />

legais colombianas aplicáveis a esse tipo <strong>de</strong> estudo.<br />

Metotrexato + lefl unomida para tratamento da artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

RESULTADOS<br />

Características <strong>de</strong>mográfi cas<br />

No total, foram incluídos 88 pacientes: 78 mulheres<br />

(88,6%) e 10 homens (11,3%). As características gerais<br />

da população e as histórias <strong>de</strong> doença estão resumidas na<br />

Tabela 1.<br />

Com relação à história dos pacientes, 24 (37,5%) tinham<br />

história familiar <strong>de</strong> AR, 18 (22%) <strong>de</strong> hipertensão arterial, nove<br />

(11,2%) <strong>de</strong> úlcera péptica, 11 (13,7%) <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool e<br />

seis (7,5%) <strong>de</strong> tabagismo. Os medicamentos recebidos no início<br />

do estudo foram: MTX, 88 (100%), 15,6 ± 3,4 mg/semana;<br />

prednisolona, 49 (55%), 7,8 ± 4,3 mg/dia; e cloroquina, 29<br />

(32%), 225,9 ± <strong>52</strong>,9 mg/dia.<br />

Mudanças na ativida<strong>de</strong> da doença<br />

Com início na semana 6 e continuando até a semana 24, houve<br />

diferenças signifi cativas (P = 0,000) no número <strong>de</strong> articulações<br />

doloridas, no número <strong>de</strong> articulações infl amadas, na<br />

duração da rigi<strong>de</strong>z matinal, na avaliação global da ativida<strong>de</strong><br />

da doença pelo paciente e pelo médico, e na fadiga quando<br />

comparados aos valores basais. Três pacientes permaneceram<br />

com contagem elevada <strong>de</strong> articulações inchadas e doloridas<br />

durante todo o acompanhamento, mas continuaram no estudo<br />

por <strong>de</strong>cisão do pesquisador, graças à melhora em outros<br />

parâmetros, inclusive no funcionamento físico e na qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida (Tabela 2).<br />

Tabela 1<br />

Informações gerais<br />

Variável n (%)<br />

População 88<br />

Gênero M/F 10/78 (11–89)<br />

Ida<strong>de</strong>, média ± DP (anos) 51,3 ± 12,4<br />

Ida<strong>de</strong> no início, média ± DP (anos) 43 ± 12,4<br />

Tempo <strong>de</strong> evolução, média ± DP (anos) 8 ± 6,8<br />

Demora do diagnóstico, média ± DP (meses) 21 ± 32<br />

Consultas ao reumatologista no último ano<br />

Nível educacional<br />

3 (0–12)<br />

Secundário<br />

60 (69%)<br />

Profi ssional<br />

Manifestações extra-articulares<br />

27 (31%)<br />

Sicca<br />

12 (14%)<br />

Nódulos<br />

Marcadores da doença<br />

21 (24%)<br />

Teste anti-CCP positivo<br />

67 (77%)<br />

Teste positivo para artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

63 (72,5%)<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):830-845 839


Londono et al.<br />

Tabela 2<br />

Melhora na ativida<strong>de</strong> da doença<br />

Ativida<strong>de</strong> Basal Semana 6 Semana 12 Semana 18 Semana 24<br />

Articulações dolorosas, mediana (IQR) 14,0 (18–10) 7,0 (2–10) 4,0 (2–6) 4,0 (1–6) 3,0 (0–5)<br />

Articulações inchadas, mediana (IQR) 10,0 (7–13) 4,0 (1–8) 4,0 (1–6) 2,0 (1–5) 2,0 (0–4)<br />

Rigi<strong>de</strong>z matinal (min.) 72,6 ± 57,5 29,0 ± 34,2 22,8 ± 30,4 26,6 ± 41,4 15,6 ± 22,3<br />

Ativida<strong>de</strong> pelo paciente 6,9 ± 2,1 4,4 ± 2,2 3,8 ± 2,2 3,7 ± 2,2 3,4 ± 2,1<br />

Ativida<strong>de</strong> pelo médico 6,4 ± 1,8 4,0 ± 1,9 3,6 ± 1,6 3,4 ± 1,9 2,9 ± 1,8<br />

Fadiga 5,6 ± 2,7 4,3 ± 2,4 3,6 ± 2,5 3,7 ± 2,5 2,9 ± 2,0<br />

Dor 6,9 ± 2,1 4,5 ± 2,2 4,0 ± 2,3 3,4 ± 2,3 3,3 ± 2,0<br />

P = 0,000 iniciando a partir da semana 6 em todas as variáveis.<br />

Tabela 3<br />

Avaliação da mudança na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

Basal Semana 6 Semana 12 Semana 18 Semana 24<br />

Funcionamento físico 30,6 53,5 54,6 57,6 60,8<br />

Papel físico 22,9 <strong>52</strong>,8 58,2 59,4 65,7<br />

Dor física 39,1 66,2 70,0 67,8 71,3<br />

Saú<strong>de</strong> geral 23,9 44,4 45,9 48,6 51,1<br />

Vitalida<strong>de</strong> 48,5 61,1 63,1 67,1 74,8<br />

Funcionamento social 49,0 62,3 65,4 67,8 69,0<br />

Papel emocional 22,5 60,6 67,5 60,9 66,8<br />

Saú<strong>de</strong> mental 43,4 62,0 65,0 61,6 64,6<br />

Saú<strong>de</strong> física, total 26,5 54,2 57,1 58,2 62,3<br />

Saú<strong>de</strong> mental, total 41,0 61,5 65,1 64,3 66,2<br />

SF-12 total 33,9 58,1 61,1 61,4 64,2<br />

P = 0,000 começando a partir da semana 6 em todos os componentes.<br />

Mudança na capacida<strong>de</strong> funcional<br />

e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

O funcionamento físico dos pacientes, medido pelo HAQ-DI,<br />

<strong>de</strong>monstrou melhora signifi cativa e contínua a partir da semana<br />

6, quando comparado com a avaliação basal; essa melhora foi<br />

mantida até o fi nal do estudo (valor basal: 0,91 ± 0,53; semana<br />

6: 0,43 ± 0,42; semana 12: 0,39 ± 0,44; semana 18: 0,35 ± 0,27;<br />

e semana 24: 0,32 ± 0,41). Consi<strong>de</strong>rados individualmente, oito<br />

(11,3%) pacientes não melhoraram, 26 (36,6%) melhoraram<br />

menos <strong>de</strong> 0,5 ponto e 37 (<strong>52</strong>%) melhoraram mais <strong>de</strong> 0,5 ponto.<br />

Ao fi nal do estudo, 17 (24%) pacientes tinham alcançado um<br />

escore HAQ-DI igual a 0.<br />

Segundo medição pelo SF-12, houve melhora significativa<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em todos os domínios,<br />

começando na semana 6 e continuando até a avaliação<br />

final (Tabela 3).<br />

Figura 1<br />

Resposta ACR.<br />

Resposta ACR<br />

840 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):830-845<br />

Porcentagem <strong>de</strong> pacientes<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

50,7<br />

22,5<br />

5,6<br />

77,5<br />

32,4<br />

12,7<br />

Semana 6 Semana 12 Semana 18 Semana 24<br />

69<br />

<strong>52</strong>,1<br />

14,1<br />

76<br />

67,1<br />

23,9<br />

ACR 20%<br />

ACR 50%<br />

ACR 70%


Resposta ACR<br />

Depois da semana 6 com o tratamento combinado <strong>de</strong> MTX<br />

+ LFN, 50,7% alcançaram ACR20, 22,5% ACR50 e 5,6%<br />

ACR70. Depois <strong>de</strong> 24 semanas <strong>de</strong> tratamento, 76% dos<br />

pacientes alcançaram ACR20, 67,1% ACR50 e 23,9%<br />

ACR70 (Figura 1).<br />

Embora o escore do Índice <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença (DAS-<br />

28, Disease Activity Score) não tenha sido consi<strong>de</strong>rado como<br />

variável primária para a avaliação da melhora na ativida<strong>de</strong> da<br />

doença, houve redução signifi cativa, com início na semana<br />

6, e que foi mantida até o fi nal do estudo: 5,8 ± 1,2 no início<br />

do estudo; 4,3 ± 1,3 na semana 12; e 3,8 ± 1,6 na semana 24<br />

(P = 0,000).<br />

Segurança<br />

Dos 88 pacientes, 72 completaram o estudo. Quatro pacientes<br />

abandonaram voluntariamente a pesquisa, e outros quatro não<br />

pu<strong>de</strong>ram continuar o acompanhamento. Foram comunicados<br />

30 eventos adversos: queixas gastrintestinais (pirose, dispepsia<br />

e diarreia) em 12% dos pacientes; elevação dos níveis das<br />

transaminases em 10% dos pacientes; queixas respiratórias<br />

(resfriado comum e pneumonia adquiridos na comunida<strong>de</strong>)<br />

em 6% dos pacientes; e alopecia em 13% dos pacientes. Nos<br />

pacientes com transaminases elevadas, ajustamos as doses <strong>de</strong><br />

MTX e/ou LFN <strong>de</strong> acordo com o protocolo.<br />

As anormalida<strong>de</strong>s laboratoriais mais comuns foram enzimas<br />

hepáticas elevadas. Quatro pacientes <strong>de</strong>sistiram do estudo<br />

<strong>de</strong>vido aos níveis persistentemente elevados das transaminases.<br />

O acompanhamento <strong>de</strong>sses pacientes <strong>de</strong>monstrou normalização<br />

dos níveis enzimáticos elevados <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>scontinuação das<br />

medicações. Quatro outros pacientes foram excluídos por causa<br />

<strong>de</strong> diabete insípido, diabete melito, dores osteomusculares e<br />

erupção cutânea. Um paciente teve redução na contagem <strong>de</strong><br />

leucócitos para menos <strong>de</strong> 1.500 mm 3 , mas se recuperou com a<br />

redução da dose <strong>de</strong> LFN para 10 mg/dia (Tabela 4).<br />

Foram observados aumentos nos níveis <strong>de</strong> AST e/ou ALT<br />

entre 1,2 e 2 vezes o valor normal em 43 pacientes (48%); 17<br />

pacientes (23%) exibiram elevações <strong>de</strong> AST, e 26 pacientes<br />

(35%) exibiram elevações <strong>de</strong> ALT (Tabela 5).<br />

DISCUSSÃO<br />

Apesar do maior volume <strong>de</strong> informações nos últimos anos acerca<br />

do uso combinado <strong>de</strong> MTX + LFN no tratamento da AR, 19,20<br />

ainda não foi publicado nenhum estudo avaliando a efi cácia<br />

terapêutica e a segurança <strong>de</strong>ssa alternativa na população colombiana<br />

ou em outras populações latino-americanas.<br />

Metotrexato + lefl unomida para tratamento da artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

Tabela 4<br />

Eventos adversos<br />

Eventos n (%)<br />

Níveis das transaminases elevados 8 (26%)<br />

Alopecia 4 (13%)<br />

Erupção 2 (6,6%)<br />

Dispepsia 2 (6,6%)<br />

Leucopenia 1 (3%)<br />

Mialgia 1 (3%)<br />

Úlceras orais 1 (3%)<br />

Pneumonia 1 (3%)<br />

Dor osteomuscular 1 (3%)<br />

Descompensação diabética 1 (3%)<br />

Diabete insípido 1 (3%)<br />

Infecção respiratória leve 1 (3%)<br />

Trauma 1 (3%)<br />

Artrite 1 (3%)<br />

Dedo em gatilho 1 (3%)<br />

Dor abdominal 1 (3%)<br />

Ligeira elevação da creatinina 1 (3%)<br />

Diarreia 1 (3%)<br />

Tabela 5<br />

Pacientes com transaminases elevadas<br />

UI/dL AST ALT FA<br />

Normal 48 (65%) 38 (<strong>52</strong>%) 56 (76%)<br />

> 1,2 a ≤ 2 17 (23,2%) 26 (35,6%) 12 (16,4%)<br />

> 2 a ≤ 3 3 (4,1%) 6 (8,2%) 2 (2,73%)<br />

> 3 5 (6,8%) 3 (4,1%) 0<br />

*ALT: alanina aminotransferase; *AST: aspartato aminotransferase; *FA: fosfatase alcalina.<br />

No presente estudo, incluímos pacientes com AR estabelecida<br />

que não respondiam a<strong>de</strong>quadamente ao tratamento<br />

com MTX ou a uma combinação <strong>de</strong> MTX e medicamentos<br />

antimaláricos. Na Colômbia, essas duas medicações são frequentemente<br />

utilizadas por reumatologistas como tratamentos<br />

<strong>de</strong> primeira linha, juntamente com baixas doses <strong>de</strong> glicocorticoi<strong>de</strong>s<br />

e AINEs. 21<br />

Os estudos clínicos iniciais das terapias combinando<br />

MTX com outras DMCDs chegaram a resultados <strong>de</strong>sapontadores,<br />

provavelmente <strong>de</strong>vido às baixas doses <strong>de</strong> MTX<br />

utilizadas. Estudos mais recentes <strong>de</strong>monstraram melhor<br />

efi cácia terapêutica, sem aumento signifi cativo dos eventos<br />

adversos. 22,23<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):830-845 841


Londono et al.<br />

A LFN é uma DMCD cuja ação principal é a inibição<br />

da biossíntese das pirimidinas, o que limita a proliferação<br />

<strong>de</strong> linfócitos T ativados. 24 O MTX opera por meio <strong>de</strong> vários<br />

mecanismos, inclusive por inibição da biossíntese das purinas,<br />

inibição da síntese das poliaminas celulares, modulação da<br />

ativida<strong>de</strong> das citocinas, liberação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nosina e ativação da<br />

apoptose celular. O sinergismo potencial já observado em estudos<br />

in vitro sugere que a combinação <strong>de</strong> MTX + LFN possa<br />

ser útil no tratamento para AR. 25<br />

Ao longo do tempo, surgiram algumas questões em relação<br />

ao uso da LFN, particularmente em combinação com o MTX.<br />

A <strong>de</strong>speito das opiniões confl itantes, no entanto, Weinblatt<br />

<strong>de</strong>monstrou que a combinação é mais efetiva e segura que a<br />

monoterapia com MTX ou LFN. 12 Transcorridos nove meses<br />

<strong>de</strong> tratamento, 57% dos pacientes obtiveram uma resposta<br />

ACR20; essa resposta se manteve durante 3 meses até o término<br />

do estudo. Resultados similares foram publicados por<br />

Van Riel. 26<br />

Os resultados <strong>de</strong> um estudo randomizado <strong>de</strong> Kremer<br />

<strong>de</strong>monstraram que a combinação <strong>de</strong> MTX + LFN é superior<br />

à monoterapia com MTX. Um total <strong>de</strong> 46,2% dos pacientes<br />

medicados com a combinação obtiveram resposta ACR20<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 24 semanas <strong>de</strong> tratamento, em comparação<br />

com 19,5% dos pacientes medicados exclusivamente com<br />

MTX. ACR50 foi obtido em 26,2% e 6% dos pacientes,<br />

respectivamente, e as respostas ACR70 foram 10% e 2,3%,<br />

respectivamente. 14<br />

As respostas ACR a seguir foram observadas nas semanas<br />

6, 12, 18 e 24 do presente estudo: 50,7%, 77,5%, 69,0% e<br />

76,0%, respectivamente, para ACR20; 22,5%, 32,4%, <strong>52</strong>,1%<br />

e 67,1%, respectivamente, para ACR50; e 5,6%, 12,7%, 14,1%<br />

e 23,9%, respectivamente, para ACR70. O percentual <strong>de</strong> pacientes<br />

que alcançaram uma resposta ACR20 aumentou rapidamente<br />

e se manteve durante o período <strong>de</strong> acompanhamento.<br />

Houve aumento nas respostas ACR50 e ACR70, à medida que<br />

o estudo prosseguia. Provavelmente em <strong>de</strong>corrência do breve<br />

período <strong>de</strong> acompanhamento, nenhum paciente obteve remissão,<br />

embora tenha havido melhora signifi cativa nas variáveis<br />

relacionadas à ativida<strong>de</strong> infl amatória da doença, começando<br />

com as primeiras semanas <strong>de</strong> acompanhamento.<br />

Em nosso estudo, os percentuais <strong>de</strong> respostas ACR20,<br />

ACR50 e ACR70 foram maiores em relação a estudos prévios.<br />

É importante enfatizar que os pacientes incluídos no presente<br />

estudo tinham, em média, 8 ± 6,8 anos <strong>de</strong> evolução da doença,<br />

tendo <strong>de</strong>monstrado que eram refratários ao tratamento<br />

estável com uma combinação <strong>de</strong> MTX, glicocorticoi<strong>de</strong>s em<br />

baixa dose, DMCDs e antimaláricos. Lee et al. 19 publicaram<br />

respostas ACR20, ACR50 e ACR70 superiores às observadas<br />

em nosso estudo, o que aparentemente está relacionado ao<br />

tempo <strong>de</strong> evolução da doença e à ausência do uso prévio <strong>de</strong><br />

DMCD.<br />

No que diz respeito ao DAS-28, consi<strong>de</strong>rado indicativo <strong>de</strong><br />

melhora clinicamente signifi cativa quando ocorre mudança do<br />

valor prévio ≥ 1,2, houve melhora acima <strong>de</strong>sse limiar a partir<br />

da semana 12 até a semana 48 em nosso estudo, sugerindo<br />

mobilização <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> intensa para um estado<br />

entre ativida<strong>de</strong> leve e mo<strong>de</strong>rada. Esses resultados tiveram<br />

correlação com os observados pela mensuração da capacida<strong>de</strong><br />

funcional com o HAQ-DI.<br />

Os resultados do HAQ-DI <strong>de</strong>monstraram melhora funcional<br />

signifi cativa nos pacientes, começando nas primeiras semanas,<br />

com manutenção até o fi nal do estudo. Um total <strong>de</strong> 35 pacientes<br />

(<strong>52</strong>%) obteve redução superior a 0,5 na semana 24. Quatro<br />

<strong>de</strong>sses pacientes obtiveram um escore HAQ-DI igual a 0.<br />

Até o fi nal do estudo, a distribuição dos valores basais <strong>de</strong><br />

HAQ-DI <strong>de</strong>monstrou que o tratamento combinado <strong>de</strong> MTX<br />

+ LFN reduziu expressivamente a <strong>de</strong>terioração funcional e a<br />

incapacitação causadas pela AR.<br />

A efi cácia da combinação também fi cou evi<strong>de</strong>nte na mudança<br />

da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, conforme avaliação pelo SF-12.<br />

Houve melhora em todos os componentes a partir da semana<br />

6 até o fi nal do estudo. Todas essas diferenças foram estatisticamente<br />

signifi cativas. Esses resultados foram consistentes<br />

com os obtidos em outros estudos, que informaram o mesmo<br />

fenômeno <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira semana <strong>de</strong> tratamento com LFN,<br />

embora sem esclarecimento das razões para a mudança. 12,14,27<br />

Com relação à segurança, a combinação <strong>de</strong> MTX + LFN foi<br />

razoavelmente bem-tolerada. Dos 88 pacientes que iniciaram o<br />

estudo, 72 (81,2%) completaram o período <strong>de</strong> acompanhamento<br />

<strong>de</strong> 24 semanas; três pacientes retiraram seu consentimento<br />

informado e quatro tiveram <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuar o acompanhamento<br />

<strong>de</strong>vido a mudanças nas empresas seguradoras. Na Colômbia,<br />

os pacientes mudam <strong>de</strong> seguradora <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em média a cada<br />

18 meses; isso traz problemas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, quando são<br />

tratados pacientes com doenças crônicas.<br />

No presente estudo não houve efeitos adversos graves<br />

relacionados ao tratamento com LFN, conforme já havia sido<br />

publicado, como mortes, hospitalização prolongada, sepse,<br />

infecções graves ou insufi ciência hepática. 28–30 É possível<br />

que o tamanho da amostra e o período <strong>de</strong> acompanhamento<br />

relativamente curto não tenham permitido a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>ssas<br />

complicações.<br />

Houve elevações signifi cativas nos níveis das transaminases<br />

(mais <strong>de</strong> 3 vezes o limite normal) em oito pacientes (9%),<br />

quatro dos quais <strong>de</strong>sistiram do estudo. Os eventos clínicos<br />

adversos relatados foram transtornos gastrintestinais, sintomas<br />

842 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):830-845


espiratórios e sintomas relacionados à pele – todos consistentes<br />

com os <strong>de</strong>scritos em estudos prece<strong>de</strong>ntes. 12,31–33<br />

Certamente, é preocupante o potencial hepatotóxico da<br />

combinação <strong>de</strong> MTX + LFN. Em um estudo <strong>de</strong> Kremer,<br />

os pacientes que foram trocados <strong>de</strong> placebo para LFN sem<br />

dose <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong>monstraram elevações <strong>de</strong> 13,7% para AST<br />

e <strong>de</strong> 14,6% para ALT, embora essas elevações tivessem sido<br />

menos frequentes que naqueles pacientes medicados com<br />

LFN <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início e com uma dose <strong>de</strong> ataque (AST 16,9%<br />

e ALT 31,5%).<br />

Nesses estudos ocorreu reversão <strong>de</strong> todos os níveis elevados<br />

das transaminases, sem intervenção por redução da dose<br />

ou suspensão da medicação. Em nosso estudo, o protocolo<br />

obrigava à suspensão <strong>de</strong> MTX se ocorresse elevação das<br />

transaminases em 3 vezes; no caso <strong>de</strong> elevação ≥ 2 mas ≤ 3,<br />

o protocolo exigia a redução da dose <strong>de</strong> MTX para 7,5 mg/<br />

semana, ou uma redução da dose <strong>de</strong> LFN para 10 mg/dia, a<br />

critério do investigador. Depois da redução ou da remoção<br />

das doses <strong>de</strong> MTX e/ou LFN, houve normalização dos níveis<br />

das enzimas hepáticas, em comparação com controles<br />

laboratoriais, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> 4 e 8 semanas – conforme ocorreu<br />

em outros estudos. 33,34<br />

Recentemente, Alves publicou os resultados da monitoração<br />

<strong>de</strong> 71 pacientes com AR durante oito meses: 36,6% estavam<br />

usando 20–25 mg/semana <strong>de</strong> MTX exclusivamente, enquanto<br />

63,4% usavam 20–25 mg/semana <strong>de</strong> MTX + 20 mg/dia <strong>de</strong> LFN.<br />

Dos pacientes em terapia combinada, 11,1% tinham níveis<br />

anormais das enzimas hepáticas versus 11,5% dos pacientes<br />

em monoterapia. Não foi observada diferença entre pacientes<br />

tratados exclusivamente com MTX ou em combinação com<br />

LFN. Os autores concluíram que geralmente a combinação <strong>de</strong><br />

MTX + LFN em pacientes com AR é segura e bem-tolerada. 13<br />

Apesar disso, enfatizamos o risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> hepática com<br />

o uso da combinação, além da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma rígida monitoração<br />

dos níveis das transaminases. Esse monitoramento<br />

é necessário <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do tratamento e durante todo o<br />

período terapêutico. Do mesmo modo, os médicos <strong>de</strong>vem<br />

evitar o uso <strong>de</strong>ssa combinação em pacientes que já tiveram<br />

doença hepática, ou naqueles com fatores <strong>de</strong> risco adicionais<br />

para hepatotoxicida<strong>de</strong>.<br />

A dispepsia é outro efeito adverso frequentemente<br />

informado entre pacientes medicados com MTX + LFN, com<br />

incidência que po<strong>de</strong> chegar a 16,7%. 14 Em nosso estudo, utilizamos<br />

a apresentação farmacêutica <strong>de</strong> cápsula gelatinosa mole,<br />

aprovada para uso na Colômbia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006 pelo INVIMA,<br />

sob o número <strong>de</strong> registro M-0005987. Embora o tamanho da<br />

amostra não nos tenha permitido confi rmar, parece haver uma<br />

Metotrexato + lefl unomida para tratamento da artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

relação entre tolerância gastrintestinal a<strong>de</strong>quada e apresentação<br />

farmacêutica.<br />

Ao iniciar o tratamento, utilizamos uma dose <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong><br />

LFN. Doses <strong>de</strong> ataque estão associadas com maior incidência<br />

<strong>de</strong> efeitos colaterais, particularmente náusea e diarreia.<br />

Atualmente, em alguns países é prática comum omitir a dose<br />

<strong>de</strong> ataque; isso parece ter aumentado a aceitação do tratamento<br />

pelos pacientes. Embora haja necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> validar esses<br />

achados, a omissão da dose <strong>de</strong> ataque po<strong>de</strong> melhorar a tolerabilida<strong>de</strong><br />

da combinação <strong>de</strong> MTX + LFN. 35<br />

Nosso estudo não acompanhou a progressão da doença por<br />

meio <strong>de</strong> radiografi as <strong>de</strong>vido às difi culda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> padronização<br />

das leituras radiográfi cas em nosso ambiente <strong>de</strong> estudo. Não<br />

obstante, foi previamente <strong>de</strong>monstrada <strong>de</strong> maneira convincente<br />

uma redução radiográfi ca das lesões para o tratamento com<br />

MTX ou LFN como monoterapia. 10,34<br />

A combinação <strong>de</strong> MTX + LFN po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma<br />

opção terapêutica para pacientes com respostas incompletas<br />

à monoterapia com MTX ou a outras combinações <strong>de</strong> MTX<br />

+ DMCDs que tenham se revelado inefi cazes ou não bem-<br />

toleradas. O impacto econômico no sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que essa<br />

combinação po<strong>de</strong>ria representar, como etapa prévia à adição<br />

<strong>de</strong> agentes biológicos em pacientes refratários ao tratamento<br />

convencional, exige validação em estudos com maior número<br />

<strong>de</strong> pacientes e com acompanhamento mais longo. Mas um<br />

estudo prévio tratando dos custos médicos diretos da AR na<br />

Colômbia sugeriu que a combinação <strong>de</strong> MTX + LFN po<strong>de</strong><br />

ser uma alternativa para regimes mais dispendiosos, com um<br />

custo anual médio <strong>de</strong> US$ 1.381. 36 Recentemente, nosso grupo<br />

publicou dados sobre os custos anuais do tratamento <strong>de</strong> pacientes<br />

com AR em relação a gravida<strong>de</strong> da doença e medicamentos<br />

utilizados. Um paciente que seja mo<strong>de</strong>radamente ativo e necessite<br />

do uso <strong>de</strong> MTX + LFN tem uma <strong>de</strong>spesa anual variando<br />

entre US$ 1.821 e US$ 7.716, enquanto esse mesmo paciente,<br />

tratado com agentes biológicos anti-TNF-α, tem uma <strong>de</strong>spesa<br />

anual entre US$ 31.931 e US$ 123.661. 37 O uso da combinação<br />

<strong>de</strong> MTX + LFN po<strong>de</strong>ria ser uma alternativa terapêutica mais<br />

econômica para pacientes com AR mo<strong>de</strong>rada a grave.<br />

Os resultados <strong>de</strong> efi cácia do presente estudo sugerem que a<br />

combinação <strong>de</strong> MTX + LFN proporciona benefícios clínicos potenciais,<br />

com tolerabilida<strong>de</strong> aceitável, embora a elevação das enzimas<br />

hepáticas exija monitoração cuidadosa e frequente dos níveis das<br />

transaminases. No entanto, ao serem interpretados os resultados<br />

obtidos nesse estudo, é necessário consi<strong>de</strong>rar que o tamanho da<br />

amostra e o período <strong>de</strong> acompanhamento são insufi cientes para que<br />

venham a ocorrer todos os graves eventos adversos possíveis que<br />

po<strong>de</strong>m ser gerados pela combinação <strong>de</strong> MTX + LFN.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):830-845 843


Londono et al.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Dr. Carlos Bustamante e ao Dr. Carlos Granados, pelas<br />

recomendações técnicas e metodológicas que nos permitiram<br />

<strong>de</strong>senvolver a<strong>de</strong>quadamente este projeto. A Renato Guzmán,<br />

León Felipe Jaramillo, Fernando Medina, José Fernando<br />

Molina, Juan José Jaller, Elias Forero, Javier Ramírez,<br />

Mauricio Abello, William Otero, Mario Díaz, Edgardo Tobías,<br />

Patricia Vélez e María Jose Janaut, que participaram como<br />

investigadores principais em cada um dos centros realizadores<br />

da investigação.<br />

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ARTIGO ORIGINAL<br />

Efeito da hidrocinesioterapia sobre qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida, capacida<strong>de</strong> funcional e qualida<strong>de</strong><br />

do sono em pacientes com fi bromialgia<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Kyara Morgana Oliveira Moura Silva 1 , Silvia Jurema Pereira Tucano 1 ,<br />

Claudia Kümpel 2 , Antonio Adolfo Mattos <strong>de</strong> Castro 3 , Elias Ferreira Porto 4<br />

Introdução: A síndrome da fi bromialgia acomete 8% da população com mais <strong>de</strong> 40 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Dos pacientes com<br />

fi bromialgia, 75% queixam-se <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong> do sono. Objetivo: Avaliar os efeitos da hidrocinesioterapia sobre a<br />

capacida<strong>de</strong> funcional e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sono em pacientes com fi bromialgia. Métodos: As pacientes foram atendidas<br />

na policlínica da UNASP. Foram avaliadas 60 pacientes portadoras <strong>de</strong> fi bromialgia na faixa etária entre 30 e 65 anos.<br />

Das pacientes avaliadas, 20 foram excluídas e 10 <strong>de</strong>sistiram <strong>de</strong>vido à impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar-se no horário do<br />

programa <strong>de</strong> exercícios. Todas as pacientes respon<strong>de</strong>ram aos seguintes questionários: Questionário sobre o Impacto da<br />

Fibromialgia (QIF), Índice da Qualida<strong>de</strong> do Sono <strong>de</strong> Pittsburgh e Escala <strong>de</strong> Sonolência <strong>de</strong> Epworth. As sessões foram<br />

realizadas duas vezes por semana, com duração <strong>de</strong> 60 minutos cada, por um período <strong>de</strong> dois meses. Resultados: A média<br />

da ida<strong>de</strong> das pacientes foi <strong>de</strong> 45 anos; 66% eram trabalhadoras ativas e 34% estavam afastadas do trabalho. Verifi couse<br />

que imediatamente após participarem do programa da hidrocinesioterapia, as pacientes apresentaram melhora nos<br />

seguintes aspectos avaliados por meio do QIF: capacida<strong>de</strong> funcional, absenteísmo ao trabalho, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço,<br />

intensida<strong>de</strong> da dor, fadiga, cansaço matinal, rigi<strong>de</strong>z (P < 0,0001), ansieda<strong>de</strong> (P = 0,0013) e <strong>de</strong>pressão (P < 0,0001).<br />

Houve também melhora da qualida<strong>de</strong> do sono (P < 0,0001) e no grau <strong>de</strong> sonolência diurna (P = 0,0003). Conclusão:<br />

A hidrocinesioterapia promove melhora <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do sono, capacida<strong>de</strong> funcional, situação profi ssional, distúrbio<br />

psicológicos e sintomas físicos da síndrome em pacientes com fi bromialgia.<br />

Palavras-chave: fi bromialgia, sono, hidroterapia, qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A síndrome da fi bromialgia (SFM) é uma das doenças reumatológicas<br />

mais frequentes, caracterizada por dor musculoesquelética<br />

difusa e crônica, com pontos sensíveis (ten<strong>de</strong>r points)<br />

nos músculos ou na junção miotendinosa. São 18 ten<strong>de</strong>r points<br />

situados em locais distintos do corpo. 1–3<br />

Sua etiologia ainda é <strong>de</strong>sconhecida, e sua fi siopatologia não<br />

está totalmente esclarecida. Entretanto, há evidências sobre<br />

alterações metabólicas e <strong>de</strong> oxigenação nas fi bras musculares,<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio entre a percepção dolorosa e os mecanismos das<br />

vias aferentes, além <strong>de</strong> diminuição dos níveis <strong>de</strong> serotonina<br />

e endorfi na. 4 A fi siopatologia da SFM é multicausal, e vários<br />

experimentos <strong>de</strong>monstram que atuações não coor<strong>de</strong>nadas dos<br />

mecanismos <strong>de</strong> nocicepção e <strong>de</strong> inibição da dor resultam <strong>de</strong><br />

uma distorção sensorial. 5<br />

Segundo Wei<strong>de</strong>bach, 6 a SFM não era uma doença bem<br />

<strong>de</strong>fi nida clinicamente antes da década <strong>de</strong> 1970, quando foram<br />

publicados os primeiros achados que <strong>de</strong>ram margem para<br />

pesquisas mais aprofundadas sobre a doença. Contrariamente<br />

ao que se pensava, ela não é uma doença infl amatória, não<br />

gera comprometimentos articulares, nem causa <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s.<br />

Recebido em 08/11/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse. Comitê <strong>de</strong> Ética: FR – 460754.<br />

Centro Universitário Adventista <strong>de</strong> São Paulo – UNASP.<br />

1. Fisioterapeuta; Membro do grupo <strong>de</strong> pesquisa sobre hidroterapia em doenças crônicas, Universida<strong>de</strong> Adventista <strong>de</strong> São Paulo – UNASP<br />

2. Mestre; Professora dos Cursos <strong>de</strong> Fisioterapia e Administração, UNASP<br />

3. Doutorando, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo – Unifesp; Professor do curso <strong>de</strong> Fisioterapia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Pampa – Unipampa<br />

4. Doutorando, Unifesp; Professor do curso <strong>de</strong> Fisioterapia, UNASP<br />

Correspondência para: Silvia Jurema Pereira Tucano. Universida<strong>de</strong> Adventista <strong>de</strong> São Paulo – UNASP. Estrada <strong>de</strong> Itapecerica, 5859, Capão Redondo.<br />

CEP: 05858-001. São Paulo, SP, Brasil. E-mail: silvinha_tucano@hotmail.com<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):846-857 851


Silva et al.<br />

Contudo, consi<strong>de</strong>rando seu caráter crônico, a SFM causa impacto<br />

negativo na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus portadores.<br />

Em 1990, o American College of Rheumatology (ACR)<br />

<strong>de</strong>fi niu os seguintes critérios <strong>de</strong> classifi cação e diagnóstico para<br />

a SFM: 1) queixas frequentes <strong>de</strong> dor difusa por um período <strong>de</strong><br />

pelo menos três meses; e 2) apresentação <strong>de</strong> dor difusa em no<br />

mínimo 11 dos 18 ten<strong>de</strong>r points padronizados. Consi<strong>de</strong>rando<br />

que tanto os exames laboratoriais <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s infl amatórias<br />

quanto os <strong>de</strong> imagem são normais, o diagnóstico da SFM é<br />

prioritariamente clínico. 6,7<br />

Ribeiro e Proietti 8 afi rmam que além da dor e da sensibilida<strong>de</strong><br />

dos ten<strong>de</strong>r points, os pacientes também apresentam<br />

irregularida<strong>de</strong>s no sono, fadiga, rigi<strong>de</strong>z matinal, diminuição<br />

da capacida<strong>de</strong> funcional, ansieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pressão, que reduzem<br />

a capacida<strong>de</strong> do paciente <strong>de</strong> realizar as tarefas domésticas<br />

básicas. Todos esses sintomas prejudicam a vida social e profi<br />

ssional do fi bromiálgico.<br />

Cerca <strong>de</strong> 75% dos pacientes com SFM queixam-se <strong>de</strong> má<br />

qualida<strong>de</strong> do sono, o que é atribuído a uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m eletroencefálica,<br />

pela ausência da última fase do sono, chamada sono<br />

REM (rapid eye movement). 9 Segundo Dinges et al., 10 a sonolência<br />

diurna é uma das alterações mais frequentes do paciente<br />

com SFM. Neste sentido, Ferro et al. 11 mostraram que a má<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sono está relacionada com maior predisposição a<br />

outras doenças. Affl eck et al. 12 mostraram a relação entre dor e<br />

sono em pacientes com SFM, e concluíram que uma das maiores<br />

queixas é a perda do sono vinculada à dor difusa. Martinez<br />

et al. 13 mostraram associação entre os números <strong>de</strong> ten<strong>de</strong>r points<br />

e a perda da capacida<strong>de</strong> funcional, e que pacientes com SFM<br />

têm prejuízos em relação a pessoas saudáveis.<br />

A hidrocinesioterapia, geralmente praticada em água<br />

aquecida entre 32ºC e 33ºC, é fortemente indicada para o<br />

tratamento da SFM. Durante a imersão, os estímulos sensoriais<br />

competem com os estímulos dolorosos, interrompendo<br />

o ciclo da dor. 14 Os efeitos estão relacionados a alívio da dor,<br />

diminuição dos espasmos, relaxamento muscular, aumento da<br />

amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, aumento da circulação sanguínea,<br />

fortalecimento muscular, aumento da resistência muscular e<br />

melhora na autoestima. 15<br />

O presente estudo teve como objetivo verifi car a melhora<br />

<strong>de</strong> dor, irregularida<strong>de</strong>s do sono, fadiga muscular, <strong>de</strong>pressão,<br />

ansieda<strong>de</strong> e redução das ativida<strong>de</strong>s da vida diária em pacientes<br />

portadores <strong>de</strong> SFM submetidos à hidrocinesioterapia.<br />

MÉTODOS<br />

Este é um estudo prospectivo <strong>de</strong> autocontrole em que foram<br />

avaliadas 60 pacientes com diagnóstico clínico <strong>de</strong> SFM,<br />

seguindo os critérios do ACR (paciente com dor difusa com<br />

duração igual ou superior a três meses e presença <strong>de</strong> dor à<br />

palpação em 11 ou mais dos 18 ten<strong>de</strong>r points). Das 60 pacientes<br />

avaliadas, 20 não preencheram os critérios <strong>de</strong> inclusão e<br />

10 <strong>de</strong>sistiram <strong>de</strong>vido à impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apresentar ao<br />

horário do programa. Foram incluídas no estudo 30 mulheres<br />

na faixa etária entre 35–65 anos e com capacida<strong>de</strong> cognitiva<br />

<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r os propósitos do estudo e <strong>de</strong> assinar o termo <strong>de</strong><br />

consentimento livre e esclarecido, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estado civil,<br />

raça, religião e aspectos socioeconômicos. Foram excluídas<br />

do estudo as pacientes praticantes <strong>de</strong> musculação e <strong>de</strong> outras<br />

ativida<strong>de</strong>s físicas em aca<strong>de</strong>mia previamente ao início do programa<br />

<strong>de</strong> hidrocinesioterapia, e as que apresentavam algum<br />

tipo <strong>de</strong> doença <strong>de</strong>rmatológica, alterações cardiorrespiratórias<br />

incompatíveis com a realização <strong>de</strong> exercício físico aeróbico e<br />

comorbida<strong>de</strong>s graves.<br />

O programa <strong>de</strong> hidrocinesioterapia foi realizado em piscina<br />

aquecida a 32ºC, em área coberta no setor <strong>de</strong> hidroterapia na<br />

Policlínica do Centro Universitário Adventista <strong>de</strong> São Paulo<br />

(UNASP). A coleta dos dados foi processada somente após a<br />

aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética institucional.<br />

Todas as pacientes foram avaliadas antes e imediatamente<br />

após a intervenção pelo mesmo avaliador, por meio <strong>de</strong> uma<br />

fi cha contendo dados <strong>de</strong>mográfi cos e clínicos. Para avaliar a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pacientes, utilizou-se o Questionário<br />

sobre o Impacto da Fibromialgia (QIF). O QIF é um instrumento<br />

<strong>de</strong> avaliação da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida específi co para<br />

pacientes com SFM, composto <strong>de</strong> 19 questões relacionadas à<br />

capacida<strong>de</strong> funcional, situação profi ssional, bem-estar geral,<br />

distúrbios psicológicos (como ansieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pressão) e sintomas<br />

físicos (como dor, sono, fadiga e rigi<strong>de</strong>z), organizadas<br />

em 10 itens. Quanto maior o escore, maior é o impacto da<br />

SFM na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do indivíduo. Burckhardt et al. 16<br />

concluíram que o QIF é válido para ser utilizado em situações<br />

clínicas e <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Para avaliação da qualida<strong>de</strong> do sono utilizou-se o Índice<br />

da Qualida<strong>de</strong> do Sono <strong>de</strong> Pittsburgh (IQSP), um instrumento<br />

com confi abilida<strong>de</strong> e valida<strong>de</strong> previamente estabelecidas.<br />

Esse questionário é composto <strong>de</strong> 19 itens, agrupados em sete<br />

componentes, cada qual pontuado em uma escala <strong>de</strong> 0–3. Os<br />

componentes são: 1) qualida<strong>de</strong> subjetiva do sono; 2) latência<br />

do sono; 3) duração do sono; 4) efi ciência habitual do sono;<br />

5) alterações do sono; 6) uso <strong>de</strong> medicações para o sono; e<br />

7) disfunção diurna. Os escores dos sete componentes são<br />

somados para conferir uma pontuação global do IQSP, que<br />

varia <strong>de</strong> 0–21. Pontuações <strong>de</strong> 0–4 indicam boa qualida<strong>de</strong> do<br />

sono; <strong>de</strong> 5–10 indicam qualida<strong>de</strong> ruim; e acima <strong>de</strong> 10 indicam<br />

distúrbio do sono. 17<br />

8<strong>52</strong> Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):846-857


Efeito da hidrocinesioterapia sobre qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, capacida<strong>de</strong> funcional e qualida<strong>de</strong> do sono em pacientes com fi bromialgia<br />

A Escala <strong>de</strong> Sonolência <strong>de</strong> Epworth (ESE) foi aplicada<br />

para avaliar e quantifi car o grau <strong>de</strong> sonolência durante oito<br />

ativida<strong>de</strong>s rotineiras. As respostas variam <strong>de</strong> 0–24 pontos, e<br />

10 pontos é o divisor da normalida<strong>de</strong>. 18<br />

O protocolo <strong>de</strong> tratamento foi aplicado duas vezes por semana,<br />

composto <strong>de</strong> 15 sessões <strong>de</strong> 60 minutos cada, inteiramente em meio<br />

aquático, <strong>de</strong> maneira coletiva, respeitando os limites individuais<br />

e a evolução <strong>de</strong> cada paciente. Foi aferida a pressão arterial antes<br />

<strong>de</strong> cada sessão <strong>de</strong> hidrocinesioterapia. O programa terapêutico,<br />

em cada sessão <strong>de</strong> atendimento, compõe-se <strong>de</strong> quatro fases: 1)<br />

aquecimento global com caminhada por toda a extensão da piscina<br />

em linha reta para frente, para trás e com passada lateral (por 5<br />

minutos); 2) alongamento muscular <strong>de</strong> membros superiores e<br />

inferiores e da musculatura dorsal (por 15 minutos – as posições<br />

<strong>de</strong> alongamento foram mantidas por 20 segundos e realizadas<br />

duas vezes, consecutivamente); 3) exercícios ativos livres para<br />

membros superiores e inferiores, inicialmente sem carga externa<br />

e evoluindo para exercícios com utilização <strong>de</strong> espaguetes e pesos<br />

aquáticos que variam <strong>de</strong> 0,5–1 kg (por 30 minutos – os treinos<br />

foram cumpridos com frequência <strong>de</strong> três séries <strong>de</strong> 12 repetições); e<br />

4) relaxamento, com alongamentos ativos <strong>de</strong> membros superiores<br />

e inferiores e ca<strong>de</strong>ia posterior e anterior <strong>de</strong> tronco, associados a<br />

exercícios respiratórios, promovendo relaxamento progressivo<br />

(duração <strong>de</strong> 10 minutos).<br />

Análise estatística<br />

Os dados estão expressos como média e <strong>de</strong>svio padrão. O teste<br />

Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para analisar a normalida<strong>de</strong><br />

dos dados. Usamos o teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt para analisar os dados<br />

pré- e pós-intervenção. Consi<strong>de</strong>rou-se P < 0,05 estatisticamente<br />

signifi cativo. O tamanho da amostra foi calculado com base na<br />

variável <strong>de</strong>sfecho qualida<strong>de</strong> do sono, a partir da equação efeito<br />

esperado/<strong>de</strong>svio padrão (E/S). Neste estudo, o efeito esperado<br />

escolhido foi 4 pontos a menos entre a pré- e a pós-intervenção<br />

(diferença clínica minimamente importante), e o <strong>de</strong>svio padrão<br />

da amostra consi<strong>de</strong>rada foi a variabilida<strong>de</strong> da pontuação do<br />

IQSP. Portanto, para um α = 0,05 e um po<strong>de</strong>r estatístico <strong>de</strong><br />

β = 0,8, eram necessárias 27 pacientes para po<strong>de</strong>r amostral.<br />

Todas as pacientes, mesmo as que participaram <strong>de</strong> apenas uma<br />

sessão <strong>de</strong> treinamento, foram avaliadas utilizando-se o método<br />

<strong>de</strong> intenção <strong>de</strong> tratar.<br />

RESULTADOS<br />

Fizeram parte <strong>de</strong>ste estudo 30 pacientes com SFM com média<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50,8 ± 12,5 anos (35–65 anos). As pacientes que<br />

apresentavam ativida<strong>de</strong> profi ssional somavam 34,14%, e as<br />

que estavam afastadas do serviço por razões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, 24,39%.<br />

Em relação ao número <strong>de</strong> ten<strong>de</strong>r points, obteve-se média <strong>de</strong><br />

14,8 ± 3,1 pontos. As <strong>de</strong>mais características encontram-se na<br />

Tabela 1.<br />

Quanto ao impacto da SFM, verifi cou-se que inicialmente<br />

as pacientes tinham alteração da capacida<strong>de</strong> funcional,<br />

absenteísmo ao trabalho elevado, redução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

serviços, alta intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dor, fadiga, cansaço matinal,<br />

rigi<strong>de</strong>z e <strong>de</strong>pressão.<br />

Imediatamente após o programa <strong>de</strong> hidrocinesioterapia,<br />

houve melhora signifi cativa <strong>de</strong>sses domínios (P < 0,0001).<br />

Houve melhora signifi cativa quanto à ansieda<strong>de</strong> (P = 0,0013);<br />

porém, na avaliação do bem-estar não houve melhora signifi -<br />

cativa (P = 0,05) (Tabela 2).<br />

Quanto à qualida<strong>de</strong> do sono, verifi cou-se que inicialmente<br />

os pacientes tinham alteração no sono; no entanto, imediatamente<br />

após o programa <strong>de</strong> hidrocinesioterapia, houve<br />

melhora signifi cativa <strong>de</strong> 39,5 ± 6,29 para 33,2 ± 6,60 pontos<br />

(P < 0,0001) (Figura 1). Do mesmo modo, a qualida<strong>de</strong> do<br />

sono, inicialmente alterada, sofreu melhora signifi cativa após o<br />

programa <strong>de</strong> hidrocinesioterapia, com o grau <strong>de</strong> sonolência passando<br />

<strong>de</strong> 13,8 ± 7,28 para. 10,1 ± 7,36; P = 0,0003 (Figura 2).<br />

Tabela 1<br />

Características das pacientes com fi bromialgia<br />

Média Desvio padrão<br />

Ida<strong>de</strong> 51 12,562<br />

Peso 70,63 13,43<br />

Estatura 1,56 7,450<br />

Comorbida<strong>de</strong>s associadas 4<br />

Tempo doença 4,36 3,200<br />

Ten<strong>de</strong>r points 14,89 3,107<br />

Tabela 2<br />

Avaliação do impacto da fi bromialgia antes e após o programa<br />

<strong>de</strong> hidrocinesioterapia<br />

Domínios Antes Após P<br />

Capacida<strong>de</strong> funcional 13,5 ± 5,7 9,4 ± 3,6 < 0,0001<br />

Bem-estar 2,7 ± 1,7 3,9 ± 2,0 > 0,05<br />

Absenteísmo ao trabalho 5,7 ± 2,9 1,6 ± 1,7 < 0,0001<br />

Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviço 9,3 ± 1,9 6 ± 2,8 < 0,0001<br />

Intensida<strong>de</strong> da dor 9,7 ± 0,8 5,8 ± 2,9 < 0,0001<br />

Fadiga 9,6 ± 0,9 5,9 ± 3,0 < 0,0001<br />

Cansaço matinal 9,2 ± 1,9 6,2 ± 2,5 < 0,0001<br />

Rigi<strong>de</strong>z 9,5 ± 1,2 6,2 ± 3,4 < 0,0001<br />

Ansieda<strong>de</strong> 9,2 ± 1,6 6,5 ± 3,1 0,0013<br />

Depressão 9,2 ± 1,6 4,8 ± 3,2 < 0,0001<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):846-857 853


Silva et al.<br />

Pittisburgh<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

P < 0,0001<br />

Antes Depois<br />

Figura 1<br />

Qualida<strong>de</strong> do sono avaliada antes e após o programa <strong>de</strong><br />

hidrocinesioterapia.<br />

Pittisburgh<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

r = 0,54<br />

P = 0,0039<br />

0 20 40 60 80 100<br />

FIQ<br />

Figura 2<br />

Grau <strong>de</strong> sonolência antes e após o programa <strong>de</strong> hidrocinesioterapia.<br />

O impacto da SFM não correlacionou-se positivamente com<br />

a qualida<strong>de</strong> do sono. No entanto, as pacientes mais impactadas<br />

pela SFM relataram piora na qualida<strong>de</strong> do sono (r = 0,54;<br />

P = 0,0039) (Figura 3).<br />

A intensida<strong>de</strong> da dor correlacionou-se positivamente com o<br />

grau <strong>de</strong> sonolência. Já as pacientes mais impactadas pela SFM<br />

também apresentaram piora no grau <strong>de</strong> sonolência (r = 0,049;<br />

P = 0,0024) (Figura 4).<br />

DISCUSSÃO<br />

O achado original <strong>de</strong>ste estudo foi que a hidrocinesioterapia<br />

mostra-se efi caz na melhora do sono e da capacida<strong>de</strong> funcional<br />

<strong>de</strong> pacientes com SFM após 15 sessões <strong>de</strong> tratamento.<br />

854 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):846-857<br />

Epwoth<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

P < 0,0003<br />

Antes Depois<br />

Figura 3<br />

Correlação entre qualida<strong>de</strong> do sono e impacto da fi bromialgia.<br />

Pittisburgh<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

r = 0,49<br />

P = 0,0024<br />

0<br />

0 2 4 6 8 10 12<br />

Intensida<strong>de</strong> da dor<br />

Figura 4<br />

Correlação entre qualida<strong>de</strong> do sono e intensida<strong>de</strong> da dor.<br />

Acredita-se que a SFM apresenta em sua patogenia alterações<br />

nos sistemas musculoesquelético, neuroendócrino e<br />

nervoso central. Como a dor muscular é o principal sintoma da<br />

doença, pensou-se no sistema musculoesquelético como causa<br />

primária da síndrome. Histologicamente, foram i<strong>de</strong>ntifi cadas<br />

anormalida<strong>de</strong>s na estrutura do músculo <strong>de</strong> pacientes com SFM,<br />

como fi bras atrofi adas e fi bras elásticas ou reticulares que não<br />

são vistas no tecido muscular normal. Vale também ressaltar<br />

a presença <strong>de</strong> alterações funcionais, como redução na concentração<br />

<strong>de</strong> fosfato <strong>de</strong> alta energia, diminuição na oxigenação<br />

muscular e fl uxo sanguíneo prejudicado. 19 Essas alterações são<br />

semelhantes às <strong>de</strong> pessoas com mau condicionamento físico<br />

sem qualquer doença. Por isso, esses estudos não progrediram.<br />

Sabe-se que a terapêutica medicamentosa isolada não tem<br />

sido efi ciente no tratamento da doença, tornando indispensável<br />

a realização <strong>de</strong> estudos que buscam recursos para a redução dos<br />

sintomas dolorosos. Com base em estudos que preconizavam<br />

a fi sioterapia no tratamento da SFM, a abordagem terapêutica


Efeito da hidrocinesioterapia sobre qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, capacida<strong>de</strong> funcional e qualida<strong>de</strong> do sono em pacientes com fi bromialgia<br />

<strong>de</strong>sta pesquisa consistiu na utilização <strong>de</strong> um programa preestabelecido<br />

<strong>de</strong> exercícios aquáticos.<br />

Os efeitos fi siológicos da hidrocinesioterapia advêm <strong>de</strong> uma<br />

combinação dos efeitos físicos da água (térmicos/mecânicos)<br />

com os efeitos do exercício. 11 De fato, na piscina terapêutica as<br />

ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser executadas com maior facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido<br />

à redução da força gravitacional. Isso permite a realização <strong>de</strong><br />

exercícios com menos dor e <strong>de</strong> execução mais fácil que no<br />

solo. Portanto, a hidrocinesioterapia, além <strong>de</strong> permitir o relaxamento<br />

muscular por meio da água aquecida, proporciona aos<br />

fi bromiálgicos um tratamento com melhora da autoconfi ança<br />

e evolução mais rápida. 20<br />

O QIF é um instrumento que tem sido usado em vários<br />

estudos clínicos para avaliar a função física e o impacto da<br />

SFM na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos pacientes. 21 Ele avalia a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida especifi camente em pacientes fi bromiálgicos,<br />

juntamente com questões relaciona das à capacida<strong>de</strong> funcional,<br />

situação profi ssional, distúrbios psicológicos e sintomas<br />

físicos. Sua versão para a língua portuguesa foi validada em<br />

2006, 22 e mostrou-se um ins trumento <strong>de</strong> fácil compreensão e<br />

aplicação, válido e confi ável para medir a capacida<strong>de</strong> funcional<br />

e o estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> pacientes com SFM, auxiliando, assim,<br />

no diagnóstico e no tratamento da doença.<br />

Em nosso estudo, confi rmamos os achados <strong>de</strong> alteração<br />

na qualida<strong>de</strong> do sono e <strong>de</strong> melhora da mesma após a implementação<br />

da hidrocinesioterapia. Estudos mostram que o sono<br />

não reparador está presente em 76%–90% dos pacientes com<br />

SFM, em comparação a 10%–30% dos indivíduos saudáveis. 23<br />

Má qualida<strong>de</strong> do sono foi observada em 99% dos voluntários<br />

no estudo realizado por Theadom et al., 24 que avaliaram 101<br />

pacientes diagnosticados com fi bromialgia e avaliados pelo<br />

PSQI. A qualida<strong>de</strong> do sono foi signifi cativamente previsora<br />

<strong>de</strong> dor, fadiga e funcionamento social em pacientes com SFM.<br />

A qualida<strong>de</strong> do sono é difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>fi nir e mensurar, por ser<br />

muito complexa e variar <strong>de</strong> um indivíduo para o outro. Ela<br />

inclui aspectos quantitativos, como números <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertares,<br />

duração e latência do sono, e outros aspectos como profundida<strong>de</strong>,<br />

tranquilida<strong>de</strong> e sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso após o sono. 25<br />

Em nosso estudo, o instrumento utilizado para mensuração<br />

da qualida<strong>de</strong> subjetiva do sono foi o PSQI, validado<br />

em português por Bertolazi. 26 O PSQI fornece um índice <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> e natureza do distúrbio do sono no último mês, e é<br />

um método seguro, confi ável, não invasivo e fácil <strong>de</strong> aplicar. 26<br />

No pré-tratamento, <strong>de</strong>spertares noturnos frequentes e poucas<br />

horas <strong>de</strong> sono alcançaram uma média <strong>de</strong> 39,5 pontos. Após a<br />

intervenção, aproximadamente 80% dos pacientes tiveram melhora<br />

na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sono, reduzindo a média para 33 pontos.<br />

Esses achados nos fazem acreditar que a hidrocinesioterapia<br />

auxilia nas correções <strong>de</strong> distúrbios do sono, melhorando a<br />

qualida<strong>de</strong> do sono.<br />

Outra ferramenta utilizada foi a ESE, <strong>de</strong>senvolvida em<br />

1991 por Dr. John W. Murray para avaliar a ocorrência <strong>de</strong><br />

sonolência diurna excessiva. 27 Segundo o autor, assim como<br />

qualquer outro método-questionário, a mensuração não é<br />

subjetiva, apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura, compreensão<br />

e resposta honesta do paciente. 28 Neste estudo, os<br />

pacientes apresentaram sonolência excessiva para realizar as<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diária no pré-tratamento, com média <strong>de</strong><br />

13,88 pontos observada pela ESE. Essa sonolência excessiva<br />

po<strong>de</strong> estar associada com os frequentes <strong>de</strong>spertares noturnos,<br />

fazendo com que o ciclo sono/vigília seja alterado. Tais<br />

alterações no padrão do sono po<strong>de</strong>m resultar em cansaço e<br />

fadiga no dia seguinte. No pós-tratamento, a média foi <strong>de</strong> 10<br />

pontos, o que mostrou melhora signifi cativa. Em um estudo<br />

no qual a ESE foi utilizada em 30 voluntários fi bromiálgicos,<br />

a ocorrência <strong>de</strong> sonolência diurna foi associada com maior<br />

gravida<strong>de</strong> da SFM, com alterações mais acentuadas nas<br />

polissonografi as. 29<br />

A melhora do grau <strong>de</strong> sonolência e da qualida<strong>de</strong> do sono<br />

po<strong>de</strong> estar relacionada com aumento da serotonina, produzida<br />

pelos efeitos dos exercícios aeróbios realizados na água a<br />

32ºC. Segundo Gol<strong>de</strong>nberg et al., 30 os pacientes com SFM têm<br />

redução <strong>de</strong> serotonina, o que <strong>de</strong>sregula o sono <strong>de</strong>sses indivíduos.<br />

Por outro lado, com o nível <strong>de</strong> serotonina aumentado, há<br />

maior produção <strong>de</strong> melatonina, que tem como funções regular<br />

o sono e melhorar a qualida<strong>de</strong> do mesmo, proporcionando a<br />

sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso.<br />

Neste estudo, os pacientes com SFM apresentaram redução<br />

da capacida<strong>de</strong> funcional. Segundo Chaitow et al., 31 os pacientes<br />

com SFM apresentam músculos <strong>de</strong>scondicionados, tendência a<br />

microtraumatismos musculares, dor e fadiga crônica. A melhora<br />

da capacida<strong>de</strong> funcional <strong>de</strong>sses indivíduos está relacionada<br />

com os efeitos dos exercícios aeróbicos na água, principalmente<br />

sobre o sistema cardiovascular e muscular esquelético, que<br />

proporciona: aumento do débito cardíaco; 32 <strong>de</strong>svio da curva<br />

<strong>de</strong> dissociação da hemoglobina para a direita, aumento da<br />

capilarida<strong>de</strong> muscular e diminuição da resistência à difusão<br />

<strong>de</strong> O 2 das hemácias para as fi bras musculares contráteis; 33 e<br />

remo<strong>de</strong>lamento dos músculos exercitados, com transformação<br />

das fi bras tipo II B para II A e aumento do número, do tamanho<br />

e da concentração enzimática das mitocôndrias das células<br />

musculares <strong>de</strong> contração lenta. 34<br />

Uma das limitações <strong>de</strong>ste estudo foi a não realização da<br />

polissonografi a, que é o padrão ouro para avaliação da qualida<strong>de</strong><br />

do sono. No entanto, os resultados não são invalidados,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se a confi abilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso método.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):846-857 855


Silva et al.<br />

CONCLUSÃO<br />

A hidrocinesioterapia está bem indicada para pacientes com<br />

SFM, sendo importante para a melhora <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do sono,<br />

capacida<strong>de</strong> funcional, situação profi ssional, distúrbios psicológicos<br />

e sintomas físicos da síndrome.<br />

A avaliação da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida antes e após a terapia<br />

indicou melhora na percepção subjetiva das condições físicas<br />

e psicológicas. Desse modo, as intervenções <strong>de</strong>stinadas a melhorar<br />

a qualida<strong>de</strong> do sono e a capacida<strong>de</strong> funcional po<strong>de</strong>m<br />

contribuir para a melhora da saú<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong><br />

pacientes com SFM.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao Prof. Elias F. Porto, pela orientação <strong>de</strong>ste trabalho, e à Prof. a<br />

Cláudia Kumpel, pela ajuda na realização <strong>de</strong>ste.<br />

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Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):846-857 857


ARTIGO ORIGINAL<br />

Níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12 não se<br />

relacionam com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea<br />

em mulheres brasileiras na pós-menopausa<br />

Adriana Maria Kakehasi 1 , Ariane Vieira Carvalho 2 , Fabiana Alves Nunes Maksud 3 , Alfredo José Afonso Barbosa 4<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Introdução: Osteoporose e <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina B12 são condições <strong>de</strong> prevalência crescente com o envelhecimento. A<br />

associação entre níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12, baixa massa óssea e risco aumentado <strong>de</strong> fraturas ósseas tem sido <strong>de</strong>scrita,<br />

mas os estudos não são homogêneos e os resultados são controversos. Objetivo: Investigar a associação entre níveis plasmáticos<br />

<strong>de</strong> vitamina B12 e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea em mulheres assintomáticas na pós-menopausa. Métodos: Mulheres<br />

assintomáticas no período pós-menopausa foram consecutivamente incluídas neste estudo transversal. A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral<br />

óssea (coluna lombar e fêmur) foi avaliada pelo método DXA Lunar Prodigy Vision, e foram <strong>de</strong>terminados níveis sanguíneos<br />

<strong>de</strong> vitamina B12, cálcio, fósforo, fosfatase alcalina óssea e hormônio paratireoidiano. Os critérios da Organização<br />

Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> foram consi<strong>de</strong>rados para o diagnóstico <strong>de</strong> osteoporose. Resultados: Foram incluídas neste estudo 70<br />

mulheres, com média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 62,5 ± 7 anos. Do total, 18 (25,7%) apresentaram <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea normal, 33<br />

(47,1%) tinham osteopenia e 19 (27,1%) tinham osteoporose. Seis (8,6%) pacientes haviam apresentado fratura <strong>de</strong> punho,<br />

duas (2,8%) reportaram diagnóstico <strong>de</strong> fratura vertebral e apenas uma (1,4%) paciente havia sofrido fratura <strong>de</strong> quadril. Os<br />

níveis <strong>de</strong> vitamina B12 (média ± DP; pg/mL) das mulheres com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea normal, osteopenia e osteoporose<br />

foram 590,2 ± 364,3, 536,6 ± 4<strong>52</strong>,3 e 590,2 ± 497,9, respectivamente (P = 0,881). A análise <strong>de</strong> regressão múltipla mostrou<br />

que o índice <strong>de</strong> massa corporal e a fosfatase alcalina óssea foram preditores da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea na coluna lombar.<br />

Conclusão: Os resultados indicam que níveis <strong>de</strong> vitamina B12 não se relacionam à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea neste grupo<br />

<strong>de</strong> mulheres brasileiras na pós-menopausa.<br />

Palavras-chave: osteoporose, vitamina B12, pós-menopausa, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A osteoporose é uma osteopatia sistêmica caracterizada pela<br />

perda <strong>de</strong> massa óssea e <strong>de</strong> força e por <strong>de</strong>terioração da microarquitetura<br />

da estrutura esquelética. 1 Trata-se <strong>de</strong> uma doença<br />

disseminada, afetando 75 milhões <strong>de</strong> pessoas na Europa,<br />

Estados Unidos e Japão. O número <strong>de</strong> fraturas inci<strong>de</strong>ntes<br />

anuais nos Estados Unidos é superior a 2 milhões. 2–4 O conceito<br />

da doença envolve vários mecanismos patogênicos que,<br />

junto a fatores que aumentam o risco <strong>de</strong> quedas, contribuem<br />

para um aumento nas fraturas por fragilida<strong>de</strong>. Em alguns estudos,<br />

um quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina B12, basicamente<br />

avaliada pelos níveis plasmáticos, foi associado à baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

mineral óssea (DMO) e risco aumentado <strong>de</strong> fratura. 5–8<br />

No entanto, os resultados até agora publicados, inclusive<br />

experimentos animais, são controversos. 9–14 Basicamente, a<br />

vitamina B12 é obtida da dieta, pelo consumo <strong>de</strong> produtos<br />

<strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> animais, po<strong>de</strong>ndo interferir no metabolismo<br />

Recebido em 09/11/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse. Suporte Financeiro: Conselho<br />

Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq). Comitê <strong>de</strong> Ética: 479/04.<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais – UFMG.<br />

1. Doutor; Professor-Associado, Departamento <strong>de</strong> Sistema Locomotor, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais – UFMG<br />

2. Aluna do curso <strong>de</strong> Medicina; Pesquisadora, Laboratório <strong>de</strong> Patologia Digestiva e Neuroendócrina, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, UFMG<br />

3. Mestre em Medicina; Professor-Assistente, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, UFMG<br />

4. Pós-doutorado; Professor Titular, Laboratório <strong>de</strong> Patologia Digestiva e Neuroendócrina, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, UFMG<br />

Correspondência para: Adriana Maria Kakehasi. Departamento <strong>de</strong> Sistema Locomotor. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais. Av. Alfredo<br />

Balena, 190/193. CEP: 30130-100. Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: amkakehasi@gmail.com<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):858-869 863


Kakehasi et al.<br />

ósseo, com estimulação positiva dos osteoblastos. 15 Por outro<br />

lado, um amento nos níveis circulatórios <strong>de</strong> homocisteína causado<br />

pela <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina B12 po<strong>de</strong> estar implicado<br />

no surgimento precoce da osteoporose, na baixa qualida<strong>de</strong><br />

óssea e em risco aumentado <strong>de</strong> fratura. 8,16–21 Ainda não fi cou<br />

claramente <strong>de</strong>fi nido o real impacto da <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina<br />

B12 na saú<strong>de</strong> dos ossos e nos mecanismos associados a<br />

transtornos do metabolismo ósseo.<br />

A i<strong>de</strong>ntifi cação <strong>de</strong> indivíduos que po<strong>de</strong>m benefi ciar-se<br />

com uma triagem para osteoporose mais imediata e com a<br />

intervenção terapêutica po<strong>de</strong> diminuir a morbida<strong>de</strong> e a mortalida<strong>de</strong><br />

associadas à osteoporose. Consi<strong>de</strong>rando que tanto a<br />

osteoporose como a <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> cobalamina po<strong>de</strong>m passar<br />

<strong>de</strong>spercebidas durante vários anos e que possivelmente suas<br />

consequências clínicas serão irreversíveis, 22 os esforços <strong>de</strong>vem<br />

voltar-se para a <strong>de</strong>tecção dos indivíduos com maior risco para<br />

baixa massa óssea e fraturas por osteoporose. Embora fatores<br />

<strong>de</strong> risco para osteoporose e fraturas – ida<strong>de</strong>, uso <strong>de</strong> glicocorticoi<strong>de</strong>s<br />

e história familiar – tenham sido <strong>de</strong>vidamente documentados<br />

em pacientes brasileiros, jamais foram estudados os<br />

níveis plasmáticos <strong>de</strong> vitamina B12 em relação à DMO nessa<br />

população. 23–25 Portanto, o objetivo da presente investigação<br />

foi estudar uma possível conexão entre níveis plasmáticos <strong>de</strong><br />

vitamina B12 e DMO em um grupo assintomático <strong>de</strong> mulheres<br />

brasileiras na pós-menopausa.<br />

MÉTODOS<br />

Participantes<br />

O presente estudo transversal foi aprovado pela Comissão<br />

<strong>de</strong> Ética da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG).<br />

Mulheres saudáveis na pós-menopausa (pelo menos cinco<br />

anos <strong>de</strong> amenorreia natural) foram consecutivamente recrutadas<br />

daquelas examinadas pela primeira vez na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Gastroenterologia do Hospital Geral entre janeiro e <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 2007. Para participar do estudo, todas as participantes <strong>de</strong>ram<br />

consentimento informado por escrito. Os critérios <strong>de</strong> exclusão<br />

foram: uso <strong>de</strong> medicamentos sabidamente capazes <strong>de</strong> infl uenciar<br />

a mineralização óssea (glicocorticoi<strong>de</strong>s durante mais <strong>de</strong><br />

três meses, medicamentos antiepilépticos, suplementação <strong>de</strong><br />

cálcio, varfarina, terapia <strong>de</strong> reposição hormonal, vitamina D<br />

e bifosfonatos), história <strong>de</strong> neoplasia, diabetes mellitus ou uso<br />

<strong>de</strong> metformina, disfunção hepática ou renal, uso <strong>de</strong> tabaco ou<br />

hábito alcoólico (mais <strong>de</strong> três doses por dia), suplementação<br />

com folato ou vitamina B12 e consumo <strong>de</strong> uma dieta exclusivamente<br />

vegetariana. O índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC) foi<br />

calculado como peso em quilogramas dividido pela altura em<br />

metros quadrados.<br />

Determinações plasmáticas<br />

Foi coletada uma amostra <strong>de</strong> sangue <strong>de</strong> uma veia antecubital<br />

<strong>de</strong> cada mulher na manhã seguinte a um jejum noturno. A<br />

vitamina B12 sérica foi <strong>de</strong>terminada em uma análise única, e<br />

sua concentração (pg/mL) foi medida com o uso <strong>de</strong> um imunoensaio<br />

<strong>de</strong> quimioluminescência comercializado (valores <strong>de</strong><br />

referência 200–950 pg/mL, CV 7%). Os níveis séricos <strong>de</strong> cálcio<br />

foram medidos por um eletrodo seletivo para íon com correção<br />

automática do pH (valores <strong>de</strong> referência 1,17–1,32 mmol/L)<br />

fosfatase alcalina óssea (FAO) por ensaio <strong>de</strong> imunocaptura<br />

(valores <strong>de</strong> referência 11,6–43,4 U/L), fósforo por um método<br />

UV colorimétrico <strong>de</strong> rotina (valores <strong>de</strong> referência 2,5–4,8 mg/dL) e<br />

hormônio paratireoidiano (PTH) por imunoensaio <strong>de</strong> quimioluminescência<br />

(valores <strong>de</strong> referência 8–80 pg/mL).<br />

Densida<strong>de</strong> mineral óssea<br />

As DMOs do quadril e da coluna vertebral lombar foram<br />

<strong>de</strong>terminadas com DXA Lunar Prodigy Vision (Lunar Corp.,<br />

Madison, WI). Os estudos DXA foram obtidos por procedimentos<br />

<strong>de</strong> rotina para escaneamento e análise <strong>de</strong> acordo com<br />

as instruções do fabricante. O controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> diário<br />

foi realizado mediante a medição <strong>de</strong> um fantasma Lunar. Por<br />

ocasião do estudo, as mensurações fantasmas <strong>de</strong>monstraram<br />

resultados estáveis. O coeficiente <strong>de</strong> variação foi 1%. O<br />

diagnóstico <strong>de</strong> osteoporose foi estabelecido <strong>de</strong> acordo com os<br />

critérios da Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), representad<br />

por um T-score abaixo <strong>de</strong> −2,5 DP. 26<br />

Análise estatística<br />

A análise estatística foi realizada com o Statistical Package<br />

for the Social Sciences for Windows, versão 17 (SPSS Inc.,<br />

Chicago, IL). Os dados estão informados como média ±<br />

DP. Para as variáveis contínuas sem distribuição normal, os<br />

grupos foram comparados pelo teste U <strong>de</strong> Mann-Whitney.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos que P < 0,05 indica diferença signifi cativa. Foi<br />

utilizada análise <strong>de</strong> regressão faseada para avaliar variáveis<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente relacionadas à DMO, análise <strong>de</strong> regressão<br />

simples para expressar a relação entre uma variável in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

e DMO, análise <strong>de</strong> variância <strong>de</strong> fator único ou análise<br />

<strong>de</strong> covariância para fazer comparações entre grupos, e coefi -<br />

ciente <strong>de</strong> correlação ranqueada <strong>de</strong> Spearman para <strong>de</strong>terminar<br />

a potência da associação entre pares <strong>de</strong> parâmetros ósseos.<br />

RESULTADOS<br />

Foram incluídas no estudo 70 mulheres na pós-menopausa,<br />

todas com menopausa fi siológica. Consi<strong>de</strong>rando a população<br />

864 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):858-869


Níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12 não se relacionam com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea em mulheres brasileiras na pós-menopausa<br />

Tabela 1<br />

Parâmetros <strong>de</strong>mográfi cos e bioquímicos da população em estudo <strong>de</strong> 70 mulheres na pós-menopausa, <strong>de</strong> acordo com a classifi cação<br />

por <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea<br />

total do estudo, a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> na primeira consulta foi<br />

62,5 ± 6,9 anos (variação: 50–79), IMC médio <strong>de</strong> 27,1 ± 4,7 kg/<br />

m 2 (variação: 17,9–43), DMO média <strong>de</strong> 0,913 ± 0,153 g/cm 2<br />

(variação: 0,533–1,317) para o fêmur total, 0,864 ± 0,137 g/cm 2<br />

(variação: 0,564–1,234) para o colo femural e 1,003 ± 0,175 g/<br />

cm 2 (variação: 0,670– 1,414) para a coluna vertebral lombar. A<br />

média geométrica dos níveis plasmáticos <strong>de</strong> vitamina B12 foi<br />

565 ± 439 pg/mL (variação: 156–2261). Seis (8,6%) pacientes<br />

haviam sofrido fratura <strong>de</strong> pulso e dois (2,8%) informaram pelo<br />

menos uma fratura vertebral. Um (1,4%) paciente havia sofrido<br />

uma fratura do quadril.<br />

Na avaliação por DXA, consi<strong>de</strong>rou-se que 19 (27,1%)<br />

mulheres apresentavam osteoporose (T-score abaixo <strong>de</strong> −2,5),<br />

33 (47,1%) apresentavam osteopenia (T-score entre −2,5 e −1),<br />

e 18 (25,7%) apresentavam valores normais para DMO. Os<br />

parâmetros <strong>de</strong>mográfi cos e bioquímicos dos três subgrupos,<br />

<strong>de</strong> acordo com o diagnóstico <strong>de</strong>nsitométrico, estão resumidos<br />

na Tabela 1. A média ± DP para os níveis <strong>de</strong> vitamina B12 (pg/<br />

mL) <strong>de</strong> mulheres com DMO normal, osteopenia e osteoporose<br />

foram 590,2 ± 364,3, 536,6 ± 4<strong>52</strong>,3 e 590,2 ± 497,9, respectivamente<br />

(P = 0,881) (Figura 1). A análise <strong>de</strong> regressão múltipla<br />

<strong>de</strong>monstrou que IMC e FAO foram os principais preditores <strong>de</strong><br />

DMO da coluna vertebral lombar (Tabela 2).<br />

DISCUSSÃO<br />

Normal<br />

(n = 18)<br />

A osteoporose é um transtorno esquelético caracterizado<br />

por comprometimento da resistência óssea, predispondo o<br />

Osteopenia<br />

(n = 33)<br />

Osteoporose<br />

(n = 19)<br />

Ida<strong>de</strong> (anos) 61,7 ± 6,5 63,2 ± 7,5 62,5 ± 6,9 0,748<br />

IMCa (kg/m2 ) 30,6 ± 4,9 26,3 ± 4,2 25,2 ± 3,8 0,001<br />

Ida<strong>de</strong> da menopausa (anos) 47,3 ± 4,2 49,2 ± 3,7 48,8 ± 4,9 0,308<br />

Duração da menopausa (anos) 14,4 ± 6,1 14 ± 7,1 13,8 ± 7,9 0,908<br />

DMOb da coluna vertebral lombar (g/cm2 ) 1,213 ± 0,109 1,003 ± 0,097 0,804 ± 0,057 < 0,001<br />

DMOb do colo femoral (g/cm2 ) 1,026 ± 0,089 0,833 ± 0,081 0,765 ± 0,119 < 0,001<br />

DMOb femoral total (g/cm2 ) 1,090 ± 0,106 0,880 ± 0,097 0,795 ± 0,117 < 0,001<br />

Vitamina B12 (pg/mL) 590,2 ± 364,3 536,6 ± 4<strong>52</strong>,3 590,2 ± 497,9 0,881<br />

Cálcio sérico (mmol/L) 1,22 ± 0,06 1,24 ± 0,03 1,26 ± 0,06 0,026<br />

Fósforo sérico (mg/dL) 3,8 ± 0,59 3,7 ± 0,59 3,6 ± 0,55 0,480<br />

Fosfatase alcalina óssea sérica (U/L) 25,6 ± 8,8 26,7 ± 5,7 34,2 ± 12,6 0,006<br />

PTHc sérico (pg/mL) 42,2 ± 12,0 45,9 ± 14,4 41,1 ± 16,7 0,463<br />

Valores expressados em média ± DP. a : índice <strong>de</strong> massa corporal; b : <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea.<br />

Figura 1<br />

Níveis <strong>de</strong> vitamina B12 <strong>de</strong> acordo com a Organização<br />

Mundial da Saú<strong>de</strong> para <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):858-869 865<br />

Nível <strong>de</strong> vitamina B12 (pg/mL)<br />

600<br />

590<br />

580<br />

570<br />

560<br />

550<br />

540<br />

530<br />

<strong>52</strong>0<br />

510<br />

500<br />

*<br />

*<br />

Normal Osteopenia Osteoporose<br />

Densida<strong>de</strong> mineral óssea<br />

*<br />

P<br />

*P = 0,881<br />

Tabela 2<br />

Correlação entre os resultados <strong>de</strong> DXA e variáveis relacionadas<br />

ao osso<br />

Pares <strong>de</strong> variáveis ra P<br />

DMOb e IMCc 0,287 0,002<br />

DMO e cálcio −0,16 0,11<br />

DMO e fósforo 0,03 0,78<br />

DMO e PTHd 0,01 0,94<br />

DMO e fosfatase alcalina óssea 0,34 0,001<br />

DMO e ida<strong>de</strong> −0,091 0,34<br />

DMO e vitamina B12 0,009 0,93<br />

a b c d : coefi ciente <strong>de</strong> Spearman; : <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea; : índice <strong>de</strong> massa corporal; : hormônio<br />

paratireoidiano.


Kakehasi et al.<br />

indivíduo a maior risco <strong>de</strong> fraturas, especialmente <strong>de</strong> quadril,<br />

pulso e coluna vertebral. A <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> estrogênio na<br />

pós-menopausa aumenta a taxa <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lagem óssea e a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> osso perdido a cada ciclo <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lagem. 27<br />

Além disso, muitos fatores <strong>de</strong> risco estão associados a fraturas<br />

<strong>de</strong> osteoporose, inclusive baixa massa óssea <strong>de</strong> pico, fatores<br />

hormonais, doenças crônicas, uso <strong>de</strong> drogas, tabagismo, pouca<br />

ativida<strong>de</strong> física, baixa ingestão <strong>de</strong> cálcio e vitamina D, baixa<br />

estatura e história pessoal ou familiar <strong>de</strong> fratura.<br />

A <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina B12 também foi relacionada a<br />

baixa massa óssea e a maior risco <strong>de</strong> fratura, mas os resultados<br />

são controversos (Tabela 3). Tucker et al. 6 <strong>de</strong>monstraram uma<br />

relação entre baixa massa óssea no quadril e na coluna vertebral<br />

lombar e baixos níveis <strong>de</strong> vitamina B12. O mesmo achado foi<br />

observado em estudos <strong>de</strong> Cagnacci et al. 12,13 e Gjestal et al. 28 Do<br />

mesmo modo, Rejnmark et al. 11 <strong>de</strong>monstraram haver associação<br />

signifi cativa entre ingestão <strong>de</strong> folato (mas não <strong>de</strong> vitamina<br />

B12) e massa óssea. Um estudo <strong>de</strong> Dhonukshe-Rutten et al. 5<br />

alertou para o fato <strong>de</strong> que a vitamina B12 estava associada à<br />

baixa DMO em mulheres, mas não em homens.<br />

A <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina B12, comum entre os idosos,<br />

po<strong>de</strong> levar a complicações neurológicas caracterizadas por<br />

parestesia, perda da propriocepção e redução do sentido <strong>de</strong><br />

vibração nos membros inferiores, condições que po<strong>de</strong>m aumentar<br />

a propensão para quedas. 29,30 Estudos epi<strong>de</strong>miológicos<br />

na população geral <strong>de</strong>monstraram prevalência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fi ciência<br />

<strong>de</strong> vitamina B12 <strong>de</strong> aproximadamente 20% (entre 5% e 60%),<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da <strong>de</strong>fi nição <strong>de</strong> <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> cobalamina.<br />

A cobalamina é cofator importante no metabolismo dos<br />

aminoácidos, e sua <strong>de</strong>fi ciência po<strong>de</strong> ser responsável pelo aumento<br />

nos níveis <strong>de</strong> homocisteína, que também estão ligados<br />

à osteoporose e às fraturas ósseas. 14,16,17 Aparentemente a homocisteína<br />

interfere com as interligações do colágeno recém-<br />

formado e estimula a formação e a ativida<strong>de</strong> dos osteoblastos.<br />

Tabela 3<br />

Resumo dos estudos que analisaram os níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12, risco <strong>de</strong> fratura e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea<br />

Autor Participantes DMO<br />

Risco <strong>de</strong><br />

fratura<br />

Dhonukshe-Rutten RA et al. 5 194, homens e mulheres + ND<br />

Cagnacci A et al. 12 161, mulheres na pós-menopausa − ND<br />

Comentários<br />

Macdonald HM et al. 40 1.241, mulheres, 45−54 anos − ND<br />

Stone KL et al. 41<br />

83, mulheres na pósmenopausa,<br />

>65 anos<br />

− ND<br />

Tucker KL et al. 6 2.456, homens e mulheres + ND<br />

Ravaglia P et al. 42 702, homens e mulheres ND −<br />

Risco <strong>de</strong> fratura associado<br />

a níveis <strong>de</strong> folato<br />

Morris MS et al. 43 1.550, homens e mulheres + ND<br />

Dhonukshe-Rutten RA et al. 14 1.267, homens e mulheres + + DMO por BUA<br />

Sato Y et al. 44<br />

433, pacientes <strong>de</strong> AVC<br />

hemiplégicos<br />

− +<br />

Gjesdal CG et al. 28 5.338, homens e mulheres − ND<br />

DMO associada a níveis<br />

<strong>de</strong> homocisteína<br />

Gjesdal CG et al. 45 4.766, homens e mulheres ND −<br />

Baines M et al. 46 328, mulheres na pós-menopausa − ND DMO associada a níveis <strong>de</strong> folato<br />

Gerdhem P et al. 5 996, mulheres >75 anos ND −<br />

McLean RR 7 1.002, homens e mulheres + +<br />

Cagnacci A et al. 13 117, mulheres na pós-menopausa − ND<br />

Ouzzif Z et al. 18 188, mulheres na pós-menopausa + ND<br />

Presente estudo, 2012 70, mulheres na pós-menopausa − ND<br />

+: relação signifi cativa; −: sem relação; DMO: <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea; BUA: atenuação da onda sonora; ND: não disponível.<br />

Sem associação com<br />

níveis <strong>de</strong> folato<br />

Cinco anos <strong>de</strong> acompanhamento,<br />

mudança na DMO associada<br />

a níveis <strong>de</strong> folato<br />

Associação com DMO<br />

do quadril, mas não da<br />

coluna vertebral lombar<br />

866 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):858-869


Níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12 não se relacionam com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea em mulheres brasileiras na pós-menopausa<br />

Mas a vitamina B12 po<strong>de</strong> infl uenciar o metabolismo ósseo<br />

por outras vias, além do metabolismo da homocisteína. Outro<br />

efeito possível po<strong>de</strong>ria ser a ação direta da vitamina B12 nos<br />

osteoblastos, visto ter sido observada uma resposta funcional e<br />

proliferativa dose-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte quando duas linhagens celulares<br />

<strong>de</strong> osteossarcoma foram estimuladas com cianocobalamina. 15<br />

Em concordância com nossos resultados, Cagnacci et al., 13<br />

em um estudo com 117 mulheres na pós-menopausa, não<br />

observaram relação signifi cativa entre a mudança na DMO<br />

vertebral e vitamina B12; mas a taxa anual <strong>de</strong> mudança na<br />

DMO vertebral estava in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente relacionada aos<br />

níveis <strong>de</strong> folato. Não foi observada relação com homocisteína.<br />

Um estudo transversal <strong>de</strong> Rejnmark et al. 11 <strong>de</strong>monstrou correlações<br />

positivas entre o consumo diário proveniente da dieta e<br />

o consumo da dieta acrescido <strong>de</strong> suplementos <strong>de</strong> folato e DMO<br />

no colo femural; mas também, nesse caso, sem relação entre<br />

DMO e vitamina B6 ou B12 em mulheres na pós-menopausa.<br />

Um estudo seccional relatou os valores médios da análise<br />

nutricional <strong>de</strong> registros alimentares com homocisteína e cobalamina<br />

sérica livre em mulheres brasileiras adultas, não tendo<br />

<strong>de</strong>monstrado ingestão <strong>de</strong>fi ciente. 31<br />

A redução da aci<strong>de</strong>z gástrica, resultante do envelhecimento<br />

ou da gastrite atrófi ca (que po<strong>de</strong> ocorrer por um mecanismo autoimune,<br />

ou como estágio avançado da infecção por H. pylori),<br />

po<strong>de</strong> estar implicada em indivíduos com comprometimento do<br />

quadro da vitamina B12. 32 Estima-se que a hipocloridria afete<br />

até 40% dos idosos, estando associada ao comprometimento<br />

da absorção <strong>de</strong> vitamina B12 ligada à proteína. Embora um<br />

estudo retrospectivo em mulheres tenha observado taxas mais<br />

elevadas <strong>de</strong> fratura entre aquelas com anemia perniciosa, em<br />

comparação com controles normais, 33 não pu<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>tectar<br />

qualquer diferença na DMO entre pacientes com gastrite autoimune,<br />

gastrite por H. pylori e controles normais. 34 Também<br />

é possível que o uso aumentado <strong>de</strong> bloqueadores ácidos possa<br />

contribuir para a ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina B12. 35<br />

Apesar do cálcio sérico mais alto no grupo <strong>de</strong> osteoporose,<br />

a análise estatística entre cálcio e outros parâmetros não<br />

<strong>de</strong>monstrou diferença signifi cativa, po<strong>de</strong>ndo ser explicado<br />

pela ativida<strong>de</strong> osteoclástica nesse grupo, visto que nenhuma<br />

paciente apresentou níveis acima do limite superior normal<br />

nem outras condições patológicas hipercalcêmicas.<br />

Nosso estudo tem limitações, pois o tamanho da amostra<br />

não permite a generalização dos resultados; mas até on<strong>de</strong> vai<br />

nosso conhecimento, essa é a primeira investigação da relação<br />

entre o quadro <strong>de</strong> vitamina B12 e DMO em mulheres brasileiras<br />

na pós-menopausa. Embora as participantes tenham sido<br />

recrutadas da comunida<strong>de</strong>, observamos critérios <strong>de</strong> exclusão<br />

como doenças e situações que pu<strong>de</strong>ssem infl uenciar a saú<strong>de</strong><br />

óssea. Isso faz com que os resultados sejam menos passíveis<br />

<strong>de</strong> generalização, mas po<strong>de</strong> dar base à ausência <strong>de</strong> associação<br />

entre níveis <strong>de</strong> vitamina B12 e DMO, pois os estudos que<br />

investigaram vitamina B12, DMO e risco <strong>de</strong> fratura não são<br />

homogêneos. 8 Também não medimos os níveis <strong>de</strong> ácido metilmalônico<br />

ou <strong>de</strong> homocisteína para confi rmar a <strong>de</strong>fi ciência funcional<br />

<strong>de</strong> vitamina B12 e, por ter sido um estudo observacional,<br />

as participantes não foram selecionadas com base na evidência<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina B12. Não fi zemos <strong>de</strong>terminações dos<br />

níveis <strong>de</strong> vitamina D em nossa população em estudo. Embora<br />

importante, po<strong>de</strong>m ocorrer diferenças étnicas nos efeitos do<br />

baixo quadro <strong>de</strong> vitamina D na massa óssea ou no metabolismo<br />

ósseo. 36,37 Caracteristicamente, os afro-americanos têm níveis<br />

<strong>de</strong> vitamina D mais baixos que os americanos caucasianos;<br />

contudo, têm prevalência mais baixa <strong>de</strong> osteoporose. 38 Um<br />

estudo transversal brasileiro em mulheres na pós-menopausa<br />

avaliou a correlação entre <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> vitamina D e DMO.<br />

Embora tenha sido observada elevada incidência <strong>de</strong> concentrações<br />

séricas ina<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> 25-OH vitamina D (68,3%),<br />

com presença <strong>de</strong> 8% com hiperparatireoidismo secundário,<br />

não foram observadas diferenças signifi cativas entre as concentrações<br />

séricas <strong>de</strong> vitamina D e DMO. 39<br />

Consi<strong>de</strong>rando que o risco <strong>de</strong> fraturas por osteoporose é mais<br />

alto em mulheres que em homens, todas as mulheres na pós- menopausa<br />

com mais <strong>de</strong> 65 anos <strong>de</strong>vem ser examinadas para osteoporose.<br />

Mulheres na pós-menopausa mais jovens com fraturas ou<br />

fatores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>vem passar por uma avaliação <strong>de</strong>nsitométrica<br />

e laboratorial para osteoporose. Isso reforça a importância da<br />

i<strong>de</strong>ntifi cação dos fatores <strong>de</strong> risco em diferentes populações, com<br />

implicações diretas para o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. Nossos resultados<br />

indicam que os níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12 não parecem<br />

ser fator indicativo para triagem <strong>de</strong> baixa DMO em <strong>de</strong>terminada<br />

população <strong>de</strong> mulheres na pós-menopausa. Portanto, os resultados<br />

até agora disponíveis sugerem que um baixo nível <strong>de</strong> vitamina<br />

B12 não é fator <strong>de</strong> risco confi ável para osteoporose em mulheres<br />

brasileiras na pós-menopausa.<br />

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Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):858-869 869


ARTIGO ORIGINAL<br />

Impacto dos exercícios na capacida<strong>de</strong><br />

funcional e dor em pacientes com osteoartrite<br />

<strong>de</strong> joelhos: ensaio clínico randomizado<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Aline Mizusaki Imoto <strong>de</strong> Oliveira 1 , Maria Stella Peccin 2 , Kelson Nonato Gomes da Silva 1 ,<br />

Lucas Emmanuel Pedro <strong>de</strong> Paiva Teixeira 3 , Virgínia Fernan<strong>de</strong>s Moça Trevisani 4<br />

Introdução: A fraqueza muscular, especialmente do quadríceps, é uma das principais repercussões osteomusculares da<br />

osteoartrite <strong>de</strong> joelho, e os exercícios são consi<strong>de</strong>rados uma das principais intervenções no tratamento conservador da doença.<br />

Objetivo: Avaliar o efeito do fortalecimento do quadríceps femural na capacida<strong>de</strong> funcional e nos sintomas relacionados à<br />

osteoartrite <strong>de</strong> joelho utilizando o teste Timed Up and Go (TUG), o questionário Western Ontario and McMaster Universities<br />

Osteoarthritis In<strong>de</strong>x (WOMAC) e o Índice <strong>de</strong> Lequesne. Métodos: Foram randomizados 100 pacientes, divididos em<br />

dois grupos: 1) Grupo Exercício (n = 50), o qual incluiu bicicleta estacionária, alongamento dos músculos isquiotibiais e<br />

fortalecimento do músculo quadríceps, e 2) Grupo Orientação (n = 50), que recebeu um manual <strong>de</strong> orientações a fi m <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>screver a osteoartrite <strong>de</strong> joelho e instruir os pacientes a como ajustar o dia a dia <strong>de</strong> acordo com os sintomas. Os pacientes<br />

foram informados sobre os sinais e sintomas da doença e os cuidados durante as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diária. O manual não<br />

incluiu orientação <strong>de</strong> exercícios. Resultados: O Grupo Exercício apresentou melhora estatisticamente signifi cante no teste<br />

TUG, nos aspectos dor, função e rigi<strong>de</strong>z do questionário WOMAC e no índice Lequesne, quando comparado ao Grupo<br />

Orientação. Conclusão: Exercícios para fortalecimento do quadríceps com duração <strong>de</strong> oito semanas são efetivos na melhora<br />

<strong>de</strong> dor, função e rigi<strong>de</strong>z em pacientes com osteoartrite <strong>de</strong> joelho.<br />

Palavras-chave: osteoartrite <strong>de</strong> joelho, osteoartrite, reabilitação, ensaio clínico controlado randomizado.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A osteoartrite (OA) é caracterizada por <strong>de</strong>generação articular<br />

e é a maior causa <strong>de</strong> dor musculoesquelética crônica e <strong>de</strong> limitação<br />

da mobilida<strong>de</strong> em pessoas idosas no mundo. 1,2 Dentre<br />

as doenças reumáticas, a OA representa cerca <strong>de</strong> 30%–40%<br />

das consultas em ambulatórios <strong>de</strong> reumatologia. Além <strong>de</strong>sse<br />

fato, sua importância po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrada pelos dados da<br />

Previdência Social no Brasil, pois é responsável por 7,5% <strong>de</strong><br />

todos os afastamentos do trabalho; é a segunda doença entre as<br />

que justifi cam o auxílio-inicial, com 7,5% do total; é a segunda<br />

também em relação ao auxílio-doença, com 10,5%; e é a quarta<br />

a <strong>de</strong>terminar aposentadoria (6,2%). 3<br />

A fraqueza muscular, especialmente do quadríceps, é uma<br />

das principais repercussões osteomusculares da OA <strong>de</strong> joelho. 4<br />

O défi cit <strong>de</strong> força na população com OA varia entre 15%–18%<br />

em pessoas no início da doença, 24% em pessoas com grau II<br />

(segundo classifi cação <strong>de</strong> Kellgren & Lawrence) e 38% em<br />

pessoas com grau IV. 4 Hurley et al. 5 sugeriram que mudanças<br />

<strong>de</strong>generativas na estrutura do joelho com OA po<strong>de</strong>m resultar<br />

em informação sensorial alterada <strong>de</strong> mecanorreceptores da<br />

articulação e, assim, reduzir a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativar o quadríceps.<br />

Recebido em 13/11/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse. Suporte Financeiro: Fundação<br />

<strong>de</strong> Apoio à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo – FAPESP. Comitê <strong>de</strong> Ética: 0141/07.<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo – Unifesp.<br />

1. Doutor em Ciências, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo – Unifesp<br />

2. Doutora em Ciências, Unifesp; Professora-Adjunta, Unifesp; Pesquisadora do Centro Cochrane do Brasil – Cochrane Collaboration<br />

3. Doutor em Ciências, Unifesp; Professor-Adjunto, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Amazonas – UFAM<br />

4. Doutora em <strong>Reumatologia</strong>, Unifesp; Assistente-Doutora da Disciplina <strong>de</strong> Medicina <strong>de</strong> Urgência e Medicina Baseada em Evidências, Unifesp; Professora<br />

Orientadora da Pós-graduação em Medicina Interna e Terapêutica, Unifesp<br />

Correspondência para: Aline Mizusaki Imoto <strong>de</strong> Oliveira. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo. Departamento <strong>de</strong> Medicina Interna e Terapêutica. Rua Pedro <strong>de</strong> Toledo,<br />

598 – Vila Clementino. CEP: 04039-001. São Paulo, SP, Brasil. E-mail: aline.mizusaki@globo.com<br />

876 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):870-882


Impacto dos exercícios na capacida<strong>de</strong> funcional e dor em pacientes com osteoartrite <strong>de</strong> joelhos: ensaio clínico randomizado<br />

Com isso, é possível perceber a relevância da fraqueza do<br />

quadríceps em pacientes com OA. 4<br />

Acredita-se que a fraqueza do quadríceps leve à redução da<br />

capacida<strong>de</strong> funcional, predispondo o joelho a maior dano estrutural,<br />

já que esse músculo atua como um absorvedor <strong>de</strong> choque<br />

da articulação do joelho. 6 A origem da fraqueza do quadríceps<br />

femural em pacientes com OA não é clara. Hurley et al. 5 têm<br />

<strong>de</strong>monstrado que alguns pacientes com OA exibem inabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ativar o quadríceps <strong>de</strong> forma completa, uma condição que<br />

po<strong>de</strong> ser chamada <strong>de</strong> falha na ativação do quadríceps (FAQ).<br />

Os exercícios são consi<strong>de</strong>rados uma das principais intervenções<br />

no tratamento conservador para pacientes com OA <strong>de</strong><br />

joelho. 7 Os principais objetivos são: redução da dor, melhora<br />

da função e melhora dos aspectos sociais e ocupacionais. 8 Doi<br />

et al. 9 compararam o efeito <strong>de</strong> exercícios domiciliares para<br />

o fortalecimento do quadríceps e o uso <strong>de</strong> anti-infl amatório<br />

não hormonal (AINH) por um período <strong>de</strong> oito semanas. Não<br />

houve diferença na melhora obtida nos dois grupos, segundo<br />

a avaliação do Western Ontario and McMaster Universities<br />

Osteoarthritis In<strong>de</strong>x (WOMAC). Os autores concluíram que<br />

os exercícios domiciliares direcionados para o fortalecimento<br />

do quadríceps melhoram a OA <strong>de</strong> joelho não menos que o<br />

uso <strong>de</strong> AINH. Exercícios mo<strong>de</strong>rados mostraram ser um bom<br />

tratamento não apenas na melhora dos sintomas e da função,<br />

mas também no conteúdo <strong>de</strong> glicosaminoglicanas na cartilagem<br />

do joelho em pacientes em alto risco <strong>de</strong> OA. 10<br />

A alta prevalência da OA <strong>de</strong> joelho e seu impacto na função<br />

e na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida mostram a importância <strong>de</strong> pesquisa<br />

sobre estratégias <strong>de</strong> prevenção e <strong>de</strong> tratamento para essa condição<br />

clínica. 11 O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi avaliar o efeito do<br />

fortalecimento muscular do quadríceps femural na capacida<strong>de</strong><br />

funcional e na dor <strong>de</strong> pacientes com OA <strong>de</strong> joelho.<br />

MÉTODOS<br />

O presente estudo foi realizado no Ambulatório <strong>de</strong> Especialida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> Interlagos, São Paulo, Brasil. Os médicos do Departamento<br />

<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> encaminharam os pacientes para a participação<br />

no estudo <strong>de</strong> acordo com os critérios <strong>de</strong> inclusão e exclusão.<br />

Um estatístico foi o responsável por realizar a alocação dos<br />

pacientes em cada grupo por meio <strong>de</strong> randomização numérica<br />

computadorizada. A fi m <strong>de</strong> evitar o viés <strong>de</strong> seleção, uma terceira<br />

pessoa, não envolvida no estudo, numerou e selou os envelopes<br />

opacos. Os pacientes foram alocados em dois grupos: 1) Grupo<br />

Exercício (GEx), (n = 50); e 2) Grupo Orientação (GO), (n = 50).<br />

A medicação dos pacientes foi padronizada e não foi modifi cada<br />

durante o período da pesquisa. O analgésico prescrito foi o<br />

paracetamol, e as medicações para o tratamento da OA foram a<br />

diacereína e a cloroquina. Todos os pacientes assinaram o termo<br />

<strong>de</strong> consentimento informado para a participação no estudo, que<br />

foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

São Paulo (CEP 0141/07).<br />

Tamanho da amostra<br />

O cálculo do tamanho da amostra estabeleceu que uma amostra<br />

<strong>de</strong> 40 sujeitos seria capaz <strong>de</strong> proporcionar um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> 80%<br />

para <strong>de</strong>tectar uma diferença clínica mínima no teste Timed Up<br />

and Go (TUG) <strong>de</strong> 1 ± 3 segundos. Foi utilizada uma comparação<br />

pareada entre os três grupos com nível <strong>de</strong> signifi cância <strong>de</strong><br />

0,05 (teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt) usando ANCOVA. Para minimizar o<br />

efeito <strong>de</strong> possíveis perdas, o presente estudo seguiu o padrão<br />

ouro <strong>de</strong> evidência em reumatologia, alocando 50 pacientes<br />

em cada grupo. 12<br />

Critérios <strong>de</strong> inclusão e exclusão<br />

Os critérios <strong>de</strong> inclusão consistiram em: ida<strong>de</strong> entre 50 e 75<br />

anos; OA grau II ou maior, baseado na classifi cação radiográfi -<br />

ca <strong>de</strong> Kellgren & Lawrence; 13 diagnóstico <strong>de</strong> OA <strong>de</strong> joelho <strong>de</strong><br />

acordo com os critérios estabelecidos pelo American College of<br />

Rheumatology. Os critérios <strong>de</strong> exclusão foram: uso <strong>de</strong> marca-<br />

passo; condições cardíacas instáveis; participante <strong>de</strong> outro programa<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física; incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedalar em bicicleta<br />

estacionária; incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ambulação; ter sido submetido<br />

a artroplastia <strong>de</strong> joelho ou quadril; diagnóstico <strong>de</strong> fi bromialgia;<br />

epilepsia e local <strong>de</strong> aplicação com tumor ou lesão cutânea.<br />

Intervenção<br />

Os pacientes <strong>de</strong> ambos os grupos (GEx e GO) receberam um<br />

manual com orientações sobre como não sobrecarregar o joelho<br />

em ativida<strong>de</strong>s diárias e com instruções para utilizar bolsa<br />

<strong>de</strong> gelo em caso <strong>de</strong> dor e infl amação, e compressa morna, em<br />

caso <strong>de</strong> dor sem sinais infl amatórios (Figura 1). Vale ressaltar<br />

que os pacientes <strong>de</strong> ambos os grupos foram receitados também<br />

quanto ao uso da medicação citada anteriormente.<br />

Grupo Exercício (GEx)<br />

O período <strong>de</strong> intervenção do GEx foi <strong>de</strong> oito semanas, em uma<br />

frequência semanal <strong>de</strong> duas vezes. O protocolo <strong>de</strong> exercício<br />

incluiu: aquecimento por 10 minutos em bicicleta estacionária;<br />

alongamento dos músculos isquiotibiais com auxílio <strong>de</strong> uma<br />

faixa elástica (três séries <strong>de</strong> 30 segundos); e três séries <strong>de</strong> 15<br />

repetições <strong>de</strong> exercício para extensão <strong>de</strong> joelho, com intervalo<br />

entre as séries <strong>de</strong> 30–45 segundos. A posição <strong>de</strong> realização do<br />

exercício foi sentada, com o quadril e o joelho em 90º <strong>de</strong> fl exão.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):870-882 877


Oliveira et al.<br />

MANUAL DE ORIENTAÇÃO PARA PACIENTES COM<br />

OSTEOARTRITE DO JOELHO<br />

Este material <strong>de</strong> orientação tem o objetivo <strong>de</strong> esclarecer<br />

sobre a osteoartrite e como você po<strong>de</strong> ajustar o seu<br />

dia-a-dia <strong>de</strong> acordo com os seus sintomas no joelho.<br />

Procure seguir nossas orientações com serieda<strong>de</strong> para<br />

o seu próprio benefício!<br />

O JOELHO<br />

A articulação do joelho é composta por 3 ossos – o<br />

fêmur (osso da coxa), a patela (rótula) e a tíbia<br />

(osso da perna). Possui músculos, cápsula,<br />

ligamentos, meniscos e a cartilagem que reveste<br />

os ossos e os protege contra impacto. A articulação<br />

do joelho suporta gran<strong>de</strong> parte da carga do nosso<br />

corpo.<br />

O QUE É OSTEOARTRITE?<br />

É uma doença que provoca <strong>de</strong>sgaste da cartilagem<br />

articular. As camadas da cartilagem tornam-se<br />

danificadas e ao passar do tempo <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong><br />

suavizar o contato entre as superfícies ósseas da<br />

articulação. A dor é provocada pelo atrito <strong>de</strong> um<br />

osso contra o outro, na ausência ou diminuição da<br />

cartilagem articular.<br />

Figura 1<br />

Manual para pacientes com osteoartrite do joelho.<br />

Quais são os sinais e sintomas?<br />

O paciente com osteoartrite po<strong>de</strong> apresentar dor<br />

principalmente quando vai iniciar o movimento o que<br />

<strong>de</strong>nominamos rigi<strong>de</strong>z matinal ou após imobilização.<br />

Com o passar do tempo, a dor po<strong>de</strong> aumentar e<br />

persistir durante o dia. É frequente a presença <strong>de</strong><br />

crepitação ao movimento dos joelhos.<br />

Quais são as dificulda<strong>de</strong>s que eu posso ter no<br />

meu dia-a-dia?<br />

As difi culda<strong>de</strong>s no dia-a-dia variam <strong>de</strong> acordo com<br />

os sintomas dos pacientes. Mas, geralmente existe a<br />

difi culda<strong>de</strong> e dor ao apoiar o peso do corpo em cima<br />

do joelho acometido, subir e <strong>de</strong>scer escadas ou andar.<br />

O que fazer se eu sentir dor?<br />

A osteoartrite tem tratamento e esse <strong>de</strong>ve ser<br />

orientado pelo médico. Mas uma forma simples <strong>de</strong><br />

você melhorar a sua dor é colocar uma bolsa <strong>de</strong> água<br />

morna para quente sobre a articulação do joelho.<br />

(cuidado para não queimar a pele; use uma proteção<br />

e teste antes a temperatura da água).<br />

E se eu tiver inchaço?<br />

Para lidar com o inchaço, você po<strong>de</strong> combinar o<br />

repouso, compressa <strong>de</strong> gelo e elevação da perna<br />

acima do nível do coração. O gelo <strong>de</strong>ve ser realizado<br />

sobre a articulação do joelho por 20 min.<br />

Quais outros cuidados <strong>de</strong>vo ter?<br />

l Se você estiver acima do peso, reduzir poucos<br />

quilos diminuirá o estresse sobre a articulação.<br />

l Use sapatos confortáveis com sola <strong>de</strong> borracha<br />

e sem salto.<br />

l Em caso <strong>de</strong> dor ao andar, use uma bengala<br />

como auxílio.<br />

l Procure dormir bem.<br />

COMPLEMENTAÇÕES<br />

APÓS 8 SEMANAS DO RECEBIMENTO DESTE MANUAL,<br />

(DIA:___/___/___), VOCÊ DEVERÁ RETORNAR PARA<br />

VERIFICAR COMO FOI A SUA EVOLUÇÃO DURANTE<br />

ESTE PERÍODO.<br />

878 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):870-882


Impacto dos exercícios na capacida<strong>de</strong> funcional e dor em pacientes com osteoartrite <strong>de</strong> joelhos: ensaio clínico randomizado<br />

A a<strong>de</strong>quação da carga utilizada no exercício <strong>de</strong> fortalecimento<br />

foi <strong>de</strong>fi nida com base no teste <strong>de</strong> 10 repetições máximas<br />

em vez do teste <strong>de</strong> uma repetição máxima, para evitar a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lesão causada por uma contração muscular<br />

excessiva. Foi utilizada 50%–60% da carga máxima estimada. 14<br />

Grupo Orientação (GO)<br />

Os pacientes do GO seguiram o manual <strong>de</strong> orientação. Por<br />

volta da segunda e da sexta semana os pacientes receberam<br />

dois telefonemas como forma <strong>de</strong> estímulo ao seguimento das<br />

orientações. Buscou-se explicar o manual <strong>de</strong> orientação ao paciente<br />

<strong>de</strong> uma forma simples e fácil, para melhor compreensão.<br />

Desfechos primários e secundários<br />

As avaliações pré- e pós-intervenção foram realizadas por um<br />

fi sioterapeuta sob mascaramento em relação a qual dos grupos<br />

o paciente avaliado pertencia. Os <strong>de</strong>sfechos primários foram<br />

o teste TUG 15 e os aspectos dor, função e rigi<strong>de</strong>z do questionário<br />

WOMAC 16,17 (que foi validado e recomendado pela<br />

Osteoarthritis Research Society e escolhido como forma <strong>de</strong><br />

avaliação <strong>de</strong> adultos com OA do joelho). 16,17 O índice Lequesne<br />

foi <strong>de</strong>fi nido como <strong>de</strong>sfecho secundário. 18,19 O estudo <strong>de</strong> Faucher<br />

et al. 18 verifi cou que o Índice Lequesne é um questionário com<br />

boa reprodutibilida<strong>de</strong>. Vale ressaltar que foram utilizadas as<br />

versões traduzidas e validadas para o português (Brasil) dos<br />

questionários WOMAC e Índice Lequesne. 16–19<br />

Teste Timed Up and Go (TUG)<br />

O TUG é um teste com método simples e <strong>de</strong> baixo custo,<br />

<strong>de</strong>senvolvido para avaliar a mobilida<strong>de</strong> funcional do paciente<br />

em ativida<strong>de</strong>s do dia a dia. Esse teste compreen<strong>de</strong> a seguinte<br />

sequência <strong>de</strong> movimentos: levantar da ca<strong>de</strong>ira, andar três<br />

metros, dar a volta e sentar novamente na ca<strong>de</strong>ira. O tempo<br />

que o paciente leva para realizar a sequência do movimento é<br />

registrado para a comparação antes e após o tratamento. 15 Em<br />

nosso estudo, os pacientes foram familiarizados com o teste<br />

antes <strong>de</strong> registrar o tempo da coleta. Foi utilizado o melhor<br />

tempo <strong>de</strong> três tentativas.<br />

Questionário Western Ontario and McMaster<br />

Universities Osteoarthritis In<strong>de</strong>x (WOMAC)<br />

O WOMAC contém 17 questões em relação ao grau <strong>de</strong> difi culda<strong>de</strong><br />

para realizar ativida<strong>de</strong>s da vida diária (p. ex., <strong>de</strong>scer escadas)<br />

a fi m <strong>de</strong> avaliar a função física do paciente. O indivíduo é<br />

solicitado a indicar <strong>de</strong> 0 (nenhuma) a 4 (acentuada) o grau <strong>de</strong><br />

difi culda<strong>de</strong> nas últimas 72 horas. A pontuação individual para<br />

os 17 itens é somada para gerar uma pontuação que po<strong>de</strong> variar<br />

<strong>de</strong> 0 a 68. Quanto maior o escore, pior a função. Esse instrumento<br />

<strong>de</strong> avaliação também inclui questões em relação à dor e<br />

à rigi<strong>de</strong>z. O WOMAC com tradução e validação para a língua<br />

portuguesa 17 foi validado e recomendado pela Osteoarthritis<br />

Research Society como mensuração <strong>de</strong> escolha para avaliar<br />

adultos com OA <strong>de</strong> joelho. 16 Neste estudo, as pontuações do<br />

questionário WOMAC para dor, rigi<strong>de</strong>z e função foram analisadas<br />

separadamente.<br />

Índice Lequesne<br />

O Índice Lequesne foi traduzido e validado para a língua<br />

portuguesa em 2006. 19 Ele contém 10 questões específi cas<br />

para pacientes com OA <strong>de</strong> joelho relacionadas a dor, distância<br />

máxima percorrida andando e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida diária.<br />

A pontuação varia <strong>de</strong> 0 a 24 pontos, em que quanto maior a<br />

pontuação, pior a função. 18<br />

Medicação<br />

Os pacientes foram solicitados a anotar os dias em que consumiram<br />

analgésico em uma cartela, que foi entregue na reavaliação.<br />

O paracetamol foi a medicação para a dor receitada pelos<br />

médicos do Departamento <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> do Ambulatório<br />

<strong>de</strong> Interlagos, que auxiliaram na condução da pesquisa. Para<br />

controle da OA, os pacientes do estudo foram medicados com<br />

cloroquina e diacereína.<br />

Análise estatística<br />

A análise estatística foi realizada segundo os princípios da<br />

análise por intenção <strong>de</strong> tratar (ITT), que engloba todos os<br />

pacientes que foram randomizados. Utilizou-se um mo<strong>de</strong>lo<br />

misto <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> variância (ANOVA) com medidas repetidas,<br />

medidas <strong>de</strong> ocasião como fator intragrupo e intervenção<br />

como fator entre grupos. O tamanho do efeito (effect size) foi<br />

computado como a diferença entre as médias dividida pelo<br />

<strong>de</strong>svio padrão, utilizando Cohen’s d. As análises foram realizadas<br />

utilizando procedimentos GLM e MIXED no SAS 9.2<br />

para Windows. Para a comparação entre os grupos quanto ao<br />

número <strong>de</strong> dias em que os pacientes consumiram analgésicos,<br />

utilizou-se o teste estatístico <strong>de</strong> Kruskal-Wallis.<br />

RESULTADOS<br />

As características <strong>de</strong>mográfi cas dos pacientes quanto a gênero,<br />

lado tratado, ida<strong>de</strong>, índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC) e valores<br />

do teste TUG, aspectos dor, função e rigi<strong>de</strong>z do questionário<br />

WOMAC e Índice Lequesne estão <strong>de</strong>scritos na Tabela 1.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):870-882 879


Oliveira et al.<br />

Po<strong>de</strong>-se verifi car a homogeneida<strong>de</strong> dos grupos quanto a gênero,<br />

lado tratado, ida<strong>de</strong>, IMC e grau <strong>de</strong> OA. A pesquisa foi fi nalizada<br />

por 82 pacientes. A porcentagem <strong>de</strong> perda foi <strong>de</strong> 14% (n = 43)<br />

no GEx e <strong>de</strong> 24% (n = 38) no GO (Figura 2).<br />

Tabela 1<br />

Dados da avaliação inicial: média (DP) ou n (%)<br />

Grupo Orientação<br />

(n = 50)<br />

Grupo Exercício<br />

(n = 50)<br />

Ida<strong>de</strong> 58,78 (9,60) 61,50 (6,94) 0,10<br />

Gênero<br />

Feminino<br />

Masculino<br />

Lado tratado<br />

Direito<br />

Esquerdo<br />

Bilateral<br />

47 (94,00)<br />

3 (6,00)<br />

17 (34,00)<br />

22 (44,00)<br />

11 (22,00)<br />

45 (90,00)<br />

3 (6,00)<br />

11 (22,92)<br />

23 (47,92)<br />

14 (29,17)<br />

P<br />

0,71<br />

0,44<br />

IMC 30,00 ± 5,05 29,72 ± 4,11 0,83<br />

Grau KL (2-4)<br />

2<br />

3<br />

4<br />

91,18<br />

5,88<br />

2,94<br />

92,68<br />

4,88<br />

2,44<br />

0,85<br />

Teste TUG 10,08 ± 2,96 9,34 ± 2,47<br />

Índice Lequesne 13,39 (3,26) 13,63 (3,88) 0,73<br />

WOMAC dor 8,90 (4,38) 10,32 (3,54) 0,07<br />

WOMAC rigi<strong>de</strong>z 3,64 (2,28) 3,66 (2,64) 0,88<br />

WOMAC função 33,40 (12,58) 35,15 (11,88) 0,47<br />

IMC: índice <strong>de</strong> massa corporal; KL: Kellgreen Lawrence; TUG: Timed Up and Go Test; WOMAC: Western<br />

Ontario McMaster Universities; DP: <strong>de</strong>svio padrão.<br />

GEx<br />

Alocado para intervenção (n = 50)<br />

Recebeu a intervenção (n = 0)<br />

Não recebeu a intervenção (n = 0)<br />

Perdas (n = 7)<br />

Não a<strong>de</strong>são ao tratamento (n = 1)<br />

Interrompeu a intervenção (n = 6)<br />

Dor no joelho (n = 2)<br />

Morte na família (n = 1)<br />

Encontrou novo emprego (n = 2)<br />

Analizados (n = 50)<br />

Excluídos da análise (n = 0)<br />

Randomizados<br />

(n = 100)<br />

Figura 2<br />

Fluxograma dos pacientes do estudo.<br />

GEx: Grupo Exercício, GO: Grupo Orientação.<br />

GO<br />

Alocado para orientação (n = 50)<br />

Recebeu orientação (n = 50)<br />

Não recebeu orientação (n = 0)<br />

Perdas<br />

Não retornaram para<br />

avaliação fi nal (n = 12)<br />

Analizados (n = 50)<br />

Excluídos da análise (n = 0)<br />

Teste TUG<br />

Não houve diferença estatisticamente signifi cante na avaliação<br />

pré- e pós-intervenção no GO. Entretanto, no GEx houve<br />

diferença estatisticamente signifi cante nos escores do teste<br />

TUG (P < 0,0001). Comparando os grupos, houve melhora<br />

estatisticamente superior no teste TUG (P = 0,0008) no GEx<br />

em relação ao GO.<br />

Aspectos do questionário WOMAC<br />

e Índice Lequesne<br />

As mudanças entre os tempos pré- e pós-intervenção no GEx<br />

mostraram que houve melhora estatisticamente signifi cante<br />

nos escores dos aspectos dor (P < 0,0001), função (P < 0,0001)<br />

e rigi<strong>de</strong>z (P = 0,0009) do WOMAC e do Índice Lequesne<br />

(P < 0,0001). Na comparação entre os tempos pré- e pós-<br />

intervenção, os pacientes do GO não apresentaram mudanças<br />

estatisticamente signifi cantes nos aspectos dor, função e rigi<strong>de</strong>z<br />

do WOMAC. No Índice Lequesne, houve diferença estatisticamente<br />

signifi cante pré- e pós-intervenção (P = 0,043). Na<br />

comparação entre os grupos, <strong>de</strong> acordo com a análise por<br />

ITT, o GEx (P = 0,0026) apresentou melhora estatisticamente<br />

signifi cante em comparação ao GO nos aspectos função, dor<br />

(P = 0,0041) e rigi<strong>de</strong>z (P = 0,017) do questionário WOMAC<br />

(Tabela 2). Quanto ao Índice Lequesne, o GEx também apresentou<br />

melhora estatisticamente signifi cante quando comparado<br />

ao GO (P = 0,0078).<br />

Medicação consumida<br />

Não houve diferença estatisticamente signifi cante entre os<br />

grupos quanto ao número <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> analgésicos<br />

(Tabela 3) (P = 0,92).<br />

Eventos adversos<br />

Dois pacientes do GEx não toleraram os exercícios <strong>de</strong>vido ao<br />

aumento da dor e da infl amação, e foram excluídos.<br />

DISCUSSÃO<br />

O presente estudo mostrou a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oito semanas<br />

<strong>de</strong> exercício para fortalecimento do quadríceps, realizados<br />

duas vezes por semana, na melhora da dor e da função em<br />

pacientes com OA <strong>de</strong> joelho quando comparados a um grupo<br />

que recebeu apenas orientação. Um estudo comparou<br />

um grupo com exercício isocinético para fortalecimento do<br />

quadríceps versus um grupo que recebeu apenas orientação.<br />

20 Após oito semanas, houve melhora estatisticamente<br />

880 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):870-882


Impacto dos exercícios na capacida<strong>de</strong> funcional e dor em pacientes com osteoartrite <strong>de</strong> joelhos: ensaio clínico randomizado<br />

Tabela 2<br />

Mudanças intra e entre grupos (análise por intenção <strong>de</strong> tratar), média (DP)<br />

Grupo Orientação<br />

Oito semanas Mudança 95% IC<br />

Grupo Exercício<br />

Oito semanas Mudança 95% IC<br />

Diferença entre as médias P<br />

Teste TUG 9,22 ± 3,31 −0,57 (1,20; 0,06) 7,42 ± 1,70 −2,00 (−2,54; −1,46) 0,81 (0,33; 1,28) 0,00*<br />

Índice Lequesne 11,76 (4,04) −1,26 (−2,49; −0,03)* 9,78 (4,94) 3,95 (−5,39; −2,50)** 2,<strong>52</strong> (0,67; 4,37) 0,00*<br />

WOMAC dor 7,06 (4,24) −1,05 (−2,35; 0,23) 6,29 (3,96) −3,87 (−5,02; −2,72)** 2,56 (0,82; 4,28) 0,00*<br />

WOMAC rigi<strong>de</strong>z 3,38 (2,39) −0,14 (−1,14; 0,85) 2,10 (2,26) −1,51 (−2,36; −0,65)*** 1,33 (0,23; 2,42) 0,01*<br />

WOMAC função 29,44 (15,45) −1,97 (−6,56; 2,63) 23,83 (15,49) −10,95 (−14,84; −7,05)** 8,53 (3,04; 14,02) 0,00*<br />

*P < 0,05 diferença estatisticamente signifi cante; **P < 0,0001; ***0,0009.<br />

TUG: Timed Up and Go test; WOMAC: Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis In<strong>de</strong>x IC: intervalo <strong>de</strong> confi ança; DP: <strong>de</strong>svio padrão.<br />

Tabela 3<br />

Número dos dias <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> analgésico<br />

Grupos Média (DP) P<br />

Orientação 7,71 ± 13,69 0,92<br />

Exercício<br />

DP: <strong>de</strong>svio padrão.<br />

6,05 ± 9,31<br />

signifi cante no aspecto dor do WOMAC no grupo exercício,<br />

em comparação ao controle. Entretanto, não houve diferença<br />

entre os grupos quanto ao aspecto função do WOMAC. Isso<br />

po<strong>de</strong> ter ocorrido <strong>de</strong>vido à pouca diversida<strong>de</strong> da intervenção<br />

realizada, que consistiu apenas em exercícios isocinéticos<br />

e não <strong>de</strong>screveu a realização <strong>de</strong> alongamento ou exercício<br />

em bicicleta, esteira ou outro tipo <strong>de</strong> ergometria. Outro estudo<br />

21 não obteve diferença estatisticamente signifi cante no<br />

Knee injury and Osteoarthritis Outcome Score, que inclui<br />

o questionário WOMAC, entre um grupo <strong>de</strong> pacientes com<br />

OA <strong>de</strong> joelho que realizou exercícios <strong>de</strong> alta intensida<strong>de</strong> por<br />

seis semanas em comparação a um grupo que não recebeu<br />

qualquer intervenção. Entre as razões possíveis para esse<br />

resultado, evi<strong>de</strong>ncia-se o curto tempo <strong>de</strong> intervenção e a alta<br />

intensida<strong>de</strong> dos exercícios, que po<strong>de</strong> ter sobrecarregado os<br />

pacientes com grau mo<strong>de</strong>rado a acentuado <strong>de</strong> OA.<br />

Nossos resultados concordam com a revisão sistemática sobre<br />

a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercícios em pacientes com OA do joelho publicada<br />

pela Biblioteca Cochrane, 22 na qual os autores concluíram que<br />

existe nível platinum <strong>de</strong> evidência que os exercícios terapêuticos<br />

proporcionam benefício em curto prazo na redução da dor e na<br />

melhora da função em pacientes com OA <strong>de</strong> joelho. Entre os tratamentos<br />

utilizados pelos estudos incluídos na revisão, fi guram o<br />

fortalecimento do quadríceps e dos memb ros inferiores <strong>de</strong> forma<br />

global, bicicleta estacionária, caminhada e exercícios sem ênfase<br />

específi ca em fortalecimento ou aumento da capacida<strong>de</strong> aeróbica.<br />

A comparação entre um protocolo <strong>de</strong> caminhada e um programa<br />

<strong>de</strong> fortalecimento muscular mostrou que ambos foram efetivos, e<br />

não houve diferença estatisticamente signifi cante entre eles após<br />

18 meses <strong>de</strong> acompanhamento. 23 Dessa forma, recomenda-se uma<br />

combinação <strong>de</strong> exercícios aeróbicos e <strong>de</strong> fortalecimento muscular<br />

para um programa <strong>de</strong> reabilitação mais completo, sempre levando<br />

em consi<strong>de</strong>ração as características e preferências dos pacientes.<br />

É importante ressaltar que o nível <strong>de</strong> dor e o cansaço físico do<br />

paciente <strong>de</strong>vem ser respeitados.<br />

Os <strong>de</strong>sfechos utilizados na presente pesquisa estão <strong>de</strong> acordo<br />

com o Consenso Internacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfechos para estudos<br />

clínicos <strong>de</strong> OA na fase III, o qual relata que o ensaio clínico<br />

randomizado (ECR) <strong>de</strong>ve incluir pelo menos o <strong>de</strong>sfecho dor<br />

e a função física, ambos relatados pelo paciente. 22<br />

Vale ressaltar que o presente estudo levou em consi<strong>de</strong>ração<br />

aspectos metodológicos importantes, como a<br />

ocultação <strong>de</strong> alocação, o cálculo do tamanho amostral e o<br />

mascaramento dos avaliadores, essenciais para a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um ECR. Segundo a revisão sistemática sobre a efetivida<strong>de</strong><br />

dos exercícios na OA do joelho, 22 56% dos 32 estudos<br />

incluídos relataram que a avaliação foi cega; 28% foram<br />

consi<strong>de</strong>rados estudos com baixo nível <strong>de</strong> viés, 14% foram<br />

consi<strong>de</strong>rados como mo<strong>de</strong>rado risco e 28% foram consi<strong>de</strong>rados<br />

como alto risco. Para <strong>de</strong>screver o presente ECR,<br />

os autores seguiram o Consort Statement (Consolidated<br />

Standards of Reporting Trials), 24 que objetiva a melhoria<br />

da qualida<strong>de</strong> dos artigos <strong>de</strong> ECR. Ele consiste em um<br />

check-list <strong>de</strong> itens essenciais que <strong>de</strong>vem ser incluídos na<br />

<strong>de</strong>scrição dos ECR e um diagrama para a documentação<br />

da entrada, perda e conclusão do estudo dos pacientes ao<br />

longo da pesquisa. 24<br />

Para <strong>de</strong>senvolver o presente ECR, a análise estatística dos<br />

resultados foi realizada por meio da análise ITT, que leva em<br />

consi<strong>de</strong>ração todos os pacientes do grupo no qual o paciente<br />

foi randomizado. Segundo o CONSORT, a análise ITT é <strong>de</strong><br />

extrema importância. 24<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):870-882 881


Oliveira et al.<br />

CONCLUSÃO<br />

Exercícios <strong>de</strong> fortalecimento <strong>de</strong> quadríceps com duração <strong>de</strong><br />

oito semanas são efetivos na melhora da dor, da função e<br />

da rigi<strong>de</strong>z em pacientes com OA do joelho. Sugere-se que<br />

exercícios <strong>de</strong> fortalecimento combinados a alongamento e<br />

bicicleta estacionária sejam implementados em programas <strong>de</strong><br />

reabilitação <strong>de</strong> pacientes com OA do joelho.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Fundação <strong>de</strong> Apoio à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo –<br />

FAPESP. Aos pacientes incluídos no estudo, ao Dr. Milton<br />

Mizsputen, responsável pela classifi cação radiográfi ca, e à<br />

equipe do Ambulatório <strong>de</strong> Interlagos, São Paulo, Brasil.<br />

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882 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):870-882


ARTIGO ORIGINAL<br />

Ativida<strong>de</strong> sexual na espondilite anquilosante<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Andrea Lopes Gallinaro 1 , Lilian Lie Akagawa 2 , Mariana Hissami Ichiba Otuzi 2 ,<br />

Percival Degrava Sampaio-Barros 3 , Célio Roberto Gonçalves 3<br />

Objetivo: Analisar a ativida<strong>de</strong> sexual em pacientes com espondilite anquilosante, correlacionando com índices funcionais<br />

e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença. Pacientes e métodos: Foram analisados quanto a dor, fadiga, questionários <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

doença (Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity In<strong>de</strong>x – BASDAI), funcionalida<strong>de</strong> (Bath Ankylosing Spondylitis<br />

Functional In<strong>de</strong>x – BASFI) e ativida<strong>de</strong> sexual (utilizando imagens <strong>de</strong> sete posições sexuais) 32 pacientes com diagnóstico<br />

<strong>de</strong> espondilite anquilosante e 32 controles saudáveis. Após a entrevista, os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo<br />

A (com ativida<strong>de</strong> sexual) e grupo B (sem ativida<strong>de</strong> sexual). Resultados: O grupo B apresentou associação estatística com<br />

maior duração da doença (P = 0,01), pior funcionalida<strong>de</strong> (P = 0,0007) e maior ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença (P = 0,03). Não houve<br />

correlação entre ida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> funcional. O homem <strong>de</strong>itado <strong>de</strong> costas e a mulher sobre ele foi a posição mais frequente,<br />

agradável e menos dolorosa. A fi gura com a mulher <strong>de</strong> costas e o homem <strong>de</strong>itado sobre ela foi a posição menos escolhida.<br />

Indivíduos-controle relataram maior frequência e duração mais longa das relações sexuais, menos fadiga e dor, embora a<br />

frequência <strong>de</strong> orgasmos tenha sido semelhante nos dois grupos. Conclusão: A natureza crônica da espondilite anquilosante,<br />

com pior capacida<strong>de</strong> funcional e maior ativida<strong>de</strong> da doença, interferiu no comportamento sexual dos pacientes. Quando o<br />

sexo se tornou possível, orgasmo e satisfação sexual não diferiram dos controles saudáveis.<br />

Palavras-chave: espondilite anquilosante, sexualida<strong>de</strong>, doenças reumáticas.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A sexualida<strong>de</strong> tem sido <strong>de</strong>scrita como um componente essencial<br />

do ser humano e é um aspecto importante na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida. 1–3 Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, a partir da perspectiva da saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>fi nida como a satisfação geral percebida pelo indivíduo<br />

sob vários aspectos da vida, e não apenas ausência <strong>de</strong> doença. 4<br />

A limitação física em pacientes com espondilite anquilosante<br />

(EA) difi culta a relação sexual e compromete o estado<br />

emocional, tornando o sexo ainda mais difícil. 5,6 Da mesma<br />

maneira, a perda da autoestima, a <strong>de</strong>pressão e a percepção <strong>de</strong> si<br />

mesmo pelos outros po<strong>de</strong> contribuir para a disfunção sexual. 7,8<br />

Um estudo entrevistando pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

(AR) e EA relatou que dor e cansaço são fatores que diminuem<br />

a libido e também po<strong>de</strong>m ser relacionados à limitação<br />

<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> durante a relação sexual. Já os pacientes com<br />

EA referiram que a motivação para o sexo, a intensida<strong>de</strong> dos<br />

orgasmos e a frequência <strong>de</strong> relações sexuais foram mantidas. 9<br />

A disfunção sexual é caracterizada pela incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir<br />

plenamente o ato sexual pela diminuição tanto do <strong>de</strong>sejo, da<br />

excitação ou do orgasmo. 10 Alguns estudos relataram disfunção<br />

sexual na EA e sua associação com <strong>de</strong>pressão, fadiga e falta <strong>de</strong><br />

mobilida<strong>de</strong>. 7,8,11–13 A maioria dos autores refere que um baixo nível<br />

<strong>de</strong> satisfação sexual está presente nesses pacientes. 7,8,11,12,14 Dois<br />

estudos recentes não observaram disfunção sexual na EA. 15,16 O<br />

objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi avaliar ativida<strong>de</strong> sexual, fadiga, dor, duração<br />

das relações sexuais, orgasmo e satisfação sexual em pacientes<br />

com EA e correlacionar essas variáveis com dados <strong>de</strong>mográfi cos,<br />

índices <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> funcional e ativida<strong>de</strong> da doença.<br />

PACIENTES E MÉTODOS<br />

Foram avaliados 32 pacientes consecutivos com diagnóstico <strong>de</strong><br />

EA, <strong>de</strong> acordo com os critérios modifi cados <strong>de</strong> Nova York, 17<br />

atendidos no ambulatório <strong>de</strong> espondiloartrites da Divisão <strong>de</strong><br />

<strong>Reumatologia</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Recebido em 22/11/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse. Comitê <strong>de</strong> Ética: 13300612.<br />

Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Hospital das Clínicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – HC-FMUSP.<br />

1. Fisioterapeuta; Mestre em reabilitação, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo – Unifesp; Pós-Graduanda da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo – USP<br />

2. Fisioterapeuta, Universida<strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – UNICID<br />

3. Médico reumatologista; Assistente Doutor da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Hospital das Clínicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina – HC-FMUSP<br />

Correspondência para: Célio Roberto Gonçalves. Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Av. Dr. Arnaldo, 455 – 3° andar,<br />

Sala 3190 – Cerqueira César. CEP: 01246-903. São Paulo, SP, Brasil. E-mail: goncalves.reuma@uol.com.br<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):883-891 887


Gallinaro et al.<br />

São Paulo. Os pacientes foram submetidos a uma entrevista<br />

direta, na qual foram aplicados os questionários sobre ativida<strong>de</strong><br />

sexual, HAQ-S 18 (Health Assessment Questionnaire modifi cado<br />

para EA), e índices funcional (Bath Ankylosing Spondylitis<br />

Functional In<strong>de</strong>x – BASFI) 19 e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença (Bath<br />

Ankylosing Spondylitis Disease Activity In<strong>de</strong>x – BASDAI). 20<br />

O estudo foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Todos os pacientes assinaram<br />

consentimento informado antes da participação no estudo.<br />

O protocolo <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual apresenta 24<br />

perguntas e sete fi guras. Os temas incluem aspectos como dor,<br />

fadiga, orgasmos e satisfação sexual. As fi guras <strong>de</strong>screvem as<br />

posições sexuais mais comuns: homem sentado com a mulher<br />

sentada em cima, <strong>de</strong> costas para ele (posição A); homem sentado<br />

com a mulher sentada em cima <strong>de</strong> frente para ele (posição B);<br />

homem <strong>de</strong>itado <strong>de</strong> costas, com a mulher sentada em cima e <strong>de</strong><br />

frente para ele (posição C); ambos em pé, a mulher <strong>de</strong> costas para<br />

o homem com a coluna fl etida (posição D); homem <strong>de</strong> joelhos,<br />

inclinando-se sobre a mulher <strong>de</strong>itada <strong>de</strong> costas com as pernas<br />

dobradas (posição E ); mulher <strong>de</strong>itada <strong>de</strong> costas e o homem<br />

<strong>de</strong>itado em cima <strong>de</strong>la (posição F); homem <strong>de</strong>itado <strong>de</strong> costas e a<br />

mulher <strong>de</strong>itada sobre ele <strong>de</strong> frente para ele (posição G).<br />

O HAQ-S contém 25 questões, das quais 20 são agrupadas<br />

em oito componentes que avaliam diferentes aspectos da vida<br />

cotidiana relacionadas com a ativida<strong>de</strong> física, enquanto as<br />

outras cinco perguntas avaliam características específi cas da<br />

EA; a faixa <strong>de</strong> pontuação fi nal varia <strong>de</strong> 0–3. 18 Dor (geral e à<br />

noite) foi avaliada por meio da Escala Visual Analógica (EVA).<br />

O BASFI foi usado para avaliar a capacida<strong>de</strong> funcional, que<br />

varia entre 0 e 10. 19 O BASDAI analisa a ativida<strong>de</strong> da doença,<br />

po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong> 0–10. 20<br />

Após a entrevista, os pacientes foram divididos em dois<br />

grupos, <strong>de</strong> acordo com a ativida<strong>de</strong> sexual: grupo A (com ativida<strong>de</strong><br />

sexual, 21 pacientes) e grupo B (sem ativida<strong>de</strong> sexual, 11<br />

pacientes). Os grupos foram estatisticamente homogêneos para<br />

ida<strong>de</strong> (P = 0,06) e gênero (P = 0,60), mas diferentes no estado<br />

civil (P = 0,023). O grupo ativo apresentou mais pacientes<br />

casados que o grupo <strong>de</strong> inativos.<br />

O grupo-controle (C) consistiu <strong>de</strong> 32 indivíduos saudáveis<br />

que estavam acompanhando algum outro paciente no ambulatório<br />

<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>. Eles foram pareados para ida<strong>de</strong>, gênero<br />

e status sociocultural e comparados com os pacientes com EA.<br />

A análise estatística foi realizada usando o programa SPSS<br />

versão 15. Foi utilizado o teste t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt para comparação<br />

<strong>de</strong> médias e o teste exato <strong>de</strong> Fisher para as frequências. Os<br />

resultados estão apresentados como médias e <strong>de</strong>svios padrão<br />

para as variáveis quantitativas, e em frequências (percentuais)<br />

para as variáveis qualitativas. O teste <strong>de</strong> Mann-Whitney foi<br />

usado para comparar as medidas entre os grupos. Os resultados<br />

foram consi<strong>de</strong>rados signifi cativos quando P < 0,05.<br />

RESULTADOS<br />

Dentre os 32 pacientes com EA, 28 (87,5%) eram homens,<br />

com média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 43,9 ± 10,5 anos (23–66 anos) e quatro<br />

(12,5%) eram mulheres, com média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 47,8 ± 19,3<br />

anos (31–74 anos). Vinte e um pacientes eram brancos (65,6%)<br />

e 11 não brancos (34,4%). Dezesseis pacientes eram casados<br />

(50%) e 21 tiveram fi lhos (65,6%). A duração média da doença<br />

foi <strong>de</strong> 12,3 ± 10,1 anos (2–49 anos), e a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> foi<br />

<strong>de</strong> 28,6 anos (14–51 anos) no início da doença, com maior<br />

incidência na quarta década (34,4%).<br />

O grupo C, composto por 32 indivíduos saudáveis, tinha<br />

28 homens com ida<strong>de</strong> entre 21 e 71 anos (média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

38,4 ± 14,3 anos) e quatro mulheres com ida<strong>de</strong> entre 19 e 46 anos<br />

(média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 35,3 ± 11,5). Havia 22 brancos (68,8%) e 10<br />

não brancos (31,2%); 23 eram casados (71,9%) e 20 tiveram fi -<br />

lhos (62,5%). Todos os indivíduos se <strong>de</strong>clararam heterossexuais.<br />

O número <strong>de</strong> pacientes em cada grupo, a ida<strong>de</strong>, a duração<br />

da doença, o estado civil, o HAQ-S, o BASFI e o BASDAI<br />

e suas correlações estão apresentados na Tabela 1. O grupo<br />

B apresentou associação estatística com maior duração da<br />

doença (P = 0,01), piores resultados <strong>de</strong> BASFI (P = 0,0007) e<br />

maior BASDAI (P = 0,03). Não houve correlação entre a ida<strong>de</strong><br />

(P = 0,06) e a capacida<strong>de</strong> funcional avaliada pelo HAQ-S<br />

(P = 0,16). Ao analisar a frequência das relações sexuais no<br />

grupo A, oito pacientes (38,1%) referiram mais <strong>de</strong> três relações<br />

por semana; seis (28,6%), duas vezes por semana; e dois<br />

pacientes, uma vez por semana (9,5%). Os cinco restantes<br />

(23,8%) tiveram relações sexuais esporádicas. A duração da<br />

relação sexual variou <strong>de</strong> 10–30 minutos (duração média: 19,2<br />

minutos). Em relação ao grupo C, 85,7% referiram duas ou<br />

mais relações sexuais por semana, com maior tempo médio <strong>de</strong><br />

relações sexuais, conforme <strong>de</strong>scrito na Tabela 2.<br />

Embora 61,9% tenham relatado dor após o sexo no grupo<br />

A, a interrupção do intercurso sexual ocorreu em apenas<br />

9,5%. Esses valores foram estatisticamente signifi cantes em<br />

comparação ao grupo C (P = 0,0002 e P = 0,0178, respectivamente).<br />

A mobilida<strong>de</strong> da coluna estava reduzida em 95,2%<br />

<strong>de</strong>sses pacientes. No grupo A, 33,3% relataram cansaço e<br />

28,8% disseram que a doença interferia na relação sexual.<br />

Mesmo assim, a satisfação sexual foi alcançada em 85,8%<br />

<strong>de</strong>les, e 71,4% relataram orgasmos frequentes, sem diferença<br />

estatística com relação aos controles (P = 0,7621; P = 0,6392;<br />

P = 1,0; respectivamente).<br />

888 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):883-891


Tabela 1<br />

Dados <strong>de</strong>mográfi cos – grupos A e B<br />

Ativida<strong>de</strong> sexual na espondilite anquilosante<br />

Grupo A (n=21) Grupo B (n=11) Total A + B P<br />

Homens 19 (90,5%) 9 (81,8%) 28 0,5932<br />

Mulheres 2 (9,5%) 2 (18,2%) 4 0,5932<br />

Casados 14 (66,7%) 2 (18,2%) 16 0,023*<br />

Média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (anos) 41,7 ± 10,0 49,5 ± 13,0 43,9 ± 10,5 0,06<br />

Duração da doença (anos) 9,0 ± 6,1 18,4 ± 13,2 12,3 ± 10,1 0,01*<br />

HAQ-S 0,7 ± 0,6 0,8 ± 0,5 0,7 ± 0,6 0,16<br />

BASFI 3,6 ± 1,9 4,5 ± 1,3 4,6 (DP ± 2,3) 0,0007*<br />

BASDAI 3,5 ± 2,2 5,3 ± 2,2 4,2 (DP ± 2,5) 0,03*<br />

*Estatisticamente signifi cante (P < 0,05), teste exato <strong>de</strong> Fisher.<br />

Tabela 2<br />

Dados relacionados à ativida<strong>de</strong> sexual<br />

Grupo A (n=21) Grupo C (n=28) P<br />

Frequência semanal <strong>de</strong> relações sexuais (2 ou +) 66,7% 85,7% 0,1687<br />

Casados 66,7% 71,9% 0,7621<br />

Dor pós-relação sexual 61,9% 10,7% 0,0002*<br />

Relação sexual interrompida por dor 9,5% 0 0,01786*<br />

Fadiga 33,3% 28,6% 0,7621<br />

Orgasmo 71,4% 75% 1,0<br />

Satisfação sexual 85,8% 92,9% 0,6392<br />

Ato sexual pleno 71,4% 89,3% 0,1460<br />

Posição menos dolorosa C F<br />

Posição mais prazerosa C C<br />

Duração da relação sexual 19,2 min 34,2 min<br />

Comparando as limitações <strong>de</strong>correntes da doença com<br />

as posições escolhidas pelo grupo, foram analisadas as sete<br />

posições apresentadas no protocolo da ativida<strong>de</strong> sexual. A<br />

posição C foi aceita como mais agradável e menos dolorosa<br />

por 21,8% dos pacientes, enquanto a posição F foi a menos<br />

escolhida (3,1%), <strong>de</strong>vido às limitações impostas pela doença,<br />

principalmente no quadril e na coluna vertebral.<br />

DISCUSSÃO<br />

O presente estudo confi rmou que a EA po<strong>de</strong> alterar o comportamento<br />

sexual dos pacientes. Uma das causas <strong>de</strong>ssa disfunção<br />

sexual po<strong>de</strong> estar relacionada à ida<strong>de</strong>, 8 porém essa associação<br />

não foi observada neste estudo, no qual a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos<br />

pacientes foi <strong>de</strong> 50 anos.<br />

Valores clinimétricos como BASFI, HAQ-S e BASDAI<br />

foram semelhantes aos observados na literatura. 19,21,22 Os<br />

valores <strong>de</strong> HAQ-S foram menores que os relatados em outro<br />

estudo nacional. 4<br />

O fato <strong>de</strong> pacientes com vida sexual ativa po<strong>de</strong>rem apresentar<br />

melhores valores <strong>de</strong> HAQ-S enfatiza que indivíduos com<br />

melhor função física são propensos a ter vida sexual mais plena.<br />

Um estudo em doentes com artrite idiopática juvenil mostrou<br />

que a doença poliarticular exerce mais infl uência na capacida<strong>de</strong><br />

física para a ativida<strong>de</strong> sexual que o envolvimento axial. 23<br />

Os pacientes com EA com vida sexual ativa apresentaram<br />

valores <strong>de</strong> BASDAI menores, sugerindo que maior ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> doença possa exercer infl uência limitante em uma relação<br />

sexual completa, semelhante ao observado em outros estudos.<br />

8,12 Os valores médios <strong>de</strong> BASDAI dos pacientes que<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):883-891 889


Gallinaro et al.<br />

mantinham ativida<strong>de</strong> sexual foram semelhantes ao <strong>de</strong> outro<br />

estudo, 15 que não encontrou nenhuma disfunção sexual em<br />

pacientes com EA.<br />

Os pacientes com ativida<strong>de</strong> sexual também apresentaram<br />

menores valores <strong>de</strong> BASFI, indicando que uma melhor capacida<strong>de</strong><br />

funcional po<strong>de</strong> contribuir para uma vida sexual ativa,<br />

à semelhança <strong>de</strong> outros trabalhos. 15,24 Já Dincer et al. 7 não<br />

encontraram correlação entre capacida<strong>de</strong> funcional e ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> doença em homens com disfunção sexual.<br />

Os principais fatores limitantes para uma boa relação<br />

sexual são dor, fadiga, falta <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> e falta <strong>de</strong> libido.<br />

1,4,6,9,13,23,25–28 A maioria dos pacientes do grupo A relatou dor<br />

após a relação sexual, embora raros casos tivessem necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> interrompê-la. A causa <strong>de</strong>ssa dor po<strong>de</strong> ser explicada pelo<br />

envolvimento do esqueleto axial e dos quadris, resultando em<br />

uma diminuição da amplitu<strong>de</strong> dos movimentos da coluna,<br />

exigindo um esforço extra na realização do ato sexual. A dor<br />

que causa a limitação da ativida<strong>de</strong> sexual também po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada pelo medo e pela ansieda<strong>de</strong>. 7 Psoríase, associada<br />

ou não à infl amação articular, também contribui para<br />

baixa autoestima, comprometendo negativamente a imagem<br />

corporal para o sexo. 10,13<br />

A fadiga, que é uma queixa comum entre pacientes com<br />

EA, também po<strong>de</strong> contribuir para a diminuição do prazer<br />

sexual. 6,27,28 Mesmo assim, a satisfação sexual foi referida por<br />

muitos pacientes com EA, que relataram orgasmos frequentes,<br />

como observado em estudo clássico. 9 Não houve signifi cância<br />

estatística entre os grupos A e C <strong>de</strong> acordo com satisfação<br />

sexual, fadiga e orgasmos no presente estudo.<br />

Estudo <strong>de</strong> Elst et al., 9 analisando pacientes com EA (50<br />

homens e 16 mulheres) e AR (32 homens e 90 mulheres),<br />

observou que a posição F foi a preferida pela maioria dos<br />

pacientes, ao contrário do presente estudo, em que a posição F<br />

foi a menos utilizada. A principal diferença entre os estudos é<br />

o franco predomínio <strong>de</strong> homens no presente estudo. Apesar do<br />

comprometimento articular, estes pacientes variaram posições<br />

<strong>de</strong> maneira diferente dos pacientes com AR estudados por<br />

Yoshino & Uchida, 25 que referiram difi culda<strong>de</strong>s para mudar<br />

<strong>de</strong> posição no ato sexual.<br />

Em uma recente avaliação qualitativa da sexualida<strong>de</strong>,<br />

Helland et al. 13 analisaram 21 pacientes com doenças reumáticas<br />

(AR, EA, artrite psoriásica e artrite juvenil). A média <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> duração da doença, bem como o valor do HAQ-S,<br />

foram semelhantes aos pacientes <strong>de</strong>ste estudo. Estratégias<br />

comportamentais para as difi culda<strong>de</strong>s impostas pela doença<br />

foram observadas. A postura passiva foi muitas vezes citada<br />

pelos pacientes como uma forma <strong>de</strong> controlar a dor durante o<br />

coito. O mesmo resultado foi observado em nosso estudo, em<br />

que a atitu<strong>de</strong> mais passiva do homem (posição C) foi consi<strong>de</strong>rada<br />

menos dolorosa.<br />

Em resumo, po<strong>de</strong>mos concluir que a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença, a<br />

capacida<strong>de</strong> funcional e a longa duração da EA po<strong>de</strong>m interferir<br />

na realização do ato sexual, mas nem sempre impe<strong>de</strong>m que<br />

os pacientes tenham satisfação sexual e atinjam o orgasmo.<br />

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ARTIGO ORIGINAL<br />

Dermatomiosite em adulto: experiência<br />

<strong>de</strong> um centro terciário brasileiro<br />

Fernando Henrique Carlos <strong>de</strong> Souza 1 , Thiago Bitar Moraes Barros 2 , Maurício Levy-Neto 3 , Samuel Katsuyuki Shinjo 4<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Objetivos: Relatamos os resultados <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> coorte retrospectivo envolvendo 139 pacientes com <strong>de</strong>rmatomiosite,<br />

conduzido <strong>de</strong> 1991 a 2011. Métodos: Todos os pacientes preenchiam pelo menos quatro dos cinco critérios <strong>de</strong> Bohan<br />

and Peter (1975). Resultados: A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos pacientes no início da doença foi <strong>de</strong> 41,7 ± 14,1 anos, e a duração<br />

da doença foi <strong>de</strong> 7,2 ± 5,2 anos. A amostragem constitui-se <strong>de</strong> 90,2% <strong>de</strong> indivíduos brancos, 79,9% do gênero feminino.<br />

Sintomas constitucionais foram <strong>de</strong>tectados em menos da meta<strong>de</strong> dos casos. Envolvimentos cutâneo e articular ocorreram<br />

em 95,7% e 41,7% dos pacientes, respectivamente. Em 48,2% dos pacientes foram apresentadas pneumopatia incipiente,<br />

opacida<strong>de</strong>s em “vidro fosco” e/ou fi brose pulmonar. Todos os pacientes receberam prednisona (1 mg/kg/dia) e 51,1%<br />

receberam também metilprednisolona intravenosa (1 g/dia por três dias). Vários imunossupressores foram usados como<br />

poupadores <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com tolerância, efeitos colaterais e/ou refratarieda<strong>de</strong>. Houve recidiva <strong>de</strong> doença<br />

(clínica e/ou laboratorial) em 53,2% dos casos; 76,3% permaneceram em remissão no momento do estudo. A taxa <strong>de</strong><br />

infecção grave foi <strong>de</strong> 35,3%, com o predomínio <strong>de</strong> herpes zoster. Houve 15 (10,8%) casos <strong>de</strong> câncer, dos quais 12 foram<br />

confi rmados em um período <strong>de</strong> um ano após o diagnóstico da doença. Houve ainda 16 óbitos (11,5%) cujas causas<br />

principais foram sepse/choque séptico (27,5%), pneumopatia atribuída à doença (31,3%), neoplasias (31,3%) e eventos<br />

cardiovasculares (12,5%). Conclusões: No presente trabalho, os dados clínico-laboratoriais foram semelhantes aos <strong>de</strong><br />

outros grupos populacionais <strong>de</strong>scritos na literatura, com diferenças mínimas quanto à frequência e às características das<br />

manifestações extramusculares.<br />

Palavras-chave: <strong>de</strong>rmatomiosite, miosite, epi<strong>de</strong>miologia.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

Miopatias infl amatórias idiopáticas são um grupo heterogêneo<br />

<strong>de</strong> doenças autoimunes sistêmicas que incluem <strong>de</strong>rmatomiosite<br />

(DM), polimiosite (PM) e miosite por corpúsculo <strong>de</strong> inclusão<br />

(MCI). Cada uma <strong>de</strong>ssas doenças apresenta características<br />

clínicas, epi<strong>de</strong>miológicas, histológicas e patológicas distintas<br />

entre si.<br />

A DM é caracterizada pela fraqueza muscular proximal simétrica<br />

e progressiva dos membros, além <strong>de</strong> alterações cutâneas<br />

típicas, como heliótropo e pápulas <strong>de</strong> Gottron. Manifestações<br />

extramusculares po<strong>de</strong>m acontecer na DM, como acometimento<br />

articular, cardíaco, pulmonar e do trato gastrintestinal. 1,2<br />

A incidência é <strong>de</strong> 5–10 casos/milhão <strong>de</strong> pessoas/ano. A<br />

forma adulta afeta principalmente indivíduos entre 45 e 55<br />

anos, e a juvenil, indivíduos <strong>de</strong> 5 a 10 anos. A DM é duas<br />

vezes mais comum em mulheres, sem predileção por etnia. 3<br />

Há poucos trabalhos epi<strong>de</strong>miológicos em DM na literatura.<br />

4–9 Em nosso meio há apenas dois estudos publicados até o<br />

presente momento. Um dos trabalhos investigou mortalida<strong>de</strong><br />

em DM e PM, 10 enquanto o outro avaliou casos <strong>de</strong> DM em<br />

sua forma juvenil. 11<br />

Recebido em 07/12/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse. Comitê <strong>de</strong> Ética: HC 0039/10.<br />

Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Hospital das Clínicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – HC-FMUSP.<br />

1. Médico-Assistente do Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Hospital das Clínicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – HC-FMUSP<br />

2. Médico Preceptor do Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, HC-FMUSP<br />

3. Doutor em <strong>Reumatologia</strong>, FMUSP; Médico-Assistente do Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, HC-FMUSP; Professor Colaborador da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, FMUSP<br />

4. Doutor em Ciências; Médico-Assistente do Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, HC-FMUSP; Professor Colaborador da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, FMUSP<br />

Correspondência para: Samuel Katsuyuki Shinjo. Av. Dr. Arnaldo, 455, 3º andar, sala 3150 – Cerqueira César. CEP: 01246-903. São Paulo, SP, Brasil.<br />

E-mail: samuel.shinjo@gmail.com<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):892-902 897


Souza et al.<br />

O objetivo do presente estudo é, portanto, <strong>de</strong>screver as<br />

características clínicas e laboratoriais <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> casuística<br />

<strong>de</strong> pacientes com DM adulta em acompanhamento em um<br />

centro terciário.<br />

PACIENTES E MÉTODOS<br />

Foram avaliados 139 pacientes com DM provenientes da<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> miopatias <strong>de</strong> nosso serviço terciário. Para melhorar<br />

a homogeneida<strong>de</strong> da população a ser estudada, foram<br />

consi<strong>de</strong>rados apenas os pacientes em seguimento em nosso<br />

serviço no período <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1991 e agosto <strong>de</strong> 2011 e que<br />

preenchiam pelo menos quatro dos cinco critérios <strong>de</strong> Bohan e<br />

Peter. 12,13 Não foram incluídos os indivíduos com diagnóstico<br />

<strong>de</strong> DM <strong>de</strong> forma amiopática, nem os menores <strong>de</strong> 18 anos. O<br />

estudo foi aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética local [HC 0039/10].<br />

Dados <strong>de</strong>mográfi cos, manifestações clínicas e laboratoriais<br />

foram obtidos por uma revisão sistemática dos prontuários. Os<br />

dados laboratoriais apresentados são referentes ao diagnóstico<br />

da doença, enquanto as manifestações clínicas consi<strong>de</strong>radas<br />

foram aquelas apresentadas durante o acompanhamento <strong>de</strong>sses<br />

pacientes. Foram analisados como parâmetros: sintomas<br />

constitucionais; alterações cutâneas (heliótropo, pápulas <strong>de</strong><br />

Gottron, úlceras, rash facial, sinal do “V” do <strong>de</strong>cote, sinal <strong>de</strong><br />

“xale”, calcinose e vasculite); acometimento articular (artralgia<br />

e/ou artrite); presença <strong>de</strong> disfagia, disfonia, dispneia; e<br />

força muscular dos membros (grau 0: ausência <strong>de</strong> contração<br />

muscular; grau I: sinais <strong>de</strong> discreta contratilida<strong>de</strong>; grau II:<br />

movimentos <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> normal, mas não vencem a ação da<br />

gravida<strong>de</strong>; grau III: movimentos <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> normal contra a<br />

ação da gravida<strong>de</strong>; grau IV: mobilida<strong>de</strong> integral contra a ação<br />

da gravida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> certo grau <strong>de</strong> resistência; grau V: mobilida<strong>de</strong><br />

completa contra resistência acentuada e contra a ação da<br />

gravida<strong>de</strong>). 14 Exames complementares (eletroneuromiografi a,<br />

biópsia muscular – bíceps braquial ou vasto lateral), quando<br />

feitos, foram solicitados <strong>de</strong> rotina nas primeiras consultas<br />

médicas. Creatinoquinase (variação normal: 24–173 IU/L)<br />

e aldolase (1,0–7,5 IU/L) foram <strong>de</strong>terminadas pelo método<br />

automatizado cinético. A pesquisa <strong>de</strong> autoanticorpos contra<br />

componentes celulares foi <strong>de</strong>terminada por imunofl uorescência<br />

indireta, utilizando células Hep-2 como substrato. Velocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> hemossedimentação e proteína C-reativa foram avaliadas,<br />

respectivamente, pelo método <strong>de</strong> Westergren e nefelometria.<br />

Os pacientes foram inicialmente tratados com corticosteroi<strong>de</strong>s<br />

(prednisona 1 mg/kg/dia, via oral), com posterior<br />

redução gradual da dose <strong>de</strong> acordo com a estabilida<strong>de</strong> clínica<br />

e laboratorial. Em caso da gravida<strong>de</strong> da doença (progressão<br />

da dispneia, disfagia, perda signifi cativa <strong>de</strong> força muscular),<br />

realizou-se pulsoterapia com metilprednisolona (1 g/dia por<br />

três dias consecutivos). Como poupadores <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong>s<br />

foram utilizados, em monoterapia ou em combinação, a azatioprina<br />

(2–3 mg/kg/dia), metotrexato (20–25 mg/semana),<br />

ciclosporina (2–4 mg/kg/dia), micofenolato <strong>de</strong> mofetil (2–3 g/dia),<br />

lefl unomida (20 mg/dia), ciclofosfamida (0,5–1,0 g/m 2 <strong>de</strong><br />

superfície corporal), difosfato <strong>de</strong> cloroquina (< 4 mg/kg/dia)<br />

e imunoglobulina humana intravenosa (1 g/kg/dia por dois<br />

dias consecutivos). A ciclofosfamida foi utilizada quando<br />

havia quadro <strong>de</strong> dispneia progressiva associada à alteração<br />

<strong>de</strong> parênquima pulmonar comprovada por tomografi a computadorizada<br />

(presença <strong>de</strong> lesões em “vidro-fosco” ou <strong>de</strong><br />

faveolamento).<br />

A recidiva da doença foi <strong>de</strong>fi nida como sendo a recorrência<br />

dos achados clínicos iniciais e/ou aumento sérico <strong>de</strong> enzimas<br />

musculares atribuídos à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença, após exclusão <strong>de</strong><br />

infecções e/ou causas neoplásicas.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos como infecções graves as que necessitaram<br />

<strong>de</strong> internação hospitalar dos pacientes ou tratamento com<br />

antibióticos intravenosos e/ou <strong>de</strong> forma prolongada. Foram<br />

também anotados os casos <strong>de</strong> herpes zoster, assim como os<br />

referentes à mortalida<strong>de</strong>.<br />

As variáveis contínuas foram expressas como média ±<br />

<strong>de</strong>svio padrão (DP) e as variáveis categóricas como percentuais.<br />

Os testes t <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt e chi-quadrado foram utilizados,<br />

respectivamente, para a análise dos dados paramétricos e não<br />

paramétricos. Esses cálculos foram realizados com o programa<br />

STATA versão 7.0 (STATA, College Station, TX, EUA).<br />

Valores <strong>de</strong> P < 0,05 foram consi<strong>de</strong>rados estatisticamente<br />

signifi cativos.<br />

RESULTADOS<br />

Foram analisados 139 pacientes com DM, dos quais 111 eram<br />

mulheres (4:1). A maioria era branca (90,2%), com média <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> no início da doença <strong>de</strong> 41,7 ± 14,1 anos (18–84 anos) e<br />

duração média <strong>de</strong> 7,2 ± 5,2 anos (0–20 anos) (Tabela 1).<br />

Tabela 1<br />

Achados <strong>de</strong>mográfi cos em brasileiros com <strong>de</strong>rmatomiosite<br />

Ida<strong>de</strong> ± DP, média (anos)* 41,7 ± 14,1 (18–84)<br />

Duração <strong>de</strong> doença ± DP, média (anos) 7,2 ± 5,2 (1–20)<br />

Gênero feminino (%) 111 (79,9)<br />

Cor branca (%) 124 (90,2)<br />

Duração dos sintomas antes do<br />

diagnóstico ± DP, média (meses)<br />

4,5 ± 5,4 (1–36)<br />

DP: <strong>de</strong>svio padrão.<br />

898 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):892-902


O intervalo entre os sintomas iniciais e o diagnóstico <strong>de</strong><br />

DM foi <strong>de</strong> 4,5 ± 5,4 meses (1–36 meses). Apesar <strong>de</strong>sse curto<br />

período, 41,0% apresentavam disfagia e 20,9% dos pacientes<br />

encontravam-se acamados no momento do diagnóstico, evi<strong>de</strong>nciando<br />

a agressivida<strong>de</strong> da doença nesse grupo <strong>de</strong> pacientes.<br />

De fato, aproximadamente 16,5% dos doentes apresentavam<br />

objetivamente força grau III nos membros superiores e/ou<br />

inferiores. Em contrapartida, a maioria apresentava força grau<br />

IV, e uma minoria, grau V em membros.<br />

Sintomas constitucionais ocorreram em mais <strong>de</strong> 40% dos<br />

casos. O FAN mostrou-se positivo em 62,7% dos casos, com<br />

título variando <strong>de</strong> 1:20 a > 1:320, a maioria <strong>de</strong> padrão nuclear<br />

pontilhado (Tabela 2). Não houve correlação entre a positivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sses autoanticorpos com os dados <strong>de</strong>mográfi cos,<br />

parâmetros clínicos e laboratoriais e neoplasias no presente<br />

estudo (P > 0,05). As <strong>de</strong>mais manifestações clínicas, assim<br />

como os dados laboratoriais, estão <strong>de</strong>monstradas na Tabela 2<br />

e na Tabela 3, respectivamente.<br />

Todos receberam prednisona (1 mg/kg/dia) no início<br />

do diagnóstico, e 49,6% receberam pulsoterapia com metilprednisolona<br />

(1 g/dia por três dias consecutivos) <strong>de</strong>vido<br />

à agressivida<strong>de</strong> da doença (Tabela 4). Diferentes agentes<br />

imunossupressores poupadores <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong> foram<br />

Tabela 2<br />

Achados clínicos em brasileiros com <strong>de</strong>rmatomiosite<br />

Achados clínicos n (%)<br />

Sintomas constitucionais 65 (46,8)<br />

Acamados<br />

Fraqueza muscular<br />

Membros superiores<br />

29 (20,9)<br />

Grau V<br />

8 (5,8)<br />

Grau IV<br />

108 (77,7)<br />

Grau III<br />

Membros inferiores<br />

23 (16,5)<br />

Grau V<br />

5 (3,6)<br />

Grau IV<br />

107 (78,0)<br />

Grau III<br />

27 (19,4)<br />

Lesões cutâneas<br />

Pápulas Gottron<br />

Heliótropo<br />

Úlceras<br />

Calcinose<br />

Vasculite<br />

Rash facial<br />

“V” <strong>de</strong>cote<br />

Sinal do “xale”<br />

133 (95,7)<br />

117 (84,2)<br />

20 (14,4)<br />

9 (6,5)<br />

31 (22,3)<br />

69 (49,6)<br />

21 (15,1)<br />

14 (14,4)<br />

Articular 58 (41,7)<br />

Trato respiratório<br />

Disfonia<br />

Dispneia<br />

24 (17,3)<br />

43 (30,9)<br />

Trato gastrintestinal<br />

Disfagia 57 (41,0)<br />

Dermatomiosite em adulto: experiência <strong>de</strong> um centro terciário brasileiro<br />

utilizados como monoterapia ou em combinação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

da tolerância, dos efeitos colaterais e da refratarieda<strong>de</strong> da doença.<br />

Azatioprina foi usada em 66,9% dos casos; metotrexato<br />

em 50,4%; difosfato <strong>de</strong> cloroquina em 25,9%; ciclosporina<br />

em 23,7%; imunoglobulina humana por via intravenosa em<br />

14,4%; ciclofosfamida intravenosa em 10,1%; micofenolato<br />

<strong>de</strong> mofetil em 3,6%; e lefl unomida em 0,7%. Na ocasião do<br />

<strong>de</strong>sfecho do presente estudo, 56 dos 80 pacientes estavam<br />

utilizando um imunossupressor como poupador <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong>;<br />

23 pacientes estavam recebendo dois, e um paciente,<br />

três imunossupressores.<br />

Durante o período <strong>de</strong> seguimento houve recidiva clínica em<br />

74 casos (53,2%), associada, na maioria das vezes, à redução<br />

<strong>de</strong> corticoterapia.<br />

Houve 15 casos <strong>de</strong> câncer (10,8%), dos quais 12 foram<br />

confi rmados em um período <strong>de</strong> um ano após o diagnóstico<br />

da doença: ovário, útero, pulmão, pele (dois <strong>de</strong> cada); um <strong>de</strong><br />

tireoi<strong>de</strong>, próstata e mama e um <strong>de</strong> dois sítios. Em três pacientes<br />

Tabela 3<br />

Achados laboratoriais em brasileiros com <strong>de</strong>rmatomiosite<br />

Enzimas musculares<br />

Creatina quinase ± DP (U/L)<br />

Aldolase ± DP (U/L)<br />

VHS (mm/1a hora)<br />

PCR (mg/L)<br />

Fator antinuclear (%)<br />

Nuclear pontilhado<br />

Nuclear homogêneo<br />

Nuclear pontilhado fi no <strong>de</strong>nso<br />

Nucleolar<br />

Citoplasmático<br />

3.677,9 ± 5.463,0<br />

41,4 ± 73,2<br />

32,5 ± 26,9<br />

12,0 ± 15,5<br />

87 (62,6)<br />

51 (37,4)<br />

19 (13,7)<br />

3 (2,2)<br />

7 (5,0)<br />

6 (4,3)<br />

DP: <strong>de</strong>svio padrão; VHS: velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hemossedimentação; PCR: proteína C-reativa.<br />

Tabela 4<br />

Terapia medicamentosa utilizada em pacientes<br />

brasileiros com <strong>de</strong>rmatomiosite<br />

Terapia medicamentosa n (%)<br />

Metilprednisolona 70 (49,6)<br />

Prednisona 139 (100,0)<br />

Azatioprina 93 (66,9)<br />

Metotrexato 70 (50,4)<br />

Difosfato <strong>de</strong> cloroquina 36 (25,9)<br />

Ciclosporina 33 (24,1)<br />

Imunoglobulina humana intravenosa 20 (14,4)<br />

Ciclofosfamida 14 (10,1)<br />

Micofenolato mofetil 5 (3,6)<br />

Lefl unomida 1 (0,7)<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):892-902 899


Souza et al.<br />

Tabela 5<br />

Comorbida<strong>de</strong>s associadas em pacientes brasileiros com<br />

<strong>de</strong>rmatomiosite adulta<br />

Comorbida<strong>de</strong>s n (%)<br />

Infecções<br />

Herpes zoster<br />

Celulite<br />

Abscesso*<br />

Broncopneumonia<br />

Sepse<br />

Calcinose<br />

Endocardite<br />

Pioartrite<br />

Osteomielite<br />

Óbitos<br />

Sepse/choque séptico<br />

Pneumopatia<br />

Neoplasia<br />

Eventos cardiovasculares<br />

*Abscesso: retroesofágico, glúteo, tornozelos, mãos, cotovelos<br />

houve metástase. Um caso (neoplasia ductal <strong>de</strong> mama) aconteceu<br />

após 12 anos do diagnóstico da DM, e dois casos prece<strong>de</strong>ram<br />

a DM em um ano (carcinoma basocelular <strong>de</strong> face e <strong>de</strong><br />

membros superiores). As características clínicas, laboratoriais<br />

e as manifestações extramusculares foram similares entre os<br />

pacientes com e sem as neoplasias (P > 0,05).<br />

Foram observadas 49 (35,3%) infecções graves, conforme<br />

<strong>de</strong>monstrado na Tabela 5. A principal causa foi herpes zoster<br />

(42,9% dos casos), seguido <strong>de</strong> celulite (26,5%), abscesso em<br />

diferentes tecidos (retroesofágica, região glútea, tornozelos,<br />

mãos e cotovelos – 20,4%) e broncopneumonia (14,3%).<br />

Outras causas <strong>de</strong> menor prevalência foram as infecções das<br />

calcinoses (8,2%), endocardite (4,1%), pioartrite (2,0%) e<br />

osteomielite (2,0%).<br />

Houve 16 óbitos (11,5%), cujas causas principais foram<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> sepse/choque séptico (37,5% dos casos; três<br />

dos pacientes com <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> broncoaspiração associada);<br />

pneumopatia atribuída à doença (31,3% dos casos; fi brose<br />

pulmonar); neoplasias (31,3% dos casos); eventos cardiovasculares<br />

(12,5% dos casos; infarto agudo do miocárdio)<br />

(Tabela 5). Carcinoma espinocelular pulmonar, neoplasia<br />

colônica e três neoplasias uterinas foram encontrados como<br />

causas neoplásicas, todos com metástase. Dos pacientes remanescentes,<br />

106 (76,3%) permanecem em acompanhamento<br />

ambulatorial.<br />

DISCUSSÃO<br />

49 (100)<br />

21 (42,9)<br />

13 (26,5)<br />

10 (20,4)<br />

7 (14,3)<br />

5 (10,2)<br />

4 (8,2)<br />

2 (4,1)<br />

1 (2,0)<br />

1 (2,0)<br />

16 (100)<br />

6 (37,5)<br />

5 (31,3)<br />

5 (31,3)<br />

2 (12,5)<br />

O presente estudo apresentou o perfi l <strong>de</strong>mográfi co, terapêutico<br />

e evolutivo <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> casuística <strong>de</strong> pacientes com DM <strong>de</strong><br />

um centro terciário brasileiro, apresentando, assim, uma visão<br />

geral <strong>de</strong>sta população em nosso meio.<br />

A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos pacientes analisados foi <strong>de</strong> 42 anos,<br />

afetando principalmente gênero feminino e a cor branca –<br />

similar, portanto, ao perfi l <strong>de</strong>mográfi co <strong>de</strong> outros trabalhos<br />

disponíveis na literatura. 4–6 Essa distribuição se faz <strong>de</strong> forma<br />

diferente da DM juvenil e da DM que se associa a outras<br />

doenças do tecido conectivo, em que a distribuição <strong>de</strong> gênero<br />

ocorre, respectivamente, nas razões <strong>de</strong> 1:1 e 10:1. 5–7,14–16<br />

Assim como outras doenças autoimunes sistêmicas, sintomas<br />

constitucionais estiveram presentes em praticamente meta<strong>de</strong><br />

dos pacientes estudados. Apesar do curto período entre o início<br />

<strong>de</strong> sintomas e o diagnóstico da doença (média <strong>de</strong> cinco meses),<br />

aproximadamente um quinto dos pacientes já se encontrava<br />

acamado e quase meta<strong>de</strong> com algum grau <strong>de</strong> disfagia, <strong>de</strong>notando<br />

a agressivida<strong>de</strong> da DM na população estudada. O diagnóstico<br />

precoce é essencial não só para melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,<br />

mas também para evitar sequelas secundárias, como atrofi a/<br />

hipotrofi a muscular ou broncopneumonia aspirativa relacionada<br />

à disfagia, o que aumenta ainda mais a morbimortalida<strong>de</strong>.<br />

Embora os sintomas principais encontrados em DM sejam<br />

os musculares, observamos que aproximadamente meta<strong>de</strong> dos<br />

pacientes também apresentava afecções articulares, na forma <strong>de</strong><br />

artralgias e/ou artrites, <strong>de</strong> características não erosivas e <strong>de</strong>formantes,<br />

comprometendo a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos pacientes analisados.<br />

O envolvimento pulmonar afeta 5%–47% dos pacientes, 17,18<br />

variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> dispneia, tosse, dor torácica, e diminuição da<br />

tolerância aos exercícios físicos até insufi ciência respiratória.<br />

Imagens tomográfi cas po<strong>de</strong>m revelar alterações do parênquima<br />

pulmonar na forma <strong>de</strong> “vidro-fosco”, opacida<strong>de</strong>s lineares,<br />

consolidações e/ou micronódulos pulmonares. 17 Na ocasião da<br />

investigação clínica, observamos que pelo menos meta<strong>de</strong> dos<br />

pacientes apresentava alterações <strong>de</strong> parênquima pulmonar nas<br />

imagens tomográfi cas, e um terço apresentava dispneia objetiva,<br />

<strong>de</strong> esforços mo<strong>de</strong>rados a médios por ocasião do diagnóstico.<br />

Em relação à evolução clínica e à mortalida<strong>de</strong>, um terço dos<br />

pacientes morreu por complicações pulmonares.<br />

A DM apresenta manifestações cutâneas típicas, como<br />

as pápulas <strong>de</strong> Gottron e heliótropo, que po<strong>de</strong>m prece<strong>de</strong>r,<br />

manifestar-se concomitantemente, ou po<strong>de</strong>m ser posteriores ao<br />

acometimento muscular. 19 O achado mais comum em nossos<br />

pacientes foi o <strong>de</strong> pápulas <strong>de</strong> Gottron, em contraste aos estudos<br />

no Senegal 4 e na Tunisia, 6 que relataram maiores proporções<br />

<strong>de</strong> lesões eritematosas. Outro achado foi calcinose, que tipicamente<br />

ocorre em 40% das DM juvenis, não sendo, porém,<br />

manifestação frequente nos casos adultos. Este foi um achado<br />

em apenas 6% <strong>de</strong> nossos pacientes. A <strong>de</strong>mora do início do<br />

tratamento e a gravida<strong>de</strong> da doença são fatores <strong>de</strong> risco para o<br />

900 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):892-902


<strong>de</strong>senvolvimento da calcinose. 20 Outras lesões encontradas com<br />

certa frequência foram úlceras e vasculites cutâneas, que além<br />

<strong>de</strong> serem possíveis sinais da gravida<strong>de</strong> da doença, são áreas <strong>de</strong><br />

infecções secundárias. De fato, observamos alta prevalência <strong>de</strong><br />

celulites, assim como <strong>de</strong> abscessos, nos pacientes do presente<br />

estudo, o que, em última análise, contribui também para maior<br />

taxa <strong>de</strong> morbimortalida<strong>de</strong>.<br />

Mesmo sem estudos controlados e randomizados, os<br />

corticosteroi<strong>de</strong>s são consi<strong>de</strong>rados terapia <strong>de</strong> primeira linha<br />

no tratamento em DM. 21,22 Entre os imunossupressores, constituem<br />

a segunda linha <strong>de</strong> tratamento: azatioprina, ciclosporina,<br />

ciclofosfamida e metotrexato. 22 Não há protocolos que<br />

<strong>de</strong>fi nam o melhor tratamento a ser instituído no manejo da<br />

DM. Entretanto, a avaliação médica <strong>de</strong>ve ser baseada individualmente<br />

na gravida<strong>de</strong> da apresentação clínica, na duração <strong>de</strong><br />

doença, na presença <strong>de</strong> manifestações extramusculares e nas<br />

contraindicações a agentes terapêuticos específi cos.<br />

Todos os pacientes <strong>de</strong> nosso estudo receberam corticoterapia<br />

no início e nas recidivas da doença. Devido à gravida<strong>de</strong><br />

das manifestações clínicas e laboratoriais na ocasião<br />

do diagnóstico, meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>les recebeu também pulsoterapia<br />

com metilprednisolona. Em relação aos imunossupressores, a<br />

azatioprina foi a mais utilizada, seguida do metotrexato e da<br />

ciclosporina. O uso <strong>de</strong> difosfato <strong>de</strong> cloroquina fi cou reservado<br />

como coadjuvante para o tratamento cutâneo, enquanto a<br />

ciclofosfamida fi cou reservada para os casos <strong>de</strong> acometimento<br />

pulmonar grave <strong>de</strong>fi nido pela clínica e achados tomográfi cos;<br />

a imunoglobulina humana foi utilizada em quadros refratários<br />

e nos que apresentavam infecções. Reservou-se o micofenolato<br />

mofetil para os poucos casos que se faziam refratários aos<br />

outros imunossupressores e/ou àqueles que apresentavam<br />

contraindicações/efeitos colaterais a esses – a lefl unomida fi cou<br />

reservada predominantemente para o acometimento articular.<br />

Em relação às comorbida<strong>de</strong>s, encontramos como predominantes<br />

a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes<br />

mellitus na ocasião do diagnóstico, com aumento da prevalência<br />

das mesmas durante o seguimento dos pacientes, que<br />

po<strong>de</strong>, nesses casos, estar relacionada ao uso das medicações.<br />

Comparativamente à literatura, apresentamos taxas menores<br />

<strong>de</strong>ssas comorbida<strong>de</strong>s em relação às relatadas por Limaye et al. 23<br />

As complicações cardiovasculares são fatores associados à<br />

alta morbimortalida<strong>de</strong> em pacientes com DM, 24,25 assim como<br />

as neoplasias e o envolvimento pulmonar. Em pacientes com<br />

miopatias infl amatórias, as complicações cardiovasculares<br />

são caracterizadas por anormalida<strong>de</strong>s eletrocardiográfi cas,<br />

doenças valvares cardíacas, vasculite em coronárias, alterações<br />

isquêmicas, falência cardíaca e miocardite. 24,25 Já<br />

aci<strong>de</strong>ntes vasculares isquêmicos, embolia <strong>de</strong> origem cardíaca<br />

Dermatomiosite em adulto: experiência <strong>de</strong> um centro terciário brasileiro<br />

e trombofi lia são raros nas miopatias. 24,25 No presente estudo<br />

encontramos baixa prevalência <strong>de</strong> manifestações cardiovasculares<br />

(infarto agudo do miocárdio e aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral).<br />

Isso po<strong>de</strong> ser explicado, em parte, pelo curto período <strong>de</strong> seguimento<br />

dos pacientes (média <strong>de</strong> oito anos). De acordo com<br />

a literatura, a frequência <strong>de</strong> acometimento cardiovascular em<br />

pacientes com miopatias infl amatórias varia <strong>de</strong> 6%–75%. 24,25<br />

Quanto às neoplasias, a incidência é cerca <strong>de</strong> 10 vezes<br />

maior em miopatias inflamatórias quando comparadas à<br />

população geral, com uma taxa <strong>de</strong> incidência que varia <strong>de</strong><br />

3%–12,6% nos pacientes portadores <strong>de</strong> DM. 26–29 O risco <strong>de</strong><br />

câncer é maior nos três primeiros anos após o diagnóstico,<br />

observado mesmo em pacientes abaixo <strong>de</strong> 45 anos. 26–29 Entre<br />

os sítios <strong>de</strong> afecções, <strong>de</strong>stacam-se os tratos gastrintestinal,<br />

ginecológico, pulmonar e hematológico (linfoma). 26–30<br />

A prevalência <strong>de</strong> neoplasias no presente estudo foi por volta<br />

<strong>de</strong> 10%, a maioria ginecológica (ovariana, uterina e mamária).<br />

Dois terços das malignida<strong>de</strong>s foram <strong>de</strong>tectados logo após o<br />

diagnóstico <strong>de</strong> DM, em um período médio <strong>de</strong> 1–2 anos <strong>de</strong><br />

seguimento; aproximadamente dois terços são observados no<br />

primeiro ano ou simultaneamente à miopatia.<br />

Infecções são ainda a gran<strong>de</strong> causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> em pacientes<br />

com DM, responsável por 9%–30% dos casos <strong>de</strong> óbito. 31–33<br />

Uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> microrganismos tem sido implicada como responsável<br />

pelas infecções oportunistas e piogênicas nesse subgrupo<br />

<strong>de</strong> pacientes, 31–33 com taxas que variam <strong>de</strong> 14%–37,3%. 31–33 Os<br />

mais frequentes são as micobactérias e os fungos (Pneumocystis<br />

jiroveci, Candida sp.). 31–33 Em nossa casuística, a taxa <strong>de</strong> infecção<br />

foi <strong>de</strong> 14%, com predomínio <strong>de</strong> herpes zoster.<br />

Além <strong>de</strong> eventos cardiovasculares, 24,25 infecciosos 31–33<br />

e pulmonares, outros fatores estão associados ao aumento<br />

<strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> na DM, como trombocitopenia, 34 diabetes<br />

mellitus, 34 neoplasia associada, 10,34 mais idosos, 34 níveis <strong>de</strong><br />

creatinoquinase 35 e doença pulmonar intersticial. 35 Os óbitos são<br />

evi<strong>de</strong>nciados em uma proporção variável <strong>de</strong> 7,8%–28%. 10,34–36<br />

Durante o acompanhamento, constatamos morte em 11,5% dos<br />

casos – índice bem menor que os trabalhos chinês 34 (28,6%)<br />

e japonês 35 (26,9%) e levemente maior que a estatística <strong>de</strong><br />

Taiwan 36 (7,68%). Em nossa casuística, a sepse foi a principal<br />

responsável pelos óbitos, seguida <strong>de</strong> neoplasias e acometimento<br />

dos tratos respiratório e cardiovascular, a exemplo <strong>de</strong> outros<br />

trabalhos da literatura. 24,25,31–33<br />

Diante dos dados clínicos e <strong>de</strong>mográfi cos apresentados<br />

neste artigo, verifi camos que nossa população po<strong>de</strong> servir<br />

como referência para a população brasileira com DM adulta:<br />

apresenta semelhanças referentes à <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> predomínio<br />

do gênero feminino e da faixa etária; mínimas diferenças<br />

quanto à frequência e às características das manifestações<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):892-902 901


Souza et al.<br />

extramusculares; e índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> em acordo com<br />

a maior parte da literatura, <strong>de</strong>stacando-se a infecção como<br />

a gran<strong>de</strong> responsável pelos óbitos neste grupo <strong>de</strong> pacientes.<br />

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902 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):892-902


ARTIGO DE REVISÃO<br />

Alterações da articulação temporomandibular<br />

e suas repercussões orofaciais em pacientes<br />

portadores <strong>de</strong> artrite idiopática juvenil<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Renata Teixeira <strong>de</strong> Carvalho 1 , Flávia Silva Farah Ferreira Braga 2 , Fernanda Brito 3 ,<br />

Jonas Capelli Junior 4 , Carlos Marcelo Figueredo 5 , Flávio Roberto Sztajnbok 6<br />

Os pacientes com artrite idiopática juvenil (AIJ) po<strong>de</strong>m apresentar alterações no metabolismo ósseo e no crescimento<br />

esqueletal, além <strong>de</strong> danos na articulação temporomandibular (ATM), o que po<strong>de</strong> gerar alterações extraorais e/ou intraorais,<br />

acarretando distúrbios craniofaciais. Nosso objetivo é promover uma revisão da literatura sobre as alterações<br />

orofaciais em pacientes com AIJ. Dentre os distúrbios orofaciais em pacientes com AIJ, as mudanças no crescimento<br />

mandibular, geradas por disfunções na região da ATM, parecem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> prevalência nesses pacientes. As alterações<br />

mais encontradas são: retrognatismo, micrognatia, mordida aberta anterior, apinhamento <strong>de</strong>ntário, assimetria facial e<br />

limitação <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca. Assim, o reumatologista torna-se uma peça-chave na <strong>de</strong>tecção precoce <strong>de</strong>ssas disfunções,<br />

ajudando no encaminhamento do paciente ao <strong>de</strong>ntista. O diagnóstico, por sua vez, <strong>de</strong>ve ser realizado pelo ortodontista,<br />

utilizando exames clínico e <strong>de</strong> imagem, o que possibilita tratamento precoce e prognóstico favorável. Distúrbios na<br />

ATM <strong>de</strong>vem ser tratados <strong>de</strong> forma multidisciplinar, incluindo tratamento farmacológico para o controle da dor e tratamento<br />

odontológico por meio <strong>de</strong> aparelhagem funcional e/ou ortodôntica, fi sioterapêutico e por vezes fonoaudiológico.<br />

Concluímos que <strong>de</strong>ntre os distúrbios orofaciais em pacientes com AIJ, as mudanças no crescimento mandibular geradas<br />

por disfunções na região da ATM parecem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> prevalência. Tais disfunções po<strong>de</strong>m promover, principalmente,<br />

mordida aberta, retrusão mandibular, micrognatia, apinhamento <strong>de</strong>ntário e assimetria facial. O reumatologista po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tectar tais alterações precocemente, encaminhando o paciente <strong>de</strong> imediato a uma equipe que <strong>de</strong>ve ser, preferencialmente,<br />

multidisciplinar, composta por ortodontista, fi sioterapeuta e fonoaudiólogo, visando reduzir futuras complicações<br />

oclusais e <strong>de</strong> crescimento mandibular.<br />

Palavras-chave: artrite reumatoi<strong>de</strong> juvenil, ortodontia, articulação temporomandibular.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A artrite idiopática juvenil (AIJ) é a doença reumática crônica<br />

mais frequente na infância e na adolescência, e compreen<strong>de</strong><br />

um grupo <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s clínicas distintas, <strong>de</strong> etiologia <strong>de</strong>sconhecida.<br />

1 Essa doença é caracterizada pela infl amação das<br />

articulações, com sintomas persistentes por mais <strong>de</strong> seis semanas,<br />

tendo início antes dos 16 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. 2,3 Atualmente, a AIJ<br />

é classifi cada, segundo a International League of Associations<br />

for Rheumatology (ILAR), como: artrite sistêmica, poliartrite<br />

(FR negativo), poliartrite (FR positivo), oligoartrite (persistente<br />

ou estendida), artrite relacionada com entesite, artrite psoriásica<br />

Recebido em 21/2/2011. Aprovado, após revisão, em 5/9/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse.<br />

Universida<strong>de</strong> Veiga <strong>de</strong> Almeida – UVA.<br />

1. Mestre em Periodontia, Universida<strong>de</strong> Veiga <strong>de</strong> Almeida – UVA<br />

2. Doutora em Periodontia, Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro – UERJ<br />

3. Doutora em Periodontia, UERJ; Professora-Assistente da Disciplina <strong>de</strong> Periodontia, UVA<br />

4. Doutor em Odontologia, UERJ; Professor-Associado da Disciplina <strong>de</strong> Ortodontia, UERJ<br />

5. Doutor em Periodontia, Karolinska Institute, Suécia; Professor <strong>de</strong> Periodontia, UERJ<br />

6. Doutorando em Clínica Médica, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro – UFRJ; Responsável pelo Setor <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Núcleo <strong>de</strong> Estudos da Saú<strong>de</strong> do<br />

Adolescente, UERJ<br />

Correspondência para: Renata Teixeira <strong>de</strong> Carvalho. Rua Ibituruna, 79 – Tijuca. CEP: 20271-901. Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: renatatcarvalho@terra.com.br<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):903-911 907


Carvalho et al.<br />

e indiferenciada. 4 Uma complicação da AIJ a longo prazo é a<br />

diminuição da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea em sítios distantes do<br />

foco inicial da doença, gerando alterações no crescimento e<br />

na maturação óssea <strong>de</strong> forma global. 3,5 Essas alterações po<strong>de</strong>m<br />

levar a um prejuízo do crescimento mandibular, acarretando<br />

alterações orofaciais importantes para a vida adulta do paciente<br />

com AIJ, que po<strong>de</strong>m ter impacto direto na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

<strong>de</strong>sses indivíduos. 5<br />

O diagnóstico precoce <strong>de</strong> distúrbios <strong>de</strong> crescimento facial<br />

e disfunções da articulação temporomandibular (ATM) parece<br />

minimizar problemas <strong>de</strong>ntários futuros em pacientes com AIJ<br />

e aumentar o sucesso do tratamento <strong>de</strong>ssas alterações nesses<br />

indivíduos. 6 Assim, este artigo tem por objetivo promover<br />

uma revisão da literatura sobre o comprometimento da ATM<br />

em pacientes portadores <strong>de</strong> AIJ e suas repercussões orofaciais.<br />

PATOGÊNESE DA ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL<br />

Os comprometimentos articular e periarticular observados na<br />

artrite crônica têm início com as alterações infl amatórias observadas<br />

na membrana sinovial, <strong>de</strong>nominada sinovite. Também<br />

na ATM, a sinovite, ao microscópio, po<strong>de</strong> ser caracterizada por<br />

uma fase <strong>de</strong> exsudação, por infi ltração celular e, fi nalmente,<br />

pela formação <strong>de</strong> um tecido <strong>de</strong> granulação. Essas fases são<br />

inter-relacionadas com a doença ativa, e os subsequentes<br />

eventos imunopatológicos perpetuam essa reação infl amatória<br />

inicial, evoluindo para a cronifi cação do processo <strong>de</strong> doença. 7<br />

Durante o processo ativo da doença, as citocinas liberadas,<br />

principalmente IL-1 e TNF-α, promovem o recrutamento <strong>de</strong><br />

mais neutrófi los, induzindo e<strong>de</strong>ma e marcando a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrame<br />

no espaço articular. Tais neutrófi los ativados tornam-se<br />

responsáveis pela <strong>de</strong>struição tecidual e liberação <strong>de</strong> enzimas<br />

que fragmentam o colágeno e outras proteínas da matriz. Nesse<br />

momento, os linfócitos TCD4 serão atraídos para a sinóvia,<br />

tornando-se as células predominantes na região sinovial. Tais<br />

células têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> clonar e liberar mediadores que<br />

estimulam células infl amatórias. Essas células infl amatórias,<br />

como o macrófagos, liberam citocinas pró-infl amatórias como<br />

IL-1-β, TNF-α, IL-6 e IL-8, que por sua vez estimulam a liberação<br />

<strong>de</strong> proteases por outras células, como os neutrófi los,<br />

gerando mais danos ao tecido articular. 7−9<br />

Com a <strong>de</strong>struição do tecido articular, haverá formação do<br />

tecido <strong>de</strong> granulação que substituirá o tecido <strong>de</strong>struído. Esse<br />

tecido, por sua vez, tem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> penetração na cartilagem<br />

articular e no osso subcondral, formando o pannus. Por fi m,<br />

a cartilagem hialina po<strong>de</strong> ser substituída por tecido conjuntivo<br />

fi broso <strong>de</strong>nso, e, <strong>de</strong>ssa maneira, sua penetração no osso<br />

subcondral po<strong>de</strong> gerar ou não anquilose. Na AIJ a anquilose é,<br />

na maioria das vezes, uma anquilose fi brosa, raramente óssea. 9<br />

COMPROMETIMENTO DA ATM E SUAS<br />

REPERCUSSÕES OROFACIAIS<br />

A AIJ po<strong>de</strong> gerar, além <strong>de</strong> prejuízo funcional da articulação<br />

inicialmente afetada, lesões ósseas justa- ou periarticulares.<br />

Estudos mostram que pacientes com AIJ po<strong>de</strong>m apresentar<br />

uma <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> crescimento global, 10−12 que po<strong>de</strong> atingir <strong>de</strong><br />

10%–20% dos pacientes, com maior incidência em <strong>de</strong>terminados<br />

subtipos da doença, como a sistêmica e a poliarticular. 13<br />

Embora a etiologia do retardo nesse crescimento seja <strong>de</strong>sconhecida,<br />

vários fatores têm sido implicados, como presença<br />

<strong>de</strong> níveis elevados <strong>de</strong> citocinas pró-infl amatórias, uso crônico<br />

<strong>de</strong> corticoi<strong>de</strong>s para o controle da doença, <strong>de</strong>snutrição e imobilização.<br />

13,14 O uso dos corticoi<strong>de</strong>s e o aumento marcante <strong>de</strong><br />

citocinas pró-infl amatórias promovem uma alteração na liberação<br />

do hormônio do crescimento (GH). 14 Em concomitância ao<br />

fato anterior, os pacientes com AIJ, em particular os subtipos<br />

poliarticular e sistêmico, comprovadamente apresentam uma<br />

diminuição da massa muscular, o que, acredita-se, provoca<br />

uma diminuição também na massa óssea <strong>de</strong>sses indivíduos. 14<br />

Tais fatos comprometem não apenas o crescimento global do<br />

paciente, mas também o mandibular.<br />

Além disso, no caso do osso mandibular, somam-se à<br />

<strong>de</strong>fi ciência na liberação do GH outros dois pilares: a) lesões<br />

erosivas na região condilar, que mostram prevalência muito<br />

elevada nos pacientes com AIJ (em torno <strong>de</strong> 75%), 15−17 erosão<br />

esta provocada pelo processo infl amatório da AIJ 5,10,13,16−18 e<br />

b) fechamento prematuro da epífi se óssea, pelo uso prolongado<br />

<strong>de</strong> corticoi<strong>de</strong> durante a fase <strong>de</strong> crescimento. 18 Tais ações<br />

promovem uma <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> crescimento mandibular, uma<br />

vez que a região condilar é sabidamente o principal centro <strong>de</strong><br />

crescimento <strong>de</strong>ssa região. Essas alterações parecem tornar-se<br />

mais evi<strong>de</strong>ntes nos pacientes com ida<strong>de</strong>s entre 9 a 12 anos, 18<br />

período em que há o surto do crescimento e no qual é esperado<br />

que a mandíbula mostre um crescimento acelerado. Como<br />

resultado, não é incomum pacientes com AIJ apresentarem<br />

micrognatia e/ou rotação posterior da mandíbula 13,18 (o que<br />

po<strong>de</strong> ser observado no perfi l do paciente, fi cando a região do<br />

mento muito posterior quando comparada à base do crânio),<br />

assim como mordida aberta, quando não existe contato dos<br />

<strong>de</strong>ntes anteriores na oclusão. Se apenas uma ATM foi atingida<br />

pela doença, a assimetria facial torna-se presente, já que nesse<br />

caso teremos apenas uma área <strong>de</strong> crescimento mandibular comprometida,<br />

enquanto a do lado oposto apresentará crescimento<br />

normal. 13,18<br />

908 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):903-911


Alterações da articulação temporomandibular e suas repercussões orofaciais em pacientes portadores <strong>de</strong> artrite idiopática juvenil<br />

Durante o exame clínico na AIJ, é muito comum <strong>de</strong>tectarmos<br />

uma limitação marcante <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca, principalmente<br />

se a doença está na fase ativa. 18,19 Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar<br />

limitação <strong>de</strong> abertura uma medida < 29,5 mm em crianças<br />

<strong>de</strong> até 3 anos; 34,5 mm em crianças até 6 anos; e 39,5 mm<br />

para maiores <strong>de</strong> 7 anos. 20 Tal restrição <strong>de</strong> movimento também<br />

infl uencia no crescimento mandibular, já que o estímulo ao<br />

crescimento ósseo do tracionamento muscular torna-se quase<br />

inexistente.<br />

O subtipo <strong>de</strong> AIJ também infl uencia na gravida<strong>de</strong> das<br />

alterações orofaciais. No tipo poliarticular, tais alterações<br />

são mais pronunciadas quando comparadas às <strong>de</strong> outros<br />

subtipos. 21,22 O tempo <strong>de</strong> início da doença também tem forte<br />

infl uência no crescimento anormal mandibular, 23 uma vez que<br />

quanto mais cedo a doença se inicia, maiores são as possibilida<strong>de</strong>s<br />

do aparecimento dos efeitos adversos provocados<br />

pelo tratamento e dos efeitos <strong>de</strong>generativos da doença-base<br />

sobre o <strong>de</strong>senvolvimento normal mandibular, como <strong>de</strong>scrito<br />

anteriormente.<br />

Os pacientes com AIJ, comparados a indivíduos saudáveis,<br />

apresentam as dimensões <strong>de</strong> mandíbula e corpo e altura do<br />

ramo mandibular diminuídos. 16 Em uma compensação fi siológica<br />

a essa <strong>de</strong>fi ciência, os incisivos superiores e inferiores<br />

muitas vezes posicionam-se <strong>de</strong> forma mais inclinada anteriormente<br />

(biprotusão), acarretando em diminuição do ângulo<br />

interincisal (ângulo formado entre as pontas dos incisivos<br />

superiores e inferiores). 17 Esse quadro po<strong>de</strong> ser observado<br />

clinicamente, com o paciente apresentando um perfi l convexo,<br />

gerado pela biprotusão.<br />

A rotação posterior da mandíbula e a diminuição das dimensões<br />

mandibulares em pacientes com AIJ po<strong>de</strong>m levar a<br />

uma mordida aberta anterior. 6,17−19 Tal mordida aberta, além<br />

do comprometimento estético, promove uma sobrecarga mastigatória<br />

aos elementos posteriores, po<strong>de</strong>ndo acarretar <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sconforto mastigatório a dores mais intensas na região da<br />

ATM. Contudo, muitas vezes ocorre crescimento vertical<br />

compensatório na região anterior do osso alveolar mandibular,<br />

fazendo com que os incisivos inferiores e superiores<br />

sofram uma sobre-erupção, o que po<strong>de</strong> camufl ar clinicamente<br />

a mordida aberta instalada. 9<br />

De acordo com estudos, a prevalência da disfunção na<br />

ATM em pacientes portadores <strong>de</strong> AIJ po<strong>de</strong> variar entre<br />

25%–75%, 1,2,12,17 e tal discrepância po<strong>de</strong> apoiar-se no fato<br />

<strong>de</strong> os estudos abrangerem diferentes ida<strong>de</strong>s, subtipos <strong>de</strong> AIJ<br />

e tempos <strong>de</strong> duração da doença. 12 Segundo Ringold et al., 1<br />

apesar <strong>de</strong> atingir uma prevalência alta, 69% dos pacientes<br />

diagnosticados com disfunção temporomandibular (DTM)<br />

são assintomáticos.<br />

DIAGNÓSTICO DE ALTERAÇÕES NA ATM<br />

Um bom diagnóstico é importante para distinguir entre<br />

má oclusão <strong>de</strong>ntária e discrepância óssea, 6 diferenciando,<br />

assim, o crescimento normal <strong>de</strong> um crescimento anormal<br />

causado por uma condição patológica. Há uma acentuada<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> critérios que facilitem o diagnóstico precoce<br />

do comprometimento da ATM, a fi m <strong>de</strong> instituir-se o tratamento<br />

precoce. É altamente recomendável acompanhar a<br />

função mastigatória <strong>de</strong> crianças com AIJ, além da capacida<strong>de</strong><br />

funcional da ATM. 6<br />

É fundamental importância que o reumatologista compreenda<br />

seu papel na <strong>de</strong>tecção precoce e no encaminhamento do<br />

paciente com AIJ, incluindo o exame <strong>de</strong>ssa articulação em sua<br />

rotina clínica. Devem ser consi<strong>de</strong>rados como parâmetros: limitação<br />

<strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> boca, dor, <strong>de</strong>svio mandibular na abertura<br />

e/ou fechamento, estalido, crepitação 12 e retrusão mandibular<br />

acentuada. Tal retrusão po<strong>de</strong> ser caracterizada clinicamente<br />

avaliando-se o paciente em perfi l e observando-se um posicionamento<br />

da região mental muito posterior à base do crânio.<br />

Como auxílio ao diagnóstico, po<strong>de</strong>m ser utilizadas radiografi<br />

as do tipo panorâmica ou transcraniana, ultrassonografi a<br />

da região articular e ressonância magnética. A ressonância<br />

magnética é consi<strong>de</strong>rada a melhor forma <strong>de</strong> diagnóstico precoce,<br />

uma vez que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar alterações musculares, sinoviais<br />

cartilaginosas e ósseas, mesmo em início <strong>de</strong> progressão. 24,21<br />

A única <strong>de</strong>svantagem da ressonância magnética é o fato <strong>de</strong> que<br />

pacientes muito jovens necessitam <strong>de</strong> sedação para a realização<br />

do exame. 12,22,25 A radiografi a panorâmica apresenta como<br />

vantagens baixo custo, baixa irradiação e fácil execução, porém<br />

só possibilita a visualização <strong>de</strong> lesões tardiamente, quando<br />

as erosões condilares já estão instaladas. A ultrassonografi a<br />

fi ca bastante limitada pela anatomia da região da ATM, sendo<br />

pouco utilizada. 21<br />

DISCUSSÃO<br />

O comprometimento bilateral da ATM é mais comum nos pacientes<br />

com AIJ, correspon<strong>de</strong>ndo a uma prevalência <strong>de</strong> 74%, 1,17,11<br />

o que po<strong>de</strong> levar à <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> toda a região<br />

mandibular, acarretando todas as alterações orofaciais <strong>de</strong>scritas<br />

anteriormente. O comprometimento unilateral po<strong>de</strong> gerar uma<br />

assimetria facial clinicamente <strong>de</strong>tectável, explicada pelo crescimento<br />

assimétrico do osso mandibular. 17,26 Além disso, estudos<br />

mostram que o uso dos corticoi<strong>de</strong>s, juntamente com o aumento<br />

marcante <strong>de</strong> interleucinas infl amatórias, promovem interferência<br />

direta na liberação do GH durante o curso da doença, além<br />

<strong>de</strong> estimularem a produção <strong>de</strong> osteoclastos e a supressão dos<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):903-911 909


Carvalho et al.<br />

osteoblastos. 11,13,14 O diagnóstico precoce da ativida<strong>de</strong> da doença<br />

na ATM é mais difícil que em outras articulações envolvidas<br />

pela AIJ, pois os sintomas clínicos acabam sendo muito sutis<br />

em crianças. 6 Tal diagnóstico torna-se mais facilitado quando<br />

há lesões na região condilar, observadas na radiografi a e na ressonância<br />

magnética. 5,6 Os pacientes com a ATM acometida pela<br />

doença apresentam também o músculo masseter curto. A presença<br />

<strong>de</strong>ssa característica é observada mais frequentemente em<br />

pacientes bastante jovens diagnosticados com AIJ e DTM, uma<br />

vez que a própria dor gerada pela DTM inibe o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do músculo masseter, o que leva a uma retenção do crescimento<br />

ósseo mandibular. 24 Quando essa <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> crescimento do<br />

masseter já estiver clinicamente instalada, o profi ssional po<strong>de</strong><br />

observar que o paciente, ao promover a abertura total da boca,<br />

tem um <strong>de</strong>svio para o lado do músculo encurtado. 6<br />

Em estudo longitudinal que acompanhou pacientes da<br />

fase <strong>de</strong> diagnóstico da doença (infantil) até a fase adulta,<br />

observou-se que não existe comprometimento do crescimento<br />

das dimensões mandibulares, mas alteração da direção <strong>de</strong>sse<br />

crescimento. 2 Porém, em estudo posterior que avaliou 100<br />

pacientes com diferentes subtipos <strong>de</strong> AIJ, concluiu-se que<br />

as dimensões mandibulares encontravam-se diminuídas. 16<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tipo <strong>de</strong> alteração ocorrida, clinicamente<br />

teremos pacientes com micrognatia.<br />

Já em estudo recente em que foram examinados 60 pacientes<br />

com diagnóstico <strong>de</strong> AIJ ocorrido há 27 anos, concluiu-se<br />

que havia algum tipo <strong>de</strong> distúrbio do crescimento mandibular,<br />

porém não foi comprovada uma relação direta com o acometimento<br />

da ATM pela AIJ. Já a micrognatia mostrou ter uma<br />

relação direta com o comprometimento bilateral da ATM. 27<br />

Em estudo <strong>de</strong> corte transversal sobre a incidência do acometimento<br />

da ATM pela AIJ ao longo <strong>de</strong> 12 meses, <strong>de</strong>tectada<br />

por radiografi a panorâmica, concluiu-se que 66% dos pacientes<br />

apresentaram melhora da disfunção temporomandibular em<br />

relação à melhora dos sinais da AIJ. 28<br />

CONCLUSÃO<br />

Dentre os distúrbios orofaciais em pacientes com AIJ, as mudanças<br />

no crescimento mandibular geradas por disfunções na<br />

região da ATM parecem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> prevalência. Tais disfunções<br />

po<strong>de</strong>m acarretar, principalmente, mordida aberta, retrusão<br />

mandibular, micrognatia, apinhamento <strong>de</strong>ntário e assimetria<br />

facial. O reumatologista po<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar tais alterações precocemente,<br />

encaminhando prontamente o paciente a uma equipe<br />

que <strong>de</strong>ve ser, preferencialmente, multidisciplinar, composta <strong>de</strong><br />

ortodontista, fi sioterapeuta e fonoaudiólogo, visando reduzir<br />

futuras complicações oclusais e <strong>de</strong> crescimento mandibular.<br />

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ARTIGO DE REVISÃO<br />

Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong><br />

tratamento da osteoporose em mulheres na<br />

pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

Cristina Mariano Ruas Brandão 1 , Gustavo Pinto da Matta Machado 2 , Francisco <strong>de</strong> Assis Acurcio 3<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

A osteoporose, principalmente na pós-menopausa, apresenta alto impacto socioeconômico para o indivíduo e para a<br />

socieda<strong>de</strong>. Existem vários medicamentos para sua prevenção e tratamento; entretanto, observa-se ampla variação na<br />

efi cácia e nos custos relacionados. Diversas avaliações econômicas têm sido conduzidas a fi m <strong>de</strong> se avaliar as estratégias<br />

mais efi cientes. O objetivo <strong>de</strong>sse trabalho foi conduzir uma revisão sistemática das avaliações econômicas realizadas<br />

no Brasil e no mundo, enfocando o tratamento da osteoporose na pós-menopausa. Foi realizada uma busca <strong>de</strong> artigos<br />

sobre avaliação econômica <strong>de</strong> medicamentos para o tratamento da osteoporose na pós-menopausa, nas bases <strong>de</strong> dados<br />

PubMed e LILACS. No geral, os bisfosfonatos foram as estratégias mais avaliadas e que resultaram em melhores relações<br />

custo-efetivida<strong>de</strong> incrementais. Terapia hormonal, suplementação <strong>de</strong> cálcio e vitamina D, ranelato <strong>de</strong> estrôncio,<br />

raloxifeno, teriparatida e <strong>de</strong>nosumabe foram avaliados e apresentaram resultados variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da perspectiva<br />

adotada, do país e das premissas assumidas para cada estudo. Não foi possível extrapolar nenhum dos resultados para<br />

a população brasileira, limitando sua utilização pelos tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

Palavras-chave: osteoporose, pós-menopausa, revisão, economia da saú<strong>de</strong>.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A osteoporose implica em aumento do risco <strong>de</strong> fraturas. A<br />

ocorrência <strong>de</strong> fraturas leva a consequências para o indivíduo e<br />

para a socieda<strong>de</strong> como um todo. 1 As mulheres, especialmente<br />

após os 50 anos, são as mais vulneráveis a fraturas <strong>de</strong>vido às<br />

alterações hormonais da pós-menopausa, responsáveis pela<br />

diminuição da massa óssea. O aumento da expectativa <strong>de</strong><br />

vida, que ocorre em muitas partes do mundo, evi<strong>de</strong>ncia que<br />

as mulheres agora vivem mais <strong>de</strong> um terço <strong>de</strong> suas vidas após<br />

a menopausa, e que o número <strong>de</strong> mulheres na pós-menopausa<br />

está aumentando. No Brasil, por exemplo, em 1990, o número<br />

<strong>de</strong> mulheres com mais <strong>de</strong> 50 anos era <strong>de</strong> 10.345.440; 20 anos<br />

<strong>de</strong>pois, esse número praticamente duplicou – e o número <strong>de</strong><br />

mulheres é 18,0% maior que o número <strong>de</strong> homens. 2 Essa é<br />

igualmente uma tendência em outros países da América e da<br />

Europa. 1 Consi<strong>de</strong>rando-se o envelhecimento populacional, o<br />

aumento da expectativa <strong>de</strong> vida e a feminização das ida<strong>de</strong>s<br />

mais avançadas, torna-se gran<strong>de</strong> o impacto socioeconômico<br />

da osteoporose.<br />

Segundo o Latin American Vertebral Osteoporosis Study<br />

(LAVOS), estudo <strong>de</strong> base populacional, a prevalência <strong>de</strong> fraturas<br />

vertebrais radiográfi cas em mulheres nos países da América<br />

Latina é <strong>de</strong> 11,18% (IC: 9,23−13,4). 3 Em estudo conduzido<br />

no Brasil, The Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS),<br />

encontrou-se prevalência <strong>de</strong> 15,1% <strong>de</strong> fraturas em mulheres<br />

e 6,0% <strong>de</strong> osteoporose. 4 Lopes et al. 5 encontraram que mulheres<br />

tiveram maior prevalência <strong>de</strong> fraturas osteoporóticas<br />

Recebido em 13/10/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse. Suporte Financeiro: CMRB foi<br />

bolsista <strong>de</strong> doutorado pela Fapemig; FAA é bolsista <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> em Pesquisa nível II do CNPq e do Programa <strong>de</strong> Pesquisador Mineiro da Fapemig.<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais – UFMG; Fundação Hospitalar do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais – FHEMIG.<br />

1. Doutora em Saú<strong>de</strong> Pública, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais – UFMG; Professora-Adjunta da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia, UFMG; Analista <strong>de</strong> Gestão em<br />

Assistência à Saú<strong>de</strong>, Economia da Saú<strong>de</strong>, Fundação Hospitalar do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais – FHEMIG<br />

2. Doutor em Saú<strong>de</strong> Pública, UFMG; Professor do Departamento <strong>de</strong> Clínica Médica, UFMG<br />

3. Pós-doutor em Economia da Saú<strong>de</strong>, Universitat Pompeu Fabra; Professor Titular da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia, UFMG<br />

Correspondência para: Cristina Mariano Ruas Brandão. Gerência <strong>de</strong> Ensino e Pesquisa. Alameda Álvaro Celso, 100 − Santa Efi gênia. CEP: 30150-260.<br />

Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: crisruasbrandao@yahoo.com.br<br />

924 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937


Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

que homens. Os principais locais <strong>de</strong> acometimento foram:<br />

antebraço (6,0%), úmero (2,3%), fêmur (1,3%) e vértebras<br />

(1,1%). A prevalência é maior conforme o aumento da ida<strong>de</strong>.<br />

Após os 40 anos, foi encontrada 33% <strong>de</strong> osteoporose e 11,5%<br />

<strong>de</strong> fraturas osteoporóticas. 4<br />

Os sítios anatômicos mais comumente associados à<br />

osteoporose são vértebras, quadris e punhos. 1 Muitas fraturas<br />

vertebrais são assintomáticas e têm baixo impacto no uso <strong>de</strong><br />

recursos em saú<strong>de</strong>; estima-se que somente 25% <strong>de</strong>ssas fraturas<br />

sejam diagnosticadas clinicamente. 6 Fraturas <strong>de</strong> quadris, geralmente<br />

no fêmur proximal, aumentam sua incidência conforme<br />

a ida<strong>de</strong> e são associadas com signifi cante redução na qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vida e elevada mortalida<strong>de</strong>. 7<br />

Os custos da socieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados diretos e<br />

indiretos e estão associados tanto à prevenção e ao tratamento<br />

da osteoporose quanto ao tratamento e à reabilitação das fraturas.<br />

Estudo conduzido no setor terciário avaliou os custos<br />

anuais da osteoporose em mulheres na pós-menopausa, sob a<br />

perspectiva da socieda<strong>de</strong>, e encontrou custo por paciente <strong>de</strong><br />

775 dólares ao ano (1998). 8 O custo da terapia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

estratégia <strong>de</strong> intervenção escolhida e da perspectiva analisada.<br />

Em Minas Gerais, por exemplo, os gastos médios mensais per<br />

capita com medicamentos para o tratamento da osteoporose,<br />

sob a perspectiva do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS), foram <strong>de</strong><br />

R$27,64 para pacientes que utilizaram alendronato, R$<strong>52</strong>,85<br />

para os que utilizaram calcitriol, R$56,73 alfacalcidol, R$94,92<br />

raloxifeno e R$132,75 para os que utilizaram calcitonina<br />

sintética <strong>de</strong> salmão. 9<br />

Estimativas <strong>de</strong> custos hospitalares para tratamento da<br />

fratura aguda do fêmur por osteoporose em dois hospitais<br />

paulistas conveniados ao SUS (Hospital Universitário e Santa<br />

Casa <strong>de</strong> Misericórdia) encontraram que a média do custo foi<br />

<strong>de</strong> R$8.266,25 e R$1.949,65, respectivamente. Entretanto, os<br />

autores consi<strong>de</strong>ram que os custos não correspon<strong>de</strong>m à realida<strong>de</strong>,<br />

estando possivelmente subestimados <strong>de</strong>vido às fontes e<br />

metodologias <strong>de</strong> avaliação dos custos. 10 No sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

suplementar (privado), a estimativa <strong>de</strong> custo por tratamento<br />

<strong>de</strong> cada fratura foi <strong>de</strong> R$24.000,00. 11<br />

O objetivo do tratamento farmacológico é a redução da<br />

incidência <strong>de</strong> novas fraturas vertebrais e não vertebrais (principalmente<br />

<strong>de</strong> quadril), responsáveis pela morbida<strong>de</strong> associada<br />

à doença. A avaliação da efi cácia não tem sido sufi ciente para<br />

a utilização <strong>de</strong>sses fármacos no contexto do sistema público<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, levando-se em conta as limitações orçamentárias.<br />

Análises econômicas permitem a avaliação conjunta da efetivida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong> distintos componentes relacionados ao custo.<br />

Diferentes abordagens metodológicas po<strong>de</strong>m ser adotadas,<br />

levando-se em consi<strong>de</strong>ração principalmente a medida <strong>de</strong><br />

resultados. Os tipos <strong>de</strong> estudos comumente utilizados em<br />

farmacoeconomia são os estudos <strong>de</strong> minimização <strong>de</strong> custos,<br />

custo-efetivida<strong>de</strong>, custo-utilida<strong>de</strong> e custo-benefício. De acordo<br />

com o tipo <strong>de</strong> análise realizada, o benefício em saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

expresso em anos <strong>de</strong> vida salvos ou expectativa <strong>de</strong> vida, para<br />

estimar razões <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong>. Se a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfecho<br />

clínico ou efetivida<strong>de</strong> utilizada for a preferência do paciente<br />

ou a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, então o estudo avalia razões <strong>de</strong> custo-<br />

utilida<strong>de</strong>. Se o estudo converte o <strong>de</strong>sfecho clínico em dólares<br />

ou unida<strong>de</strong> monetária, a relação calculada é expressa como<br />

custo-benefício. 12<br />

Conforme seja <strong>de</strong>fi nido o público do estudo, diferentes<br />

perspectivas <strong>de</strong> avaliação econômica po<strong>de</strong>m ser adotadas, o<br />

que infl uenciará nos tipos <strong>de</strong> custos que serão mensurados.<br />

As perspectivas mais comumente utilizadas nesses estudos<br />

são aquelas que consi<strong>de</strong>ram o ponto <strong>de</strong> vista do paciente e da<br />

família, o dos hospitais, o do setor público, o das companhias<br />

<strong>de</strong> seguro ou o da socieda<strong>de</strong> como um todo. 13<br />

Os resultados nas avaliações econômicas comumente são<br />

expressos em razão média e razão adicional (incremental) <strong>de</strong><br />

custo-efetivida<strong>de</strong>. A razão custo-efetivida<strong>de</strong> (RCE) é calculada<br />

dividindo-se o custo da estratégia farmacológica pelo benefício<br />

na saú<strong>de</strong> obtido com essa estratégia. A razão custo-efetivida<strong>de</strong><br />

incremental (RCEI) compara os custos adicionais <strong>de</strong> uma<br />

estratégia em relação à outra, comparando com a proporção<br />

adicional <strong>de</strong> efeitos, benefícios ou utilida<strong>de</strong>s que oferecem.<br />

Enquanto a RCE enfoca uma estratégia específi ca, a RCEI<br />

avalia a diferença entre as duas estratégias farmacológicas,<br />

sendo, portanto, <strong>de</strong> maior aplicabilida<strong>de</strong> para tomada <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão e, por isso, seu uso é recomendado nas análises <strong>de</strong><br />

custo-efetivida<strong>de</strong> e custo-utilida<strong>de</strong>. 14 Segundo a Organização<br />

Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), são consi<strong>de</strong>radas custo-efetivas as<br />

estratégias terapêuticas cuja RCEI não ultrapasse o limiar <strong>de</strong><br />

disponibilida<strong>de</strong> a pagar <strong>de</strong> três vezes o produto interno bruto<br />

per capita daquele país. 15<br />

As medidas <strong>de</strong> resultados utilizadas nas avaliações<br />

econômicas <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> e custo-utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medicamentos<br />

para o tratamento da osteoporose são geralmente<br />

apresentadas em termos <strong>de</strong> fraturas evitadas, anos <strong>de</strong> vida<br />

ganhos (AVG) ou anos <strong>de</strong> vida ajustados pela qualida<strong>de</strong> (AVAQ<br />

ou QALY − Quality adjusted life years). Os AVAQ incorporam<br />

não só os anos <strong>de</strong> vida ganhos (quantida<strong>de</strong>), como também a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida correspon<strong>de</strong>nte. Essa medida <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong> é<br />

relevante nas situações em que existe um aumento da sobrevida<br />

em condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que não são i<strong>de</strong>ais ou quando terapias<br />

não alteram a sobrevida, mas somente a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. 14<br />

Seu uso tem se mostrado muito útil para estimar doenças<br />

crônicas, como a osteoporose. 16<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937 925


Brandão et al.<br />

Análises econômicas têm sido conduzidas para subsidiar os<br />

tomadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão quanto ao valor das alternativas terapêuticas<br />

disponíveis, com o intuito <strong>de</strong> prover uma alocação efi ciente<br />

dos recursos para alcançar o máximo benefício nos cuidados<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Essas avaliações incorporam tanto as diferenças na<br />

efi cácia dos medicamentos quanto a variação nos custos com<br />

o tratamento da osteoporose.<br />

Dados <strong>de</strong> efi cácia <strong>de</strong> medicamentos po<strong>de</strong>m ser transferíveis<br />

<strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong> para outra. Entretanto, em avaliações<br />

econômicas em saú<strong>de</strong>, existem inúmeras razões que difi cultam<br />

a generalização <strong>de</strong> resultados. Aspectos relacionados à valida<strong>de</strong><br />

externa, como as diferenças das estimativas <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong><br />

e custos entre populações, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados antes <strong>de</strong><br />

utilizar os resultados <strong>de</strong> avaliações econômicas obtidas em<br />

diferentes países. Até mesmo estudos conduzidos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

uma mesma localida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m gerar resultados que não <strong>de</strong>vem<br />

ser confrontados quando existem diferenças na perspectiva da<br />

avaliação. 13 Apesar disso, a apreciação <strong>de</strong>sses estudos po<strong>de</strong><br />

ser útil no direcionamento das análises, fornecendo uma visão<br />

abrangente <strong>de</strong> aspectos relevantes para condução <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong><br />

custo-efetivida<strong>de</strong> e custo-utilida<strong>de</strong>. Nessa perspectiva, o objetivo<br />

<strong>de</strong>sse trabalho foi conduzir uma revisão sistemática das avaliações<br />

econômicas completas, realizadas no Brasil e no mundo,<br />

enfocando o tratamento da osteoporose na pós-menopausa.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Critérios <strong>de</strong> busca<br />

Foi realizada uma busca <strong>de</strong> artigos sobre avaliação econômica<br />

<strong>de</strong> medicamentos para o tratamento da osteoporose na pósmenopausa,<br />

na base <strong>de</strong> dados PubMed por meio do programa<br />

Jabref versão 2.6. As seguintes palavras-chave foram utilizadas:<br />

{osteoporosis} and ({postmenopausal} or {post-menopausal})<br />

and ({cost effectiveness} or {cost benefi t} or {cost utility} or<br />

{economic evaluation}). Os critérios <strong>de</strong> busca foram aplicados<br />

aos títulos e resumos.<br />

Adicionalmente, realizou-se uma busca <strong>de</strong> estudos conduzidos<br />

no Brasil na base <strong>de</strong> dados da LILACS, com as palavraschave<br />

{osteoporosis or osteoporose} and ({postmenopausal} or<br />

{post-menopausal} or {pós-menopausa} or {pós menopausa}).<br />

Também foi realizada uma busca manual em revistas nacionais<br />

não in<strong>de</strong>xadas. Não houve restrição <strong>de</strong> data da publicação<br />

<strong>de</strong> artigos; a busca foi feita até abril <strong>de</strong> 2012.<br />

Critérios <strong>de</strong> inclusão e exclusão<br />

Os critérios <strong>de</strong> seleção dos artigos foram os seguintes: a)<br />

ser uma avaliação econômica completa (custo-efetivida<strong>de</strong>,<br />

custo-utilida<strong>de</strong> ou custo-benefício); b) o estudo ter sido conduzido<br />

em população com osteoporose pós-menopausa; c)<br />

ter avaliado medicamentos para o tratamento da osteoporose.<br />

Os critérios <strong>de</strong> exclusão foram: a) tratamento <strong>de</strong> osteoporose<br />

após câncer <strong>de</strong> mama; b) população <strong>de</strong> mulheres com<br />

osteopenia; c) avaliação econômica parcial; d) comparação <strong>de</strong><br />

estratégias <strong>de</strong> triagem clínica.<br />

Seleção dos estudos<br />

A análise dos títulos e resumos quanto aos critérios <strong>de</strong> elegibilida<strong>de</strong><br />

foi realizada por dois revisores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Nos casos<br />

discordantes, estes foram analisados por um terceiro revisor.<br />

Apresentação dos resultados<br />

Depois <strong>de</strong> aplicados os critérios <strong>de</strong> elegibilida<strong>de</strong>, realizou-se<br />

uma leitura minuciosa dos artigos e os dados foram agrupados<br />

em duas tabelas <strong>de</strong>scritivas. Para facilitar a comparação entre<br />

os dados, <strong>de</strong>terminou-se, a partir dos estudos, autores e ano do<br />

estudo, local on<strong>de</strong> o estudo foi realizado, perspectiva do estudo,<br />

moeda em que foi apresentado o resultado, taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto<br />

utilizada, população-alvo, intervenção analisada, horizonte<br />

temporal, instituição dos autores, <strong>de</strong>sfecho, RCEI, e informações<br />

a respeito dos confl itos <strong>de</strong> interesse com a indústria<br />

farmacêutica. Para apresentação dos resultados, consi<strong>de</strong>rou-se<br />

a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> publicação dos estudos.<br />

RESULTADOS<br />

A partir dos critérios <strong>de</strong> busca, foram encontrados 170 títulos<br />

e resumos <strong>de</strong> estudos na base <strong>de</strong> dados PubMed. Na LILACS<br />

foram encontrados 69 artigos, e um na busca manual. De acordo<br />

com os critérios <strong>de</strong> elegibilida<strong>de</strong>, 210 títulos e resumos foram<br />

excluídos, principalmente por não se tratarem <strong>de</strong> avaliações<br />

econômicas (n = 143), avaliação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> rastreamento<br />

(n = 23) e outros motivos (n = 44). Permaneceram 30 estudos<br />

para a revisão farmacoeconômica.<br />

Dentre os 30 artigos apresentados, cinco foram publicados<br />

em 2006 e 2008 (cada) e quatro em 2010; três em 2003, 2004 e<br />

2011; dois em 2002 e 2007; e um em 1998, 1999 e 2005. Foram<br />

encontrados estudos <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> e custo-utilida<strong>de</strong>.<br />

Todos os resultados foram apresentados em RCEI, com exceção<br />

<strong>de</strong> Borgström et al., 17 que apresentaram os resultados<br />

somente em custos/QALY. Para padronização dos resultados,<br />

em um dos estudos incluídos, foi necessário calcular o valor<br />

<strong>de</strong> RCEI a partir dos dados <strong>de</strong> custo e efetivida<strong>de</strong> informados<br />

em tabelas. 18 Todos os dados relevantes referentes aos estudos<br />

selecionados estão apresentados na Tabela 1 e na Tabela 2.<br />

926 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937


Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

Tabela 1<br />

Características metodológicas dos estudos <strong>de</strong> avaliação econômica dos medicamentos para o tratamento da osteoporose na<br />

pós-menopausa<br />

Estudo País Perspectiva Moeda Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto População-alvo Intervenção<br />

Rosner<br />

et al., 1998 20<br />

Escolar<br />

et al., 199932 Iglesias<br />

et al., 200221 Willis et al.,<br />

2002 43<br />

Canadá <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Dólar<br />

cana<strong>de</strong>nse<br />

(1996)<br />

Espanha Provedor<br />

<strong>de</strong> serviços<br />

Reino Unido Não <strong>de</strong>ixa<br />

claro<br />

Suécia Sistema<br />

Nacional<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Silva, 2003 33 Brasil Sistema<br />

Único <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong><br />

Johnell<br />

et al., 2003 22<br />

Brecht<br />

et al., 2003 23<br />

Kanis et al.,<br />

2004 34<br />

Borgström<br />

et al., 2004 38<br />

Brecht<br />

et al., 2004 39<br />

Stevenson<br />

et al., 2005 19<br />

Borgström<br />

et al., 2006 24<br />

Liu et al.,<br />

2006 26<br />

Suécia Provedor<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Alemanha Seguro<br />

social <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong><br />

Reino Unido Provedor<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Suécia Provedor<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Alemanha Seguro<br />

social <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong><br />

Reino Unido Sistema <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> inglês<br />

Suécia,<br />

Finlândia,<br />

Espanha,<br />

Bélgica<br />

Estados<br />

Unidos<br />

Pesetas<br />

(1998)<br />

Euro<br />

(1999)<br />

Coroa<br />

(2000)<br />

Real<br />

(2001)<br />

Coroa<br />

(2000)<br />

5% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

em mulheres<br />

com e sem<br />

histerectomia<br />

2% C e 0% R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

6% C e 1,5% R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

e ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

75 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

e ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

70 anos<br />

− Mulheres<br />

com e sem<br />

osteoporose<br />

aos 50 e<br />

65 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

e 71 anos<br />

(1999) 5% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 70 anos<br />

Euro<br />

2000/2001<br />

Euro<br />

(2001)<br />

Euro<br />

(2001/02)<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Euro<br />

(2003)<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Dólar<br />

(2003)<br />

6% C e 1,5% R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

com 70 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

sem fraturas e<br />

ida<strong>de</strong> 60, 70<br />

e 80 anos<br />

5% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

com 70 anos<br />

1,5% C e 6% R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 50, 60,<br />

70 e 80 ou<br />

mais e sem<br />

fraturas aos 70<br />

e 80 ou mais<br />

Suécia 3% C/R,<br />

Finlândia 5% C/R,<br />

Espanha 6% C/R,<br />

Bélgica 3% C<br />

Osteoporose<br />

com e sem<br />

fraturas e ida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 70 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 70 anos<br />

Estratégia 1 (Ca + →s/tto)<br />

Estratégia 2 (TH→Ca + →s/tto)<br />

Estratégia 3 (TH →<br />

etidronato → Ca + → s/tto)<br />

Estratégia 4 (TH→<br />

alendronato →Ca + → s/tto)<br />

Alendronato<br />

Placebo<br />

S/tto<br />

Risedronato<br />

S/tto<br />

Ca + e vit. D3<br />

S/tto<br />

DMO + alendronato<br />

DMO + TH<br />

TH<br />

Ca + + Vit. D<br />

S/tto<br />

Alendronato<br />

Tratamento padrão<br />

Risedronato<br />

S/tto<br />

Risedronato<br />

S/tto<br />

Raloxifeno<br />

S/tto<br />

Alendronato<br />

Risedronato<br />

Raloxifeno<br />

Alendronato<br />

Risedronato<br />

Etidronato<br />

Raloxifeno<br />

Teriparatida<br />

Estrogênios<br />

S/tto<br />

Risedronato<br />

Ca + ou Vit. D<br />

Alendronato (5 anos)<br />

Teriparatida (2 anos)<br />

Teriparatida (2 anos) +<br />

alendronato (5 anos)<br />

Horizonte<br />

temporal<br />

3 anos Sim<br />

3 anos Não<br />

Até os<br />

100 anos<br />

ou até a<br />

morte<br />

Até 90<br />

anos ou<br />

morte<br />

Confl itos<br />

<strong>de</strong> interesse<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937 927<br />

Sim<br />

Sim<br />

1 ano Não<br />

Até 100<br />

anos ou<br />

até a<br />

morte<br />

3 anos <strong>de</strong><br />

tratamento<br />

e 10<br />

anos <strong>de</strong><br />

seguimento<br />

Sim<br />

Sim<br />

5 anos Não<br />

Até 100<br />

anos ou<br />

até a<br />

morte<br />

3 anos <strong>de</strong><br />

tratamento<br />

e 10<br />

anos <strong>de</strong><br />

seguimento<br />

Sim<br />

Sim<br />

10 anos Não<br />

Até os<br />

100 anos<br />

ou até a<br />

morte<br />

A vida<br />

toda<br />

Não<br />

Sim


Brandão et al.<br />

Tabela 1<br />

Características metodológicas dos estudos <strong>de</strong> avaliação econômica dos medicamentos para o tratamento da osteoporose na<br />

pós-menopausa<br />

Estudo País Perspectiva Moeda Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto População-alvo Intervenção<br />

Lundkvist<br />

et al., 2006 18<br />

Borgström<br />

et al., 2006 40<br />

Goeree<br />

et al., 2006 25<br />

Ström et al.,<br />

2007 27<br />

Earnshaw<br />

et al., 2007 28<br />

Grima<br />

et al., 2008 35<br />

Lekan<strong>de</strong>r<br />

et al., 2008 37<br />

Araújo<br />

et al., 2008 36<br />

Tosteson<br />

et al., 2008 29<br />

Wasserfallen<br />

et al., 2008 30<br />

Hiligsmann<br />

et al., 2008 41<br />

Hiligsmann<br />

et al., 2010 42<br />

Suécia <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Euro<br />

(2003)<br />

Suécia <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Coroa<br />

(2004)<br />

Canadá Governo<br />

provincial<br />

Bélgica,<br />

Dinamarca,<br />

França,<br />

Alemanha,<br />

Itália,<br />

Noruega,<br />

Espanha,<br />

Suécia e<br />

Reino Unido<br />

Estados<br />

Unidos<br />

Dólares<br />

cana<strong>de</strong>nses<br />

(2005)<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Euro<br />

(2004)<br />

Terceiro<br />

pagador<br />

(seguro <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>)<br />

Canadá Ministério<br />

da Saú<strong>de</strong><br />

Suécia,<br />

Reino Unido<br />

e Estados<br />

Unidos<br />

Brasil Sistema<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

Suplementar<br />

Estados<br />

Unidos<br />

Dólar<br />

americano<br />

(2006)<br />

Dólar<br />

cana<strong>de</strong>nse<br />

(2006)<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Dólar<br />

americano<br />

(2006)<br />

Sistema<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

americano<br />

Suíça Sistema<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

Real<br />

(2007)<br />

Dólar<br />

(2005)<br />

Euro<br />

(2005)<br />

Bélgica Pagador* Euro<br />

(2006)<br />

Bélgica Pagador* Euro<br />

(2006)<br />

3% C e R Osteoporose*<br />

com fraturas<br />

e 69 anos,<br />

estratifi cado<br />

por grupos que<br />

tiveram fraturas<br />

recentes ou<br />

antigas<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 69 anos e<br />

sem fraturas<br />

aos 77 anos<br />

5% C e R Osteoporose<br />

sem fraturas<br />

aos 65 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 50 anos<br />

ou mais<br />

5% C e R Osteoporose<br />

com e sem<br />

fraturas e 65<br />

anos ou mais<br />

3% C e R Osteoporose<br />

e 50 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com e sem<br />

fraturas aos<br />

65 e 75 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 70 anos<br />

3% C 1,5%<br />

efetivida<strong>de</strong><br />

Osteoporose<br />

sem fraturas ou<br />

com fraturas<br />

aos 70, 75<br />

e 80 anos<br />

3% C e 1,5% R Osteoporose<br />

com e sem<br />

fraturas aos<br />

75 e 80 anos<br />

S/tto<br />

Teriparatida<br />

S/tto<br />

Ranelato <strong>de</strong> estrôncio<br />

S/tto<br />

Etidronato<br />

Alendronato<br />

Raloxifeno<br />

Risedronato<br />

S/tto<br />

Alendronato<br />

Horizonte<br />

temporal<br />

Até 100<br />

anos ou<br />

até a<br />

morte<br />

Até 100<br />

anos ou<br />

a morte<br />

Até 95<br />

anos ou<br />

a morte<br />

Até os<br />

100 anos<br />

ou a<br />

morte<br />

Confl itos<br />

<strong>de</strong> interesse<br />

928 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937<br />

Sim<br />

Não<br />

Sim<br />

Sim<br />

Bisfosfonatos 5 anos Sim<br />

Risedronato<br />

Alendronato<br />

S/tto<br />

TH<br />

Ácido zoledrônico<br />

Risedronato<br />

S/tto<br />

Risedronato<br />

Alendronato<br />

Ibandronato<br />

Teriparatida<br />

S/tto<br />

Risedronato<br />

S/tto<br />

Ranelato <strong>de</strong> estrôncio<br />

S/tto<br />

Ranelato <strong>de</strong> estrôncio<br />

Risedronato<br />

Ranelato <strong>de</strong> estrôncio<br />

5 anos Sim<br />

100 anos<br />

ou até a<br />

morte<br />

Sim<br />

5 anos Sim<br />

10 anos Sim<br />

5 anos Sim<br />

A vida<br />

toda<br />

A vida<br />

toda<br />

Sim<br />

Sim


Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

Tabela 1<br />

Características metodológicas dos estudos <strong>de</strong> avaliação econômica dos medicamentos para o tratamento da osteoporose na<br />

pós-menopausa<br />

Estudo País Perspectiva Moeda Taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto População-alvo Intervenção<br />

Hiligsmann<br />

& Reginster,<br />

2010 44<br />

Berto et al.,<br />

2010 31<br />

Borgström<br />

et al., 2010 17<br />

Jönsson<br />

et al., 2011 45<br />

Hiligsman<br />

& Reginster,<br />

2011 46<br />

Bélgica Pagador* Euro<br />

(2009)<br />

Itália Sistema<br />

nacional<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

italiano<br />

Suécia <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Euro<br />

(2007)<br />

Suécia <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Euro<br />

(2008)<br />

Bélgica Pagador* Euro<br />

(2009)<br />

3% C e 1,5% R Osteoporose<br />

com e sem<br />

fraturas aos 70,<br />

75 e 80 anos<br />

Euro 3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 65 anos<br />

ou mais<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 70 anos<br />

3% C e R Osteoporose<br />

com fraturas<br />

aos 71 anos<br />

3% C e 1,5% R Osteoporose<br />

com e sem<br />

fraturas aos<br />

70 anos<br />

S/tto<br />

Denosumabe<br />

Risedronato<br />

Alendronato<br />

S/tto<br />

Teriparatida<br />

PTH (1−84)<br />

S/tto<br />

Alendronato<br />

Risedronato<br />

Ranelato <strong>de</strong> estrôncio<br />

Denosumabe<br />

Alendronato<br />

Risedronato<br />

Denosumabe<br />

Horizonte<br />

temporal<br />

Até 105<br />

anos ou<br />

até a<br />

morte<br />

Confl itos<br />

<strong>de</strong> interesse<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937 929<br />

Sim<br />

6 anos Sim<br />

6 meses Sim<br />

100 anos<br />

ou até a<br />

morte<br />

Até 105<br />

anos ou<br />

até a<br />

morte<br />

Ca + : cálcio; S/tto: sem tratamento; DMO: <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea; HTA: Health Technology Assessment; C: custo; PTH (1–84): paratormônio (1–84); R: resultados; TH: terapia hormonal; Vit D: vitamina D.<br />

*Inclui custos pagos pelo seguro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e do paciente.<br />

Tabela 2<br />

Resultados dos artigos <strong>de</strong> avaliação econômica dos medicamentos para o tratamento da osteoporose na pós-menopausa<br />

Estudo Desfecho Razão <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> incremental<br />

Rosner<br />

et al., 1998 20<br />

Escolar<br />

et al., 199932 Iglesias<br />

et al., 200221 Willis et al.,<br />

200243 Fraturas vertebrais RCEI em relação à estratégia 1 (resultados mais importantes)<br />

Com útero intacto<br />

Estratégia 2 = 1.376<br />

Estratégia 3 = 2.174<br />

Estratégia 4 = 39.488<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris RCE alendronato = 297.879/êxito<br />

RCE placebo = 23.301/êxito<br />

Fraturas vertebrais<br />

e não vertebrais<br />

RCEI/AVAQ<br />

Risedronato/ S/tto = dominante<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris RCEI/AVG<br />

27% efi cácia = cost saving<br />

20% efi cácia = cost saving<br />

15% efi cácia = 177.600<br />

Silva, 2003 33 Fraturas <strong>de</strong> fêmur RCEI/fratura evitada da vitD/ S/tto<br />

50 anos<br />

S/tto = base<br />

DMO + alendronato = 136.217,00<br />

DMO + TH = 37.322,00<br />

TH = 1.479.504,00<br />

Cálcio + vit. D = 12.673,00<br />

Johnell<br />

et al., 200322 Brecht<br />

et al., 200323 Kanis et al.,<br />

200434 Fraturas <strong>de</strong> quadris,<br />

coluna vertebral e punhos<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris,<br />

coluna vertebral e punhos<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris,<br />

vértebras e punhos<br />

RCEI/AVAQ para alendronato/ S/tto = 76.384<br />

RCEI/AVAQ<br />

Risedronato/tto padrão = cost saving<br />

RCEI/ AVAQ<br />

Risedronato/S/tto = dominado<br />

Histerectomizadas<br />

Estratégia 2 = 166<br />

Estratégia 3 = 2.331<br />

Estratégia 4 = 40.965<br />

Sim<br />

Sim<br />

RCEI alendronato/placebo = 25.621.491/êxito<br />

RCEI/AVAQ<br />

27% efi cácia = cost saving<br />

20% efi cácia = cost saving<br />

15% efi cácia = 74.000<br />

65 anos<br />

S/tto = base<br />

DMO + alendronato = 101.181,00<br />

DMO + TH = 27.179,00<br />

TH = 1.389.939,00<br />

Cálcio + vit. D = 12.408,00


Brandão et al.<br />

Tabela 2<br />

Resultados dos artigos <strong>de</strong> avaliação econômica dos medicamentos para o tratamento da osteoporose na pós-menopausa<br />

Estudo Desfecho Razão <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> incremental<br />

Borgström<br />

et al., 2004 38<br />

Brecht<br />

et al., 2004 39<br />

Stevenson<br />

et al., 2005 19<br />

Borgström<br />

et al., 2006 24<br />

Liu et al.,<br />

2006 26<br />

Lundkkvist<br />

et al., 2006 18<br />

Borgström<br />

et al., 2006 40<br />

Goeree<br />

et al., 2006 25<br />

Fraturas vertebrais,<br />

quadris e punhos<br />

RCEI/AVG Raloxifeno/ S/tto<br />

60 anos = 45.426<br />

70 anos = 35.419<br />

80 anos = 6.070<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris RCEI/fratura <strong>de</strong> quadril evitada<br />

S/tto = —<br />

Risedronato = 37.348<br />

Alendronato = 48.349<br />

Raloxifeno = sem efeito<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris,<br />

vértebras, punho e úmero<br />

proximal (ombro)<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadril,<br />

vértebras e punho<br />

Fraturas vertebrais,<br />

punhos e quadris<br />

Fraturas vertebrais,<br />

quadris e punhos<br />

Fraturas vertebrais,<br />

quadris e punhos<br />

Fraturas vertebrais<br />

e <strong>de</strong> quadris<br />

RCEI/AVAQ osteoporose sem fraturas<br />

70 anos<br />

Alendronato = 40.460<br />

Risedronato = 98.855<br />

Etidronato = 45.071<br />

Raloxifeno = 18.664<br />

Teriparatida = 247.660<br />

Estrogênios = dominado<br />

80 +<br />

Alendronato = 12.181<br />

Risedronato = 17.240<br />

Etidronato = 72.007<br />

Raloxifeno = 27.483<br />

Teriparatida = 218.020<br />

Estrogênios = dominado<br />

RCEI/AVAQ com fratura prévia Risedronato/ S/tto<br />

Suécia = 1.176<br />

Finlândia = 28.377<br />

Espanha = 55.026<br />

Bélgica = 18.020<br />

RCEI/AVAQ<br />

Ca + ou Vit. D = base<br />

Alendronato (5 anos) = 11.600<br />

Teriparatida (2 anos) = 172.300<br />

Teriparatida (2 anos) + alendronato (5 anos) = 156.500<br />

História <strong>de</strong> fratura<br />

RCEI/AVAQ = 64.432<br />

RCEI/AVG = 82.972<br />

Mulheres <strong>de</strong> 69 anos<br />

RCEI/AVG = 678.259<br />

RCEI/AVAQ = 472.586<br />

RCEI /AVG<br />

S/tto = padrão<br />

Etidronato = 143.247<br />

Alendronato = 72.883<br />

Raloxifeno = 140.782<br />

Risedronato = 346.872<br />

RCEI/AVAQ<br />

60 anos = 40.213<br />

70 anos = 32.776<br />

80 anos = 28.477<br />

RCEI/AVAQ<br />

S/tto = —<br />

Risedronato = 32.092<br />

Alendronato = 41.302<br />

Raloxifeno = 1.247.119<br />

RCEI/AVAQ osteoporose estabelecida<br />

50 anos<br />

Alendronato = 33.621<br />

Risedronato = 42.268<br />

Etidronato = 78.960<br />

Raloxifeno = 31.189<br />

Teriparatida = 227.976<br />

Estrogênios = dominado<br />

60 anos<br />

Alendronato = 39.733<br />

Risedronato = 46.596<br />

Etidronato = 89.079<br />

Raloxifeno = 20.696<br />

Teriparatida = 268.104<br />

Estrogênios = dominado<br />

70 anos<br />

Alendronato = 16.934<br />

Risedronato = 22.001<br />

Etidronato = 29.742<br />

Raloxifeno = 29.993<br />

Teriparatida = 234.728<br />

Estrogênios = 69.585<br />

80 +<br />

Alendronato = 697<br />

Risedronato = 5.022<br />

Etidronato = 48.<strong>52</strong>1<br />

Raloxifeno = 21.183<br />

Teriparatida = 123.205<br />

Estrogênios = dominado<br />

RCEI/AVAQ sem fratura prévia<br />

Risedronato/ S/tto<br />

Suécia = 30.062<br />

Finlândia = 82.000<br />

Espanha = 141.353<br />

Bélgica = 66.857<br />

História <strong>de</strong> fratura recente<br />

RCEI/AVAQ = 20.300<br />

RCEI/AVG = 25.624<br />

Mulheres <strong>de</strong> 77 anos<br />

RCEI/AVG = 503.507<br />

RCEI/AVAQ = 259.643<br />

RCEI /AVAQ<br />

S/tto = padrão<br />

Etidronato = 32.571<br />

Alendronato = 32.760<br />

Raloxifeno = 49.279<br />

Risedronato = 78.275<br />

930 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937


Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

Tabela 2<br />

Resultados dos artigos <strong>de</strong> avaliação econômica dos medicamentos para o tratamento da osteoporose na pós-menopausa<br />

Estudo Desfecho Razão <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> incremental<br />

Ström et al.,<br />

2007 27<br />

Earnashaw<br />

et al., 2007 28<br />

Grima<br />

et al., 200835 Lekan<strong>de</strong>r<br />

et al., 200837 Araújo<br />

et al., 200836 Tosteson<br />

et al., 200829 Wasserfallen<br />

et al., 200830 Hiligsmann<br />

et al., 201041 Fraturas vertebrais,<br />

quadris e punhos<br />

Fraturas vertebrais,<br />

quadris e punhos<br />

RCEI /AVAQ alendronato/ S/tto<br />

Com fratura prévia<br />

Bélgica = 6.461<br />

Dinamarca = cost saving<br />

França = 4.670<br />

Alemanha = 7.658<br />

Itália = 15.489<br />

Noruega = cost saving<br />

Espanha = 13.193<br />

Suécia = cost saving<br />

Reino Unido = 1.356<br />

Sem fratura prévia<br />

Bélgica = 23.684<br />

Dinamarca = 6.201<br />

França = 27.419<br />

Alemanha = 27.821<br />

Itália = 39.712<br />

Noruega = cost saving<br />

Espanha = 32.943<br />

Suécia = cost saving<br />

Reino Unido = 11.849<br />

RCEI/AVAQ<br />

Mensal/S/tto = 13.749<br />

Semanal/S/tto = 16.657<br />

Mensal/semanal = 9.476<br />

Fratura <strong>de</strong> quadril RCEI/fratura evitada<br />

(risedronato/alendronato) = 1.867<br />

infarto, eventos<br />

tromboembólicos venosos,<br />

câncer <strong>de</strong> mama, câncer<br />

colorretal, fratura <strong>de</strong><br />

quadril, fratura vertebral,<br />

fratura <strong>de</strong> punhos e<br />

doença coronariana<br />

RCEI/AVAQ TH/S/tto sem fraturas prévias<br />

Útero intacto<br />

Suécia = TH dominada<br />

Reino Unido = TH dominada<br />

EUA = TH dominada<br />

Histerectomizada<br />

Suécia = 26.644<br />

Reino Unido = 19.265<br />

EUA = 16.059<br />

Fratura <strong>de</strong> fêmur RCEI/fratura evitada do<br />

ácido zoledrônico/risedronato = dominante<br />

Fratura vertebral<br />

e <strong>de</strong> quadril<br />

Fraturas vertebrais,<br />

quadris e punhos<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris,<br />

vértebras, punhos<br />

ou outras<br />

65 anos com fraturas<br />

Sem terapia = base<br />

Risedronato = 22.068<br />

Alendronato = 362.845<br />

Ibandronato = dominado<br />

Teriparatida = dominado<br />

65 anos sem fraturas<br />

Sem terapia = base<br />

Risedronato = 66.722<br />

Alendronato = dominado<br />

Ibandronato = dominado<br />

Teriparatida = dominado<br />

RCEI por AVAQ<br />

Risedronato/ S/tto = cost saving<br />

Sem fraturas prévias<br />

70 anos = 15.096<br />

75 anos = 6.913<br />

80 anos = cost saving<br />

RCEI por AVAQ<br />

RCEI /AVG alendronato/ S/tto<br />

Com fratura prévia<br />

Bélgica = 10.090<br />

Dinamarca = cost saving<br />

França = 7.858<br />

Alemanha = 12.505<br />

Itália = 25.263<br />

Noruega = cost saving<br />

Espanha = 21.048<br />

Suécia = cost saving<br />

Reino Unido = 1.963<br />

Sem fratura prévia<br />

Bélgica = 36.975<br />

Dinamarca = 7.543<br />

França = 45.625<br />

Alemanha = 45.319<br />

Itália = 64.537<br />

Noruega = cost saving<br />

Espanha = <strong>52</strong>.783<br />

Suécia = cost saving<br />

Reino Unido = 17.145<br />

RCEI/AVAQ ganho<br />

(risedronato/alendronato) = 3.877<br />

RCEI/AVAQ TH/S/tto com fraturas prévias<br />

Útero intacto<br />

Suécia = 16.660<br />

Reino Unido = 29.132<br />

EUA = 49.532<br />

Histerectomizada<br />

Suécia = 14.163<br />

Reino Unido = 2.054<br />

EUA = 3.326<br />

75 anos com fraturas<br />

Sem terapia = base<br />

Risedronato = dominado<br />

Alendronato = dominado<br />

Ibandronato = dominado<br />

Teriparatida = dominado<br />

75 anos sem fraturas<br />

Sem terapia = base<br />

Risedronato = 991<br />

Alendronato = dominado<br />

Ibandronato = dominado<br />

Teriparatida = dominado<br />

RCEI/AVAQ ranelato <strong>de</strong> estrôncio/ S/tto<br />

Com fraturas prévias<br />

70 anos = 23.426<br />

75 anos = 9.698<br />

80 anos = cost saving<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937 931


Brandão et al.<br />

Tabela 2<br />

Resultados dos artigos <strong>de</strong> avaliação econômica dos medicamentos para o tratamento da osteoporose na pós-menopausa<br />

Estudo Desfecho Razão <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> incremental<br />

Hiligsmann<br />

et al., 2010 42<br />

Hiligsmann<br />

& Reginster,<br />

2010 44<br />

Berto et al.,<br />

2010 31<br />

Borgström<br />

et al., 2010 17<br />

Jönsson<br />

et al., 2011 45<br />

Hiligsman<br />

& Reginster,<br />

2011 46<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris,<br />

vértebras, punhos<br />

ou outras<br />

Fraturas do quadril,<br />

vertebral clínica,<br />

punho, outra fratura<br />

Fraturas <strong>de</strong> quadris,<br />

vértebras, punhos<br />

ou outras<br />

Fraturas do quadril,<br />

vertebral clínica,<br />

punho, outra fratura<br />

Ranelato <strong>de</strong> estrôncio vs. S/tto<br />

Sem fraturas prévias<br />

75 anos = 15.588<br />

80 anos = 7.708<br />

Com fraturas prévias<br />

75 anos = 16.518<br />

80 anos = 6.015<br />

Cenários <strong>de</strong> preços do medicamento<br />

Cenário 1 (3<strong>52</strong>,20):<br />

RCEI/AVAQ = 22.616<br />

65−69 anos = 36.099<br />

70−74 anos = 9.737<br />

75−79 anos = dominado<br />

80−84 anos = dominado<br />

Custo/AVAQ<br />

Teriparatida/S/tto = 43.473<br />

PTH (1-84)/S/tto = 104.396<br />

Denosumabe/ S/tto = 25.980<br />

Denosumabe/ alendronato = 48.226<br />

Denosumabe/ risedronato = 20.592<br />

Denosumabe/ ranelato <strong>de</strong> estrôncio = 9.161<br />

Osteoporose<br />

Alendronato (marca)/ <strong>de</strong>nosumabe = 14.120<br />

Alendronato (genérico)/ <strong>de</strong>nosumabe = 22.220<br />

Risedronato/ <strong>de</strong>nosumabe = −209<br />

Alguns termos comumente utilizados em farmacoeconomia<br />

foram utilizados neste estudo e carecem <strong>de</strong> <strong>de</strong>fi nições<br />

para melhor entendimento do texto. “Estratégia dominante”<br />

refere-se a uma estratégia terapêutica comparada que é mais<br />

efetiva e mais barata que a estratégia padrão <strong>de</strong> comparação.<br />

Consequentemente, a estratégia dominada <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartada.<br />

“Estratégias cost-saving” estão relacionadas àquelas que<br />

produzem economia <strong>de</strong> recursos; no caso da osteoporose, os<br />

custos com o tratamento medicamentoso são menores que os<br />

custos <strong>de</strong>correntes das fraturas evitadas; portanto, seu uso é<br />

altamente recomendado.<br />

Os bisfosfonatos foram as estratégias terapêuticas mais<br />

avaliadas. A maioria dos estudos encontrou efi cácia no tratamento<br />

com esses medicamentos e RCEI <strong>de</strong>ntro dos limiares <strong>de</strong><br />

disponibilida<strong>de</strong> a pagar <strong>de</strong> cada país. 19−31 A exceção <strong>de</strong>u-se em<br />

três estudos: Escolar et al., 32 que concluíram que o alendronato<br />

RCEI/AVAQ<br />

RCEI/AVAQ <strong>de</strong>nosumabe/ S/tto<br />

Ranelato <strong>de</strong> estrôncio vs. risedronato<br />

Sem fraturas prévias<br />

75 anos = estrôncio dominante<br />

80 anos = estrôncio dominante<br />

Com fraturas prévias<br />

75 anos = 11.435<br />

80 anos = estrôncio dominante<br />

Cenário 2 (414,30):<br />

RCEI/AVAQ = 28.441<br />

Cenário 3 (476,40):<br />

RCEI/AVAQ = 34.265<br />

RCEI/AVAQ Risedronato/alendronato<br />

RCEI/AVG<br />

RCEI/AVAQ<br />

85−89 anos = dominado<br />

90−94 anos = dominado<br />

95−99 anos = dominado<br />

Denosumabe/ S/tto = 14.458<br />

Denosumabe/alendronato = 27.060<br />

Denosumabe/ risedronato = 11.545<br />

Denosumabe/ ranelato <strong>de</strong> estrôncio = 5.015<br />

Osteoporose com fraturas prévias<br />

Alendronato (marca)/ <strong>de</strong>nosumabe = 14.166<br />

Alendronato (genérico)/ <strong>de</strong>nosumabe = 19.718<br />

Risedronato/ <strong>de</strong>nosumabe = 4.456<br />

AVAQ ou QALY: anos <strong>de</strong> vida ajustados pela qualida<strong>de</strong>; AVG: anos <strong>de</strong> vida ganhos; Ca + : cálcio; S/tto: sem tratamento; RCEI: razão custo-efetivida<strong>de</strong> incremental; C: custo; PTH (1-84): paratormônio (1-84);<br />

R: resultados; TH: terapia hormonal; Vit. D: vitamina D.<br />

não foi custo-efetivo frente ao placebo para prevenção <strong>de</strong> fraturas<br />

<strong>de</strong> quadris; Silva et al., 33 que questionaram a utilização<br />

dos bisfosfonatos tendo em vista os recursos escassos em saú<strong>de</strong><br />

pública; e Kanis et al., 34 cujo estudo encontrou que os custos<br />

exce<strong>de</strong>ram o limiar <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> do país.<br />

Na comparação <strong>de</strong> diferentes bisfosfonatos, Grima et al. 35<br />

encontraram que o risedronato apresentou melhor RCEI que o<br />

alendronato; Araújo et al. 36 encontraram dominância do ácido<br />

zoledrônico em relação ao risedronato na prevenção <strong>de</strong> fraturas<br />

<strong>de</strong> fêmur; Tosteson et al. 29 encontraram que risedronato e<br />

alendronato foram custo-efetivos no tratamento da osteoporose,<br />

mas o ibandronato foi dominado (a mais cara e menos efetiva<br />

das alternativas). Berto et al. 31 observaram que o risedronato foi<br />

custo-efetivo nas faixas etárias <strong>de</strong> 65–74 anos e foi dominado<br />

em relação ao alendronato após os 75 anos – ou seja, apresentou<br />

maior custo e menor efetivida<strong>de</strong> que o alendronato.<br />

932 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937


Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

Observou-se discrepância no estudo <strong>de</strong> Kanis et al., 34 em<br />

que os autores concluíram que, no cenário-base (mulheres<br />

com osteoporose pós-menopausa estabelecida aos 70 anos),<br />

o tratamento foi custo-efetivo, consi<strong>de</strong>rando-se um limiar <strong>de</strong><br />

custo-efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30.000 por AVAQ ganho. Todavia, os<br />

resultados mostraram que a estratégia <strong>de</strong> tratamento farmacológico<br />

foi dominada em relação a não tratar com medicamentos<br />

– ou seja, observou-se maior custo (10.674 vs. 10.471) e<br />

menor efetivida<strong>de</strong> (8.598 vs. 8.699 AVAQ) com o tratamento.<br />

No estudo realizado pelo Health Technology Assessment,<br />

órgão inglês <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> tecnologias, não se recomenda<br />

tratamento farmacológico aos 50 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Aos 60 anos,<br />

recomenda-se raloxifeno ou não tratamento, nessa or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

RCEI. Aos 70, não tratar, alendronato e risedronato, etidronato,<br />

raloxifeno e estrogênio. Aos 80 anos, alendronato, risedronato,<br />

etidronato, raloxifeno, estrogênio ou não tratamento. Em<br />

mulheres com osteoporose sem fraturas prévias, as intervenções<br />

custo-efetivas, aos 70 anos, foram raloxifeno ou o não<br />

tratamento. Aos 80 anos, alendronato, risedronato, raloxifeno,<br />

etidronato e não tratamento. 19<br />

Earnashaw et al. 28 realizaram um estudo comparando as<br />

frequências <strong>de</strong> administração mensal e semanal <strong>de</strong> bisfosfonatos<br />

para estimar o efeito da a<strong>de</strong>são ao tratamento na RCE.<br />

A administração mensal <strong>de</strong> medicamentos foi a intervenção<br />

mais custo-efetiva, por apresentar maior a<strong>de</strong>são.<br />

Cinco estudos avaliaram o uso da teriparatida. Esse medicamento<br />

não foi consi<strong>de</strong>rado custo-efetivo em nenhuma<br />

das faixas etárias analisadas 19,29 em população com e sem<br />

fraturas. 29 Liu et al. 26 relataram que o uso <strong>de</strong> teriparatida por<br />

dois anos não foi uma escolha racional. Com a utilização <strong>de</strong><br />

teriparatida por dois anos, seguido <strong>de</strong> alendronato por cinco<br />

anos, os custos foram menores e houve maior incremento <strong>de</strong><br />

AVAQ. 26 O uso <strong>de</strong> alendronato isoladamente ainda apresentou<br />

melhor RCEI. 26 Somente Lundkvist et al., 18 que compararam a<br />

teriparatida a não fazer nada, encontraram que o medicamento<br />

é custo-efetivo em populações com fraturas prévias, <strong>de</strong> 69 anos<br />

e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea (DMO) com T-score −3. Outro estudo<br />

comparou a teriparatida com o paratormônio 1–84 (PTH<br />

1–84) e encontrou que a primeira foi mais custo-efetiva que<br />

a segunda; a teriparatida também foi mais custo-efetiva que<br />

o não tratamento. 17<br />

Três estudos avaliaram o uso <strong>de</strong> terapia hormonal (TH).<br />

Todos encontraram boa RCE, mas chamam atenção para o<br />

risco aumentado <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama. 20,33,37 Lekan<strong>de</strong>r et al., 37<br />

que consi<strong>de</strong>raram resultados do Women’s Health Initiative<br />

(WHI), concluíram que a TH é custo-efetiva para pacientes<br />

histerectomizadas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> presença ou não <strong>de</strong> fraturas<br />

prévias. Para mulheres com útero preservado e sem fraturas<br />

prévias, não tratamento farmacológico foi a opção preferida.<br />

Todavia, os bisfosfonatos têm mostrado redução similar no risco<br />

<strong>de</strong> fraturas quando comparados com a TH, sem aumentar o<br />

risco <strong>de</strong> eventos adversos, mesmo para as histerectomizadas. 37<br />

Quatro avaliações econômicas continham o raloxifeno,<br />

e duas o consi<strong>de</strong>raram custo-efetivo: Borgström et al., 38 em<br />

pacientes sem fraturas a partir <strong>de</strong> 60 anos, e Stevenson et al., 19<br />

em pacientes com fraturas prévias a partir dos 60 anos e em<br />

pacientes sem fraturas prévias a partir dos 70 anos. Brecht<br />

et al. 39 e Goeree et al. 25 compararam bisfosfonatos com raloxifeno,<br />

tendo concluído que os bisfosfonatos foram mais<br />

custo-efetivos.<br />

Quatro estudos abordavam o ranelato <strong>de</strong> estrôncio. Em uma<br />

análise conduzida em diferentes países, os autores concluíram<br />

que o medicamento foi custo-efetivo em mulheres com 70<br />

anos com fraturas prévias, mas não nas sem fraturas, já que<br />

ultrapassou o limiar <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> a pagar em alguns<br />

países (superior a 40.000 por AVAQ ganho). 40 Hiligsmann et<br />

al. 41,42 encontraram que o medicamento foi custo-efetivo, comparando-se<br />

ao placebo e ao risedronato aos 70, 75 e 80 anos.<br />

Em relação à suplementação <strong>de</strong> cálcio e vitamina D,<br />

Rosner et al. 16 incluíram em sua avaliação um grupo no qual<br />

os pacientes utilizavam cálcio por um período, comparando a<br />

outras estratégias terapêuticas. O cálcio não se mostrou custo-<br />

efetivo <strong>de</strong>vido à alta incidência <strong>de</strong> fraturas vertebrais nesse<br />

grupo. Willis et al., 43 que compararam a estratégia <strong>de</strong> cálcio<br />

associado à vitamina D em pacientes <strong>de</strong> 70 anos, encontraram<br />

que o medicamento é cost saving em relação a não oferecer<br />

tratamento farmacológico. Silva 33 encontrou essa alternativa<br />

com a melhor RCEI <strong>de</strong>ntre as analisadas.<br />

Hiligsmann e Reginster 44 realizaram uma avaliação <strong>de</strong><br />

custo-efetivida<strong>de</strong> comparando o <strong>de</strong>nosumabe ao não tratamento<br />

farmacológico. Como o medicamento não estava disponível<br />

para comercialização à época do estudo, os preços foram<br />

baseados no valor comercializado para o risedronato e dois<br />

cenários, <strong>de</strong> −15% e +15%. O <strong>de</strong>nosumabe foi custo-efetivo<br />

em todos os cenários, consi<strong>de</strong>rando-se uma disponibilida<strong>de</strong> a<br />

pagar <strong>de</strong> 35.000 por AVAQ ganho. Jönsson et al. 45 constataram<br />

que, apesar <strong>de</strong> o <strong>de</strong>nosumabe ter apresentado maior custo <strong>de</strong><br />

tratamento que as alternativas analisadas, resultou em melhor<br />

RCEI <strong>de</strong>vido ao maior número <strong>de</strong> fraturas evitadas. Os autores<br />

consi<strong>de</strong>ram este medicamento administrado por via parenteral<br />

como uma alternativa ao tratamento farmacológico por via<br />

oral, já que a a<strong>de</strong>são ao tratamento é um dos gran<strong>de</strong>s problemas<br />

da efetivida<strong>de</strong> em pacientes com alto risco <strong>de</strong> fraturas.<br />

O <strong>de</strong>nosumabe mostrou-se custo-efetivo em comparação aos<br />

bisfosfonatos (alendronato – genérico e <strong>de</strong> marca – e risedronato)<br />

aos 70 anos. 46<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937 933


Brandão et al.<br />

Dos estudos analisados, 80% <strong>de</strong>clararam existência <strong>de</strong><br />

confl itos <strong>de</strong> interesses com a indústria farmacêutica e somente<br />

seis não apresentam representantes da indústria entre<br />

os autores.<br />

Desconto é um método usado para ajustar custos futuros e<br />

benefícios a seus valores <strong>de</strong> mercado atuais. A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto<br />

é a taxa na qual custos e benefícios futuros são ajustados<br />

para refl etir seu valor presente. Diferentes taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto<br />

são utilizadas no mundo. As taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto utilizadas<br />

para os custos variaram <strong>de</strong> 1,5%–6,0% e, nos resultados, <strong>de</strong><br />

0,0%−6,0%. As taxas mais utilizadas foram <strong>de</strong> 3,0% tanto para<br />

os custos quanto para os efeitos.<br />

DISCUSSÃO<br />

Observou-se gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> metodológica dos estudos<br />

<strong>de</strong> avaliação econômica que abordam a osteoporose na pós-<br />

menopausa. E isso ocorreu tanto por questões próprias <strong>de</strong><br />

cada país, como os fatores <strong>de</strong>mográfi cos e epi<strong>de</strong>miológicos,<br />

fatores associados a sistemas e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (perspectiva<br />

do estudo), referentes aos preços, à valoração dos estados <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> pela população (utilida<strong>de</strong>); quanto por fatores inerentes<br />

à mo<strong>de</strong>lagem econômica, em que foram assumidas diferentes<br />

premissas na tentativa <strong>de</strong> aproximação da realida<strong>de</strong>. Todos<br />

os estudos utilizaram os critérios diagnósticos propostos pela<br />

OMS. A maioria dos estudos consi<strong>de</strong>rou coortes <strong>de</strong> mulheres<br />

osteoporóticas com e sem fraturas prévias. Lundkvist et al., 18<br />

que compararam a teriparatida com a opção <strong>de</strong> não oferecer<br />

tratamento medicamentoso, consi<strong>de</strong>raram apenas indivíduos<br />

com T-score −3. Os resultados foram consi<strong>de</strong>rados válidos<br />

somente para essa população.<br />

A maioria dos estudos que comparou estratégias terapêuticas<br />

com não oferecer tratamento medicamentoso encontrou<br />

uma RCEI razoável, <strong>de</strong> acordo com a disponibilida<strong>de</strong> a pagar<br />

<strong>de</strong> cada país. As intervenções terapêuticas tornaram-se mais<br />

custo-efetivas com o aumento da ida<strong>de</strong>, redução da DMO e<br />

presença <strong>de</strong> fraturas prévias. Nesse sentido, observa-se que a<br />

combinação <strong>de</strong> fatores clínicos <strong>de</strong> risco com a medida da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

óssea do fêmur, conforme preconizado pelo FRAXTM,<br />

é uma estratégia importante para <strong>de</strong>fi nição dos candidatos ao<br />

tratamento. 47 Recentemente, foi criado e validado no Brasil<br />

um instrumento que preten<strong>de</strong> prever o risco <strong>de</strong> fraturas a<br />

partir <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco: The São Paulo Osteoporosis Risk<br />

In<strong>de</strong>x (SAPORI). Sua utilização po<strong>de</strong>rá otimizar o início<br />

do tratamento farmacológico, além <strong>de</strong> reduzir custos com o<br />

diagnóstico, uma vez que o médico estabelecerá critérios <strong>de</strong><br />

solicitação do exame <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsitometria ao pon<strong>de</strong>rar quantitativamente<br />

os fatores clínicos <strong>de</strong> risco. 48<br />

Estudo conduzido por entida<strong>de</strong> espanhola questiona a<br />

efi ciência na utilização <strong>de</strong> medicamentos para a prevenção da<br />

ocorrência <strong>de</strong> fraturas. Como as fraturas ten<strong>de</strong>m a acontecer<br />

em ida<strong>de</strong>s mais avançadas, consi<strong>de</strong>ram controverso iniciar uma<br />

terapia aos 50 anos para prevenção <strong>de</strong> eventos que ocorrerão<br />

somente na sétima ou oitava década da vida. 49<br />

Os bisfosfonatos são os medicamentos mais utilizados para<br />

o tratamento da osteoporose e foram as estratégias terapêuticas<br />

mais avaliadas. Entretanto, apesar <strong>de</strong> sua ampla utilização e<br />

<strong>de</strong> as avaliações econômicas <strong>de</strong>monstrarem que a utilização<br />

<strong>de</strong>ssa classe <strong>de</strong> medicamentos representa estratégia custo-<br />

efetiva, têm surgido informações sobre os efeitos adversos<br />

graves associados ao seu uso, o que levou a Food and Drug<br />

Administration (FDA), órgão público dos Estados Unidos, a<br />

rever a segurança <strong>de</strong>sses medicamentos. Embora rara, a osteonecrose<br />

<strong>de</strong> mandíbula continua sendo uma das complicações<br />

regularmente citadas. 50,51 Também têm sido i<strong>de</strong>ntifi cadas na<br />

literatura complicações oftálmicas e <strong>de</strong>rmatológicas. O FDA<br />

emitiu um alerta sobre dor óssea grave, fi brilação atrial e fratura<br />

induzida pelos bisfosfonatos (fratura subtrocantérica ou<br />

atípica). <strong>52</strong> Alguns estudos contemplaram os custos <strong>de</strong>correntes<br />

das reações adversas mais frequentes no mo<strong>de</strong>lo econômico,<br />

que são as reações gastrintestinais com os bisfosfonatos.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se a importância dos novos efeitos adversos<br />

citados, novos estudos <strong>de</strong>vem ser conduzidos para avaliar a<br />

segurança <strong>de</strong>sses medicamentos. Caso haja importância clínica<br />

e aumento signifi cativo nos custos com o manejo das reações,<br />

novos estudos <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser conduzidos para<br />

avaliar se haverá alteração da direção dos resultados.<br />

Os dois estudos que compararam o uso <strong>de</strong> teriparatida com<br />

os bisfosfonatos encontraram que os bisfosfonatos foram mais<br />

custo-efetivos. 19,29 A teriparatida mostrou-se mais custo-efetiva<br />

quando o PTH (1–84) 17 e a não oferta <strong>de</strong> tratamento farmacológico<br />

foram utilizados como comparadores. 18<br />

Quanto à TH, seu benefício para prevenção e tratamento<br />

da perda óssea na pós-menopausa e para alívio dos sintomas<br />

vasomotores associadas ao climatério é bem estabelecido. 53<br />

Assim, a TH é uma opção atrativa para o tratamento dos sintomas<br />

relacionados à pós-menopausa e apresenta boa RCE. 20,33,37<br />

Entretanto, <strong>de</strong>vido à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> modular a fi siologia e ao<br />

risco <strong>de</strong> doenças em outros tecidos, sua segurança <strong>de</strong>ve sempre<br />

ser cuidadosamente consi<strong>de</strong>rada antes da prescrição. 54<br />

Apesar da ausência <strong>de</strong> efeito do raloxifeno na redução das<br />

fraturas <strong>de</strong> quadris e em outras fraturas não vertebrais, este<br />

agente tem se mostrado custo-efetivo quando comparado aos<br />

pacientes sem tratamento, sem fraturas prévias e a partir <strong>de</strong> 60<br />

anos. 38 Também foi custo-efetivo em pacientes com fraturas<br />

prévias a partir dos 60 anos e em pacientes sem fraturas prévias<br />

934 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937


Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da osteoporose em mulheres na pós-menopausa: uma revisão sistemática<br />

a partir dos 70 anos. 19 O medicamento não foi consi<strong>de</strong>rado<br />

custo-efetivo quando comparado aos bisfosfonatos. 23,25 Os<br />

resultados favoráveis ao raloxifeno <strong>de</strong>vem-se, em parte, ao<br />

perfi l <strong>de</strong> redução do risco <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> mama apresentado<br />

pelo medicamento e aos comparadores utilizados (pacientes<br />

sem tratamento).<br />

Quanto ao ranelato <strong>de</strong> estrôncio, esse agente se mostrou<br />

custo-efetivo apenas em algumas faixas: mulheres com 70<br />

anos ou mais e com fraturas prévias. 40–42 Avaliações adicionais<br />

a respeito <strong>de</strong>sse medicamento são necessárias para analisar os<br />

efeitos vasculares e neurológicos, além <strong>de</strong> diarreia, associados<br />

ao seu uso. 55<br />

O uso <strong>de</strong> vitamina D isoladamente não foi custo-efetivo. 20<br />

Todavia, Silva 33 concluiu ser esta a opção mais custo-efetiva<br />

em situações <strong>de</strong> recursos escassos. Willis et al. 43 observaram<br />

que seu uso é mais custo-efetivo que não oferecer tratamento<br />

farmacológico.<br />

O <strong>de</strong>nosumabe é um medicamento novo, e os estudos que<br />

o avaliaram encontraram boa RCE. 44−46 Todavia, apesar <strong>de</strong> estudos<br />

<strong>de</strong>monstrarem efi cácia <strong>de</strong>sse medicamento no tratamento<br />

da osteoporose, atentam para a ocorrência <strong>de</strong> reações adversas,<br />

inclusive na pele, que <strong>de</strong>vem ser mais bem estudadas para se<br />

avaliar a segurança do medicamento. 56–58<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se as especifi cida<strong>de</strong>s do envelhecimento<br />

populacional no Brasil, que apresenta expectativa <strong>de</strong> vida em<br />

torno <strong>de</strong> 76,7 anos, 59 menor que em países <strong>de</strong>senvolvidos, on<strong>de</strong><br />

geralmente ela é maior que 80 anos, os resultados <strong>de</strong> avaliações<br />

econômicas conduzidas em países <strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong>vem ser<br />

apreciados com cautela no contexto brasileiro. Além disso,<br />

outros fatores, como a presença <strong>de</strong> confl itos <strong>de</strong> interesses, po<strong>de</strong><br />

infl uenciar os resultados, levando à condução <strong>de</strong> estudos com<br />

<strong>de</strong>senhos ou interpretação <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> forma ten<strong>de</strong>nciosa.<br />

No Brasil, somente dois estudos foram realizados. Silva 33<br />

apresentou um estudo preliminar <strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong> com o<br />

objetivo <strong>de</strong> suscitar as discussões acerca da disponibilização<br />

<strong>de</strong> estratégias terapêuticas para o tratamento da osteoporose no<br />

país. Entretanto, para doenças em que a sequência <strong>de</strong> eventos<br />

após a intervenção é constante ao longo do tempo, é necessário<br />

utilizar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Markov para simulação dos resultados, e<br />

não a árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, conforme utilizado pelo autor. Araújo<br />

et al. 36 realizaram um estudo sob a perspectiva do sistema<br />

suplementar <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando o ácido zoledrônico para<br />

a prevenção <strong>de</strong> fratura proximal do fêmur em faixa etária específi<br />

ca (65 anos). Nesse cenário, o medicamento apresentou-se<br />

mais custo-efetivo; entretanto, os resultados não po<strong>de</strong>m ser<br />

extrapolados para outros sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (público ou sob a<br />

perspectiva social) e essa mesma relação po<strong>de</strong> não ser válida<br />

para as fraturas <strong>de</strong> quadris, vertebrais ou não vertebrais.<br />

No Brasil, a farmacoeconomia é uma área muito recente e<br />

essencial para auxiliar nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, principalmente<br />

no nível das políticas públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Estudos <strong>de</strong> custo-<br />

efetivida<strong>de</strong> que abor<strong>de</strong>m a perspectiva do SUS po<strong>de</strong>m ser úteis<br />

para a <strong>de</strong>fi nição da ida<strong>de</strong> em que é mais custo-efetivo iniciar o<br />

tratamento e quais estratégias terapêuticas apresentam maior<br />

RCEI. Procurando homogeneizar a condução dos estudos <strong>de</strong><br />

avaliação econômica no Brasil e permitir a comparabilida<strong>de</strong><br />

entre eles, o Ministério da Saú<strong>de</strong> elaborou as diretrizes metodológicas<br />

para avaliações econômicas, que <strong>de</strong>vem ser seguidas.<br />

A<strong>de</strong>mais, <strong>de</strong>vem-se estabelecer os custos das estratégias<br />

terapêuticas adotando essa perspectiva, utilizar um sistema<br />

<strong>de</strong> custo <strong>de</strong> internações hospitalares <strong>de</strong>correntes das fraturas<br />

osteoporóticas que permita incluir não só os custos com medicamentos<br />

e materiais médico-hospitalares como também os<br />

honorários da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e administrativa, <strong>de</strong>preciação <strong>de</strong><br />

equipamentos, limpeza, energia elétrica e outros. Reconhecemse<br />

as difi culda<strong>de</strong>s da elaboração dos custos, mas também a<br />

importância <strong>de</strong>sses estudos para as tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão no<br />

contexto brasileiro. Os estudos conduzidos em outros países<br />

não po<strong>de</strong>m ser extrapolados para a realida<strong>de</strong> brasileira, tendo<br />

em vista as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a extensão<br />

das taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto utilizadas e aos fatores epi<strong>de</strong>miológicos<br />

e <strong>de</strong>mográfi cos <strong>de</strong> cada país.<br />

CONCLUSÃO<br />

O uso <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> avaliação econômica, principalmente estudos<br />

<strong>de</strong> custo-efetivida<strong>de</strong>, tem sido cada vez mais frequente<br />

para apoiar a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão quanto às políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

incorporação <strong>de</strong> novas tecnologias, implementação <strong>de</strong> programas<br />

preventivos e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> diretrizes assistenciais<br />

na área da saú<strong>de</strong>, inclusive na abordagem da osteoporose.<br />

No geral, os bisfosfonatos foram as estratégias mais<br />

avaliadas e que resultaram em melhores RCEI. TH, suplementação<br />

com vitamina D, ranelato <strong>de</strong> estrôncio, raloxifeno,<br />

teriparatida e <strong>de</strong>nosumabe foram analisados e apresentaram<br />

resultados variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da perspectiva, do país e<br />

das premissas assumidas para cada estudo. Não foi possível<br />

extrapolar nenhum dos resultados para a população brasileira<br />

no contexto do SUS, limitando sua utilização pelos tomadores<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.<br />

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Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):912-937 937


ARTIGO DE REVISÃO<br />

Disfunção sexual em pacientes com psoríase e<br />

artrite psoriásica − uma revisão sistemática<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Patricia Shu Kurizky 1 , Licia Maria Henrique da Mota 2<br />

A psoríase é uma doença cutaneoarticular, cuja incidência varia entre 1%−3%. O estresse ten<strong>de</strong> a ser um fator <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante<br />

ou <strong>de</strong> agravamento na psoríase. Além disso, a própria doença po<strong>de</strong> gerar estresse emocional, pelo constrangimento<br />

das lesões. Uma série <strong>de</strong> alterações psicológicas po<strong>de</strong> estar associada à psoríase, e são comuns os relatos <strong>de</strong> sentimentos<br />

<strong>de</strong> raiva, <strong>de</strong>pressão, vergonha e ansieda<strong>de</strong>, culminando no isolamento social e, possivelmente, na disfunção sexual.<br />

Apesar <strong>de</strong> a disfunção sexual ser uma queixa comum, são poucos os dados encontrados a respeito na literatura. O objetivo<br />

<strong>de</strong>ste estudo foi realizar uma revisão sistemática da prevalência da disfunção sexual na psoríase e na artrite psoriásica,<br />

avaliando a participação <strong>de</strong> fatores como <strong>de</strong>pressão e extensão da doença nessa relação. O resultado da revisão sistemática<br />

sobre o assunto aponta que os dados a respeito das difi culda<strong>de</strong>s sexuais nos pacientes com psoríase são limitados.<br />

As hipóteses aventadas para explicar a ocorrência <strong>de</strong> disfunção sexual nesse grupo <strong>de</strong> pacientes incluem a extensão<br />

do quadro cutâneo, os efeitos psicológicos da condição no paciente, a preocupação do parceiro e os efeitos colaterais<br />

relacionados aos tratamentos médicos para a psoríase. Os dados apresentados enfatizam a negligência frequente dada a<br />

este tipo <strong>de</strong> sintomatologia na prática médica e ressaltam a importância da avaliação do impacto da psoríase não apenas<br />

em relação ao acometimento cutâneo e articular, mas também psicossocial e sexual. Face às diversida<strong>de</strong>s socioculturais<br />

<strong>de</strong> cada população, sugere-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um estudo específi co na população brasileira a fi m <strong>de</strong> fornecer maiores<br />

informações sobre nossos pacientes.<br />

Palavras-chave: psoríase, artrite psoriásica, gênero, sexualida<strong>de</strong>.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A psoríase é uma doença infl amatória, cutaneoarticular, crônica<br />

e recidivante, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> alterações imunológicas e proliferativas<br />

da pele e, por vezes, <strong>de</strong> mucosas. A incidência mundial<br />

estimada é <strong>de</strong> 1%–3%. 1−3 Em 5%−42% <strong>de</strong>sses pacientes o quadro<br />

cutâneo está associado a artrite infl amatória, geralmente com fator<br />

reumatoi<strong>de</strong> negativo, quadro <strong>de</strong>nominado artrite psoriásica. 4,5<br />

O estresse ten<strong>de</strong> a ser um fator <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante ou <strong>de</strong> agravamento<br />

na psoríase. Além disso, a própria doença po<strong>de</strong> gerar<br />

estresse emocional, pelo constrangimento das lesões. 6 Uma<br />

série <strong>de</strong> alterações psicológicas po<strong>de</strong> estar associada à psoríase,<br />

e são comuns os relatos <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong> raiva, <strong>de</strong>pressão,<br />

vergonha e ansieda<strong>de</strong>, culminando no isolamento social e em<br />

consumo maior <strong>de</strong> álcool e fumo. 7−11<br />

A sexualida<strong>de</strong>, conforme <strong>de</strong>fi nição da Organização Mundial<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, é “uma necessida<strong>de</strong> básica e um aspecto do ser<br />

humano que não po<strong>de</strong> ser separado dos outros”, 12 com gran<strong>de</strong><br />

importância na manutenção <strong>de</strong> uma boa saú<strong>de</strong> mental. O impacto<br />

da psoríase na função sexual é importante, pois causa<br />

intenso <strong>de</strong>sgaste pessoal, prejudicando a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Na literatura, po<strong>de</strong>m ser encontrados relatos <strong>de</strong> impotência<br />

sexual e disfunção erétil <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> terapêuticas medicamentosas<br />

para a doença, como o uso <strong>de</strong> etretinato e metotrexato.<br />

13−15 Entretanto, são poucos os estudos que relacionam a<br />

disfunção sexual diretamente à psoríase. 16,17<br />

Recebido em 03/11/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse.<br />

Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Hospital Universitário <strong>de</strong> Brasília, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília – HUB-UnB.<br />

1. Médica Dermatologista; Aluna do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências Médicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília – FMUnB<br />

2. Doutora em Ciências Médicas, FMUnB; Orientadora do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Ciências Médicas, FMUnB<br />

Correspondência para: Licia Maria Henrique da Mota. Centro Médico <strong>de</strong> Brasília. SHLS 716/916 Bloco E salas 501-502 − Asa Sul. CEP: 70390-904. Brasília, DF,<br />

Brasil. E-mail: liciamhmota@yahoo.com.br<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):938-948 943


Kurizky et al.<br />

As revisões sistemáticas <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> prevalência são<br />

importantes por fornecerem informações úteis tanto à prática<br />

médica quanto aos projetos <strong>de</strong> pesquisa. Uma visão aprofundada<br />

sobre o <strong>de</strong>senho e a metodologia aplicados na obtenção<br />

dos dados disponíveis é fundamental para o planejamento <strong>de</strong><br />

futuros estudos.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi realizar uma revisão sistemática<br />

dos estudos sobre a disfunção sexual nos pacientes com<br />

psoríase e artrite psoriásica, avaliando aspectos comumente<br />

apontados como associados – entre eles, alterações psicológicas<br />

e extensão da doença.<br />

MÉTODOS<br />

No período <strong>de</strong> agosto a outubro <strong>de</strong> 2011, foram realizadas<br />

buscas nas seguintes bases <strong>de</strong> dados: Medline (1966−2011),<br />

Biblioteca Cochrane, LILACS, PubMed (1991−2011) e<br />

Scopus, nos idiomas português, inglês, francês e espanhol. As<br />

palavras-chave utilizadas foram “psoriasis”, “sexual dysfunction”<br />

e “psoriatic arthritis”.<br />

Foram incluídos estudos transversais observacionais, coortes<br />

prospectivas, estudos randomizados controlados e estudos<br />

do tipo caso e controle, que abordassem a função sexual nos<br />

pacientes com psoríase e/ou artrite psoriásica.<br />

O título e o resumo dos artigos obtidos na pesquisa inicial<br />

foram revisados por dois observadores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes a fi m<br />

<strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntifi car aqueles relevantes. Uma revisão da versão<br />

integral foi realizada em todos os artigos que preenchiam os<br />

critérios <strong>de</strong> inclusão, e as referências bibliográfi cas <strong>de</strong>sses<br />

artigos foram analisadas a fi m <strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacar fontes adicionais.<br />

Foram consi<strong>de</strong>rados para os fi ns do estudo os artigos selecionados<br />

após concordância dos dois observadores.<br />

Dos estudos selecionados, foram observados os seguintes<br />

dados: tipo <strong>de</strong> estudo, tamanho da amostra, instrumentos utilizados,<br />

análise estatística e resultados.<br />

RESULTADOS<br />

Dos artigos i<strong>de</strong>ntifi cados nas bases <strong>de</strong> dados citadas, apenas 14<br />

relacionavam-se diretamente com o tema pesquisado. Desses,<br />

sete foram excluídos por serem relatos <strong>de</strong> caso ou artigos <strong>de</strong><br />

revisão. Além dos sete artigos restantes, um foi i<strong>de</strong>ntifi cado a<br />

partir da análise das referências bibliográfi cas, totalizando oito<br />

artigos selecionados para os fi ns <strong>de</strong>sse estudo.<br />

Dos artigos selecionados, três eram do tipo caso e controle<br />

e cinco eram estudos transversais observacionais; não foram<br />

encontrados estudos randomizados controlados nem coortes<br />

prospectivas. Em relação aos três estudos <strong>de</strong> casos e controles,<br />

dois incluíram homens e mulheres com psoríase comparados a<br />

sujeitos sadios, 18,19 e um foi realizado apenas em homens com<br />

psoríase comparados a grupos masculinos com outras doenças<br />

<strong>de</strong>rmatológicas. 20 Todos os estudos observacionais incluíram<br />

pacientes <strong>de</strong> ambos os gêneros. A Tabela 1 <strong>de</strong>screve os tipos<br />

<strong>de</strong> estudos e as amostras analisadas.<br />

No total, 4.039 pacientes com psoríase foram analisados,<br />

dos quais 2.567 homens (63,55%) e 1.472 mulheres (36,45%).<br />

A ida<strong>de</strong> dos pacientes com psoríase variou entre 23 e 62 anos.<br />

A Tabela 2 apresenta as características epi<strong>de</strong>miológicas das<br />

amostras <strong>de</strong> cada estudo.<br />

A gravida<strong>de</strong> da psoríase foi avaliada por <strong>de</strong>rmatologistas<br />

a partir do Psoriasis Area and Severity In<strong>de</strong>x (PASI) em três<br />

estudos 19,21,22 e pelo Total Body Surface Area (BSA) em um<br />

estudo, 23 e pelo próprio paciente por meio do Self-Administered<br />

Psoriasis Area and Severity In<strong>de</strong>x (SAPASI) em dois estudos.<br />

2,24 Dois estudos não avaliaram o grau <strong>de</strong> extensão da<br />

psoríase. 18,20 A presença <strong>de</strong> lesões na área genital 2,20,23,24 e o acometimento<br />

articular 2,22−24 foram registrados em quatro estudos.<br />

Em todos os estudos os pacientes foram avaliados quanto<br />

à função sexual a partir <strong>de</strong> questionários autoaplicáveis, e<br />

alguns estudos também avaliaram aspectos psicológicos e<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Dentre os questionários utilizados para<br />

avaliação da função sexual, os mais usados foram: o item 9<br />

do Dermatology Life Quality In<strong>de</strong>x (DLQI) (“Over the last<br />

week, how much has your skin caused any sexual diffi culties<br />

− not at all, a little, a lot, very much”), 2,19,22,24 o International<br />

In<strong>de</strong>x of Erectile Function (IIEF) 19,20,24 e o Female Sexual<br />

Function In<strong>de</strong>x (FSFI). 19,24 Gupta et al. 23 utilizaram questionário<br />

<strong>de</strong> elaboração própria, e Ermertcan et al. 19 montaram<br />

um questionário baseado nas perguntas <strong>de</strong> caráter sexual <strong>de</strong><br />

vários questionários <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (Skin<strong>de</strong>x-29, DLQI,<br />

Psoriasis Disability In<strong>de</strong>x – PDI e Impact of Psoriasis on<br />

Quality of Life Questionnaire − IPSO). A Tabela 3 mostra os<br />

instrumentos usados por cada autor.<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>pressão e função sexual<br />

No estudo <strong>de</strong> Mercan et al., 18 a disfunção sexual foi mais comum<br />

no grupo com psoríase que no grupo-controle, havendo diferença<br />

estatisticamente signifi cativa (P < 0,05) entre o escore total e o<br />

subescore da experiência orgásmica do ASEX. Dez pacientes<br />

do grupo com psoríase apresentaram escore <strong>de</strong> BDI > 17, sendo<br />

consi<strong>de</strong>rados clinicamente <strong>de</strong>pressivos. Quando excluídos esses<br />

pacientes, a análise ANOVA e o teste <strong>de</strong> Tuckey nos dois grupos<br />

revelaram resultados semelhantes no escore <strong>de</strong> ASEX.<br />

Al-Mazeedi et al. 21 observaram alterações psicológicas<br />

mais prevalentes no grupo <strong>de</strong> psoríase grave. Em relação à<br />

ativida<strong>de</strong> sexual, ela esteve afetada em 31,6% dos pacientes.<br />

944 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):938-948


Tabela 1<br />

Tipos <strong>de</strong> estudos e amostras analisadas<br />

Autor Publicação Desenho do estudo Pacientes Controles<br />

Mercan18 2008 Caso e controle 24 33<br />

Al-Mazeedi21 2006 Observacional 330 —<br />

Meeuwis24 2011 Observacional 487 —<br />

Sampogna2 2006 Observacional 936 —<br />

Ermertcan19 2006 Caso e controle 78 58<br />

Gupta23 1997 Observacional 120 —<br />

Goulding20 2011 Caso e controle 92 130<br />

Guenther22 2011 Observacional 1996 —<br />

Tabela 2<br />

Características epi<strong>de</strong>miológicas das amostras estudadas<br />

Tabela 3<br />

Questionários e índices usados em cada estudo<br />

Autor Instrumento Conteúdo<br />

Mercan 18<br />

ASEX<br />

BDI<br />

Disfunção sexual em pacientes com psoríase e artrite psoriásica − uma revisão sistemática<br />

Apresentaram disfunção 38,9% dos pacientes com psoríase<br />

grave, 29,7% dos com psoríase mo<strong>de</strong>rada e 30,8% dos com<br />

psoríase leve. Entretanto, a diferença entre os grupos não foi<br />

estatisticamente signifi cativa.<br />

O estudo <strong>de</strong> Meeuwis et al. 24 concentrou-se principalmente<br />

na presença <strong>de</strong> psoríase genital. A média do escore total do<br />

DLQI foi 6,6 ± 5,5. Os pacientes com lesões genitais apresentaram<br />

escores piores que os pacientes sem lesões genitais, em<br />

especial no item referente à vida sexual.<br />

Os homens com psoríase apresentaram SQoL-M (Sexual<br />

Quality of Life Questionnaire for Men) <strong>de</strong> 77,2 ± 24,1 (o índice<br />

varia <strong>de</strong> 0−100; quanto maior o escore, melhor a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Autor<br />

Psoríase - número<br />

Homem Mulher<br />

Controle - número<br />

Homem Mulher<br />

Psoríase - ida<strong>de</strong><br />

Homem Mulher<br />

Controle – ida<strong>de</strong><br />

Homem Mulher<br />

Mercan18 Não <strong>de</strong>fi ne quantida<strong>de</strong> por gênero 37,29 ± 11,27 36,09 ± 7,97<br />

Al-Mazeedi21 169 161 — 32−35 —<br />

Meeuwis24 278 209 — 53,9 ± 12,3 —<br />

Sampogna2 555 381 — 45,7 —<br />

Ermertcan19 39 39 31 27 22,33−59,31 23,21−49,44 41,77 ± 9,60 39,89 ± 9,06<br />

Gupta23 63 57 — 46,8 ± 15,7 —<br />

Gouldin20 92 — 130 — 46,7 ± 13,1 — <strong>52</strong>,7 ± 17,2 —<br />

Guenther22 1371 625 — 46 —<br />

Função sexual<br />

Depressão<br />

Al-Mazeedi 21 DQoLS Ativida<strong>de</strong>s, relações sociais, aspectos psicológicos e ativida<strong>de</strong> sexual<br />

Meeuwis 24<br />

Sampogna 2<br />

Ermertcan 19<br />

DLQI<br />

SQoL-M<br />

IIEF<br />

FSDS<br />

FSFI<br />

Questionário próprio<br />

(Skin<strong>de</strong>x, DLQI, PDI, IPSO)<br />

GHQ-12<br />

DSM-IV<br />

DLQI<br />

FSFI<br />

IIEF<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

Qualida<strong>de</strong> vida sexual masculina<br />

Função sexual masculina<br />

Estresse sexual feminino<br />

Função sexual feminina<br />

Função sexual<br />

Alterações psicológicas<br />

Alterações psicológicas<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

Função sexual feminina<br />

Função sexual masculina<br />

Gupta 23 Questionário próprio Função sexual, aspectos psicológicos e gravida<strong>de</strong> da doença<br />

Goulding 20<br />

IIEF<br />

DLQI<br />

Função sexual masculina<br />

Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

Guenther22 Item 9 DLQI Função sexual<br />

ASEX: Arizona Sexual Experience Scale; BDI: Beck Depression Inventory; DQoLS: Dermatology Quality of Life Scale; DLQI: Dermatology Life Quality In<strong>de</strong>x; SQoL-M: Sexual Quality of Life Questionnaire<br />

for Men; IIEF: International In<strong>de</strong>x of Erectile Function; FSDS: Female Sexual Distress Scale; FSFI: Female Sexual Function In<strong>de</strong>x; PDI: Psoriasis Disability In<strong>de</strong>x; IPSO: Impact of Psoriasis on Quality of Life<br />

Questionnaire; GHQ-12: General Health Questionnaire.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):938-948 945


Kurizky et al.<br />

vida sexual) e IIEF <strong>de</strong> 55,7 ± 17,2 (o índice varia <strong>de</strong> 5−75;<br />

quanto maior, melhor a função sexual), sem diferença estatisticamente<br />

signifi cativa entre os grupos com e sem lesão<br />

genital. Em relação às mulheres, 37,7% apresentaram FSDS<br />

(Female Sexual Distress Scale) > 15, mostrando alteração da<br />

vida sexual. A média do escore das mulheres com lesão genital<br />

foi signifi cativamente mais alta que nas mulheres sem lesão<br />

genital. Em relação ao FSFI, 48,7% das mulheres apresentaram<br />

índice < 26, <strong>de</strong>notando disfunção sexual. Essa alteração<br />

apresentou-se igualmente distribuída entre as mulheres com<br />

e sem lesão genital.<br />

Sampogna et al. 2 observaram que entre seus pacientes,<br />

48,2% podiam ser caracterizados como casos com distúrbios<br />

psicológicos menores (<strong>de</strong>pressão e ansieda<strong>de</strong>). A prevalência<br />

da disfunção sexual variou <strong>de</strong> acordo com a pergunta analisada,<br />

entre 35,5% na pergunta retirada do PDI a 71,3% da<br />

extraída do IPSO. A prevalência foi maior nos pacientes com<br />

artrite psoriásica, com alterações psicológicas e com escores<br />

<strong>de</strong> SAPASI > 20 em todas as perguntas. Em relação à pergunta<br />

do IPSO, a prevalência da disfunção sexual foi observada mais<br />

nas mulheres.<br />

No estudo <strong>de</strong> Ermertcan et al., 19 os pacientes foram divididos<br />

em seis grupos: controle sadios, psoríase sem <strong>de</strong>pressão e<br />

psoríase com <strong>de</strong>pressão, tanto femininos quanto masculinos.<br />

A média do PASI nas mulheres sem <strong>de</strong>pressão foi 6,53 ± 4,25,<br />

e nas que apresentavam <strong>de</strong>pressão, <strong>de</strong> 6,54 ± 6,96. O DLQI<br />

mostrou piora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida mais signifi cativa no grupo<br />

com <strong>de</strong>pressão quando comparado com o grupo sem <strong>de</strong>pressão.<br />

O escore total do FSFI mostrou disfunção sexual signifi cativa<br />

nos grupos com psoríase com e sem <strong>de</strong>pressão quando<br />

comparados com o grupo-controle. Entretanto, não houve<br />

diferença estatisticamente signifi cativa entre os dois grupos<br />

com psoríase. Avaliando-se os domínios separadamente,<br />

os escores <strong>de</strong> todos os domínios, exceto lubrifi cação e dor,<br />

estiveram signifi cativamente piores nos grupos com psoríase.<br />

Houve correlação negativa entre o escore do FSFI e DLQI,<br />

mas o PASI não mostrou correlação.<br />

Nos grupos masculinos, a média do PASI foi <strong>de</strong> 9,27 ± 6,03<br />

nos com psoríase pura e 7,31 ± 4,51 nos com psoríase e <strong>de</strong>pressão.<br />

O escore DLQI total apresentou-se signifi cativamente mais<br />

alto nos pacientes com psoríase e <strong>de</strong>pressão quando comparado<br />

com o grupo sem <strong>de</strong>pressão, caracterizando pior qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vida. O escore total do IIEF mostrou disfunção signifi cativa<br />

nos grupos com psoríase quando comparados com o controle,<br />

não havendo também diferença entre os dois grupos com<br />

psoríase. Em relação à avaliação individual dos domínios, a<br />

satisfação com a relação sexual esteve signifi cativamente baixa<br />

nos pacientes com psoríase; os outros domínios mostraram-se<br />

mais baixos também, porém sem diferença estatisticamente<br />

consi<strong>de</strong>rável. O escore total do IIEF não mostrou correlação<br />

com o PASI e o DLQI.<br />

Gupta et al. 23 relataram que 49 dos 120 pacientes estudados<br />

(40,8%) afi rmaram ter um <strong>de</strong>clínio da ativida<strong>de</strong> sexual após o<br />

início da psoríase. No grupo com alteração da função sexual,<br />

77% dos pacientes apresentavam dor articular, em comparação<br />

com 54% dos do grupo sem alteração da função sexual.<br />

O grupo afetado também apresentou signifi cativamente mais<br />

<strong>de</strong>pressão e maior tendência ao consumo <strong>de</strong> álcool. O <strong>de</strong>clínio<br />

da ativida<strong>de</strong> sexual foi associado com o efeito da psoríase<br />

em sua aparência por 60% dos pacientes, contra 14,9% que<br />

atribuíram ao <strong>de</strong>sinteresse do parceiro.<br />

O estudo <strong>de</strong> Goulding et al. 20 concentrou-se principalmente<br />

na presença <strong>de</strong> disfunção erétil. A média do escore do DLQI foi<br />

signifi cativamente mais elevada no grupo com psoríase. Dos<br />

92 indivíduos, 53 (58%) obtiveram um escore <strong>de</strong> IIEF ≤ 21,<br />

indicando disfunção erétil, o que ocorreu em 64 dos 120<br />

controles (49%), não apresentando diferença estatisticamente<br />

signifi cativa.<br />

Guenther et al. 22 avaliaram 1.996 pacientes quanto ao<br />

tratamento com ustekinumabe. Antes do tratamento, 22,6%<br />

dos pacientes apresentavam disfunção sexual, avaliada a<br />

partir do item 9 do DLQI. A disfunção foi mais observada nas<br />

mulheres (27,1%) que nos homens (20,8%). A proporção dos<br />

pacientes com disfunção sexual correlacionou-se diretamente<br />

com o PASI.<br />

DISCUSSÃO<br />

Os dados a respeito das difi culda<strong>de</strong>s sexuais nos pacientes com<br />

psoríase são limitados. As hipóteses aventadas para explicar<br />

a ocorrência <strong>de</strong> disfunção sexual nesse grupo <strong>de</strong> pacientes<br />

incluem a extensão do quadro cutâneo, efeitos psicológicos da<br />

condição no paciente, preocupação do parceiro e efeitos colaterais<br />

relacionados aos tratamentos médicos para a psoríase. 22<br />

Vários estudos associaram a psoríase à morbida<strong>de</strong> psicológica,<br />

especialmente <strong>de</strong>pressão e ansieda<strong>de</strong>. 10,25,26 Alguns autores<br />

sugerem que níveis elevados <strong>de</strong> citocinas pró-infl amatórias,<br />

especifi camente fator <strong>de</strong> necrose tumoral alfa e interleucina 1,<br />

envolvidos na patogênese da psoríase, estão ligados à <strong>de</strong>pressão.<br />

27 Essas alterações psicológicas foram mais prevalentes<br />

nos pacientes com psoríase em quatro dos estudos analisados,.<br />

Correlação positiva entre disfunção sexual e <strong>de</strong>pressão foi<br />

observada nos estudos <strong>de</strong> Mercan et al., 18 Sampogna et al. 2 e<br />

Gupta et al. 23 Entretanto, mesmo no estudo <strong>de</strong> Mercan et al., 18<br />

observou-se que os pacientes com psoríase apresentavam mais<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns sexuais relacionadas ao orgasmo que propriamente<br />

946 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):938-948


<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo sexual. Como os distúrbios sexuais na <strong>de</strong>pressão<br />

afetam tipicamente o <strong>de</strong>sejo e a vonta<strong>de</strong>, mais que o orgasmo,<br />

os autores sugerem que a disfunção sexual na psoríase<br />

possa estar relacionada a outras razões, que não a <strong>de</strong>pressão.<br />

Ermertcan et al., 19 comparando grupos <strong>de</strong> indivíduos sadios<br />

e <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> psoríase com <strong>de</strong>pressão e sem <strong>de</strong>pressão,<br />

não apontaram correlação entre problemas psicológicos e a<br />

presença <strong>de</strong> disfunção sexual.<br />

Em relação ao quadro clínico, a forma grave/mo<strong>de</strong>rada esteve<br />

mais associada à disfunção sexual em dois estudos, 2,22 porém dois<br />

outros não mostraram diferença estatisticamente signifi cativa. 19,21<br />

A presença <strong>de</strong> artrite psoriásica também esteve relacionada em<br />

dois estudos. 2,23 A presença <strong>de</strong> lesão genital teve impacto na<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, porém não mostrou correlação com a função<br />

sexual, 2,19,20 com exceção do estudo <strong>de</strong> Meeuwis et al. 24 No estudo<br />

em questão, mulheres com psoríase genital apresentavam piora da<br />

função sexual; entretant o, o mesmo não ocorreu no grupo masculino.<br />

Os autores sugerem que provavelmente não é a presença<br />

da lesão genital em si que provoca o <strong>de</strong>clínio da função sexual, e<br />

sim a experiência subjetiva do paciente.<br />

Todos os estudos mostraram piora da função sexual nos<br />

pacientes com psoríase, exceto o apresentado por Goulding<br />

et al. 20 Uma explicação para esse resultado po<strong>de</strong> ser o fato <strong>de</strong><br />

os autores utilizarem como grupo-controle portadores <strong>de</strong> outras<br />

doenças <strong>de</strong>rmatológicas, incluindo, entretanto, quadros que<br />

muitas vezes po<strong>de</strong>m ser extensos, com limitações estéticas e<br />

físicas semelhantes à psoríase, como eczema atópico e lúpus<br />

eritematoso. Os próprios autores relatam alta prevalência <strong>de</strong><br />

disfunção erétil na amostra total estudada (50%), que correspon<strong>de</strong>ria<br />

à população com doenças <strong>de</strong>rmatológicas. Além<br />

disso, a disfunção sexual já foi correlacionada com outros quadros<br />

cutâneos, como doenças sexualmente transmissíveis, 28,29<br />

vitiligo, 30,31 urticária crônica 31 e neuro<strong>de</strong>rmatite. 18,28<br />

Finalmente, é importante salientar o resultado apresentado<br />

por Meeuwis et al., 24 em que apenas 9% dos pacientes estavam<br />

satisfeitos com a atenção dada ao aspecto sexual durante<br />

suas consultas, enquanto 43% a consi<strong>de</strong>raram insufi ciente. Os<br />

dados apresentados enfatizam a negligência frequente dada a<br />

esse tipo <strong>de</strong> sintomatologia na prática médica 32 e ressaltam a<br />

importância da avaliação do impacto da psoríase não apenas<br />

em relação ao acometimento cutâneo e articular, mas também<br />

psicossocial e sexual.<br />

Durante a revisão, a associação do termo “Brazil” na pesquisa<br />

às bases <strong>de</strong> dados não i<strong>de</strong>ntifi cou nenhum artigo. Face<br />

às diversida<strong>de</strong>s socioculturais <strong>de</strong> cada população, esse dado<br />

mostra a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um estudo específi co na população<br />

brasileira a fi m <strong>de</strong> fornecer maiores informações sobre nossos<br />

pacientes.<br />

Disfunção sexual em pacientes com psoríase e artrite psoriásica − uma revisão sistemática<br />

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948 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):938-948


RELATO DE CASO<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos na<br />

esclerose sistêmica: como interpretar?<br />

Scheila Fritsch 1 , Vanessa Irusta Dal Pizzol 2 , Eduardo dos Santos Paiva 3 ,<br />

Carolina <strong>de</strong> Souza Muller 4<br />

Os autoanticorpos possivelmente infl uenciam as manifestações clínicas da esclerose sistêmica (ES). Essa correlação<br />

clínico-sorológica, associada à insufi ciência <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos, originou o paradigma histórico<br />

<strong>de</strong> que seriam mutuamente exclu<strong>de</strong>ntes. Porém, po<strong>de</strong>-se questionar essa tese. Po<strong>de</strong>ria a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoanticorpos<br />

signifi car a coexistência <strong>de</strong> duas patologias distintas? Por outro lado, se assumidos como anticorpos específi cos <strong>de</strong> uma<br />

doença única, essa multiplicida<strong>de</strong> seria um evento aleatório ou representaria um subgrupo distinto <strong>de</strong> pacientes, com<br />

características clínicas, patogênicas e imunogenéticas próprias? A prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos na ES precoce é elevada.<br />

Entretanto, a duplicida<strong>de</strong> do anticorpo anticentrômero (AAC) e do anticorpo antitopoisomerase 1 (AAT) é um evento<br />

raro. Já a coexistência <strong>de</strong> AAC, AAT e anticorpo anti-RNA polimerase (anti-RNA-P) III ainda não foi <strong>de</strong>scrita em um<br />

paciente isolado. Neste relato, com positivida<strong>de</strong> para AAC, AAT e anti-RNA-P III, notamos manifestações vasculares<br />

precoces e posterior comprometimento cutâneo limitado. Este parece ser o primeiro relato <strong>de</strong> concomitância <strong>de</strong> três<br />

autoanticorpos específi cos em um paciente com ES. Acreditamos que essa coexistência representa um subgrupo sorológico<br />

raro <strong>de</strong> uma única doença, com possível valor clínico e prognóstico – porém, ainda há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> confi rmação.<br />

Palavras-chave: esclero<strong>de</strong>rmia sistêmica, DNA topoisomerases, RNA polimerase III.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

A primeira <strong>de</strong>scrição da dualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoanticorpos na esclerose<br />

sistêmica (ES) – anticorpo anticentrômero (AAC) e anticorpo<br />

antitopoisomerase 1 (AAT) – data <strong>de</strong> 1985, 1 e seu signifi cado<br />

ainda precisa ser elucidado. Este fato po<strong>de</strong> ser explicado pela<br />

rarida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>sse fenômeno na literatura, com prevalência<br />

<strong>de</strong> 0,05%–5,6%, 2 com variações signifi cativas <strong>de</strong> acordo<br />

com os métodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção utilizados (imunofl uorescência<br />

indireta, imunodifusão, ELISA ou imunotransferência). Há<br />

também concomitância <strong>de</strong>sses autoanticorpos com os anticorpos<br />

anti-RNA polimerase (anti-RNA-P) I, II e III, anti-Ro, anti-La,<br />

anti-Jo, anti-U3-RNP, anti-Th-RNP, anti-Pm-Scl, anti-Ku, 3 anti-<br />

histona e anticorpos antimitocondriais. 2<br />

Embora não esteja comprovado, existem dados clínicos<br />

que respaldam o entendimento geral <strong>de</strong> que o perfi l autoimune<br />

individual correlaciona-se com as manifestações clínicas da<br />

ES. 2–4 Na prática clínica, esse conceito induz ao monitoramento<br />

distinto do paciente em cada subgrupo da doença. 5 Essa correlação<br />

clínica e laboratorial e a insufi ciência <strong>de</strong> casos com concomitância<br />

<strong>de</strong> autoanticorpos originou o paradigma histórico <strong>de</strong><br />

que seriam mutuamente exclu<strong>de</strong>ntes. Não obstante, tal hipótese<br />

po<strong>de</strong> ser questionada, bem como a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> a coexistência ser<br />

explicada simplesmente <strong>de</strong> forma casual.<br />

RELATO DE CASO<br />

Mulher, <strong>de</strong> 38 anos, apresentava sintomas <strong>de</strong> artralgias associados<br />

ao fenômeno <strong>de</strong> Raynaud ao longo dos últimos três<br />

anos. A paciente não apresentava artrite, rigi<strong>de</strong>z matinal,<br />

fotossensibilida<strong>de</strong>, xeroftalmia, disfagia, queixas urinárias,<br />

febre ou perda <strong>de</strong> peso, embora apresentasse evidência <strong>de</strong><br />

Recebido em 25/01/2011. Aprovado em 05/09/2012. ESP <strong>de</strong>clara ter recebido honorários por apresentação, conferência ou palestra. Os <strong>de</strong>mais autores<br />

<strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse.<br />

Hospital das Clínicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – HC-UFPR.<br />

1. Resi<strong>de</strong>nte em Clínica Médica, , Hospital <strong>de</strong> Clínicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – HC-UFPR<br />

2. Especialização em Clínica Médica, HC-UFPR<br />

3. Professor da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, HC-UFPR<br />

4. Professora voluntária da Disciplina <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, HC-UFPR<br />

Correspondência para: Scheila Fritsch. Departamento <strong>de</strong> Clínica Médica, Hospital <strong>de</strong> Clínicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná. Rua General Carneiro, 180,<br />

10 o andar. CEP: 80060-900. Curitiba, PR, Brasil. E-mail: scheilaf@gmail.com<br />

9<strong>52</strong> Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):949-955


etardo no esvaziamento esofágico. Não havia espessamento<br />

cutâneo, sinovite ou úlceras digitais. Os testes laboratoriais<br />

foram normais, exceto pelo hipotireoidismo, com anticorpo<br />

antitireoglobulina positivo. As sorologias para sífi lis, hepatite,<br />

HIV, HTLV e doença <strong>de</strong> Chagas foram negativas. Os anticorpos<br />

antinucleares (ANA) mostraram padrão anticentrômero (título<br />

<strong>de</strong> 1:10240, método <strong>de</strong> imunofl uorescência indireta – Hep-2).<br />

Anti-Sm, anti-DNA, anti-La e AAT foram negativos, mas o<br />

anti-Ro foi positivo (48 U/mL, valor <strong>de</strong> referência < 10). Após<br />

um ano, a paciente apresentou esclerodactilia, quando foi então<br />

feito o diagnóstico <strong>de</strong> ES. Durante o curso da doença, outros<br />

autoanticorpos tornaram-se positivos, tais como anti-RNP,<br />

58 U/mL (valor <strong>de</strong> referência < 10); anti-La, 41 U/mL (valor<br />

<strong>de</strong> referência < 10); AAT, 21,6 U (valor <strong>de</strong> referência < 20); e<br />

anti-RNA-P III, 22,9 (valor <strong>de</strong> referência < 20). Todos eles foram<br />

testados pela prova <strong>de</strong> imunoabsorção enzimática (ELISA).<br />

DISCUSSÃO<br />

A prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos na ES é elevada (<strong>de</strong> 75% 6<br />

a 95%, 7 ), e sua presença prece<strong>de</strong> as manifestações clínicas<br />

em muitos casos. 8 Por outro lado, a prevalência da duplicida<strong>de</strong><br />

AAC + AAT é raramente relatada, variando <strong>de</strong> 0,05%<br />

a 5,6%. 2 Esses achados, associados com a correlação entre<br />

autoanticorpos, alelos do sistema HLA e perfi l <strong>de</strong> comprometimento<br />

clínico, levaram ao conceito histórico <strong>de</strong> que<br />

seriam mutuamente exclu<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong> que o curso dos títulos<br />

dos autoanticorpos era constante ao longo do tempo, o que<br />

foi baseado, provavelmente, em técnicas insensíveis <strong>de</strong><br />

análise. 8 A técnica <strong>de</strong> imunotransferência parece melhorar a<br />

sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção do AAC, quando comparada com<br />

a técnica da imunofl uorescência isoladamente. 9 Os relatos<br />

<strong>de</strong> concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos fortalecem a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reavaliar esse paradigma. Há também a <strong>de</strong>scrição<br />

da associação do AAT com o anti-RNA-P II. 3 Todavia, a<br />

triplicida<strong>de</strong> (AAT + AAC + anti-RNA-P III) ainda não foi<br />

<strong>de</strong>scrita na literatura.<br />

Tabela 1<br />

Manifestações clínicas<br />

Concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos na esclerose sistêmica: como interpretar?<br />

No contexto da ES, a associação clínica e sorológica do<br />

AAC, AAT e anti-RNA-P III é sugerida. 4 Na teoria, não há<br />

dados para comprovar uma relação <strong>de</strong> causa e efeito entre o<br />

perfi l sorológico e manifestações clínicas da doença. Deve-se<br />

consi<strong>de</strong>rar a ativação policlonal, com consequente hipergamaglobulinemia,<br />

além dos processos patológicos concomitantes<br />

da ES, tais como câncer. 10 Além disso, técnicas diferentes para<br />

<strong>de</strong>tectar ou quantifi car os autoanticorpos apresentam sensibilida<strong>de</strong><br />

e especifi cida<strong>de</strong> distintas, conforme <strong>de</strong>scrito anteriormente,<br />

e que po<strong>de</strong>m levar a falsos resultados. Finalmente, uma<br />

vez que essa doença apresenta muitas manifestações clínicas<br />

e cada uma representa uma combinação <strong>de</strong> fatores genéticos<br />

e ambientais, torna-se arriscado, ou talvez impossível, atribuir<br />

um papel tão gran<strong>de</strong> ao perfi l sorológico.<br />

Por outro lado, existem dados epi<strong>de</strong>miológicos que sugerem<br />

uma correlação entre o status sorológico e as características<br />

clínicas, conforme <strong>de</strong>scrito na Tabela 1. 2–4,6 Tendo<br />

em vista que o monitoramento e o tratamento dos pacientes<br />

apresentam abordagens diferentes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do seu perfi l<br />

autoimune, como proce<strong>de</strong>r no grupo com múltiplos autoanticorpos<br />

específi cos? No contexto da concomitância <strong>de</strong> AAC e<br />

AAT, tanto em pacientes acometidos com a forma limitada ou<br />

difusa da doença, Kikuchi et al. 1 observaram a predominância<br />

do fenômeno <strong>de</strong> Raynaud (95% dos pacientes), além da disfunção<br />

esofágica e da frequência mais baixa <strong>de</strong> esclerodactilia,<br />

calcinose e fi brose pulmonar. Segundo os autores, esse achado<br />

po<strong>de</strong>ria indicar um efeito supressivo recíproco <strong>de</strong>sses produtos<br />

do sistema imune. Jarzabeck-Chorzelski et al., 9 usando três<br />

técnicas para a <strong>de</strong>tecção do autoanticorpo (imunofl uorescência,<br />

imunotransferência e dupla imunodifusão), obtiveram a mais<br />

alta prevalência da duplicida<strong>de</strong> do AAC e do AAT relatada até<br />

o momento (5,6%), com um pronunciado comprometimento<br />

vascular – telangiectasia e fenômeno <strong>de</strong> Raynaud –, bem como<br />

esclerodactilia, calcinose e comprometimento visceral (nove<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>z pacientes). Com base nesses dados, foi sugerido que<br />

o resultado positivo do AAC e do AAT po<strong>de</strong>ria indicar uma<br />

variante incompleta da síndrome <strong>de</strong> CREST. 1 A presença do<br />

Anticentrômero Antitopoisomerase Anti-RNA polimerase (I, II, III)<br />

Comprometimento cutâneo limitado<br />

Calcinose<br />

Úlceras digitais<br />

Hipertensão arterial pulmonar<br />

Prevalência 50%–90% dos pacientes CREST<br />

Esclerose difusa da pele<br />

Comprometimento do<br />

parênquima pulmonar<br />

Lesão vascular renal<br />

Miosite/miocardite<br />

40%–90% dos pacientes com ES difusa<br />

Pior prognóstico<br />

CREST: calcinose, síndrome <strong>de</strong> Raynaud, baixa motilida<strong>de</strong> esofagiana, esclerodactilia, telangiectasia; ES: esclerose sistêmica.<br />

Comprometimento difuso e grave da pele<br />

Lesão vascular renal<br />

(50% dos pacientes com<br />

esclero<strong>de</strong>rmia, crise renal)<br />

Baixa prevalência (21,9%),<br />

porém altamente específica<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):949-955 953


Fritsch et al.<br />

anti-RNA-P II não <strong>de</strong>fi ne um subtipo clínico diferente nos<br />

pacientes portadores do AAT. 6<br />

Este trabalho acrescenta à discussão o caso <strong>de</strong> uma paciente<br />

com ES que apresenta simultaneamente três autoanticorpos<br />

específi cos da doença (AAC, AAT e anti-RNA-P III).<br />

Não há <strong>de</strong>scrição na literatura <strong>de</strong> um caso similar. Portanto,<br />

é plenamente justifi cável que a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste achado <strong>de</strong>va<br />

ser cuidadosamente consi<strong>de</strong>rada. Nesse sentido, é importante<br />

notar que os valores inferiores (próximos aos pontos<br />

<strong>de</strong> corte) para os anticorpos AAT e anti-RNA-P III foram<br />

encontrados por ELISA, <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> mais elevada,<br />

porém com baixa especifi cida<strong>de</strong>. A maioria dos kits ELISA<br />

expressa os resultados dos anticorpos como positivos, in<strong>de</strong>terminados<br />

ou negativos; alguns kits trazem esses resultados<br />

como positivos, fracamente positivos ou negativos. Portanto,<br />

<strong>de</strong>vemos ter em mente que os resultados “fracamente positivos”<br />

encontrados neste trabalho, especialmente para os<br />

anticorpos AAT e anti-RNA-P III, po<strong>de</strong>riam ser expressos<br />

como “in<strong>de</strong>terminados”. Com tal resultado, apresentado<br />

nesses termos, certamente estamos menos propensos ao erro,<br />

tendo em vista que não vamos consi<strong>de</strong>rá-lo como um achado<br />

<strong>de</strong>fi nitivamente positivo.<br />

Uma vez feitas essas consi<strong>de</strong>rações, acreditamos que a<br />

questão dos autoanticorpos na ES, como em muitas outras<br />

doenças autoimunes, não está concluída, mas, em vez disso,<br />

está se tornando mais pungente, propiciando um <strong>de</strong>bate interessante.<br />

Em nosso caso, no qual havia coexistência <strong>de</strong> AAC,<br />

AAT e anti-RNA-P III, houve um comprometimento vascular<br />

precoce (Raynaud) e subsequente patologia cutânea limitada<br />

(esclerodactilia). Contudo, não <strong>de</strong>vemos tirar conclusões<br />

sobre a ausência <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando que um<br />

caso isolado não é sufi ciente para prever o perfi l clínico <strong>de</strong><br />

um grupo <strong>de</strong> pacientes.<br />

Todos esses achados enfatizam a participação do sistema<br />

imune na patogênese da ES. Vários mecanismos foram<br />

propostos. Os exemplos incluem a liberação da enzima topoisomerase-1,<br />

durante a apoptose da célula endotelial, com<br />

sua ligação à superfície dos fi broblastos e posteriormente aos<br />

autoanticorpos. 8 Além disso, Casciola-Rosen 11 sugeriu que a<br />

fragmentação/fosforilação do RNA-P e da topoisomerase-1,<br />

durante a apoptose, leve à exposição <strong>de</strong> epítopos previamente<br />

ocultos do sistema imune. A partir da apresentação <strong>de</strong>sses<br />

neoepítopos, a tolerância dos linfócitos seria perdida. Esta<br />

apresentação requer as moléculas do MHC, o que explica<br />

a associação sugerida entre os autoanticorpos e os alelos<br />

HLA: AAC com DR1, 4 e 8; e AAT com DR11. 2 Contudo,<br />

na ausência <strong>de</strong> associações absolutas entre a manifestação<br />

da ES e dos epítopos HLA, além da inexistência <strong>de</strong> um<br />

epítopo <strong>de</strong>fi nitivamente culpado, seria possível que vários<br />

mecanismos distintos contribuíssem para processos patológicos<br />

similares, os quais, por sua vez, po<strong>de</strong>riam expressar<br />

espectros clínicos diferentes – a assim chamada “teoria da<br />

etiologia múltipla”. 6<br />

Por outro lado, a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoanticorpos po<strong>de</strong>ria<br />

signifi car a existência <strong>de</strong> doenças diferentes (a ES como uma<br />

composição <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s clínicas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes). Dick et al. 2<br />

relataram três casos <strong>de</strong> pacientes com resultados positivos para<br />

AAC + AAT que apresentaram alelos HLA-específi cos para<br />

cada um dos autoanticorpos. Com base nessa observação imunogenética,<br />

eles sugeriram que a duplicida<strong>de</strong> ocorre <strong>de</strong> forma<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Além disso, os mesmos autores <strong>de</strong>monstraram<br />

a fl utuação oposta das concentrações <strong>de</strong> autoanticorpos ao<br />

longo do tempo, corroborando a hipótese da in<strong>de</strong>pendência.<br />

Harvey et al. 3 também <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o conceito <strong>de</strong> que diferentes<br />

subgrupos sorológicos (AAC, AAT e anti-RNA-P I) representam,<br />

na realida<strong>de</strong>, três patologias distintas com base na análise<br />

dos alelos HLA. Em contraste, as associações entre os alelos<br />

do classe II e os subgrupos sorológicos na ES não são sólidas<br />

o bastante para comprovar esta teoria. 5,12<br />

Em vez <strong>de</strong> ocorrer juntos por acaso ou como patologias<br />

distintas, os autoanticorpos distintos po<strong>de</strong>riam representar<br />

uma única doença com suas próprias características<br />

imunogenéticas, clínicas e fi siopatológicas. Kikuchi et al. 1 consi<strong>de</strong>ram<br />

que os autoanticorpos não coexistem por acaso, baseados<br />

na observação <strong>de</strong> que a prevalência da simultaneida<strong>de</strong><br />

AAT + AAC é menor que a probabilida<strong>de</strong> esperada para que<br />

eles ocorram juntos aleatoriamente. Além disso, a fl utuação<br />

oposta encontrada em pacientes com duplicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria<br />

refl etir a ativida<strong>de</strong> da mesma doença autoimune em polos<br />

diferentes. Se houver espectros sorológicos distintos ao longo<br />

do tempo, po<strong>de</strong>ria ser útil medir os títulos dos autoanticorpos<br />

durante o curso da doença, a fi m <strong>de</strong> prever a evolução clínica.<br />

Em nosso caso, o resultado positivo do AAT, um ano após<br />

um diagnóstico <strong>de</strong> ES limitada, enfatiza essa abordagem e<br />

po<strong>de</strong>ria alterar o comprometimento dos órgãos internos e da<br />

pele, além do prognóstico global do paciente, embora isso<br />

ainda <strong>de</strong>va ser comprovado.<br />

Este relato <strong>de</strong>monstra, pela primeira vez, a coexistência <strong>de</strong><br />

três autoanticorpos específi cos na ES, além da autoimunida<strong>de</strong><br />

tireoidiana. Defen<strong>de</strong>mos a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que essa triplicida<strong>de</strong> indica<br />

um raro subgrupo sorológico <strong>de</strong> uma única doença (isto é, não<br />

ocorre por acaso), com implicações prognósticas e clínicas,<br />

porém ainda não comprovadas. Além disso, acreditamos que<br />

a prevalência da multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> autoanticorpos positivos na<br />

ES <strong>de</strong>ve ser reavaliada. Isso po<strong>de</strong>ria ser alcançado por meio d e<br />

técnicas mais sensíveis, já disponíveis, e pelo monitoramento<br />

954 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):949-955


dos títulos dos autoanticorpos durante o curso da doença,<br />

aumentando assim a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> tal evento.<br />

REFERENCES<br />

REFERÊNCIAS<br />

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6. Bunn CC, Black CM. Systemic sclerosis: an autoantibody mosaic.<br />

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8. Walker JG, Fritzler MJ. Update on autoantibodies in systemic<br />

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10. Airo’P, Ceribelli A, Cavazzana I, Taraborelli M, Zingarelli S,<br />

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11. Rosen A, Casciola-Rosen L, Wigley F. Role of metal-catalyzed<br />

oxidation reactions in the early pathogenesis of sclero<strong>de</strong>rma. Curr<br />

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12. Fanning GC, Welsh KI, Bunn C, Bois RD, Black CM. HLA<br />

association in three mutually exclusive autoantibodies subgroups<br />

in UK systemic sclerosis patients. Br J Rheumatol 1998;<br />

37(2):201–7.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):949-955 955


RELATO DE CASO<br />

Enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas no lúpus<br />

eritematoso sistêmico: relato <strong>de</strong> caso<br />

Fernando Moreira Batista Aguiar 1 , Zilaís Linhares Carneiro Menescal 1 , Débora Maia da Costa 2 ,<br />

José Walter Correia 3 , José Gerardo Araújo Paiva 4 , Júlio Marcus Sousa Correia 5<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

A enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas raramente po<strong>de</strong> ser observada em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Essa<br />

situação clínica <strong>de</strong>ve ser suspeitada quando houver hipoalbuminemia persistente, na presença <strong>de</strong> uma função hepática<br />

preservada, ingesta proteica a<strong>de</strong>quada e ausência <strong>de</strong> proteinúria signifi cativa. Descrevemos o caso <strong>de</strong> uma paciente <strong>de</strong> 48<br />

anos com perda pon<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>rrames cavitários (ascite e <strong>de</strong>rrame pleural) e e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> membros inferiores. O diagnóstico<br />

<strong>de</strong> lúpus foi fi rmado a partir da presença <strong>de</strong> linfopenia, proteinúria, FAN e autoanticorpos positivos (anti-Sm, anti-DNA<br />

e anti-Ro). Houve persistência <strong>de</strong> hipoalbuminemia mesmo com corticoterapia na dose <strong>de</strong> 1 mg/kg <strong>de</strong> peso, sendo<br />

diagnosticada enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas por meio da cintilografi a com albumina 99m Tc. A melhora clínica e<br />

laboratorial da paciente veio após a associação da azatioprina com corticosteroi<strong>de</strong>.<br />

Palavras-chave: lúpus eritematoso sistêmico, enteropatias per<strong>de</strong>doras <strong>de</strong> proteínas, agregado <strong>de</strong> albumina 99m Tc.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune<br />

com envolvimento <strong>de</strong> vários sistemas, incluindo o trato gastrintestinal.<br />

1,2 As manifestações gastrintestinais mais comumente<br />

relatadas são: refl uxo gastroesofágico, disfagia, dor abdominal,<br />

constipação, diarreia, pseudo-obstrução intestinal, perfuração<br />

e hemorragia. 1<br />

A enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas é uma manifestação<br />

gastrintestinal incomum, já relacionada ao LES, e <strong>de</strong>ve ser<br />

investigada diante <strong>de</strong> hipoalbuminemia persistente e ausência<br />

<strong>de</strong> proteinúria signifi cativa, doença hepática, síndrome <strong>de</strong><br />

má absorção ou ingesta proteica <strong>de</strong>fi ciente. 1−3 A enteropatia<br />

po<strong>de</strong> manifestar-se clinicamente com e<strong>de</strong>ma ou <strong>de</strong>rrames<br />

cavitários, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos níveis séricos <strong>de</strong> albumina. Outros<br />

sintomas que po<strong>de</strong>m estar presentes são: náuseas, vômitos,<br />

dor abdominal, diarreia e anorexia. 2 Relatamos aqui o caso <strong>de</strong><br />

uma paciente com LES associado a enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong><br />

proteínas. Aproveitamos este caso para discutir a abordagem<br />

diagnóstica e o tratamento instituído.<br />

RELATO DO CASO<br />

Paciente do gênero feminino, 48 anos, parda, diarista. Iniciou<br />

quadro <strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma em membros inferiores e queda do estado<br />

geral em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009. Procurou assistência médica em<br />

julho <strong>de</strong> 2010, quando foi evi<strong>de</strong>nciado <strong>de</strong>rrame pleural bilateral<br />

e foram realizadas toracocentese e biópsia pleural (discreta<br />

pleurite crônica e inespecífi ca). Em setembro <strong>de</strong> 2010, foi<br />

internada em hospital regional apresentando dor e aumento<br />

do volume abdominal, sendo, então, referenciada ao nosso<br />

serviço em outubro <strong>de</strong> 2010.<br />

À admissão, apresentava dor abdominal difusa, aumento<br />

do volume abdominal, dispneia aos pequenos esforços e<br />

astenia. Relatava perda pon<strong>de</strong>ral importante (aproximadamente<br />

25 kg em 10 meses). O exame físico revelava paciente<br />

Recebido em 14/04/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse.<br />

Hospital Geral César Cals <strong>de</strong> Oliveira.<br />

1. Médico Resi<strong>de</strong>nte em Clínica Médica, Hospital Geral César Cals <strong>de</strong> Oliveira<br />

2. Aluna do Curso <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará – UFC<br />

3. Doutor em Ciências Médicas, UFC; Chefe do Departamento <strong>de</strong> Clínica Médica, Hospital Geral César Cals <strong>de</strong> Oliveira<br />

4. Mestre em <strong>Reumatologia</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo − Unifesp; Preceptor do Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, Hospital Geral César Cals <strong>de</strong> Oliveira<br />

5. Médico Especialista em Medicina Nuclear; Professor-Associado, Universida<strong>de</strong> Estadual do Ceará − UECE<br />

Correspondência para: Fernando Moreira Batista Aguiar. Rua Dr. Joaquim Frota, 540 – José <strong>de</strong> Alencar. CEP: 60830-132. Fortaleza, CE, Brasil.<br />

E-mail: fernandombaguiar@hotmail.com<br />

960 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):956-964


Tabela 1<br />

Principais resultados <strong>de</strong> exames laboratoriais com os respectivos valores <strong>de</strong> referência<br />

Variável Resultado Referência<br />

Hemograma<br />

Hemoglobina (g/dL)<br />

Hematócrito (%)<br />

Volume corpuscular médio (fL)<br />

Hemoglobina corpuscular média (pg)<br />

Leucócitos (/µL)<br />

Neutrófi los<br />

Linfócitos<br />

9,43<br />

27,8<br />

86,8<br />

29,4<br />

Enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas no lúpus eritematoso sistêmico: relato <strong>de</strong> caso<br />

6.360<br />

5.316 (83%)<br />

625 (9%)<br />

12–17<br />

36–50<br />

80–100<br />

28–32<br />

4.000–11.000<br />

45%–70%<br />

20%–45%<br />

Plaquetas (/µL) 80.400 150.000–450.000<br />

Tempo <strong>de</strong> protrombina (s) 13,2 12,7–15,4<br />

Tempo <strong>de</strong> tromboplastina parcial (s) 33,7 26,3–39,4<br />

Ureia (mg/dL) 42 10–50<br />

Creatinina (mg/dL) 0,7 0,6–1,2<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hemossedimentação (mm/h) 4 Até 20<br />

Proteína C-reativa (mg/dL) 4,3 Até 6<br />

Eletroforese <strong>de</strong> proteínas<br />

Albumina (g/dL)<br />

Gamaglobulina (g/dL)<br />

Aspartato transaminase (U/L)<br />

Alanina transaminase (U/L)<br />

Sumário <strong>de</strong> urina<br />

pH<br />

Densida<strong>de</strong><br />

Proteínas<br />

Hemoglobina<br />

Hemácias (céls/campo)<br />

Leucócitos (céls/campo)<br />

Cilindros<br />

1,61<br />

1,89 (policlonal)<br />

24<br />

17<br />

6,0<br />

1.020<br />

+<br />

+<br />

10<br />

6<br />

Ausentes<br />

4,30–5,10<br />

0,60–1,10<br />

7–41<br />

12–38<br />

4,5–8,0<br />

1.010–1.025<br />

Ausente<br />

Ausente<br />

0–3<br />

0–5<br />

Ausentes<br />

Proteinúria <strong>de</strong> 24 horas (mg/24h)<br />

Líquido ascítico<br />

264 30–300<br />

Celularida<strong>de</strong> (céls/µL)<br />

95<br />

0<br />

Neutrófi los<br />

59%<br />

Linfócitos<br />

27%<br />

Monócitos<br />

8%<br />

Células mesoteliais<br />

6%<br />

Gradiente <strong>de</strong> albumina soro-ascite (GASA)<br />

0,8<br />

≥ 1,1 = hipertensão portal<br />

< 1,1 = provável doença peritoneal<br />

BAAR<br />

Negativo<br />

Negativo<br />

Cultura<br />

Negativo<br />

Negativo<br />

A<strong>de</strong>nosina <strong>de</strong>aminase (ADA, U/L)<br />

12,0<br />

Até 40<br />

Citologia oncótica<br />

Negativo<br />

Negativo<br />

FAN 1:1.280<br />

Nuclear Homogêneo<br />

Não reagente<br />

Anti-Sm Reagente Não reagente<br />

Anti-dsDNA 1:320 Não reagente<br />

Anti-Ro Reagente Não reagente<br />

Anti-La<br />

Complemento<br />

Não reagente Não reagente<br />

C3 (mg/dL)<br />

23,8<br />

90–170<br />

C4 (mg/dL)<br />

8,5<br />

12–36<br />

CH-50 (u/CAE)<br />

41<br />

≥ 60<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):956-964 961


Aguiar et al.<br />

emagrecida, taquicárdica, taquipneica, com diminuição do<br />

murmúrio vesicular em bases pulmonares, dor abdominal<br />

difusa à palpação, presença <strong>de</strong> macicez móvel e piparote e<br />

e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> membros inferiores.<br />

Iniciada investigação diagnóstica, a principal hipótese<br />

aventada foi neoplasia <strong>de</strong> sítio <strong>de</strong>sconhecido. Os principais<br />

exames laboratoriais encontram-se na Tabela 1. A endoscopia<br />

digestiva alta e a colonoscopia <strong>de</strong>scartaram neoplasia<br />

do tubo digestivo alto e baixo. Nas tomografi as <strong>de</strong> tórax,<br />

abdômen e pelve foram evi<strong>de</strong>nciados ascite volumosa,<br />

<strong>de</strong>rrame pleural bilateral e <strong>de</strong>rrame pericárdico.<br />

O diagnóstico <strong>de</strong> LES foi fi rmado a partir <strong>de</strong> título anormal<br />

do fator antinuclear (FAN), presença <strong>de</strong> autoanticorpos<br />

específi cos (anti-Sm e anti-DNA), serosite e linfopenia. Foi<br />

então iniciada prednisona 1 mg/kg. A paciente evoluiu inicialmente<br />

com piora do e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> membros inferiores e da ascite,<br />

necessitando <strong>de</strong> repetidas paracenteses <strong>de</strong> alívio. Devido à<br />

hipoalbuminemia importante e persistente, com ausência <strong>de</strong><br />

signifi cativa proteinúria, exames laboratoriais da função hepática<br />

normais e aporte proteico a<strong>de</strong>quado pela dieta, realizou-se<br />

pesquisa <strong>de</strong> enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas por meio<br />

<strong>de</strong> cintilografi a com albumina 99m Tc. A perda proteica foi<br />

confi rmada no quadrante inferior direito do abdômen quatro<br />

horas após o início do estudo e nas imagens subsequentes (6,<br />

8 e 24 horas) (Figura 1).<br />

Uma vez acrescentada azatioprina 100 mg/dia, ao longo <strong>de</strong><br />

quatro semanas, a paciente evoluiu com regressão dos <strong>de</strong>rrames<br />

cavitários e do e<strong>de</strong>ma em membros inferiores, com recuperação<br />

dos níveis séricos <strong>de</strong> albumina.<br />

DISCUSSÃO<br />

A enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas é uma condição caracterizada<br />

por perda excessiva <strong>de</strong> proteínas pelo trato gastrintestinal,<br />

resultando em hipoproteinemia, e<strong>de</strong>ma e, em alguns casos,<br />

<strong>de</strong>rrames cavitários. 4 Relaciona-se com doenças erosivas da<br />

mucosa gastrintestinal (doença infl amatória intestinal, colite<br />

pseudomembranosa, sarcoidose, linfoma intestinal, gastropatia<br />

erosiva), com doenças não erosivas (doença celíaca, colite<br />

microscópica, doenças reumáticas, espru tropical, doença <strong>de</strong><br />

Whipple, gastropatia hipertrófi ca) e com condições que aumentam<br />

a pressão intersticial (linfangiectasia intestinal, insufi ciência<br />

cardíaca congestiva, hipertensão portal, fístula entérico-linfática,<br />

fi brose retroperitoneal e tuberculose mesentérica). 4,5<br />

Figura 1<br />

Cintilografi a com albumina 99m Tc mostrando extravasamento do radiotraçador na projeção do<br />

quadrante inferior direito do abdômen (imagens estáticas <strong>de</strong> 4 horas), com aumento do grau<br />

<strong>de</strong> extravasamento e progressão <strong>de</strong>ssa área nas imagens subsequentes.<br />

962 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):956-964


Essa condição <strong>de</strong>ve ser lembrada diante <strong>de</strong> uma hipoalbuminemia<br />

quando causas mais usuais forem <strong>de</strong>scartadas: proteinúria<br />

maciça, <strong>de</strong>snutrição e diminuição da síntese proteica por<br />

doença hepática. As manifestações clínicas são variáveis e são<br />

<strong>de</strong>terminadas pela doença <strong>de</strong> base. 5 Diarreia e outros sintomas<br />

gastrintestinais po<strong>de</strong>m não estar presentes. 4 Laboratorialmente,<br />

além da hipoalbuminemia, po<strong>de</strong>-se encontrar hipercolesterolemia<br />

pela resposta hepática à hipoalbuminemia, hipogamaglobulinemia<br />

(IgA, IgG e IgM) e diminuição da transferrina,<br />

ceruloplasmina e fi brinogênio, pois a perda intestinal in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da carga ou do peso molecular da proteína, como ocorre na<br />

síndrome nefrótica. 2,4,5<br />

Algumas revisões já <strong>de</strong>screveram a enteropatia per<strong>de</strong>dora<br />

<strong>de</strong> proteínas como condição secundária ao lúpus. 1–3<br />

Uma revisão realizada na Ásia mostrou predominância<br />

<strong>de</strong> casos em pacientes do gênero feminino com ida<strong>de</strong> em<br />

torno dos 30 anos, e na maioria a condição foi a manifestação<br />

inicial do lúpus. 2 Relato asiático <strong>de</strong> Mok et al. 6<br />

traz prevalência <strong>de</strong> 3,2% <strong>de</strong> enteropatia em pacientes com<br />

lúpus. Dados semelhantes são compartilhados por Zheng<br />

et al. 7 e Kim et al. 8<br />

Em nosso caso, os critérios para o diagnóstico <strong>de</strong> lúpus<br />

eritematoso sistêmico 9 foram: serosites (<strong>de</strong>rrame pleural e<br />

pericárdico), alterações hematológicas (linfopenia), alterações<br />

imunológicas (anti-dsDNA e anti-Sm positivos) e título anormal<br />

<strong>de</strong> FAN. No entanto, não há autoanticorpos característicos<br />

quando há enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas em pacientes<br />

com LES. Tais achados laboratoriais estão relacionados com<br />

a doença <strong>de</strong> um modo geral, e não obrigatoriamente com a<br />

enteropatia. 6<br />

Um mecanismo possível para justifi car a enteropatia<br />

per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas nas doenças do tecido conjuntivo é<br />

o aumento da permeabilida<strong>de</strong> da microvasculatura intestinal.<br />

2 Algumas citocinas foram implicadas nesse processo,<br />

como INF-γ, IL-6 e TNF-α, mas faltam estudos controlados<br />

sobre a relação <strong>de</strong>ssas citocinas com ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença<br />

e resposta terapêutica. 7,10 Outros mecanismos relatados<br />

são vasculite mediada por imunocomplexo, dilatação linfática<br />

e lesão da mucosa, que são difíceis <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />

histopatologicamente. 2,6<br />

Dois métodos são utilizados para o diagnóstico da enteropatia<br />

per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas: clearance fecal <strong>de</strong> 24 horas <strong>de</strong> α-1antitripsina<br />

e cintilografi a com albumina 99m Tc. O primeiro não<br />

é invasivo e po<strong>de</strong> monitorar a resposta ao tratamento da causa-<br />

-base. 4,5,11 Tem como valor normal 2,6 mg/g <strong>de</strong> fezes, que refl ete<br />

um clearance intestinal < 13 mL/dia. Diarreia e sangramento<br />

gastrintestinal po<strong>de</strong>m resultar em valores falsamente elevados.<br />

Enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas no lúpus eritematoso sistêmico: relato <strong>de</strong> caso<br />

A α-1-antitripsina é <strong>de</strong>gradada em condições <strong>de</strong> pH gástrico<br />

< 3,5, interferindo no resultado. Não é possível <strong>de</strong>fi nir o local<br />

da perda proteica, se gástrica ou intestinal. 5<br />

Utilizada em nosso caso, a cintilografi a com albumina<br />

99m Tc possibilita a localização da fonte da perda, o que po<strong>de</strong><br />

ocorrer em vários pontos. 2 Tem menor custo que outros<br />

radiomarcadores ( 111 In-cloreto ou 111 In-transferrina), apresenta<br />

estabilida<strong>de</strong> in vivo, alta sensibilida<strong>de</strong> e raros efeitos<br />

colaterais (náuseas, vômitos, dispneia, taquicardia, confusão<br />

e dor abdominal). Falsos positivos ocorrem na vigência <strong>de</strong><br />

sangramento pelo trato gastrintestinal. Imagens seriadas<br />

em até 24 horas <strong>de</strong>vem ser obtidas, com aumento da taxa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção da perda proteica, possivelmente pela natureza<br />

intermitente do processo. 12<br />

Para associar a enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas ao LES<br />

é preciso encontrar as características clínicas e laboratoriais da<br />

doença e <strong>de</strong>scartar outras condições por meio <strong>de</strong> ecocardiograma,<br />

tomografi a abdominal, endoscopia e biópsia colônica. 13<br />

Não há estudos controlados para o tratamento da enteropatia<br />

per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas no lúpus. Os relatos sugerem<br />

que seja iniciada terapia apenas com corticoi<strong>de</strong> isoladamente.<br />

Caso não haja resposta, a associação com imunossupressores<br />

(ciclofosfamida, azatioprina ou ciclosporina) traz resultados<br />

rápidos e duradouros. Foram relatadas recidivas em maior<br />

frequência quando os corticosteroi<strong>de</strong>s foram empregados<br />

isoladamente, embora essas recidivas respondam bem com o<br />

aumento da dose. 2,6,7,13<br />

A enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas <strong>de</strong>ve ser lembrada<br />

sempre que haja hipoalbuminemia <strong>de</strong> causa não esclarecida<br />

em pacientes com lúpus. Esses respon<strong>de</strong>m bem ao tratamento<br />

com corticoi<strong>de</strong>s e imunossupressores, e o prognóstico, na<br />

maioria dos casos, é bom.<br />

REFERENCES<br />

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964 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):956-964


RELATO DE CASO<br />

Fotossensibilida<strong>de</strong> amplifi cada? Relato <strong>de</strong> porfi ria<br />

cutânea tarda associada a lúpus eritematoso sistêmico<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Scheila Fritsch 1 , Adma Silva <strong>de</strong> Lima Wojcik 2 , Lilian Scha<strong>de</strong> 1 ,<br />

Milton Marcio Machota Junior 3 , Fabiane Mulinari Brenner 4 , Eduardo dos Santos Paiva 5<br />

A associação <strong>de</strong> porfi ria cutânea tarda (PCT) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) é rara. O LES, <strong>de</strong> fi siopatologia complexa<br />

e manifestações clínicas pleomórfi cas, assemelha-se à PCT pela fotossensibilida<strong>de</strong>. Um achado que po<strong>de</strong> diferenciar<br />

as duas doenças são as lesões cutâneas bolhosas, raras no LES, mas características da PCT. Descrevemos um caso <strong>de</strong><br />

associação <strong>de</strong> PCT e LES e revisamos a literatura, enfatizando questões fi siopatológicas, clínicas e terapêuticas. Um dado<br />

relevante para a prática clínica concerne ao tratamento do lúpus com antimaláricos, o que po<strong>de</strong> oferecer riscos para a PCT.<br />

Palavras-chave: lúpus eritematoso sistêmico, porfi ria cutânea tarda, porfi rias.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

As porfi rias são doenças metabólicas causadas por anormalida<strong>de</strong>s<br />

enzimáticas na via <strong>de</strong> formação do heme, necessário<br />

para a síntese <strong>de</strong> hemoglobina e citocromos. 1 Depen<strong>de</strong>ndo da<br />

mutação responsável pela alteração enzimática, acumulam-se<br />

metabólitos diferentes. São conhecidos oito tipos <strong>de</strong> porfi rias, 1<br />

que são classifi cadas em hepáticas ou cutâneas (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> os precursores se acumulam em maior quantida<strong>de</strong>)<br />

ou ainda em porfi rias agudas, recessivas raras ou cutâneas.<br />

Neste último grupo está a porfi ria cutânea tarda (PCT), doença<br />

bolhosa <strong>de</strong> marcante fotossensibilida<strong>de</strong>. Sua associação com o<br />

lúpus eritematoso sistêmico (LES) já foi relatada, e apesar <strong>de</strong><br />

não haver dados sobre o prognóstico da associação, tal associação<br />

po<strong>de</strong> ter implicações terapêuticas. Por isso, relatamos<br />

um caso <strong>de</strong> associação <strong>de</strong> LES e PCT e revisamos a literatura<br />

sobre o tema.<br />

RELATO DE CASO<br />

Homem <strong>de</strong> 50 anos, porteiro, previamente hígido, sem uso<br />

<strong>de</strong> medicação prévia à apresentação ou história familiar<br />

signifi cativa. Referia hiperpigmentação cutânea <strong>de</strong> áreas fotoexpostas<br />

há quatro anos. Relatava surgimento <strong>de</strong> bolhas na<br />

pele dos membros superiores e na face há um ano, que ao se<br />

romperem originavam lesões exulceradas, crostosas, que cicatrizavam<br />

com hiperpigmentação e formação <strong>de</strong> milia (Figura 1). A<br />

dosagem urinária <strong>de</strong> porfi rinogênio foi <strong>de</strong> 3 mg/24h (referência<br />

< 1,5 mg), e uma biópsia <strong>de</strong> lesão vesiculosa em dorso <strong>de</strong> mão<br />

foi compatível com porfi ria (Figura 2). Após fl ebotomias,<br />

houve cicatrização das lesões. Seis meses <strong>de</strong>pois, o paciente<br />

apresentou hipertensão arterial, plaquetopenia (76.000 plaquetas)<br />

e proteinúria nefrótica (8,25 g/24h). Diagnosticou-se<br />

sorologia positiva para hepatite C (HCV), com transaminases<br />

normais, HCV-RNA negativo e ecografi a <strong>de</strong> abdômen sem<br />

evidência <strong>de</strong> hipertensão portal. As sorologias para hepatite B<br />

e HIV eram negativas, e o ferrograma apresentava-se normal.<br />

A investigação adicional revelou fator antinuclear (FAN) com<br />

título <strong>de</strong> 1:640, padrão nuclear pontilhado grosso, anti-RNP<br />

positivo, nível <strong>de</strong> C3 normal e C4 consumido e anti-DNA positivo<br />

(1:80). A biópsia renal evi<strong>de</strong>nciou glomerulonefrite mesangioproliferativa,<br />

com imunofl uorescência rica em <strong>de</strong>pósitos<br />

granulares <strong>de</strong> IgG, IGA e C3, com índice <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> 4 e <strong>de</strong><br />

cronicida<strong>de</strong> 2. Devido a proteinúria em altos níveis, hipertensão<br />

Recebido em 22/04/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse.<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – UFPR.<br />

1. Médico Resi<strong>de</strong>nte em Clínica Médica, Hospital <strong>de</strong> Clínicas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná – HC-UFPR<br />

2. Dermatologista, HC-UFPR<br />

3. Médico Resi<strong>de</strong>nte em Patologia Médica, HC-UFPR<br />

4. Dermatologista; Mestre em Medicina Interna; Professora do Serviço <strong>de</strong> Dermatologia, HC-UFPR<br />

5. Reumatologista; Professor-Assistente <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>, UFPR<br />

Correspondência para: Scheila Fritsch. Rua Mauá, 360, apto 304 − Alto da Glória. CEP: 80030-200. Curitiba, PR, Brasil. E-mail: scheilaf@gmail.com<br />

968 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):965-970


arterial, positivida<strong>de</strong> do anti-DNA e consumo <strong>de</strong> complemento,<br />

iniciou-se pulsoterapia mensal com ciclofosfamida e metilprednisolona<br />

(0,75 mg/m 2 e 1 g endovenoso, respectivamente).<br />

Não houve reativação do HCV (PCR quantitativo permaneceu<br />

in<strong>de</strong>tectável), e conseguiu-se melhora da proteinúria.<br />

A<br />

Figura 1<br />

A) Erosões, cicatrizes e milias no dorso <strong>de</strong> ambas as mãos.<br />

B) Detalhes das lesões. a) Bolha tensa <strong>de</strong> conteúdo seroso,<br />

íntegra, em polegar esquerdo; b) lesão eritematocrostosa, erosada,<br />

após ruptura <strong>de</strong> uma lesão bolhosa; c) lesões cicatriciais<br />

e cistos <strong>de</strong> milia no dorso da mão esquerda.<br />

Figura 2<br />

Porfi ria cutânea tarda: pele com camada córnea compacta<br />

sobre epi<strong>de</strong>rme com acantose mo<strong>de</strong>rada irregular. Nota-se<br />

fenda subepidérmica extensa, com “festonagem” das papilas<br />

dérmicas, projetando-se para <strong>de</strong>ntro da bolha. A bolha mostra<br />

esparsos leucócitos e linfócitos (HE, 100x). No <strong>de</strong>talhe,<br />

<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> material PAS positivo em pare<strong>de</strong>s vasculares<br />

(seta) e membrana basal com espessura habitual (cabeça da<br />

seta). (PAS com digestão, 400x).<br />

B<br />

Fotossensibilida<strong>de</strong> amplifi cada? Relato <strong>de</strong> porfi ria cutânea tarda associada a lúpus eritematoso sistêmico<br />

DISCUSSÃO<br />

A PCT, forma mais frequente <strong>de</strong> porfi ria, é causada pela <strong>de</strong>fi -<br />

ciência da enzima uroporfi rinogênio <strong>de</strong>carboxilase (UROD).<br />

O diagnóstico baseia-se em exame físico, excreção urinária <strong>de</strong><br />

porfi rinas e <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> isocoproporfi rina nas fezes. 2 As lesões,<br />

restritas a áreas fotoexpostas, são principalmente bolhas que<br />

evoluem com crostas e milias e cicatrizam em semanas a meses,<br />

<strong>de</strong>ixando áreas atrófi cas ou hiperpigmentadas. Hipertricose,<br />

placas esclerodérmicas e alopécia cicatricial também são<br />

<strong>de</strong>scritas. 2 Histopatologicamente, a pele apresenta fendas subepidérmicas<br />

com festonamento (projeção das papilas dérmicas<br />

para o interior das fendas). No ácido periódico <strong>de</strong> Schiff (PAS)<br />

com digestão observa-se espessamento da pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> vasos na<br />

<strong>de</strong>rme superfi cial − local <strong>de</strong> maior dano pela fotoexposição 1<br />

e infi ltrados linfomononucleares perivasculares. 3 Sob imunofl<br />

uorescência, <strong>de</strong>tectam-se <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> imunoglobulinas,<br />

principalmente IgG. 4 A disfunção hepática, frequente na PCT,<br />

varia em gravida<strong>de</strong>, principalmente se houver abuso <strong>de</strong> álcool<br />

e/ou excesso <strong>de</strong> ferro. A fi siopatologia da doença po<strong>de</strong> ser explicada<br />

pelo acúmulo <strong>de</strong> porfi rinas na pele, que são “fotossensibilizadoras”.<br />

4 As moléculas estimuladas pela luz transferem<br />

energia para moléculas adjacentes, promovendo peroxidação<br />

<strong>de</strong> membranas lipídicas e oxidação <strong>de</strong> ácidos nucleicos, além da<br />

ação das porfi rinas na ativação <strong>de</strong> complemento, estimulação<br />

<strong>de</strong> polimorfonucleares e indução da produção <strong>de</strong> colágeno por<br />

fi broblastos. 5 Além da luz ultravioleta, a PCT está associada<br />

a outros fatores que contribuem para inativação/inibição da<br />

enzima UROD, como estrógenos, álcool, acúmulo <strong>de</strong> ferro,<br />

HCV e HIV. O tratamento com hidroxicloroquina também já<br />

foi relacionado à PCT. 5 O controle da doença envolve total<br />

proteção à exposição solar, cessação do etilismo e estrógenos.<br />

Em pacientes com PCT e hemocromatose, fl ebotomias são o<br />

tratamento mais a<strong>de</strong>quado. Pacientes sem excesso <strong>de</strong> ferro po<strong>de</strong>m<br />

benefi ciar-se <strong>de</strong> baixas doses <strong>de</strong> cloroquina (100−200 mg<br />

duas vezes por semana), pois essa droga mobiliza porfi rinas<br />

hepáticas e favorece sua excreção urinária.<br />

As lesões <strong>de</strong> pele do LES po<strong>de</strong>m ser específi cas ou inespecífi<br />

cas. 6 Destas últimas, as lesões bolhosas são raras (menos <strong>de</strong><br />

5% dos casos), 7 <strong>de</strong>vendo levar à suspeição <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s<br />

(como PCT, pênfi gos, <strong>de</strong>rmatite herpetiforme, epi<strong>de</strong>rmólise<br />

bolhosa adquirida e lesões farmacoinduzidas). 4,6,7 Se as bolhas<br />

forem causadas pelo lúpus, elas costumam ser crônicas, disseminadas,<br />

subepidérmicas e habitualmente não <strong>de</strong>ixam cicatriz. 7<br />

O caso relatado apresentou padrão histológico <strong>de</strong> nefrite<br />

lúpica mesangio-proliferativa ou classe II, 8 que habitualmente<br />

manifesta-se com proteinúria não nefrótica, sem alterações<br />

<strong>de</strong> pressão arterial, complemento, função renal, além da<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):965-970 969


Fritsch et al.<br />

negativida<strong>de</strong> do anti-DNA – diferente do observado neste<br />

caso. O HCV (<strong>de</strong>tectado pela sorologia, com PCR quantitativo<br />

sempre negativo) também po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar glomerulonefrite<br />

mesangioproliferativa. 9 Como o HCV não explica os outros<br />

achados <strong>de</strong> LES neste caso, e há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o anti-HCV<br />

ser falsamente positivo, consi<strong>de</strong>ramos o quadro renal compatível<br />

com nefrite lúpica. Entretanto, esse vírus po<strong>de</strong>ria estar<br />

relacionado ao aparecimento <strong>de</strong> lesões da PCT neste paciente.<br />

A PCT já foi associada a várias doenças autoimunes. A maior<br />

casuística já publicada sobre a associação <strong>de</strong> PCT e LES data <strong>de</strong><br />

1998. 5 Naquela coorte, <strong>de</strong>ntre 676 pacientes com porfi ria (todos<br />

os tipos), 2% tinham LES, com a maioria dos pacientes adultos<br />

na quarta década. O diagnóstico <strong>de</strong> LES antece<strong>de</strong> o da porfi ria<br />

na maior parte dos relatos, 5 o que é contrário ao nosso caso.<br />

Possíveis explicações para a coexistência <strong>de</strong> LES e porfi rias já<br />

foram sugeridas por Harris et al., 10 como alterações genéticas<br />

comuns, gatilho <strong>de</strong> resposta autoimune pela porfi ria ou erros<br />

metabólicos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados pelo LES que levem à porfi ria.<br />

Quanto à primeira hipótese, sabe-se que o gene para a enzima<br />

UROD, <strong>de</strong>feituosa na PCT, está no cromossomo 1, e outra região<br />

<strong>de</strong>sse mesmo cromossomo, 1q41-q42, já foi implicada na<br />

imunogenética do LES. 7 Outro fato que suporta uma patogênese<br />

comum é a simultaneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência das doenças em alguns<br />

pacientes. 5 Essa segunda hipótese pressupõe que porfi rinas fotoestimuladas<br />

agem sobre células do sistema imune, levando a<br />

dano celular e exposição <strong>de</strong> autoantígenos. Apesar <strong>de</strong> atraente,<br />

ela não explica todos os casos (já que o LES po<strong>de</strong> antece<strong>de</strong>r a<br />

porfi ria), e não há aumento signifi cativo <strong>de</strong> autoanticorpos em<br />

pacientes com PCT. 5 Para corroborarmos a terceira hipótese<br />

(LES <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante da porfi ria), seria necessário o estudo <strong>de</strong><br />

vias metabólicas da síntese do heme em pacientes com LES, o<br />

que não existe na literatura. A ocorrência <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco em<br />

comum, como a exposição à luz ultravioleta e anticoncepcionais<br />

orais, po<strong>de</strong>ria explicar apenas parte dos casos.<br />

Não há dados para <strong>de</strong>fi nir se a concomitância é pura coincidência<br />

ou associação verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> doenças, 4,5 tampouco <strong>de</strong>fi nição<br />

<strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> uma doença para outra,<br />

ou do prognóstico <strong>de</strong>sses pacientes. Além do gênero masculino,<br />

seria a associação com PCT outro fator <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> para o<br />

prognóstico sistêmico do LES? Isso po<strong>de</strong>ria corroborar porque,<br />

apesar <strong>de</strong> a biópsia renal <strong>de</strong>monstrar nefrite classe II, o paciente<br />

teve curso clínico-laboratorial mais agressivo que o esperado.<br />

A associação traz consequências terapêuticas. A proteção<br />

solar <strong>de</strong>ve ser mais intensa, pois as lesões da PCT são<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas por comprimentos <strong>de</strong> onda maiores que do<br />

LES. 5 O uso rotineiro <strong>de</strong> antimaláricos no LES po<strong>de</strong> oferecer<br />

riscos à PCT. Esses riscos são dose-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, e vários autores<br />

contraindicam as posologias diárias indicadas para LES,<br />

pelo risco <strong>de</strong> porfi rinúria maciça (febre, náuseas e lesão hepatocelular,<br />

inclusive com <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> necrose hepática). 1,4,5,7<br />

Por isso, nos casos <strong>de</strong> associação <strong>de</strong> PCT e LES, indica-se o<br />

uso <strong>de</strong> baixas doses <strong>de</strong> antimaláricos (meta<strong>de</strong> da dose usual e<br />

apenas duas vezes por semana). 4<br />

Na prática clínica, um paciente lúpico com fotossensibilida<strong>de</strong><br />

marcante e lesões bolhosas <strong>de</strong>ve ser sempre avaliado<br />

para porfi rias, visto a implicação terapêutica da associação<br />

<strong>de</strong>ssas doenças.<br />

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970 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):965-970


COMUNICAÇÃO BREVE<br />

Anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo<br />

e anti-dsDNA em pacientes com lúpus<br />

eritematoso sistêmico juvenil<br />

Adriana Almeida <strong>de</strong> Jesus 1 , Lucia Maria Arruda Campos 1 , Berna<strong>de</strong>te Lour<strong>de</strong>s Liphaus 2 , Magda Carneiro-Sampaio 3 ,<br />

Cristóvão Luis Pitangueira Mangueira 4 , Eliane Aparecida Rosseto 5 , Clovis Artur Almeida da Silva 6 , Morton Scheinberg 7<br />

RESUMO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Objetivos: Avaliar a presença <strong>de</strong> anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-DNA <strong>de</strong> duplo fi lamento (dsDNA)<br />

em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) e controles. Métodos: Foram analisados 67 pacientes com<br />

LESJ e 34 controles saudáveis para presença <strong>de</strong> anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA pelo<br />

método ELISA. Os níveis <strong>de</strong> C1q foram avaliados por imunodifusão radial. Resultados: Na época, a média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

era similar entre os pacientes com LESJ e os controles (14,6 ± 3,86 vs. 13,6 ± 2,93 anos; P = 0,14). Foram observadas<br />

frequências mais altas <strong>de</strong> anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA em pacientes com LESJ em<br />

relação aos controles (20% vs. 0%; P = 0,0037; 48% vs. 0%; P < 0,0001 e 69% vs. 3%; P < 0,0001, respectivamente).<br />

A mediana dos anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA também foi signifi cativamente mais alta<br />

em pacientes com LESJ em relação aos controles [9,6 (5,5–127) vs. 7,5 (5–20) unida<strong>de</strong>s, P = 0,0006; 18 (1,9–212) vs.<br />

3,2 (1,7–17) unida<strong>de</strong>s, P < 0,0001; e 111 UI/mL (6–741) vs. 14 (6–33) UI/mL, P < 0,0001, respectivamente]. A sensibilida<strong>de</strong><br />

para os anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA foi: 21% (IC: 11–33), 49% (IC: 36–62) e<br />

70% (IC: 57–81). A especifi cida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 100% (IC: 88–100), 100% (88–100) e 97% (IC: 83–99), respectivamente. Foi<br />

observada uma correlação positiva entre os níveis <strong>de</strong> anti-dsDNA e tanto anticorpos anti-C1q (r = 0,51; IC: 0,29–0,68;<br />

P < 0,0001) como anticromatina/nucleossomo (r = 0,87; IC: 0,79–0,92; P < 0,0001). Foi observada uma correlação<br />

negativa entre os níveis <strong>de</strong> anti-C1q e C1q (r = −0,33; IC: −0,56–0,05; P = 0,018). A frequência <strong>de</strong> anti-dsDNA foi mais<br />

alta em pacientes com SLEDAI-2K ≥ 1 (P = 0,0047), e não foram observadas diferenças nas frequências <strong>de</strong>sses três<br />

autoanticorpos e nefrite (P > 0,05). Conclusão: Nosso estudo <strong>de</strong>monstrou elevada especifi cida<strong>de</strong> para diagnóstico <strong>de</strong><br />

lúpus envolvendo os três autoanticorpos, especialmente anti-C1q e anticromatina/nucleossomo.<br />

Palavras-chave: lúpus eritematoso sistêmico juvenil, complemento C1q, nucleossomos, autoanticorpos, DNA.<br />

© 2012 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.<br />

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença<br />

infl amatória crônica caracterizada pela presença <strong>de</strong> vários<br />

autoanticorpos. Autoanticorpos específi cos e patogênicos<br />

foram previamente estudados em pacientes com LES juvenil<br />

(LESJ), particularmente os anticorpos anti-C1q, 1–4 anti-<br />

DNA <strong>de</strong> duplo fi lamento (anti-dsDNA) 3–5 e anticromatina/<br />

Recebido em 02/12/2011. Aprovado, após revisão, em 05/09/2012. Suporte Financeiro: Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo – FAPESP<br />

(bolsa 2008/58238-4), Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científi co e Tecnológico − CNPq (bolsas 303165/2008-1 para MCS e 302724/2011-7 para<br />

CAS) e Bolsa da Fe<strong>de</strong>rico Foundation para CAS. Os autores <strong>de</strong>claram a inexistência <strong>de</strong> confl ito <strong>de</strong> interesse.<br />

Instituto da Criança, Hospital das Clínicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – ICr-HC-FMUSP.<br />

1. Doutora em <strong>Reumatologia</strong> Pediátrica; Médica-Assistente da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> Pediátrica, Instituto da Criança, Hospital das Clínicas, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Medicina, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo – ICr-HC-FMUSP<br />

2. Doutora em <strong>Reumatologia</strong> Pediátrica; Médica-Assistente do Laboratório <strong>de</strong> Investigação Médica (LIM) 36, HC-FMUSP<br />

3. Professora Titular do Departamento <strong>de</strong> Pediatria, HC-FMUSP<br />

4. Doutor em Patologia, HC-FMUSP; Chefe do Departamento <strong>de</strong> Patologia, Hospital Israelita Albert Einstein, e da Seção <strong>de</strong> Autoanticorpos, Laboratório Central,<br />

HC-FMUSP<br />

5. Médica Resi<strong>de</strong>nte em Patologia Clínica, HC-FMUSP; Médica do Departamento <strong>de</strong> Patologia, Hospital Israelita Albert Einstein; Médica da Seção <strong>de</strong> Autoanticorpos,<br />

Laboratório Central, HC-FMUSP<br />

6. Professor Livre-Docente, Departamento <strong>de</strong> Pediatria, HC-FMUSP; Chefe da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> Pediátrica, HC-FMUSP<br />

7. Professor Livre-Docente em Imunologia, HC-FMUSP; Diretor Científi co, Hospital Abreu Sodré – AACD; Médico, Hospital Israelita Albert Einstein<br />

Correspondência para: Adriana Almeida <strong>de</strong> Jesus. Av. Dr. Enéas Carvalho Aguiar, 647 – Pinheiros. CEP: 05403-000. São Paulo, SP, Brasil. E-mail: adriana.jesus@icr.usp.br<br />

976 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):971-981


Anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil<br />

nucleossomo. 4,5 Já tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que,<br />

em pacientes com LESJ, a presença <strong>de</strong>sses autoanticorpos foi<br />

associada à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lúpus, 5 po<strong>de</strong>ndo ser um instrumento<br />

importante para monitoração do curso da doença. 3 Mas até<br />

on<strong>de</strong> vai nosso conhecimento, a avaliação simultânea <strong>de</strong>sses<br />

três anticorpos com a avaliação da sensibilida<strong>de</strong>, especifi cida<strong>de</strong><br />

e valores preditivos positivos e negativos para o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> LESJ não foi levada a efeito em uma população <strong>de</strong> lúpus<br />

pediátrico.<br />

Portanto, avaliamos a prevalência dos anticorpos anti-C1q,<br />

anti-dsDNA e anticromatina/nucleossomo em pacientes com<br />

LESJ e em controles e a possível associação <strong>de</strong>sses anticorpos<br />

com nefrite lúpica e ativida<strong>de</strong> da doença. Além disso, avaliamos<br />

sensibilida<strong>de</strong>, especifi cida<strong>de</strong> e valores preditivos<br />

positivos e negativos dos três autoanticorpos para o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> LESJ.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram avaliados 67 pacientes consecutivos com LESJ<br />

acompanhados na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> Pediátrica.<br />

Todos os pacientes atendiam aos critérios <strong>de</strong> classifi cação<br />

<strong>de</strong> LES do American College of Rheumatology (ACR). 6 O<br />

grupo-controle consistiu <strong>de</strong> 34 indivíduos saudáveis acompanhados<br />

na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Adolescentes no mesmo Hospital<br />

Universitário. A Comissão <strong>de</strong> Ética local aprovou o estudo,<br />

tendo sido obtido consentimento informado <strong>de</strong> todos os<br />

participantes.<br />

Avaliações dos autoanticorpos e C1q<br />

Anticorpos anti-C1q foram <strong>de</strong>tectados por ensaio <strong>de</strong> imunoadsorção<br />

enzimática (ELISA) (Inova Diagnostics – QUANTA<br />

Lite TM Anti-C1q, San Diego, Califórnia, EUA). O ponto <strong>de</strong><br />

corte para um resultado <strong>de</strong> teste positivo foi 20 unida<strong>de</strong>s,<br />

conforme <strong>de</strong>terminação do fabricante. Os anticorpos anticromatina/nucleossomo<br />

foram <strong>de</strong>terminados por ELISA (Inova<br />

Diagnostics – QUANTA Lite TM Anti-nucleossome, San Diego,<br />

CA, EUA). O ponto <strong>de</strong> corte para um resultado <strong>de</strong> teste positivo<br />

foi 20 unida<strong>de</strong>s, também conforme <strong>de</strong>terminação do fabricante.<br />

Os anticorpos anti-dsDNA foram <strong>de</strong>tectados pela análise <strong>de</strong><br />

Farrzyme (The Binding Site, Birmingham, Reino Unido), com<br />

ponto <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> 30 unida<strong>de</strong>s, conforme <strong>de</strong>terminação do<br />

fabricante. Todos os anticorpos foram avaliados com amostras<br />

em duplicata nos pacientes com LESJ e nos controles. Os níveis<br />

<strong>de</strong> C1q foram avaliados por imunodifusão radial (The Binding<br />

Site, Birmingham, Reino Unido) nos pacientes com LESJ, e<br />

os valores normais foram 33–209 mg/L.<br />

Avaliação dos dados <strong>de</strong>mográfi cos, <strong>de</strong> nefrite<br />

e da ativida<strong>de</strong> da doença<br />

Os dados <strong>de</strong>mográfi cos foram ida<strong>de</strong> por ocasião do estudo,<br />

ida<strong>de</strong> no início do LESJ e gênero. O envolvimento renal foi<br />

<strong>de</strong>fi nido <strong>de</strong> acordo com proteinúria³ (0,5 g/24 h), presença <strong>de</strong><br />

cilindros celulares ou hematúria persistente 3 (10 eritrócitos por<br />

campo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ampliação). A ativida<strong>de</strong> da doença por ocasião<br />

do estudo foi medida em todos os pacientes, utilizando o SLE<br />

Disease Activity In<strong>de</strong>x 2000 (SLEDAI-2K). 7 A ativida<strong>de</strong> da<br />

doença foi <strong>de</strong>fi nida como SLEDAI-2K ≥ 1, tendo sido consi<strong>de</strong>radas<br />

as seguintes categorias <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com o<br />

escore SLEDAI-2K: ausência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> (SLEDAI-2K = 0),<br />

ativida<strong>de</strong> leve (SLEDAI-2K = 1–5), ativida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada<br />

(SLEDAI-2K = 6–10), ativida<strong>de</strong> alta (SLEDAI-2K = 11–19)<br />

e ativida<strong>de</strong> muito alta (SLEDAI-2K = 20). 8<br />

Análise estatística<br />

Os resultados foram apresentados como média ± <strong>de</strong>svio padrão<br />

(DP) ou mediana para variáveis contínuas, e número (%) para<br />

variáveis categóricas. Os dados foram comparados pelo teste<br />

t nas variáveis contínuas, com o objetivo <strong>de</strong> avaliar diferenças<br />

entre LESJ e controles, e nos subgrupos <strong>de</strong> LESJ. As diferenças<br />

das variáveis categóricas foram avaliadas pelo teste exato <strong>de</strong><br />

Fisher. Utilizou-se o coefi ciente <strong>de</strong> Spearman para avaliar as<br />

correlações entre autoanticorpos séricos e entre anticorpos<br />

anti-C1q e níveis <strong>de</strong> C1q. Também foram avaliados sensibilida<strong>de</strong>,<br />

especifi cida<strong>de</strong> e valores preditivos positivos e negativos<br />

<strong>de</strong>sses anticorpos para o diagnóstico <strong>de</strong> LESJ. Para todas as<br />

análises estatísticas estabeleceu-se nível <strong>de</strong> signifi cância em<br />

5% (P < 0,05).<br />

RESULTADOS<br />

A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> por ocasião do estudo era comparável em<br />

pacientes com LESJ e controles (14,6 ± 3,86 vs. 13,6 ± 2,93<br />

anos; P = 0,14), e o percentual <strong>de</strong> participantes mulheres foi<br />

similar nos dois grupos (83% vs. 79%; P = 0,58) (Tabela 1). A<br />

ida<strong>de</strong> no início do LESJ e a duração da doença foram 8,9 ± 3,20<br />

e 6,4 ± 3,<strong>52</strong> anos, respectivamente.<br />

Foram observadas frequências mais altas <strong>de</strong> anticorpos<br />

anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA elevados<br />

em pacientes com LESJ em relação aos controles (20%<br />

vs. 0%, P = 0,0037; 48% vs. 0%, P < 0,0001; e 69% vs. 3%,<br />

P < 0,0001, respectivamente). As medianas dos anticorpos<br />

anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA também<br />

foram signifi cativamente mais altas em pacientes com LESJ em<br />

comparação com as dos controles [9,6 (5,5–127) vs. 7,5 (5–20)<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):971-981 977


Jesus et al.<br />

Tabela 1<br />

Dados <strong>de</strong>mográfi cos e autoanticorpos anti-C1q,<br />

anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA em pacientes<br />

com lúpus eritematoso sistêmico juvenil e em controles<br />

Variáveis<br />

Dados <strong>de</strong>mográfi cos<br />

Ida<strong>de</strong> no início da<br />

doença, anos<br />

Duração da doença, anos<br />

Ida<strong>de</strong> atual, anos<br />

Gênero feminino<br />

Autoanticorpos<br />

Anti-C1q, unida<strong>de</strong>s<br />

Níveis elevados (> 20 U)<br />

Anticromatina/<br />

nucleossomo, unida<strong>de</strong>s<br />

Níveis elevados (> 20 U)<br />

Anti-dsDNA, UI/mL<br />

Níveis elevados (> 30 UI)<br />

LESJ<br />

(n = 67)<br />

8,9 ± 3,20<br />

6,4 ± 3,<strong>52</strong><br />

14,6 ± 3,86<br />

<strong>52</strong> (83)<br />

9,6 (5,5–127)<br />

13 (20%)<br />

18 (1,9–212)<br />

30 (48%)<br />

111 (6–741)<br />

43 (69%)<br />

Controles<br />

(n = 34)<br />

—<br />

—<br />

13,6 ± 2,93<br />

27 (79)<br />

7,5 (5–20)<br />

0 (0%)<br />

3,2 (1,7–17)<br />

0 (0%)<br />

14 (6–33)<br />

1 (3%)<br />

unida<strong>de</strong>s, P = 0,0006; 18 (1,9–212) vs. 3,2 (1,7–17) unida<strong>de</strong>s,<br />

P < 0,0001; e 111 (6–741) vs. 14 (6–33) UI/mL, P < 0,0001,<br />

respectivamente] (Tabela 1).<br />

A sensibilida<strong>de</strong> para anticorpos anti-C1q, anticromatina/<br />

nucleossomo e anti-dsDNA foi 21% (intervalo <strong>de</strong> confi ança<br />

(IC): 11%–33%, P = 0,0037), 49% (IC: 36%–62%; P < 0,0001)<br />

e 70% (IC: 57%–81%; P < 0,0001); e a especifi cida<strong>de</strong> foi 100%<br />

(IC: 88–100%; P = 0,0037), 100% (88–100%; P < 0,0001) e<br />

97% (IC: 83%–99%; P < 0,0001), respectivamente. O valor<br />

preditivo positivo foi 100% (IC: 75%–100%; P = 0,0037),<br />

100% (IC: 88%–100%; P < 0,0001) e 97% (IC: 87%–99%;<br />

P < 0,0001) e o valor preditivo negativo foi 39% (IC:<br />

28%–50%; P = 0,0037), 50% (IC: 37%–62%; P < 0,0001) e<br />

62% (IC: 47%–76%; P < 0,0001) para anticorpos anti-C1q,<br />

anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA, respectivamente.<br />

Nefrite lúpica fi cou evi<strong>de</strong>nciada em 50 (81%) dos pacientes<br />

com LESJ. Não foram observadas diferenças em pacientes com<br />

LESJ com e sem nefrite nas frequências <strong>de</strong> anticorpos anti-C1q<br />

(26% vs. 8%; P = 0,26), anticromatina/nucleossomo (48% vs.<br />

50%; P = 1,00) e anti-dsDNA (72% vs. 58%; P = 0,30).<br />

Ativida<strong>de</strong> da doença foi observada em 48 (77%) dos pacientes<br />

com LESJ. Não foram observadas diferenças em pacientes<br />

com LESJ com SLEDAI ≥ 1 vs. SLEDAI < 1 (SLEDAI = 0)<br />

nas frequências <strong>de</strong> anti-C1q (20% vs. 21%; P = 1,00) e anticromatina/nucleossomo<br />

(45% vs. 21%; P = 0,13). Por outro lado,<br />

a frequência dos anticorpos anti-dsDNA foi signifi cativamente<br />

mais alta em pacientes com SLEDAI ≥ 1 vs. SLEDAI = 0 (51%<br />

vs. 7%; P = 0,0047).<br />

Além disso, a mediana <strong>de</strong> SLEDAI-2K foi signifi cativamente<br />

mais alta em pacientes positivos para anti-dsDNA<br />

versus pacientes negativos para anti-dsDNA [8 (0−18 UI/mL)<br />

P<br />

—<br />

—<br />

0,14<br />

0,58<br />

0,0006<br />

0,0037<br />

< 0,0001<br />

< 0,0001<br />

< 0,0001<br />

< 0,0001<br />

vs. 4 (0–16 UI/mL); P = 0,004]. Contudo, as medianas <strong>de</strong><br />

SLEDAI-2K foram similares em pacientes com anticorpos<br />

anticromatina/nucleossomo positivos e negativos [6 (0–16) vs.<br />

4 (0–18); P = 0,11] e em pacientes com anticorpos anti-C1q<br />

positivos e negativos [5 (0–18) vs. 4 (0–16); P = 0,86].<br />

De acordo com a ativida<strong>de</strong> da doença, os pacientes foram<br />

classifi cados em cinco grupos: sem ativida<strong>de</strong> (SLEDAI-<br />

2K = 0) (n = 14; 21%); ativida<strong>de</strong> leve (SLEDAI-2K = 1–5)<br />

(n = 21; 31%); ativida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada (SLEDAI-2K = 6–10)<br />

(n = 18; 27%); ativida<strong>de</strong> alta (SLEDAI-2K = 11–19)<br />

(n = 14; 21%) e ativida<strong>de</strong> muito alta (SLEDAI-2K ≥ 20<br />

(n = 0; 0%).<br />

A frequência <strong>de</strong> anticorpos anti-dsDNA foi signifi cativamente<br />

mais baixa em pacientes sem ativida<strong>de</strong>, em comparação<br />

com pacientes com ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença leve (14% vs. <strong>52</strong>%;<br />

P = 0,033), mo<strong>de</strong>rada (14% vs. 61%; P = 0,011) e alta (14%<br />

vs. 79%; P = 0,0018). Não foi observada diferença entre a frequência<br />

do anticorpo anti-dsDNA em pacientes com ativida<strong>de</strong><br />

leve e mo<strong>de</strong>rada (<strong>52</strong>% vs. 61%; P = 0,74), entre ativida<strong>de</strong> leve<br />

e alta (<strong>52</strong>% vs. 79%; P = 0,16) e entre ativida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada e<br />

alta (61% vs. 79%; P = 0,16).<br />

Com relação aos anticorpos anticromatina/nucleossomo,<br />

pacientes com ativida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada apresentaram frequência<br />

mais alta <strong>de</strong>sse anticorpo em comparação com pacientes com<br />

ativida<strong>de</strong> leve (61% vs. 24%; P = 0,025) e sem ativida<strong>de</strong> (61%<br />

vs. 21%; P = 0,035). A frequência do anticorpo anticromatina/<br />

nucleossomo foi similar entre pacientes sem ativida<strong>de</strong> versus<br />

pacientes com ativida<strong>de</strong> leve (21% vs. 24%; P = 1.00) e alta<br />

(21% vs. 50%; P = 0,23) e entre pacientes com ativida<strong>de</strong> leve<br />

e alta (24% vs. 50%; P = 0,15).<br />

Com relação ao anticorpo anti-C1q, pacientes sem ativida<strong>de</strong><br />

da doença apresentaram a mesma frequência <strong>de</strong> anticorpos<br />

anti-C1q que pacientes com ativida<strong>de</strong>s leve (21% vs. 24%;<br />

P = 1,00), mo<strong>de</strong>rada (21% vs. 17%; P = 1,00) e alta (21%<br />

vs. 29%; P = 1,00). Além disso, não foi observada diferença<br />

entre a frequência <strong>de</strong> anticorpos anti-C1q em pacientes com<br />

ativida<strong>de</strong> leve versus mo<strong>de</strong>rada (24% vs. 17%; P = 0,70) e<br />

alta (24% vs. 29%; P = 1,00) e em pacientes com ativida<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rada versus ativida<strong>de</strong> alta (17% vs. 29%; P = 0,66).<br />

A Figura 1 ilustra a frequência <strong>de</strong> anticorpos anti-dsDNA,<br />

anticromatina/nucleossomo e anti-C1q <strong>de</strong> acordo com diferentes<br />

graus <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença.<br />

Em relação à discordância entre os três autoanticorpos, é<br />

interessante notar que um paciente foi positivo apenas para<br />

anticorpo anti-C1q (negativo para anticorpos anticromatina/<br />

nucleossomo e anti-dsDNA), e outro paciente foi positivo<br />

apenas para anticorpo anticromatina/nucleossomo (negativo<br />

para autoanticorpos anti-C1q e anti-dsDNA).<br />

978 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):971-981


Frequência (%)<br />

Anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil<br />

Figura 1<br />

Frequência <strong>de</strong> anticorpos anti-dsDNA, anticromatina/nucleossomo<br />

e anti-C1q <strong>de</strong> acordo com o índice <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong><br />

da doença para lúpus eritematoso sistêmico (SLEDAI-2K).<br />

Anti-dsDNA<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

0 1-5 6-10 11-19<br />

SLEDAI-2K<br />

Anti-dsDNA+<br />

anticromatina/nucleossomo+<br />

anti-C1q+<br />

SLEDAI-2K: índice <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença para lúpus eritematoso sistêmico- 2000.<br />

*Frequência <strong>de</strong> positivos para anti-dsDNA em SLEDAI-2K = 0 versus<br />

SLEDAI-2K = 1–5, P = 0,033; SLEDAI-2K = 6–10, P = 0,011; SLEDAI-2K = 11–19,<br />

P = 0,0018.<br />

#Frequência <strong>de</strong> positivos para anticromatina/nucleossomo em<br />

SLEDAI-2K = 6–10 versus SLEDAI-2K = 0, P = 0,035; SLEDAI-2K = 1–5,<br />

P = 0,025.<br />

0 50 100 150<br />

Anti-C1q<br />

Figura 2<br />

Correlação positiva entre anticorpos anti-C1q e anti-dsDNA<br />

em 62 pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil<br />

(r = 0,51; IC: 0,29–0,68; P = 0,0001).<br />

A Figura 2 ilustra uma correlação positiva entre anticorpos<br />

anti-C1q e anti-dsDNA em pacientes com LESJ (r = 0,51; IC:<br />

0,29–0,68; P < 0,0001). A Figura 3 <strong>de</strong>monstra uma correlação positiva<br />

entre anticorpos anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA<br />

em pacientes com LESJ (r = 0,87; IC: 0,79–0,92; P < 0,0001).<br />

Além disso, foi observada correlação negativa entre os<br />

níveis séricos <strong>de</strong> anti-C1q e C1q (r = −0,33; IC: −0,56–0,05;<br />

Figura 3<br />

Correlação positiva entre anticorpos anticromatina/nucleossomo<br />

e anti-dsDNA em 62 pacientes com lúpus eritematoso<br />

sistêmico juvenil (r = 0,87; IC: 0,79–0,92; P = 0,0001).<br />

P = 0,018). Nenhum <strong>de</strong>les teve níveis não <strong>de</strong>tectados <strong>de</strong> C1q<br />

compatíveis com imuno<strong>de</strong>fi ciência primária <strong>de</strong> C1q.<br />

DISCUSSÃO<br />

Nosso estudo <strong>de</strong>monstrou especifi cida<strong>de</strong> elevada e valor preditivo<br />

positivo para o diagnóstico <strong>de</strong> lúpus <strong>de</strong>sses três autoanticorpos,<br />

especialmente os anticorpos anticromatina/nucleossomo e<br />

anti-C1q. Além disso, o anticorpo anti-dsDNA foi consi<strong>de</strong>rado<br />

um marcador confi ável <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença em nossos pacientes,<br />

e o anticorpo anticromatina/nucleossomo <strong>de</strong>monstrou<br />

correlação positiva bastante forte com anti-dsDNA e frequência<br />

mais alta em pacientes com ativida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada, em comparação<br />

com pacientes sem ativida<strong>de</strong> e com ativida<strong>de</strong> leve.<br />

Os anticorpos anti-C1q foram associados à nefrite lúpica<br />

e à ativida<strong>de</strong> da doença em adultos 9–12 e em pacientes com<br />

lúpus juvenil. 4 No entanto, recentemente <strong>de</strong>monstramos que,<br />

em nossa coorte, esse anticorpo não estava associado a nefrite<br />

em 67 pacientes com LESJ, 3 conforme pu<strong>de</strong>mos observar<br />

neste estudo. Do mesmo modo, Ravelli et al. 1 não observaram<br />

qualquer associação entre níveis <strong>de</strong> anti-C1q e envolvimento<br />

renal. Apesar disso, o presente estudo <strong>de</strong>monstrou correlação<br />

positiva entre anticorpos anti-C1q e anti-dsDNA. Este último<br />

é um bem-conhecido biomarcador <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doença<br />

para LES, conforme fi cou evi<strong>de</strong>nciado neste estudo. Outra<br />

consi<strong>de</strong>ração importante é que ainda não foi estabelecido um<br />

conjunto padronizado <strong>de</strong> reagentes para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong><br />

anticorpos anti-C1q, e isso po<strong>de</strong> explicar em parte algumas<br />

discrepâncias dos estudos prece<strong>de</strong>ntes.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):971-981 979<br />

Anti-dsDNA<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

0 50 100 150 200 250<br />

Anticromatina/nucleossomo


Jesus et al.<br />

Além disso, em nossos pacientes com lúpus foi observada<br />

correlação negativa entre os níveis séricos <strong>de</strong> anti-C1q e<br />

C1q, o que também fi cou evi<strong>de</strong>nciado em um estudo chinês<br />

envolvendo pacientes pediátricos <strong>de</strong> lúpus. 4 Portanto, a<br />

presença <strong>de</strong>sses anticorpos po<strong>de</strong>ria levar a um <strong>de</strong>créscimo<br />

secundário nos níveis <strong>de</strong> C1q e ao comprometimento na<br />

eliminação <strong>de</strong> autoantígenos, contribuindo para a patogênese<br />

do lúpus. 13,14<br />

Anticorpos anticromatina/nucleossomo também foram<br />

<strong>de</strong>scritos como marcadores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> da doença e <strong>de</strong><br />

nefrite lúpica em pacientes adultos. 15–18 Foi <strong>de</strong>monstrada in<br />

vitro uma ligação direta <strong>de</strong> C1q e também <strong>de</strong> nucleossomos<br />

às células endoteliais glomerulares, e que os anticorpos antinucleossomo<br />

e anti-C1q têm efeito aditivo na patogênese<br />

da nefrite lúpica em adultos. 19 Em relação ao lúpus pediátrico,<br />

nosso grupo já havia <strong>de</strong>monstrado anteriormente que<br />

a presença <strong>de</strong>sse anticorpo estava associada com ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> lúpus, mas não com manifestações renais, 2 o que também<br />

foi observado no presente estudo, no qual <strong>de</strong>monstramos<br />

que esse anticorpo po<strong>de</strong>ria ser um marcador útil <strong>de</strong> doença<br />

mo<strong>de</strong>radamente ativa.<br />

Ainda mais importante, esses autoanticorpos tiveram especifi<br />

cida<strong>de</strong> signifi cativamente elevada e gran<strong>de</strong> valor preditivo<br />

positivo, superior a 97%, para diagnóstico <strong>de</strong> lúpus, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser consi<strong>de</strong>rados como instrumentos confi áveis na prática clínica,<br />

especialmente os anticorpos anticromatina/nucleossomo<br />

e anti-C1q. Com efeito, nos estudos prece<strong>de</strong>ntes foi informado<br />

que a especifi cida<strong>de</strong> e o valor preditivo positivo para anticorpos<br />

anticromatina/nucleossomo com relação ao diagnóstico<br />

<strong>de</strong> LESJ foram <strong>de</strong> 96%–98% 4,5 e 97%, 5 respectivamente. Em<br />

relação aos anticorpos anti-C1q, a especifi cida<strong>de</strong> para o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> LESJ foi <strong>de</strong> 92%–100%. 3,4<br />

As <strong>de</strong>terminações dos anticorpos anticromatina/nucleossomo<br />

e anti-C1q <strong>de</strong>vem ser efetuadas para avaliação do<br />

diagnóstico <strong>de</strong> lúpus, especialmente em pacientes com LESJ<br />

negativos para autoanticorpos anti-dsDNA. Esses exames<br />

po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como biomarcadores para o lúpus,<br />

sobretudo em pacientes com lúpus incompleto (até três critérios<br />

<strong>de</strong> classifi cação da ACR para lúpus); há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estudos prospectivos.<br />

Em conclusão, embora os autoanticorpos anti-C1q e antinucleossomo<br />

tivessem apresentado menor sensibilida<strong>de</strong> em<br />

relação ao anti-dsDNA, a excepcionalmente elevada especifi -<br />

cida<strong>de</strong> e o gran<strong>de</strong> valor preditivo positivo dos dois anticorpos<br />

po<strong>de</strong>m ajudar no diagnóstico <strong>de</strong> LESJ, especialmente em<br />

pacientes negativos para anti-dsDNA.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Este estudo foi fi nanciado pela Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo – FAPESP (bolsa 2008/58238-4),<br />

pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científi co e<br />

Tecnológico – CNPQ (bolsas 303165/2008-1 para MCS e<br />

302724/2011-7 para CAS) e pela Fe<strong>de</strong>rico Foundation (bolsa<br />

para CAS). Agra<strong>de</strong>cemos a Mariana Acenjo pela análise <strong>de</strong><br />

C1q e a Rufus Burlingame, da INOVA, pelo fornecimento do<br />

kit anti-C1q.<br />

REFERENCES<br />

REFERÊNCIAS<br />

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erythematosus global activity but not specifi cally with nephritis: a<br />

controlled study of 126 consecutive patients. Arthritis Rheum 2011;<br />

63(8):2436–44.<br />

12. Akhter E, Burlingame RW, Seaman AL, Mag<strong>de</strong>r L, Petri M. Anti-C1q<br />

antibodies have higher correlation with fl ares of lupus nephritis than<br />

other serum markers. Lupus 2011; 20(12):1267–74.<br />

980 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):971-981


Anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil<br />

13. Carneiro-Sampaio M, Liphaus BL, Jesus AA, Silva CA,<br />

Oliveira JB, Kiss MH. Un<strong>de</strong>rstanding systemic lupus erythematosus<br />

physiopathology in the light of primary immuno<strong>de</strong>fi ciencies. J Clin<br />

Immunol 2008; 28(Suppl 1):S34–41.<br />

14. Flierman R, Daha MR. Pathogenic role of anti-C1q autoantibodies<br />

in the <strong>de</strong>velopment of lupus nephritis − a hypothesis. Mol Immunol<br />

2007; 44(1-3):133–8.<br />

15. Kiss E, Lakos G, Szegedi G, Poor G, Szodoray P. Anti-nucleossomo<br />

antibody, a reliable indicator for lupus nephritis. Autoimmunity<br />

2009; 42(5):393–8.<br />

16. Muller S, Dieker J, Tincani A, Meroni PL. Pathogenic antinucleossomo<br />

antibodies. Lupus 2008; 17(5):431–6.<br />

17. Gómez-Puerta JA, Burlingame RW, Cervera R. Anticromatina (antinucleossomo)<br />

antibodies: diagnostic and clinical value. Autoimmun<br />

Rev 2008; 7(8):606–11.<br />

18. Souza A, da Silva LM, Oliveira FR, Roselino AM, Louzada-Junior P.<br />

Anti-nucleossomo and anticromatina antibodies are present in active<br />

systemic lupus erythematosus but not in the cutaneous form of the<br />

disease. Lupus 2009; 18(3):223–9.<br />

19. O’Flynn J, Flierman R, van <strong>de</strong>r Pol P, Rops A, Satchell SC,<br />

Mathieson PW et al. Nucleossomos and C1q bound to glomerular<br />

endothelial cells serve as targets for autoantibodies and <strong>de</strong>termine<br />

complement activation. Mol Immunol 2011; 49(1-2):75–83.<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):971-981 981


INDEX | ÍNDICE<br />

JAN / FEB | JAN / FEV NUMBER | NÚMERO 1<br />

EDITORIAL | EDITORIAL<br />

1 The therapeutic potential of the HLA-G molecule<br />

2 O potencial terapêutico da molécula HLA-G<br />

Paulo Louzada-Junior, Max Victor Carioca Freitas<br />

ORIGINAL ARTICLE | ARTIGO ORIGINAL<br />

3 Switching between anti-TNF-alpha agents does not improve<br />

functional capacity in patients with long-standing and active<br />

rheumatoid arthritis<br />

9 Estratégia <strong>de</strong> troca entre agentes anti-TNF-alfa não melhora a<br />

capacida<strong>de</strong> funcional em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

longa evolução<br />

Maria Roberta Melo P. Soares, Edgard T. dos Reis Neto, Karine R. Luz,<br />

Rozana M. Ciconelli, Marcelo M. Pinheiro<br />

16 Using questionnaires to assess the quality of life and<br />

multidimensionality of fi bromyalgia patients<br />

21 Uso <strong>de</strong> questionários para avaliar a multidimensionalida<strong>de</strong> e a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do fi bromiálgico<br />

Marielza Regina Ismael Martins, Letícia Oliveira Polvero,<br />

Carlos Eduardo Rocha, Marcos Henrique Foss, Randolfo dos Santos Junior<br />

27 CysLT1 receptor inhibition in patients with Raynaud's phenomenon<br />

– capillaroscopic evi<strong>de</strong>nce of the role of leukotriene<br />

30 Bloqueio do receptor <strong>de</strong> leucotrieno CysLT1 em pacientes com<br />

fenômeno <strong>de</strong> Raynaud – evidência capilaroscópica do papel do<br />

leucotrieno<br />

Mario Newton Leitão <strong>de</strong> Azevedo, Edda Maria T. Bernardini,<br />

Elizabeth F. Salles, Felipe Heinzmann, Fre<strong>de</strong>rico Marcon<strong>de</strong>s,<br />

Tatiana Mello, Blanca Elena Rios Gomes<br />

33 Reduction in alveolar bone <strong>de</strong>nsity of patients with juvenile<br />

idiopathic arthritis<br />

38 Redução da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea alveolar em pacientes com artrite<br />

idiopática juvenil<br />

Tânia Lúcia <strong>de</strong> Oliveira Silva, Flávia Silva Farah Ferreira Braga,<br />

Flavio Roberto Sztajnbok, Alessandra Areas e Souza,<br />

Fernanda <strong>de</strong> Brito Silva, Ricardo Guimarães Fischer,<br />

Carlos Marcelo da Silva Figueredo<br />

INDEX | ÍNDICE<br />

Volume <strong>52</strong> – 2012<br />

CONTENT INDEX | ÍNDICE POR EDIÇÃO<br />

44 Prevalence and genetic diversity of torque teno virus in patients<br />

with systemic lupus erythematosus in a reference service in<br />

Mato Grosso do Sul<br />

49 Prevalência e diversida<strong>de</strong> genética do torque teno vírus em<br />

pacientes com lúpus eritematoso sistêmico em serviço <strong>de</strong><br />

referência no Mato Grosso do Sul<br />

Márcio Reis da Costa, Izaias Pereira da Costa, Sylvie Devalle,<br />

Ana Rita Coimbra Motta <strong>de</strong> Castro, Solange Zacalusni Freitas<br />

55 25-Hydroxyivitamin D3 levels in patients with systemic lupus<br />

erythematosus and its association with clinical parameters<br />

and laboratory tests<br />

60 Níveis séricos <strong>de</strong> 25-hidroxivitamina D3 e sua associação com<br />

parâmetros clínicos e laboratoriais em pacientes com lúpus<br />

eritematoso sistêmico<br />

Thiago Sotero Fragoso, Andrea Tavares Dantas,<br />

Claudia Diniz Lopes Marques, Laurindo Ferreira da Rocha Junior,<br />

José Humberto <strong>de</strong> Lima Melo, Aline Jurema Gesteira Costa,<br />

Angela Luzia Branco Pinto Duarte<br />

REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO<br />

66 Fibromuscular dysplasia: a differential diagnosis of vasculitis<br />

70 Displasia fi bromuscular: um diagnóstico diferencial para as vasculites<br />

Thaís <strong>de</strong> Carvalho Pontes, Geísa Pereira Rufi no, Mariana Galvão Gurgel,<br />

Arnaldo Correia <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, Eutília Andra<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Freire<br />

75 The role of the HLA-G gene and molecule on the clinical<br />

expression of rheumatologic diseases<br />

82 O papel do gene e da molécula HLA-G na expressão clínica das<br />

doenças reumatológicas<br />

Claiton Viegas Brenol, Tiago Degani Veit, José Artur Bogo Chies,<br />

Ricardo Machado Xavier<br />

92 Current and relevant concepts in psoriatic arthritis<br />

98 Conceitos atuais e relevantes sobre artrite psoriásica<br />

Claudia Gol<strong>de</strong>nstein-Schainberg, Maria Helena Sampaio Favarato,<br />

Roberto Ranza<br />

CASE REPORT | RELATO DE CASO<br />

107 Leukopenia and thrombocytopenia induced by etanercept:<br />

two case reports and literature review<br />

982 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995


INDEX | ÍNDICE<br />

110 Leucopenia e trombocitopenia induzidas por etanercepte: relato <strong>de</strong><br />

dois casos e revisão da literatura<br />

Val<strong>de</strong>rílio Feijó Azevedo, Marília Barreto Gameiro Silva,<br />

Débora Karine Marinello, Felipe Dunin dos Santos,<br />

Guilherme Barreto Gameiro Silva<br />

113 Ascites due to lupus peritonitis: a rare form of onset of systemic<br />

lupus erythematosus<br />

116 Ascite por peritonite lúpica: uma forma rara <strong>de</strong> início do lúpus<br />

eritematoso sistêmico<br />

Henrique Pott Júnior, André Amate Neto, Maria Aparecida Barone Teixeira,<br />

José Roberto Provenza<br />

120 Livedo reticularis associated with autoimmune hemolytic anemia:<br />

prolonged remission induced by peripheral blood stem cell<br />

transplantation relapse after 10 years and restoration of hemoglobin<br />

levels by rituximab<br />

122 Livedo reticular associado com anemia hemolítica autoimune:<br />

remissão prolongada induzida pelo transplante <strong>de</strong> células-tronco<br />

do sangue periférico com recaída após 10 anos e restauração dos<br />

níveis <strong>de</strong> hemoglobina por rituximabe<br />

Eurípe<strong>de</strong>s Ferreira, Andrezza Feitosa, Nelson Hamerschlak,<br />

Morton Aaron Scheinberg<br />

BRIEF COMMUNICATION | COMUNICAÇÃO BREVE<br />

125 Elevated serum homocysteine levels in paediatric patients with<br />

primary Raynaud’s phenomenon<br />

128 Níveis séricos elevados <strong>de</strong> homocisteína em pacientes pediátricos<br />

com fenômeno <strong>de</strong> Raynaud primário<br />

Stepan Kutilek, Vladimir Nemec, Eva Bockayova<br />

MAR / APR | MAR / ABR NUMBER | NÚMERO 2<br />

EDITORIAL | EDITORIAL<br />

131 On mosaics and consensus: Gaudí, Brazil and rheumatoid arthritis<br />

133 Sobre mosaicos e consensos: Gaudí, o Brasil e a artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

Licia Maria Henrique da Mota<br />

ORIGINAL ARTICLE | ARTIGO ORIGINAL<br />

135 2012 Brazilian Society of Rheumatology Consensus for the<br />

treatment of rheumatoid arthritis<br />

1<strong>52</strong> Consenso 2012 da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> para o<br />

tratamento da artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

Licia Maria Henrique da Mota, Boris Afonso Cruz, Claiton Viegas Brenol,<br />

Ivanio Alves Pereira, Lucila Stange Rezen<strong>de</strong>-Fronza, Manoel Barros Bertolo,<br />

Max Victor Carioca <strong>de</strong> Freitas, Nilzio Antonio da Silva, Paulo Louzada-Júnior,<br />

Rina Dalva Neubarth Giorgi, Rodrigo Aires Corrêa Lima,<br />

Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro<br />

175 Neuropsychological assessment of cognitive disor<strong>de</strong>rs in patients<br />

with fi bromyalgia, rheumatoid arthritis, and systemic lupus<br />

erythematosus<br />

181 Análise neuropsicológica <strong>de</strong> distúrbios cognitivos em pacientes<br />

com fi bromialgia, artrite reumatoi<strong>de</strong> e lúpus eritematoso sistêmico<br />

Lucylle Fróis <strong>de</strong> Melo, Sérgio Leme Da-Silva<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995<br />

189 Work and power of the knee fl exor and extensor muscles in<br />

patients with osteoarthritis and after total knee arthroplasty<br />

195 Trabalho e potência dos músculos extensores e fl exores do joelho<br />

<strong>de</strong> pacientes com osteoartrite e com artroplastia total <strong>de</strong> joelho<br />

Denise Bastiani, Cintia Helena Ritzel, Silvia Manfrin Bortoluzzi,<br />

Marco Aurelio Vaz<br />

203 Profi le of users of anticytokines offered by the health care system<br />

in the state of Paraná for the treatment of rheumatoid arthritis<br />

208 Perfi l dos usuários <strong>de</strong> anticitocinas disponibilizadas pelo Sistema<br />

Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> no estado do Paraná para o tratamento da artrite<br />

reumatoi<strong>de</strong><br />

Astrid Wiens, Mônica Cavichiolo Grochocki, Deise Regina Sprada Pontarolli,<br />

Rafael Venson, Cassyano Januário Correr, Roberto Pontarolo<br />

214 Use of high-voltage cathodic current for pain in experimental<br />

nerve compression<br />

220 Uso da corrente catódica <strong>de</strong> alta voltagem sobre a dor em<br />

compressão nervosa experimental<br />

Gladson Ricardo Flor Bertolini, Cassiane Merigo do Nascimento,<br />

Daniela Martins Cunha, Elisangela Lour<strong>de</strong>s Artifon, Anamaria Meireles<br />

227 Laryngeal and tracheobronchial involvement in Wegener’s<br />

granulomatosis<br />

231 Comprometimento da árvore respiratória na granulomatose <strong>de</strong><br />

Wegener<br />

Ascedio Jose Rodrigues, Marcia Jacomelli, Renata Xavier Baldow,<br />

Carmen Valente Barbas, Viviane Rossi Figueiredo<br />

236 Rheumatic fever presentation and outcome: a case-series report<br />

241 Apresentação e <strong>de</strong>sfecho da febre reumática em uma série <strong>de</strong><br />

casos<br />

Simone Manso <strong>de</strong> Carvalho, Ivete Dalben, José Eduardo Corrente,<br />

Claudia Saad Magalhães<br />

REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO<br />

247 Mechanisms of muscle wasting in sarcopenia<br />

2<strong>52</strong> Mecanismos <strong>de</strong> perda muscular da sarcopenia<br />

Vivian <strong>de</strong> Oliveira Nunes Teixeira, Lidiane Isabel Filippin,<br />

Ricardo Machado Xavier<br />

260 Bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaw<br />

265 Osteonecrose maxilar associada ao uso <strong>de</strong> bisfosfonatos<br />

Mariana Aparecida Brozoski, Andreia Aparecida Traina, Maria Cristina Zin<strong>de</strong>l Deboni,<br />

Márcia Martins Marques, Maria da Graça Naclério-Homem<br />

271 Possible role of adipokines in systemic lupus erythematosus and<br />

rheumatoid arthritis<br />

278 Possível papel das adipocinas no lúpus eritematoso sistêmico e na<br />

artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

Vitalina <strong>de</strong> Souza Barbosa, Jozelia Rêgo, Nílzio Antônio da Silva<br />

CASE REPORT | RELATO DE CASO<br />

288 Erythema elevatum diutinum as a differential diagnosis of<br />

rheumatic diseases: case report<br />

291 Eritema elevatum diutinum como diagnóstico diferencial das doenças<br />

reumatológicas: relato <strong>de</strong> caso<br />

Dário Júnior <strong>de</strong> Freitas Rosa, Ronaldo Figueiredo Machado, Rafael <strong>de</strong> Oliveira Fraga,<br />

Antônio Scafuto Scotton, Viviane Angelina <strong>de</strong> Souza, Bruno Fernan<strong>de</strong>s<br />

983


INDEX | ÍNDICE<br />

295 Mycophenolate mofetil in primary Sjögren’s syndrome:<br />

a treatment option for agranulocytosis<br />

297 Micofenolato mofetil na síndrome <strong>de</strong> Sjögren primária: uma<br />

opção para o tratamento da agranulocitose<br />

Sonia Cristina <strong>de</strong> Magalhães Souza Fialho, Samuel Bergamaschi,<br />

Fabrício Souza Neves, Adriana Fontes Zimmermann,<br />

Gláucio Ricardo Werner <strong>de</strong> Castro, Ivânio Alves Pereira<br />

LETTER TO THE EDITORS | CARTA AOS EDITORES<br />

300 Nazi past and changes in disease names: the Wegener’s<br />

disease case<br />

301 Passado nazista e mudança do nome <strong>de</strong> uma doença: o caso<br />

da doença <strong>de</strong> Wegener<br />

Morton Aaron Scheinberg<br />

MAY / JUN | MAI / JUN NUMBER | NÚMERO 3<br />

EDITORIAL | EDITORIAL<br />

303 Rubella and autoimmunity<br />

305 Rubéola e autoimunida<strong>de</strong><br />

Arie Altman, Yehuda Shoenfeld<br />

ORIGINAL ARTICLE | ARTIGO ORIGINAL<br />

307 Prevalence of rubella serum antibody in autoimmune diseases<br />

312 Prevalência <strong>de</strong> anticorpos séricos contra rubéola em doenças<br />

autoimunes<br />

Arie Altman, Martine Szyper-Kravitz, Nancy Agmon-Levin, Boris Gilburd,<br />

Juan-Manuel Anaja, Ori Barzilai, Maya Ram, Nicola Bizzaro,<br />

Ljudmila Stojanovich, Jan Damoiseaux, Jan Willem Cohen Tervaert,<br />

Stefano Bombardieri, Howard Amital, Ari Shamis, Yehuda Shoenfeld<br />

319 Stress perception and <strong>de</strong>pressive symptoms: functionality and<br />

impact on the quality of life of women with fi bromyalgia<br />

324 Percepção <strong>de</strong> estresse e sintomas <strong>de</strong>pressivos: funcionalida<strong>de</strong> e<br />

impacto na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida em mulheres com fi bromialgia<br />

Diogo Homann, Joice Mara Facco Stefanello, Suelen Meira Góes,<br />

Chris Andreissy Breda, Eduardo dos Santos Paiva, Neiva Leite<br />

331 Frailty syndrome in the community-dwelling el<strong>de</strong>rly with osteoarthritis<br />

339 Síndrome da fragilida<strong>de</strong> no idoso comunitário com osteoartrite<br />

Rita <strong>de</strong> Cássia Corrêa Miguel, Rosângela Corrêa Dias,<br />

João Marcos Domingues Dias, Silvia Lanziotti Azevedo da Silva,<br />

Paulo Roberto Menicucci Filho, Tatiana Moreira S. Ribeiro<br />

348 Validity and reliability of the Portuguese version of the American<br />

Shoul<strong>de</strong>r and Elbow Surgeons Standardized Shoul<strong>de</strong>r Assessment<br />

Form<br />

3<strong>52</strong> Valida<strong>de</strong> e confi abilida<strong>de</strong> da versão em português do American<br />

Shoul<strong>de</strong>r and Elbow Surgeons Standardized Shoul<strong>de</strong>r Assessment Form<br />

Auristela Duarte <strong>de</strong> Lima Moser, Luiz Alberto Manfre Knaut,<br />

Talita Gnoato Zotz, Karoleen Oswald Scharan<br />

357 Antinucleosome antibodies and primary antiphospholipid syndrome:<br />

an observational study<br />

361 Anticorpos antinucleossomo e síndrome antifosfolipídica: estudo<br />

observacional<br />

Alexandre Wagner Silva <strong>de</strong> Souza, Silene Peres Keusseyan,<br />

Neusa Pereira da Silva, Emilia Inoue Sato, Luis Eduardo Coelho Andra<strong>de</strong><br />

366 Association of HLA-DRB5*01 with protection against cutaneous<br />

manifestations of rheumatoid vasculitis in Brazilian patients<br />

370 Associação do HLA-DRB5*01 com proteção contra manifestação<br />

cutânea da vasculite reumatoi<strong>de</strong> em pacientes brasileiros<br />

Wester Eidi Nishimura, Lilian Tereza Lavras Costallat,<br />

Sandra Regina Muchinechi Fernan<strong>de</strong>s, Rosenei<strong>de</strong> Aparecida Con<strong>de</strong>,<br />

Manoel Barros Bertolo<br />

375 Low prevalence of renal, cardiac, pulmonary, and neurological<br />

extra-articular clinical manifestations in spondyloarthritis:<br />

analysis of the Brazilian Registry of Spondyloarthritis<br />

379 Baixa prevalência das manifestações extra-articulares renais,<br />

cardíacas, pulmonares e neurológicas nas espondiloartrites: análise<br />

do Registro Brasileiro <strong>de</strong> Espondiloartrites<br />

Carlos Ewerton Maia Rodrigues, Walber Pinto Vieira, Adriana B. Bortoluzzo,<br />

Célio Roberto Gonçalves, José Antonio Braga da Silva,<br />

Antonio Carlos Ximenes, Manoel B. Bértolo,<br />

Sandra L. E. Ribeiro, Mauro Keiserman, Rita Menin, Thelma L. Skare,<br />

Sueli Carneiro, Val<strong>de</strong>rílio F. Azevedo, Elisa N. Albuquerque,<br />

Washington A. Bianchi, Rubens Bonfi glioli, Cristiano Campanholo,<br />

Hellen M. S. Carvalho, Izaias P. Costa, Angela P. Duarte, Charles L. Kohem,<br />

Nocy H. Leite, Sonia A. L. Lima, Eduardo S. Meirelles, Ivânio A. Pereira,<br />

Marcelo M. Pinheiro, Elizandra Polito, Gustavo G. Resen<strong>de</strong>,<br />

Francisco Airton C. Rocha, Mittermayer B. Santiago,<br />

Maria <strong>de</strong> Fátima L. C. Sauma, Valeria Valim, Percival D. Sampaio-Barros<br />

REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO<br />

384 Diet and nutritional aspects in systemic lupus erythematosus<br />

395 Dieta e aspectos nutricionais no lúpus eritematoso sistêmico<br />

Karin Klack, Eloisa Bonfa, Eduardo Ferreira Borba Neto<br />

409 Static and dynamic balance in subjects with ankylosing<br />

spondylitis: literature review<br />

413 Equilíbrio estático e dinâmico no indivíduo com espondilite<br />

anquilosante: revisão da literatura<br />

José Eduardo Pompeu, Renata Sorroche Lourenço Romano,<br />

Sandra Maria Alvarenga Anti Pompeu, Sônia Maria Anti Loduca Lima<br />

417 Autoimmune thyroid disease in patients with rheumatic diseases<br />

423 Ocorrência <strong>de</strong> doenças autoimunes tireoidianas em pacientes<br />

com doenças reumáticas<br />

Teresa Cristina Martins Vicente Robazzi, Luis Fernando Fernan<strong>de</strong>s Adan<br />

CASE REPORT | RELATO DE CASO<br />

431 Cocaine-induced midline <strong>de</strong>struction lesions with positive<br />

ANCA test mimicking Wegener’s granulomatosis<br />

434 Lesões <strong>de</strong>strutivas da linha média induzidas por cocaína com ANCA<br />

positivo mimetizando a granulomatose <strong>de</strong> Wegener<br />

Letícia Stahelin, Sonia Cristina <strong>de</strong> Magalhães Souza Fialho,<br />

Fabrício Souza Neves, Larissa Junckes, Gláucio Ricardo Werner <strong>de</strong> Castro,<br />

Ivânio Alves Pereira<br />

984 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995


INDEX | ÍNDICE<br />

438 Thoracic myelopathy due to calcifi cation of the ligamentum<br />

fl avum with hyperproteinorachia and responsive to steroid<br />

therapy: case report<br />

442 Mielopatia torácica por calcifi cação do ligamento amarelo cursando<br />

com hiperproteinorraquia e resposta à corticoterapia: relato <strong>de</strong> caso<br />

Flávia Yuri Shiguematsu, Elaine Cristina Caon <strong>de</strong> Souza,<br />

Adriana Fontes Zimmermann, Gláucio Ricardo Werner Castro,<br />

Ivânio Alves Pereira, Fabricio Souza Neves<br />

447 Cutaneous leishmaniasis in a patient with ankylosing spondylitis<br />

using adalimumab<br />

450 Leishmaniose tegumentar em paciente com espondilite anquilosante<br />

utilizando adalimumabe<br />

Kirla Wagner Poti Gomes, André Nunes Benevi<strong>de</strong>s,<br />

Francisco José Fernan<strong>de</strong>s Vieira, Maggy Poti <strong>de</strong> Morais Burlamaqui,<br />

Marcos <strong>de</strong> Almeida e Pontes Vieira, Lysiane Maria A<strong>de</strong>odato Ramos Fontenelle<br />

BRIEF COMMUNICATION | COMUNICAÇÃO BREVE<br />

453 Infl uence of creatine supplementation on bone mass of<br />

spontaneously hypertensive rats<br />

457 Infl uência da suplementação <strong>de</strong> creatina sobre a massa óssea <strong>de</strong> ratos<br />

espontaneamente hipertensos<br />

Christiano Robles Rodrigues Alves, Igor Hisashi Murai,<br />

Pamella Ramona, Humberto Nicastro, Lilian Takayama,<br />

Fabiana Guimarães, Antonio Herbert Lancha Junior,<br />

Maria Claudia Irigoyen, Rosa Maria Rodrigues Pereira, Bruno Gualano<br />

462 Description of a new method of ovariectomy in female rats<br />

466 Descrição <strong>de</strong> um novo método <strong>de</strong> ooforectomia em ratas<br />

Deepak Kumar Khajuria, Rema Razdan, D Roy Mahapatra<br />

JUL / AUG | JUL / AGO NUMBER | NÚMERO 4<br />

EDITORIAL | EDITORIAL<br />

471 Rheumatoid arthritis: why to treat only arthritis, knowing that<br />

comorbidities are common and <strong>de</strong>termine morbidity and<br />

mortality?<br />

472 Artrite reumatoi<strong>de</strong>: por que tratar apenas a artrite, sabendo que<br />

comorbida<strong>de</strong>s são comuns e <strong>de</strong>terminam morbida<strong>de</strong> e<br />

mortalida<strong>de</strong>?<br />

Ivânio Alves Pereira<br />

ORIGINAL ARTICLE | ARTIGO ORIGINAL<br />

474 2012 Brazilian Society of Rheumatology Consensus on the<br />

management of comorbidities in patients with rheumatoid<br />

arthritis<br />

483 Consenso 2012 da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> sobre o<br />

manejo <strong>de</strong> comorbida<strong>de</strong>s em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

Ivânio Alves Pereira, Licia Maria Henrique da Mota, Boris Afonso Cruz,<br />

Claiton Viegas Brenol, Lucila Stange Rezen<strong>de</strong> Fronza, Manoel Barros Bertolo,<br />

Max Victor Carioca <strong>de</strong> Freitas, Nilzio Antônio da Silva, Paulo Louzada-Junior,<br />

Rina Dalva Neubarth Giorgi, Rodrigo Aires Corrêa Lima,<br />

Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995<br />

496 Assessment of different instruments used as outcome<br />

measures in patients with fi bromyalgia<br />

501 Avaliação <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> medida usados em pacientes com<br />

fi bromialgia<br />

Adriana Martins Barros Alves, Jamil Natour, Marcos Renato Assis,<br />

Daniel Feldman<br />

507 Postural control parameters in el<strong>de</strong>rly female fallers and<br />

non-fallers diagnosed or not with knee osteoarthritis<br />

512 Parâmetros do controle postural em mulheres idosas com ou sem<br />

histórico <strong>de</strong> quedas associadas ou não à osteoartrite <strong>de</strong> joelhos<br />

Marina Petrella, Thamires Máximo Neves, Júlia Guimarães Reis,<br />

Matheus Machado Gomes, Renê Donizeti Ribeiro <strong>de</strong> Oliveira,<br />

Daniela Cristina Carvalho <strong>de</strong> Abreu<br />

518 Lack of association between the CC genotype of the rs7903146<br />

polymorphism in the TCF7L2 gene and rheumatoid arthritis<br />

<strong>52</strong>3 Ausência <strong>de</strong> associação entre o genótipo CC do polimorfi smo<br />

rs7903146 no gene TCF7L2 e artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

Licia Maria Henrique da Mota, Francieli <strong>de</strong> Souza Rabelo,<br />

Francisco Aires Corrêa Lima, Rodrigo Aires Corrêa Lima,<br />

Jozélio Freire <strong>de</strong> Carvalho, Gustavo Barcelos Barra, Angélica Amorim Amato<br />

<strong>52</strong>9 The association between serum levels of potential biomarkers<br />

with the presence of factors related to the clinical activity and<br />

poor prognosis in spondiloarthritis<br />

536 Associação entre os níveis séricos <strong>de</strong> potenciais biomarcadores<br />

com a presença <strong>de</strong> fatores relacionados à ativida<strong>de</strong> clínica e ao<br />

mau prognóstico em espondiloartrites<br />

John Londono, Maria Consuelo Romero-Sanchez, Viviana Garcia Torres,<br />

Wilson A. Bautista, Diego Jaimes Fernan<strong>de</strong>z, Julitte <strong>de</strong> Avila Quiroga,<br />

Rafael Valle-Oñate, Ana María Santos, Juan Francisco Medina<br />

545 High frequency of calcinosis in juvenile <strong>de</strong>rmatomyositis:<br />

a risk factor study<br />

549 Frequência elevada <strong>de</strong> calcinose em <strong>de</strong>rmatomiosite juvenil:<br />

estudo <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco<br />

Gleice Clemente, Daniela Gerent Petry Piotto, Cássia Barbosa,<br />

Octávio Augusto Peracchi, Claudio Arnaldo Len,<br />

Maria O<strong>de</strong>te Esteves Hilário, Maria Teresa R. A. Terreri<br />

554 Evaluation of endothelial function in patients with limited<br />

systemic sclerosis by use of brachial artery Doppler ultrasound<br />

561 Avaliação da função endotelial em pacientes com esclerose<br />

sistêmica limitada por meio do eco Doppler da artéria braquial<br />

Tatiana Melo Fernan<strong>de</strong>s, Blanca Elena Gomes Bica, Nivaldo Ribeiro Villela,<br />

Elizabeth Figueiredo Salles, Mario Newton Leitão <strong>de</strong> Azevedo,<br />

José Angelo <strong>de</strong> Souza Papi, Rosângela Aparecida Gomes Martins<br />

SPECIAL REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO ESPECIAL<br />

569 Gui<strong>de</strong>lines for the prevention and treatment of glucocorticoidinduced<br />

osteoporosis<br />

580 Diretrizes para prevenção e tratamento da osteoporose induzida<br />

por glicocorticoi<strong>de</strong><br />

Rosa Maria Rodrigues Pereira, Jozélio Freire <strong>de</strong> Carvalho, Ana Patrícia Paula,<br />

Cristiano Zerbini, Diogo S. Domiciano, Helenice Gonçalves, Jaime S. Danowski,<br />

João F. Marques Neto, Laura M. C. Mendonça, Mailze C. Bezerra,<br />

Maria Teresa Terreri, Marta Imamura, Pedro Weingrill, Perola G. Plapler,<br />

Sebastião Radominski, Tatiana Tourinho, Vera L. Szejnfeld, Nathalia C. Andrada<br />

985


INDEX | ÍNDICE<br />

REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO<br />

594 Musculoskeletal disor<strong>de</strong>rs in diabetes mellitus<br />

601 Manifestações musculoesqueléticas em diabetes mellitus<br />

Marilia Barreto Gameiro Silva, Thelma Larocca Skare<br />

610 Suprascapular nerve block: important procedure in clinical<br />

practice. Part II<br />

616 Bloqueio do nervo supraescapular: procedimento importante na<br />

prática clínica. Parte II<br />

Marcos Rassi Fernan<strong>de</strong>s, Maria Alves Barbosa, Ana Luiza Lima Sousa,<br />

Gilson Cassem Ramos<br />

623 Psoriatic arthritis: a clinical entity distinct from psoriasis?<br />

630 Artrite psoriásica: entida<strong>de</strong> clínica distinta da psoríase?<br />

Danilo Garcia Ruiz, Mário Newton Leitão <strong>de</strong> Azevedo,<br />

Omar Lupi da Rosa Santos<br />

CASE REPORT | RELATO DE CASO<br />

639 Antiphospholipid syndrome and <strong>de</strong>rmatomyositis/<br />

polymyositis: a rare association<br />

642 Síndrome antifosfolípi<strong>de</strong> e <strong>de</strong>rmatomiosite/polimiosite: uma rara<br />

associação<br />

Fernando Henrique Carlos <strong>de</strong> Souza, Maurício Levy-Neto,<br />

Samuel Katsuyuki Shinjo<br />

645 Ulcerative colitis and rheumatoid arthritis: a rare association –<br />

case report<br />

648 Retocolite ulcerativa e artrite reumatoi<strong>de</strong>: uma rara associação –<br />

relato <strong>de</strong> caso<br />

Vitor Alves Cruz, Lúcio Yamaguchi, Carolina Nazeozeno Ribeiro,<br />

Vanessa <strong>de</strong> Oliveira Magalhães, Jozelia Rego, Nilzio Antonio da Silva<br />

651 Use of infl iximab in a patient with rheumatoid arthritis and chronic<br />

hepatitis B<br />

648 Uso <strong>de</strong> infl iximabe em paciente com artrite reumatoi<strong>de</strong> e hepatite B<br />

crônica<br />

Eloisa Doubrawa, Renê Augusto <strong>de</strong> Mattos Ricca, Tiago Osternack Malucelli,<br />

Vanessa Irusta Dal Pizzol, Danilo Hamilko <strong>de</strong> Barros, Eduardo Santos Paiva<br />

BRIEF COMMUNICATION | COMUNICAÇÃO BREVE<br />

656 Malondial<strong>de</strong>hy<strong>de</strong> and sulfhydryl groups as biomarkers of<br />

oxidative stress in patients with systemic lupus erythematosus<br />

658 Malondial<strong>de</strong>ído e grupo sulfi drila como biomarcadores do estresse<br />

oxidativo em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico<br />

Yenly G. Pérez, Lissett Caridad González Pérez,<br />

Rita <strong>de</strong> Cássia M. Netto, Domingos S. N. <strong>de</strong> Lima, Emerson S. Lima<br />

SEP / OCT | SET / OUT NUMBER | NÚMERO 5<br />

EDITORIAL | EDITORIAL<br />

661 The in<strong>de</strong>xing of the Brazilian Journal of Rheumatology in the<br />

Web of Science<br />

663 A in<strong>de</strong>xação da Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> no Web of Science<br />

Paulo Louzada-Junior, Max Victor Carioca Freitas<br />

665 Expression of concern: Ahlin E et al., “Anti-citrullinated pepti<strong>de</strong><br />

antibodies and rheumatoid factor in Sudanese patients with<br />

Leishmania donovani infection”, Rev Bras Reumatol 2011; 51(6):<br />

572–86<br />

665 Nota <strong>de</strong> preocupação: Ahlin E et al., “Anticorpos antipeptí<strong>de</strong>os<br />

citrulinados e fator reumatoi<strong>de</strong> em pacientes sudaneses com infecção<br />

por Leishmania donovani”, Rev Bras Reumatol 2011; 51(6):572–86<br />

Paulo Louzada-Junior, Max Victor Carioca Freitas<br />

ORIGINAL ARTICLE | ARTIGO ORIGINAL<br />

666 Improvement in pain, fatigue, and subjective sleep quality<br />

through sleep hygiene tips in patients with fi bromyalgia<br />

672 Melhora da dor, do cansaço e da qualida<strong>de</strong> subjetiva do sono<br />

por meio <strong>de</strong> orientações <strong>de</strong> higiene do sono em pacientes com<br />

fi bromialgia<br />

Aline Cristina Orlandi, Camila Ventura, Andrea Lopes Gallinaro,<br />

Renata Alqualo Costa, Laís Ver<strong>de</strong>rame Lage<br />

679 Epi<strong>de</strong>miological profi le of patients with extra-articular<br />

manifestations of rheumatoid arthritis from the city of<br />

Curitiba, South of Brazil<br />

686 Perfi l dos pacientes com manifestações extra-articulares <strong>de</strong> artrite<br />

reumatoi<strong>de</strong> <strong>de</strong> um serviço ambulatorial em Curitiba, Sul do Brasil<br />

Mariana Costa Moura, Paola Tamara Silva Zakszewski,<br />

Marília Barreto Gameiro Silva, Thelma Larocca Skare<br />

695 Diagnostic performance and clinical associations of antibodies to the<br />

chromatin antigenic system in juvenile systemic lupus<br />

erythematosus<br />

703 Desempenho diagnóstico e associações clínicas dos anticorpos<br />

contra componentes da cromatina no lúpus eritematoso sistêmico<br />

juvenil<br />

Silene Peres Keusseyan, Neusa Pereira da Silva, Maria O<strong>de</strong>te Esteves Hilário,<br />

Eunice Mitiko Okuda, Maria Teresa S. L. R. Ascenção Terreri,<br />

Luis Eduardo Coelho Andra<strong>de</strong><br />

713 Newly diagnosed <strong>de</strong>rmatomyositis in the el<strong>de</strong>rly as predictor of<br />

malignancy<br />

717 Dermatomiosite recém-diagnosticada em idosos como preditiva<br />

<strong>de</strong> malignida<strong>de</strong><br />

Fernando Henrique Carlos <strong>de</strong> Souza, Samuel Katsuyuki Shinjo<br />

722 Nailfold capillaroscopy in children and adolescents with rheumatic<br />

diseases<br />

727 Capilaroscopia periungueal em crianças e adolescentes com<br />

doenças reumáticas<br />

Daniela Gerent Petry Piotto, Cláudio Arnaldo Len,<br />

Maria O<strong>de</strong>te Esteves Hilário, Maria Teresa Ramos Ascensão Terreri<br />

733 Cross-cultural adaptation and validation of the Brazilian-Portuguese<br />

version of the Bath Ankylosing Spondylitis Functional In<strong>de</strong>x (BASFI)<br />

737 Adaptação cultural cruzada e validação da versão do Índice<br />

Funcional <strong>de</strong> Espondilite Anquilosante <strong>de</strong> Bath (BASFI) para o<br />

português do Brasil<br />

Karla Garcez Cusmanich, Sérgio Candido Kowalski,<br />

Andréa Lopes Gallinaro, Claudia Gol<strong>de</strong>nstein-Schainberg,<br />

Lilian Avila Lima e Souza, Célio Roberto Gonçalves<br />

986 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995


INDEX | ÍNDICE<br />

REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO<br />

742 Ankylosing spondylitis and uveitis: overview<br />

749 Espondilite anquilosante e uveíte: revisão<br />

Enéias Bezerra Gouveia, Dório Elmann, Maira Saad <strong>de</strong> Ávila Morales<br />

757 Imaging diagnosis of early rheumatoid arthritis<br />

761 Diagnóstico por imagem da artrite reumatoi<strong>de</strong> inicial<br />

Licia Maria Henrique da Mota, Ieda Maria Magalhães Laurindo,<br />

Leopoldo Luiz dos Santos Neto, Francisco Aires Corrêa Lima,<br />

Sérgio Lopes Viana, Paulo Sérgio Mendlovitz, João Luiz Fernan<strong>de</strong>s<br />

767 Selective inhibition of cyclooxygenase-2: risks and benefi ts<br />

774 Inibição seletiva da ciclo-oxigenase-2: riscos e benefícios<br />

Reila Tainá Men<strong>de</strong>s, Cassiano Pereira Stanczyk, Regina Sordi,<br />

Michel Fleith Otuki, Fábio André dos Santos, Daniel Fernan<strong>de</strong>s<br />

CASE REPORT | RELATO DE CASO<br />

783 Bilateral osteochondrosis of lateral femoral condyles: case<br />

report and literature review<br />

786 Osteocondrose bilateral <strong>de</strong> côndilos femorais laterais: relato <strong>de</strong> caso e<br />

revisão da literatura<br />

Blanca Elena Rios Gomes Bica, Danilo Garcia Ruiz, Fernanda Fra<strong>de</strong> Paranhos,<br />

Antônio Vítor <strong>de</strong> Abreu, Mário Newton Leitão <strong>de</strong> Azevedo<br />

790 Reactive haemophagocytic syndrome in a systemic lupus<br />

erythematosus patient – case report<br />

793 Síndrome <strong>de</strong> ativação macrofágica em paciente com lúpus<br />

eritematoso sistêmico – relato <strong>de</strong> caso<br />

Marco Antonio Cuellar Arnez, Mario Newton Leitão <strong>de</strong> Azevedo,<br />

Blanca Elena Rios Gomes Bica<br />

796 Spontaneous pneumomediastinum associated with<br />

laryngeal lesions and tracheal ulcer in <strong>de</strong>rmatomyositis<br />

798 Pneumomediastino espontâneo associado a lesões laríngeas e<br />

úlceras traqueais na <strong>de</strong>rmatomiosite<br />

Ascedio Jose Rodrigues, Marcia Jacomelli, Paulo Rogerio Scordamaglio,<br />

Viviane Rossi Figueiredo<br />

BRIEF COMMUNICATION | COMUNICAÇÃO BREVE<br />

800 Complete heart block in ankylosing spondylitis<br />

802 Bloqueio cardíaco completo em espondilite anquilosante<br />

Juan Pablo Restrepo, María Del Pilar Molina<br />

804 Posterior reversible encephalopathy syndrome (PRES) and<br />

systemic lupus erythematosus: report of two cases<br />

807 Síndrome da encefalopatia posterior reversível (PRES) e lúpus<br />

eritematoso sistêmico: relato <strong>de</strong> dois casos<br />

Aline <strong>de</strong> Souza Streck, Henrique Luiz Staub,<br />

Caroline Zechlinski Xavier <strong>de</strong> Freitas, Luis Marrone,<br />

Ja<strong>de</strong>rson Costa, Giovani Gadonski<br />

LETTER TO THE EDITORS | CARTA AOS EDITORES<br />

811 APS ACTION in Brazil<br />

813 APS ACTION no Brasil<br />

Roger Abramino Levy, Guilherme Ribeiro Ramires <strong>de</strong> Jesús,<br />

pelo APS ACTION GROUP<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995<br />

ERRATUM | ERRATA<br />

815 2012 Brazilian Society of Rheumatology Consensus on the<br />

management of comorbidities in patients with rheumatoid<br />

arthritis [Rev Bras Reumatol 2012; <strong>52</strong>(4):474-495]<br />

816 Consenso 2012 da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> sobre<br />

o manejo <strong>de</strong> comorbida<strong>de</strong>s em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

[Rev Bras Reumatol 2012; <strong>52</strong>(4):474-495]<br />

Ivânio Alves Pereira, Licia Maria Henrique da Mota, Boris Afonso Cruz,<br />

Claiton Viegas Brenol, Lucila Stange Rezen<strong>de</strong> Fronza,<br />

Manoel Barros Bertolo, Max Victor Carioca <strong>de</strong> Freitas,<br />

Nilzio Antônio da Silva, Paulo Louzada-Junior, Rina Dalva Neubarth Giorgi,<br />

Rodrigo Aires Corrêa Lima, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro<br />

NOV / DEC | NOV / DEZ NUMBER | NÚMERO 6<br />

EDITORIAL | EDITORIAL<br />

817 Antinucleosome and anti-C1q antibodies in juvenile systemic<br />

lupus erythematosus<br />

818 Anticorpos antinucleossomo e anti-C1q no lúpus eritematoso<br />

sistêmico juvenil<br />

Paulo Louzada-Junior, Max Victor Carioca Freitas<br />

ORIGINAL ARTICLE | ARTIGO ORIGINAL<br />

819 Disability and quality-of-life are not infl uenced by the prevalence<br />

of autoantibodies in early rheumatoid arthritis patients – results<br />

of the Brasília Cohort<br />

824 Incapacitação e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida não são infl uenciadas pela<br />

prevalência <strong>de</strong> autoanticorpos em pacientes com artrite reumatoi<strong>de</strong><br />

inicial – resultados da Coorte Brasília<br />

Licia Maria Henrique da Mota, Leopoldo Luiz dos Santos Neto,<br />

Rufus W. Burlingame, Henri A. Ménard, Ivanio Alves Pereira,<br />

Jozélio Freire <strong>de</strong> Carvalho, Ieda Maria Magalhães Laurindo<br />

830 Therapeutic effi cacy and safety of methotrexate + lefl unomi<strong>de</strong> in<br />

Colombian patients with active rheumatoid arthritis refractory to<br />

conventional treatment<br />

837 Efi cácia terapêutica e segurança <strong>de</strong> metotrexato + lefl unomida<br />

em pacientes colombianos com artrite reumatoi<strong>de</strong> ativa refratária<br />

ao tratamento convencional<br />

John Londono, Ana Maria Santos, Pedro Ivan Santos, Maria Fernanda Cubi<strong>de</strong>z,<br />

Claudia Guzman, Rafael Valle-Oñate<br />

846 Effect of hydrotherapy on quality of life, functional capacity and<br />

sleep quality in patients with fi bromyalgia<br />

851 Efeito da hidrocinesioterapia sobre qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, capacida<strong>de</strong><br />

funcional e qualida<strong>de</strong> do sono em pacientes com fi bromialgia<br />

Kyara Morgana Oliveira Moura Silva, Silvia Jurema Pereira Tucano,<br />

Claudia Kümpel, Antonio Adolfo Mattos <strong>de</strong> Castro, Elias Ferreira Porto<br />

858 Serum levels of vitamin B12 are not related to low bone mineral<br />

<strong>de</strong>nsity in postmenopausal Brazilian women<br />

863 Níveis séricos <strong>de</strong> vitamina B12 não se relacionam com baixa<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea em mulheres brasileiras na pós-menopausa<br />

Adriana Maria Kakehasi, Ariane Vieira Carvalho,<br />

Fabiana Alves Nunes Maksud, Alfredo José Afonso Barbosa<br />

987


INDEX | ÍNDICE<br />

870 Impact of exercise on the functional capacity and pain of patients<br />

with knee osteoarthritis: a randomized clinical trial<br />

876 Impacto dos exercícios na capacida<strong>de</strong> funcional e dor em pacientes<br />

com osteoartrite <strong>de</strong> joelhos: ensaio clínico randomizado<br />

Aline Mizusaki Imoto <strong>de</strong> Oliveira, Maria Stella Peccin,<br />

Kelson Nonato Gomes da Silva, Lucas Emmanuel Pedro <strong>de</strong> Paiva Teixeira,<br />

Virgínia Fernan<strong>de</strong>s Moça Trevisani<br />

883 Sexual activity in ankylosing spondylitis<br />

887 Ativida<strong>de</strong> sexual na espondilite anquilosante<br />

Andrea Lopes Gallinaro, Lilian Lie Akagawa, Mariana Hissami Ichiba Otuzi,<br />

Percival Degrava Sampaio-Barros, Célio Roberto Gonçalves<br />

892 Adult <strong>de</strong>rmatomyositis: experience of a Brazilian tertiary care center<br />

897 Dermatomiosite em adulto: experiência <strong>de</strong> um centro terciário<br />

brasileiro<br />

Fernando Henrique Carlos <strong>de</strong> Souza, Thiago Bitar Moraes Barros,<br />

Maurício Levy-Neto, Samuel Katsuyuki Shinjo<br />

REVIEW ARTICLE | ARTIGO DE REVISÃO<br />

903 Temporomandibular joint alterations and their orofacial<br />

complications in patients with juvenile idiopathic arthritis<br />

907 Alterações da articulação temporomandibular e suas repercussões<br />

orofaciais em pacientes portadores <strong>de</strong> artrite idiopática juvenil<br />

Renata Teixeira <strong>de</strong> Carvalho, Flávia Silva Farah Ferreira Braga, Fernanda Brito,<br />

Jonas Capelli Junior, Carlos Marcelo Figueredo, Flávio Roberto Sztajnbok<br />

912 Pharmacoeconomic analysis of strategies to treat<br />

postmenopausal osteoporosis: a systematic review<br />

924 Análise farmacoeconômica das estratégias <strong>de</strong> tratamento da<br />

osteoporose em mulheres na pós-menopausa: uma revisão<br />

sistemática<br />

Cristina Mariano Ruas Brandão, Gustavo Pinto da Matta Machado,<br />

Francisco <strong>de</strong> Assis Acurcio<br />

938 Sexual dysfunction in patients with psoriasis and<br />

psoriatic arthritis − a systematic review<br />

943 Disfunção sexual em pacientes com psoríase e artrite psoriásica −<br />

uma revisão sistemática<br />

Patricia Shu Kurizky, Licia Maria Henrique da Mota<br />

CASE REPORT | RELATO DE CASO<br />

949 Autoantibodies coexistence in systemic sclerosis: how to<br />

interpret it?<br />

9<strong>52</strong> Concomitância <strong>de</strong> autoanticorpos na esclerose sistêmica: como<br />

interpretar?<br />

Scheila Fritsch, Vanessa Irusta Dal Pizzol, Eduardo dos Santos Paiva,<br />

Carolina <strong>de</strong> Souza Muller<br />

956 Protein-losing enteropathy in systemic lupus erythematosus:<br />

case report<br />

960 Enteropatia per<strong>de</strong>dora <strong>de</strong> proteínas no lúpus eritematoso sistêmico:<br />

relato <strong>de</strong> caso<br />

Fernando Moreira Batista Aguiar, Zilaís Linhares Carneiro Menescal,<br />

Débora Maia da Costa, José Walter Correia, José Gerardo Araújo Paiva,<br />

Júlio Marcus Sousa Correia<br />

965 Increased photosensitivity? Case report of porphyria cutanea<br />

tarda associated with systemic lupus erythematosus<br />

968 Fotossensibilida<strong>de</strong> amplifi cada? Relato <strong>de</strong> porfi ria cutânea tarda<br />

associada a lúpus eritematoso sistêmico<br />

Scheila Fritsch, Adma Silva <strong>de</strong> Lima Wojcik, Lilian Scha<strong>de</strong>,<br />

Milton Marcio Machota Junior, Fabiane Mulinari Brenner,<br />

Eduardo dos Santos Paiva<br />

BRIEF COMMUNICATION | COMUNICAÇÃO BREVE<br />

971 Anti-C1q, anti-chromatin/nucleosome, and anti-dsDNA<br />

antibodies in juvenile systemic lupus erythematosus patients<br />

976 Anticorpos anti-C1q, anticromatina/nucleossomo e anti-dsDNA<br />

em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenile<br />

Adriana Almeida <strong>de</strong> Jesus, Lucia Maria Arruda Campos,<br />

Berna<strong>de</strong>te Lour<strong>de</strong>s Liphaus, Magda Carneiro-Sampaio,<br />

Cristóvão Luis Pitangueira Mangueira, Eliane Aparecida Rosseto,<br />

Clovis Artur Almeida da Silva, Morton Scheinberg<br />

INDEX | ÍNDICE<br />

982 Content in<strong>de</strong>x | Índice por edição<br />

989 Subject in<strong>de</strong>x<br />

991 Índice por assunto<br />

993 Authors in<strong>de</strong>x | Índice por autor<br />

988 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995


INDEX | ÍNDICE<br />

A<br />

aci<strong>de</strong>ntes por quedas, 512<br />

ácido úrico, 658<br />

adipocinas, 278<br />

adiponectina, 278<br />

adulto, 423<br />

agranulocitose, 297<br />

agregado <strong>de</strong> albumina marcado<br />

com 99mTc, 960<br />

alendronato, 265<br />

Anellovirus, 49<br />

anemia hemolítica autoimune, 122<br />

anestesia local, 616<br />

antagonistas <strong>de</strong> leucotrienos, 30<br />

anticorpos anticardiolipina, 361<br />

anticorpos anticitoplasma <strong>de</strong> neutrófi<br />

los, 434<br />

anticorpos antinucleares, 703<br />

anticorpos, 312<br />

antígeno HLA-B27, 802<br />

antígenos HLA, 82, 370<br />

antioxidantes, 658<br />

antirreumáticos, 1<strong>52</strong><br />

artéria braquial, 561<br />

articulação do ombro, 3<strong>52</strong><br />

articulação temporomandibular,<br />

907<br />

artrite idiopática juvenil, 38<br />

artrite psoriásica, 98, 630, 943<br />

artrite reativa, 536<br />

artrite reumatoi<strong>de</strong> inicial, 761<br />

artrite reumatoi<strong>de</strong> juvenil, 727, 907<br />

artrite reumatoi<strong>de</strong>, 9, 1<strong>52</strong>, 181, 208,<br />

2<strong>52</strong>, 278, 483, <strong>52</strong>3, 648, 653,<br />

686, 824, 837<br />

artrite, 98, 241, 291, 536<br />

artroplastia total <strong>de</strong> joelho, 195<br />

ascite, 116<br />

ativida<strong>de</strong> da doença, 9<br />

atrofi a muscular, 2<strong>52</strong><br />

autoanticorpos, 976<br />

avaliação <strong>de</strong> resultados (cuidados<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>), 241<br />

avaliação, 21<br />

B<br />

biomarcadores, 536<br />

bloqueio cardíaco, 802<br />

bloqueio nervoso, 616<br />

Brasil, 1<strong>52</strong><br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995<br />

broncoscopia, 231<br />

bursite, 601<br />

C<br />

calcinose, 549<br />

capacida<strong>de</strong> funcional, 9<br />

cardiologia, 379<br />

citrulina, 824<br />

clínicas <strong>de</strong> dor, 21<br />

cocaína, 434<br />

código genético, <strong>52</strong>3<br />

cognição, 181<br />

colite, 116<br />

comorbida<strong>de</strong>s, 483<br />

complemento C1q, 976<br />

compressão da medula espinal,<br />

442<br />

consenso, 1<strong>52</strong><br />

contratura <strong>de</strong> Dupuytren, 601<br />

coreia, 241<br />

creatina, 457<br />

criança, 128, 423, 727<br />

cromatina, 703<br />

D<br />

dapsona, 291<br />

<strong>de</strong>do em gatilho, 601<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea, 457<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea, 38, 863<br />

<strong>de</strong>pressão, 324<br />

<strong>de</strong>rmatomiosite, 549, 642, 717,<br />

727, 798, 897<br />

<strong>de</strong>rmatopatias, 291<br />

diabetes mellitus, 483, 601<br />

diagnóstico <strong>de</strong> pneumomediastino,<br />

798<br />

diagnóstico diferencial, 70<br />

diagnóstico, 727<br />

dieta, 395<br />

dinamômetro, 195<br />

dislipi<strong>de</strong>mia, 483<br />

displasia fi bromuscular, 70<br />

distúrbios do sono, 672<br />

DNA topoisomerases, 9<strong>52</strong><br />

DNA, 976<br />

doença crônica, 181<br />

doença <strong>de</strong> Raynaud, 30<br />

doenças autoimunes, 49, 60, 312<br />

doenças cardiovasculares, 774<br />

doenças maxilares, 265<br />

doenças reumáticas, 82, 423, 887<br />

ÍNDICE POR ASSUNTO<br />

doenças reumatológicas, 536<br />

dor <strong>de</strong> ombro, 3<strong>52</strong>, 616<br />

dor lombar, 536<br />

dor, 324<br />

E<br />

economia da saú<strong>de</strong>, 924<br />

educação <strong>de</strong> pacientes, 672<br />

efeito Doppler, 561<br />

endotélio vascular, 561<br />

ensaio clínico controlado randomizado,<br />

876<br />

enteropatias per<strong>de</strong>doras <strong>de</strong> proteínas,<br />

960<br />

entesite, 536<br />

envelhecimento, 717<br />

epi<strong>de</strong>miologia, 897<br />

equilíbrio postural, 413, 512<br />

eritema, 291<br />

esclero<strong>de</strong>rma sistêmico, 727<br />

esclero<strong>de</strong>rmia limitada, 561<br />

esclero<strong>de</strong>rmia sistêmica, 9<strong>52</strong><br />

espondilite anquilosante, 413, 450,<br />

536, 749, 802, 887<br />

espondiloartrite anquilosante, 536<br />

espondiloartrite, 536<br />

espondiloartropatias, 98, 379, 536,<br />

648<br />

estenose traqueal, 231<br />

estimulação elétrica nervosa transcutânea,<br />

220<br />

estresse oxidativo, 658<br />

estresse psicológico, 324<br />

estudos <strong>de</strong> coortes, 824<br />

F<br />

farmacologia, 774<br />

fator <strong>de</strong> necrose tumoral alfa, 749<br />

fator <strong>de</strong> necrose tumoral-α, 450<br />

fator reumatoi<strong>de</strong>, 824<br />

fatores <strong>de</strong> risco, 549, 717<br />

febre reumática, 241<br />

fenômeno <strong>de</strong> Raynaud, 128<br />

fi bromialgia, 21, 181, 324, 501,<br />

672, 737, 851<br />

G<br />

gênero, 943<br />

glicocorticoi<strong>de</strong>, 580<br />

granulomatose <strong>de</strong> Wegener, 231,<br />

434<br />

H<br />

hepatite B, 653<br />

hidroterapia, 851<br />

hipertensão arterial, 483<br />

HLA-B27, 749<br />

homocisteína, 128<br />

I<br />

idoso fragilizado, 339<br />

imunossupressores, 297<br />

infl amação, 2<strong>52</strong><br />

inibidor <strong>de</strong> coagulação do lúpus, 361<br />

inibidores <strong>de</strong> ciclo-oxigenase 2,<br />

774<br />

inter-relação, 630<br />

L<br />

laringoestenose, 231<br />

leishmaniose cutânea, 450<br />

leptina, 278<br />

leucopenia, 110<br />

leucotrienos, 30<br />

ligamento amarelo, 442<br />

linfo-histiocitose hemofagocítica,<br />

793<br />

líquido cefalorraquidiano, 442<br />

livedo reticular, 122<br />

lúpus eritematoso sistêmico juvenil,<br />

976<br />

lúpus eritematoso sistêmico, 116,<br />

181, 278, 361, 395, 49, 60, 658,<br />

703, 793, 807, 960, 968<br />

M<br />

manifestações neuropsiquiátricas,<br />

807<br />

medicamentos excepcionais, 208<br />

medição da dor, 220<br />

metotrexato, 450, 837<br />

miosite, 717, 897<br />

mo<strong>de</strong>los animais, 466<br />

N<br />

nefrite lúpica, 703<br />

nefrologia, 379<br />

neoplasias, 717<br />

neurologia, 379<br />

neuropatia ciática, 220<br />

neutropenia, 110, 297<br />

nucleossomos, 703, 976<br />

991


INDEX | ÍNDICE<br />

O<br />

ooforectomia, 466<br />

ortodontia, 907<br />

ortopedia, 786<br />

ossifi cação do ligamento longitudinal<br />

posterior, 442<br />

osteoartrite <strong>de</strong> joelho, 195, 876,<br />

339, 512<br />

osteoartrite do quadril, 339<br />

osteoartrite, 876<br />

osteocondrite, 786<br />

osteocondrose, 786<br />

osteonecrose, 265<br />

osteoporose pós-menopausa, 466<br />

osteoporose, 457, 580, 863, 924<br />

P<br />

pediatria, 786<br />

perda óssea alveolar, 38<br />

perfi l <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, 686<br />

periodontite, 38<br />

pessoas com <strong>de</strong>fi ciência, 339<br />

pneumologia, 379<br />

polimiosite, 642<br />

polimorfi smo genético, 82, <strong>52</strong>3<br />

porfi ria cutânea tarda, 968<br />

porfi rias, 968<br />

pós-menopausa, 863, 924<br />

postura, 413<br />

processos nutricionais, 395<br />

proctocolite, 648<br />

proteção, 370<br />

proteínas Wnt, <strong>52</strong>3<br />

psoríase, 630, 943<br />

Q<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, 21, 501, 737,<br />

824, 851<br />

questionários, 3<strong>52</strong>, 501, 737<br />

R<br />

radiografi a convencional, 761<br />

reabilitação, 876<br />

receptores do fator <strong>de</strong> necrose<br />

tumoral, 110<br />

regeneração, 2<strong>52</strong><br />

relatos <strong>de</strong> casos, 642<br />

reprodutibilida<strong>de</strong> dos testes,<br />

3<strong>52</strong><br />

ressonância magnética, 761<br />

resultado <strong>de</strong> tratamento, 297<br />

reumatologia, 786<br />

revisão, 924<br />

RNA polimerase III, 9<strong>52</strong><br />

rubéola (sarampo alemão),<br />

312<br />

S<br />

serosite, 116<br />

sexualida<strong>de</strong>, 887, 943<br />

síndrome antifosfolipídica, 361,<br />

642<br />

síndrome da encefalopatia posterior<br />

reversível, 807<br />

síndrome <strong>de</strong> ativação macrofágica,<br />

793<br />

síndrome <strong>de</strong> Sjögren, 297<br />

síndrome do túnel carpal, 601<br />

sono, 851<br />

suscetibilida<strong>de</strong> a doenças, 370<br />

switching, 9<br />

T<br />

tabagismo, 686<br />

técnicas, 616<br />

terapêutica, 30, 1<strong>52</strong>, 208, 653<br />

terapia anti-TNF-alfa, 9<br />

terapia biológica, 110<br />

terapia nutricional, 395<br />

tireoidite autoimune, 423<br />

torque teno vírus, 49<br />

toxicida<strong>de</strong> medicamentosa, 837<br />

transplante celular, 122<br />

tratamento, 580<br />

trombocitopenia, 110<br />

U<br />

ultrassonografi a, 561, 761<br />

uveíte anterior, 749<br />

V<br />

valida<strong>de</strong> dos testes, 3<strong>52</strong><br />

vasculite reumatoi<strong>de</strong>, 370<br />

vasculite, 70, 291, 434<br />

vitamina B12, 863<br />

vitamina D, 60<br />

992 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995


INDEX | ÍNDICE<br />

A<br />

Abreu, AV, 783, 786<br />

Abreu, DCC, 507, 512<br />

Acurcio, FA, 912, 924<br />

Adan, LFF, 417, 423<br />

Agmon-Levin, N, 307, 312<br />

Aguiar, FMB, 956, 960<br />

Akagawa, LL, 883, 887<br />

Albuquerque, EA, 375, 379<br />

Altman, A, 307, 312<br />

Alves, AMB, 496, 501<br />

Alves, CRR, 453, 457<br />

Amato, AA, 518, <strong>52</strong>3<br />

Amital, H, 307, 312<br />

Anaja, JM, 307, 312<br />

Andrada, NC, 569, 580<br />

Andra<strong>de</strong>, LEC, 357, 361; 695, 703<br />

Arnez, MAC, 790, 793<br />

Artifon, EL, 214, 220<br />

Assis, MR, 496, 501<br />

Azevedo, MNL, 27, 30; 554, 561;<br />

623, 630; 783, 786; 790, 793<br />

Azevedo, VF, 107, 110; 375, 379<br />

B<br />

Baldow, RX, 227, 231<br />

Barbas, CV, 227, 231<br />

Barbosa, AJA, 858, 863<br />

Barbosa, C, 545, 549<br />

Barbosa, MA, 610, 616<br />

Barbosa, VS, 271, 278<br />

Barra, GB, 518, <strong>52</strong>3<br />

Barros, DH, 651, 653<br />

Barros, TBM, 892, 897<br />

Barzilai, O, 307, 312<br />

Bastiani, D, 189, 195<br />

Bautista, WA, <strong>52</strong>9, 536<br />

Benevi<strong>de</strong>s, AN, 447, 450<br />

Bergamaschi, S, 295, 297<br />

Bernardini, EMT, 27, 30<br />

Bertolini, GRF, 214, 220<br />

Bertolo, MB, 135, 1<strong>52</strong>; 366, 370;<br />

375, 379; 474, 483<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995<br />

AUTHORS INDEX | ÍNDICE POR AUTOR<br />

Bezerra, MC, 569, 580<br />

Bianchi, WA, 375, 379<br />

Bica, BERG, 27, 30; 554, 561;<br />

783, 786; 790, 793<br />

Bizzaro, N, 307, 312<br />

Bockayova, E, 125, 128<br />

Bombardieri, S, 307, 312<br />

Bonfa, E, 384, 395<br />

Bonfi glioli, R, 375, 379<br />

Bortoluzzi, SM, 189, 195<br />

Bortoluzzo, AB, 375, 379<br />

Braga, FSFF, 33, 38; 903, 907<br />

Brandão, CMR, 912, 924<br />

Breda, CA, 319, 324<br />

Brenner, FM, 965, 968<br />

Brenol, CV, 75, 82; 135, 1<strong>52</strong>;<br />

474, 483<br />

Brito, F, 903, 907<br />

Brozoski, MA, 260, 265<br />

Burlamaqui, MPM, 447, 450<br />

Burlingame, RW, 819, 824<br />

C<br />

Campanholo, C, 375, 379<br />

Campos, LMA, 971, 976<br />

Capelli Junior, J, 903, 907<br />

Carneiro-Sampaio, M, 971, 976<br />

Carneiro, S, 375, 379<br />

Carvalho, AV, 858, 863<br />

Carvalho, HMS, 375, 379<br />

Carvalho, JF, 518, <strong>52</strong>3; 569, 580;<br />

819, 824<br />

Carvalho, RT, 903, 907<br />

Carvalho, SM, 236<br />

Castro, AAM, 846, 851<br />

Castro, ARCM, 4, 49<br />

Castro, GRW, 295, 297; 431, 434;<br />

438, 442<br />

Chies, JAB, 75, 82<br />

Ciconelli, RM, 3, 9<br />

Clemente, G, 545, 549<br />

Con<strong>de</strong>, RA, 366, 370<br />

Correia, JMS, 956, 960<br />

Correia, JW, 956, 960<br />

Corrente, JE, 236, 241<br />

Correr, CJ, 203, 208<br />

Costa, AJG, 55, 60<br />

Costa, DM, 956, 960<br />

Costa, IP, 44, 49; 375, 379<br />

Costa, J, 804, 807<br />

Costa, MR, 44, 49<br />

Costa, RA, 666, 672<br />

Costallat, LTL, 366, 370<br />

Cruz, BA, 135, 1<strong>52</strong>; 474, 483<br />

Cruz, VA, 645, 648<br />

Cubi<strong>de</strong>z, MF, 830, 837<br />

Cunha, DM, 214, 220<br />

Cusmanich, KG, 733, 737<br />

D<br />

Da-Silva, SL, 175, 181<br />

Dalben, I, 236, 241<br />

Damoiseaux, J, 307, 312<br />

Danowski, JS, 569, 580<br />

Dantas, AT, 55, 60<br />

Deboni, MCZ, 260, 265<br />

Devalle, S, 44, 49<br />

Dias, JMD, 331, 339<br />

Dias, RC, 331, 339<br />

Domiciano, DS, 569, 580<br />

Doubrawa, E, 651, 653<br />

Duarte, ALBP, 55, 60<br />

Duarte, AP, 375, 379<br />

E<br />

Elmann, D, 742, 749<br />

F<br />

Favarato, MHS, 92, 98<br />

Feitosa, A, 120, 122<br />

Feldman, D, 496, 501<br />

Fernan<strong>de</strong>s, B, 288, 291<br />

Fernan<strong>de</strong>s, D, 767, 774<br />

Fernan<strong>de</strong>s, JL, 757, 761<br />

Fernan<strong>de</strong>s, MR, 610, 616<br />

Fernan<strong>de</strong>s, SRM, 366, 370<br />

Fernan<strong>de</strong>s, TM, 27, 30; 554, 561<br />

Fernan<strong>de</strong>z, DJ, <strong>52</strong>9, 536<br />

Ferreira, E, 120, 122<br />

Fialho, SCMS, 295, 297; 431, 434<br />

Figueiredo, VR, 227, 231; 796, 798<br />

Figueredo, CM, 903, 907<br />

Figueredo, CMS, 33, 38<br />

Filho, PRM, 331, 339<br />

Filippin, LI, 247, 2<strong>52</strong><br />

Fischer, RG, 33, 38<br />

Fontenelle, LMAR, 447, 450<br />

Foss, MH, 16, 21<br />

Fraga, RO, 288, 291<br />

Fragoso, TS, 55, 60<br />

Freire, EAM, 66, 70<br />

Freitas, CZX, 804, 807<br />

Freitas, MVC, 135, 1<strong>52</strong>; 474, 483<br />

Freitas, SZ, 44, 49<br />

Fritsch, S, 949, 9<strong>52</strong>; 965, 968<br />

G<br />

Gadonski, G, 804, 807<br />

Gallinaro, AL, 666, 672; 733, 737;<br />

883, 887<br />

Gilburd, B, 307, 312<br />

Giorgi, RDN, 135, 1<strong>52</strong>; 474, 483<br />

Góes, SM, 319, 324<br />

Gol<strong>de</strong>nstein-Schainberg, C, 92, 98;<br />

733, 737<br />

Gomes, KWP, 447, 450<br />

Gomes, MM, 507, 512<br />

Gonçalves, CR, 375, 379; 733, 737;<br />

883, 887<br />

Gonçalves, H, 569, 580<br />

Gouveia, EB, 742, 749<br />

Grochocki, MC, 203, 208<br />

Gualano, B, 453, 457<br />

Guimarães, F, 453, 457<br />

Gurgel, MG, 66, 70<br />

Guzman, C, 830, 837<br />

H<br />

Hamerschlak, N, 120, 122<br />

993


INDEX | ÍNDICE<br />

Heinzmann, F, 27, 30<br />

Hilário, MOE, 545, 549; 695, 703;<br />

722, 727<br />

Homann, D, 319, 324<br />

I<br />

Imamura, M, 569, 580<br />

Irigoyen, MC, 453, 457<br />

Jacomelli, M, 227, 231; 796, 798<br />

J<br />

Jesus, AA, 971, 976<br />

Junckes, L, 431, 434<br />

Junior, LFR, 55, 60<br />

K<br />

Kakehasi, AM, 858, 863<br />

Keiserman, M, 375, 379<br />

Keusseyan, SP 357, 361; 695, 703<br />

Khajuria, DK, 462, 466<br />

Klack, K, 384, 395<br />

Knaut, LAM, 348; 3<strong>52</strong><br />

Kohem, CL, 375, 379<br />

Kowalski, SC, 733, 737<br />

Kü mpel, C, 846, 851<br />

Kurizky, PS, 938, 943<br />

Kutilek, MDS, 125, 128<br />

L<br />

Lage, LV, 666, 672<br />

Lancha Junior, AH, 453, 457<br />

Laurindo, IMM, 757, 761; 819, 824<br />

Leite, N, 319, 324<br />

Leite, NH, 375, 379<br />

Len, CA, 545, 549; 722, 727<br />

Levy-Neto, M, 639, 642; 892, 897<br />

Lima, DSN, 656, 658<br />

Lima, ES, 656, 658<br />

Lima, FAC, 518, <strong>52</strong>3; 757, 761<br />

Lima, RAC, 135, 1<strong>52</strong>; 474, 483;<br />

518, <strong>52</strong>3<br />

Lima, SAL, 375, 379<br />

Lima, SMAL, 409, 413<br />

Liphaus, BD, 971, 976<br />

Londono, J, <strong>52</strong>9, 536; 830, 837<br />

Louzada-Junior, P, 135, 1<strong>52</strong>; 474,<br />

483<br />

Luz, KR, 3, 9<br />

M<br />

Machado, GPM 912, 924<br />

Machado, RF, 288, 291<br />

Machota Junior, MM, 965, 968<br />

Magalhães, CS, 236, 241<br />

Magalhães, VO, 645, 648<br />

Mahapatra, DR, 462, 466<br />

Maksud, FAM, 858, 863<br />

Malucelli, TO, 651, 653<br />

Mangueira, CLP 971, 976<br />

Marcon<strong>de</strong>s, F, 27, 30<br />

Marina Petrella, 507, 512<br />

Marinello, DK, 107, 110<br />

Marques Neto, JF, 569, 580<br />

Marques, CDL, 55, 60<br />

Marques, MM, 260, 265<br />

Marrone, L, 804, 807<br />

Martins, MRI, 16, 21<br />

Martins, RAG, 554, 561<br />

Me<strong>de</strong>iros, AC, 66, 70<br />

Medina, JF, <strong>52</strong>9, 536<br />

Meireles, A, 214, 220<br />

Meirelles, ES, 375, 379<br />

Melo, JHL, 55, 60<br />

Melo, LF, 175, 181<br />

Ménard, HA, 819, 824<br />

Men<strong>de</strong>s, RT, 767, 774<br />

Mendlovitz, PS, 757, 761<br />

Mendonça, LMC, 569, 580<br />

Menescal, ZLC, 956, 960<br />

Menin, R, 375, 379<br />

Miguel, RCC, 331, 339<br />

Molina, MP, 800, 802<br />

Morales, MSA, 742, 749<br />

Moser, ADL, 348, 3<strong>52</strong><br />

Mota, LMH, 135, 1<strong>52</strong>; 474, 483;<br />

518, <strong>52</strong>3; 757, 761; 819, 824;<br />

938, 943<br />

Moura, MC, 679, 686<br />

Muller, CS, 949, 9<strong>52</strong><br />

Murai, IH, 453, 457<br />

N<br />

Naclério-Homem, MG, 260, 265<br />

Nascimento, CM, 214, 220<br />

Natour, J, 496, 501<br />

Nemec, MDV, 125, 128<br />

Neto, AA, 113, 116<br />

Neto, EFB, 384, 395<br />

Neto, ETR, 3, 9<br />

Netto, RCM, 656, 658<br />

Neves, FS, 295, 297; 431, 434;<br />

438, 442<br />

Neves, TM, 507, 512<br />

Nicastro, H, 453, 457<br />

Nishimura, WE, 366, 370<br />

O<br />

Okuda, EM, 695, 703<br />

Oliveira, AMI, 870, 876<br />

Oliveira, RDR, 507, 512<br />

Orlandi, AC, 666, 672<br />

Otuki, MF, 767, 774<br />

Otuzi, MHI, 883, 887<br />

P<br />

Paiva, ES, 319, 324; 949, 9<strong>52</strong>; 965,<br />

968<br />

Paiva, ES, 651, 653<br />

Paiva, JGE, 956, 960<br />

Papi, JAS, 554, 561<br />

Paranhos, FF, 783, 786<br />

Paula, AP, 569, 580<br />

Peccin, MS, 870, 876<br />

Peracchi, OA, 545, 549<br />

Pereira, IA, 135, 1<strong>52</strong>; 295, 297;<br />

375, 379; 431, 434; 438, 442;<br />

474, 483; 819, 824<br />

Pereira, RMR, 453, 457; 569, 580<br />

Pérez, LCG, 656, 658<br />

Pérez, YG, 656, 658<br />

Pinheiro, GRC, 135, 1<strong>52</strong>; 474, 483<br />

Pinheiro, MM, 3, 9, 375, 379<br />

Piotto, DGG, 545, 549; 722, 727<br />

Pizzol, VID, 651, 653; 949, 9<strong>52</strong><br />

Plapler, PG, 569, 580<br />

Polito, E, 375, 379<br />

Polvero, LO, 16, 21<br />

Pompeu, JE, 409, 413<br />

Pompeu, SMAA, 409, 413<br />

Pontarolli, DRS, 203, 208<br />

Pontarolo, R, 203, 208<br />

Pontes, TC, 66, 70<br />

Porto, EF, 846, 851<br />

Pott Júnior, H, 113, 116<br />

Provenza, JR, 113, 116<br />

Q<br />

Quiroga, JA, <strong>52</strong>9, 536<br />

R<br />

Rabelo, FS, 518, <strong>52</strong>3<br />

Radominski, S, 569, 580<br />

Ram, M, 307, 312<br />

Ramona, P, 453, 457<br />

Ramos, GC, 610, 616<br />

Ranza, R, 92, 98<br />

Razdan, R, 462, 466<br />

Rego, J, 271, 278; 645, 648<br />

Reis, JG, 507, 512<br />

Resen<strong>de</strong>, GG, 375, 379<br />

Restrepo, JP, 800, 802<br />

Rezen<strong>de</strong>-Fronza, LS, 135, 1<strong>52</strong>;<br />

474, 483<br />

Ribeiro, CN, 645, 648<br />

Ribeiro, SLE, 375, 379<br />

Ribeiro, TMS, 331, 339<br />

Ricca, RAM, 651, 653<br />

Ritzel, CH, 189, 195<br />

Robazzi, TCMV, 417, 423<br />

Rocha, CE, 16, 21<br />

Rocha, FAC, 375, 379<br />

Rodrigues, AJ, 227, 231; 796, 798<br />

Rodrigues, CEM, 375, 379<br />

Romano, RSL, 409, 413<br />

Romero-Sanchez, MC, <strong>52</strong>9, 536<br />

Rosa, DJF, 288, 291<br />

Rosseto, EA, 971, 976<br />

Rufi no, GP, 66, 70<br />

Ruiz, DG, 623, 630; 783, 786<br />

S<br />

Salles, EF, 27, 30<br />

Salles, EF, 554, 561<br />

Sampaio-Barros, PD, 375, 379;<br />

883, 887<br />

Santiago, MB, 375, 379<br />

Santos Junior, R, 16, 21<br />

Santos Neto, LL, 757, 761, 819,<br />

824<br />

Santos, AM, <strong>52</strong>9, 536; 830, 837<br />

Santos, FA, 767, 774<br />

Santos, FD, 107, 110<br />

Santos, OLR, 623, 630<br />

Santos, PI, 830, 837<br />

Sato, EI, 357, 361<br />

Sauma, MFLC, 375, 379<br />

Scha<strong>de</strong>, L, 965, 968<br />

Scharan, KO, 348, 3<strong>52</strong><br />

Scheinberg, MA, 120, 122; 971,<br />

976<br />

Scordamaglio, PR, 796, 798<br />

Scotton, AS, 288, 291<br />

Shamis, A, 307, 312<br />

Shiguematsu, FY, 438, 442<br />

Shinjo, SK, 639, 642; 713, 717;<br />

892, 897<br />

Shoenfeld, Y, 307, 312<br />

Silva, CAA, 971, 976<br />

Silva, FB, 33, 38<br />

Silva, GBG, 107, 110<br />

Silva, JAB, 375, 379<br />

Silva, KMOM, 846, 851<br />

Silva, KNG, 870, 876<br />

Silva, MBG, 107, 110; 594, 601;<br />

679, 686<br />

Silva, NA, 135, 1<strong>52</strong>; 271, 278; 474,<br />

483; 645, 648<br />

Silva, NP 357, 361; 695, 703<br />

Silva, SLA, 331, 339<br />

Silva, TLO, 33, 38<br />

Skare, TL, 375, 379; 594, 601;<br />

679, 686<br />

Soares, MRMP, 3, 9<br />

Sordi, R, 767, 774<br />

994 Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995


INDEX | ÍNDICE<br />

Sousa, ALL, 610, 616<br />

Souza, AA, 33, 38<br />

Souza, AWS, 357, 361<br />

Souza, ECC, 438, 442<br />

Souza, FHC, 639, 642; 713, 717;<br />

892, 897<br />

Souza, LAL, 733, 737<br />

Souza, VA, 288, 291<br />

Stahelin, L, 431, 434<br />

Stanczyk, CP, 767, 774<br />

Staub, HL, 804, 807<br />

Stefanello, JMF, 319, 324<br />

Stojanovich, L, 307, 312<br />

Streck, AS, 804, 807<br />

Szejnfeld, VL, 569, 580<br />

Sztajnbok, FR, 33, 38; 903, 907<br />

Rev Bras Reumatol 2012;<strong>52</strong>(6):982-995<br />

Szyper-Kravitz, M, 307, 312<br />

T<br />

Takayama, L, 453, 457<br />

Teixeira, LEPP, 870, 876<br />

Teixeira, MAB, 113, 116<br />

Teixeira, VON, 247, 2<strong>52</strong><br />

Terreri, MTA, 545, 549; 569, 580;<br />

695, 703; , 722, 727<br />

Tervaert, JWC, 307, 312<br />

Torres, VG, <strong>52</strong>9, 536<br />

Tourinho, T, 569, 580<br />

Traina, AA, 260, 265<br />

Trevisani, VFM, 870, 876<br />

Tucano, SJP, 846, 851<br />

V<br />

Valim, V, 375, 379<br />

Valle-Oñate, R, <strong>52</strong>9, 536; 830, 837<br />

Vaz, MA, 189, 195<br />

Veit, TD, 75, 82<br />

Venson, R, 203, 208<br />

Ventura, C, 666, 672<br />

Viana, SL, 757, 761<br />

Vieira, FJF, 447, 450<br />

Vieira, MAP, 447, 450<br />

Vieira, WP, 375, 379<br />

Villela, NR, 554, 561<br />

W<br />

Weingrill, P, 569, 580<br />

Wiens, A, 203, 208<br />

Wojcik, ASL, 965, 968<br />

X<br />

Xavier, RM, 75, 82, 247, 2<strong>52</strong><br />

Ximenes, AC, 375, 379<br />

Y<br />

Yamaguchi, L, 645, 648<br />

Z<br />

Zakszewski, PTS, 679, 686<br />

Zerbini, C, 569, 580<br />

Zimmermann, AF, 295, 297; 438, 442<br />

Zotz, TG, 348, 3<strong>52</strong><br />

995

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