Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...
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<strong>Guia</strong> <strong>prático</strong> <strong>da</strong> APLV media<strong>da</strong> pela IgE - ASBAI & SBAN<br />
hipersensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> imediata (in vivo) sejam realiza<strong>do</strong>s 60 . É<br />
importante ressaltar que a ausência <strong>de</strong> IgE específica po<strong>de</strong><br />
ocasionalmente ocorrer em reações media<strong>da</strong>s por IgE, sen<strong>do</strong><br />
recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> o TPO para confirmação diagnóstica em casos<br />
<strong>de</strong> história muito sugestiva2,60 .<br />
Atualmente, é possível mensurar também a IgE específica<br />
a diferentes frações proteicas <strong>do</strong> leite (componentes ou CRD<br />
– component resolved diagnosis), <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se a caseína,<br />
alfa-lactoalbumina, beta-lactoglobulina e sero-albumina<br />
bovina. A sensibilização a um componente traz informações<br />
adicionais: IgE para caseína em altos níveis associa-se a maior<br />
persistência <strong>do</strong> quadro clínico enquanto que as proteínas <strong>do</strong><br />
soro (alfa-lactoalbumina e beta-lactoglobulina) estão mais<br />
relaciona<strong>da</strong>s a história clínica mais efêmera e com sintomas<br />
mais leves. A seroalbumina bovina está presente em alérgicos<br />
a leite que reagem também à carne bovina36 .<br />
In vivo<br />
O teste cutâneo <strong>de</strong> hipersensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> imediata (ou teste<br />
<strong>de</strong> puntura) é bastante <strong>prático</strong> para a pesquisa <strong>de</strong> sensibilização<br />
alérgica no consultório, por profissional capacita<strong>do</strong>.<br />
Não há restrição <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> para a realização <strong>do</strong> teste61 , mas<br />
admite-se que crianças menores <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>m apresentar diâmetros <strong>de</strong> pápulas menores quan<strong>do</strong><br />
compara<strong>da</strong>s a crianças maiores e adultos. Embora seguros,<br />
os testes cutâneos <strong>de</strong>vem ser atributos <strong>do</strong> especialista, pois<br />
eventualmente po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar reações sistêmicas62 .<br />
A utilização <strong>do</strong> LV in natura parece conferir maior sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
ao teste (96,4%) quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> aos extratos<br />
comerciais, com alto valor preditivo negativo (98%), enquanto<br />
a caseína se mostra o componente proteico com maior<br />
especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> (96%) e valor preditivo positivo (95%) 63 .<br />
Quanto maior o diâmetro <strong>da</strong> pápula forma<strong>da</strong>, maior é a<br />
probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o indivíduo apresentar sintomas quan<strong>do</strong><br />
exposto ao alérgeno.<br />
O teste <strong>de</strong> contato <strong>de</strong> leitura tardia (patch teste) para<br />
alimentos não está recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> para <strong>diagnóstico</strong> <strong>de</strong> APLV<br />
media<strong>da</strong> por IgE por evidências científicas insuficientes, por<br />
avaliar outros tipos <strong>de</strong> mecanismo (alergias media<strong>da</strong>s por<br />
linfócitos T) e, principalmente, pela falta <strong>de</strong> padronização na<br />
interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s2,64 .<br />
Testes intradérmicos não <strong>de</strong>vem ser realiza<strong>do</strong>s por apresentarem<br />
maior associação com reações sistêmicas2,64 .<br />
In vitro<br />
A <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> IgE específica in vitro é muito útil,<br />
especialmente quan<strong>do</strong> o teste cutâneo está contraindica<strong>do</strong>,<br />
nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>rmografismo, comprometimento extenso<br />
<strong>da</strong> pele (ex: <strong>de</strong>rmatite atópica) e/ou uso contínuo <strong>de</strong> antihistamínicos.<br />
Entre os componentes proteicos <strong>do</strong> leite, a caseína é<br />
a fração mais associa<strong>da</strong> a manifestações clínicas e parece<br />
funcionar como um marca<strong>do</strong>r para distinguir pacientes que<br />
toleram ou não o leite processa<strong>do</strong>65 .<br />
Valores séricos <strong>de</strong> IgE específica a partir <strong>do</strong>s quais po<strong>de</strong>ria<br />
se predizer maior chance <strong>de</strong> reações clínicas (e minimizar a<br />
Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012 211<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> TPO) foram obti<strong>do</strong>s em diferentes estu<strong>do</strong>s<br />
populacionais. No entanto, os valores obti<strong>do</strong>s são variáveis<br />
e diretamente relaciona<strong>do</strong>s à população estu<strong>da</strong><strong>da</strong> e não<br />
po<strong>de</strong>m ser aplica<strong>do</strong>s em nossos pacientes brasileiros2 . Além<br />
disto, valores obti<strong>do</strong>s pelo méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> (ImmunoCAP ® )<br />
não são transponíveis para resulta<strong>do</strong>s em outros méto<strong>do</strong>s<br />
in vitro66 .<br />
A avaliação isola<strong>da</strong> pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> microarray (ImmunoCAP-ISAC<br />
® ) não apresenta vantagens na eluci<strong>da</strong>ção<br />
diagnóstica <strong>da</strong> ALV, uma vez que o teste está indica<strong>do</strong> para<br />
alergias múltiplas em pacientes polissensibiliza<strong>do</strong>s67 .<br />
Outros<br />
A <strong>do</strong>sagem <strong>de</strong> IgG específica e suas subclasses não oferece<br />
qualquer contribuição no <strong>diagnóstico</strong> e portanto sua prática<br />
não é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>64 .<br />
Embora os testes <strong>de</strong> ativação <strong>de</strong> basófilos tenham revela<strong>do</strong><br />
alguma função na diferenciação <strong>do</strong>s diferentes fenótipos<br />
clínicos, não são recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>s para a prática clínica59,64 .<br />
7. Teste <strong>de</strong> provocação oral<br />
O teste <strong>de</strong> provocação oral (TPO) é o méto<strong>do</strong> mais confiável<br />
para estabelecer ou excluir o <strong>diagnóstico</strong> <strong>de</strong> alergia alimentar<br />
ou para verificar a aquisição <strong>de</strong> tolerância ao alimento68 .<br />
Durante o TPO o indivíduo <strong>de</strong>ve ingerir o alimento envolvi<strong>do</strong>,<br />
em <strong>do</strong>ses crescentes, sob observação médica, para que se<br />
possa verificar a ocorrência ou não <strong>de</strong> reações adversas,<br />
<strong>do</strong>cumentar a natureza <strong>do</strong>s sinais e sintomas observa<strong>do</strong>s e<br />
a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alimento necessária para <strong>de</strong>flagrá-los64,69 .<br />
Apesar <strong>do</strong> risco <strong>de</strong> reações graves, o TPO po<strong>de</strong> trazer benefícios<br />
ao paciente e seus familiares, por eluci<strong>da</strong>r o que<br />
realmente irá ocorrer após a ingestão <strong>do</strong> alimento, além <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>finir a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> real <strong>da</strong> restrição dietética70 .<br />
O TPO po<strong>de</strong> ser realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> três formas: aberto, quan<strong>do</strong><br />
o alimento é ofereci<strong>do</strong> em sua forma natural, com o conhecimento<br />
<strong>do</strong> paciente, familiares e médico; simples cego,<br />
quan<strong>do</strong> o alimento é mascara<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma que apenas o<br />
médico saiba o alimento está sen<strong>do</strong> administra<strong>do</strong>; duplo cego<br />
placebo controla<strong>do</strong> (DCPC), no qual alimento a ser testa<strong>do</strong><br />
e placebo são prepara<strong>do</strong>s e codifica<strong>do</strong>s por uma terceira<br />
pessoa não envolvi<strong>da</strong> na avaliação <strong>do</strong> paciente, reduzin<strong>do</strong> a<br />
influência <strong>do</strong> paciente e observa<strong>do</strong>r70,71 .<br />
O TPO aberto é a primeira opção quan<strong>do</strong> um resulta<strong>do</strong><br />
negativo é espera<strong>do</strong>64 ou quan<strong>do</strong> crianças menores <strong>de</strong> três<br />
anos são avalia<strong>da</strong>s, já que nestes casos apenas sintomas<br />
objetivos são espera<strong>do</strong>s72 . O teste DCPC é o mais indica<strong>do</strong><br />
para protocolos científicos e quan<strong>do</strong> sintomas subjetivos<br />
estejam envolvi<strong>do</strong>s72 . Porém, na prática clínica diária sua<br />
utilização é limita<strong>da</strong> por ser mais oneroso e <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>73 . O<br />
TPO simples cego po<strong>de</strong> ser feito com ou sem placebo, na<br />
<strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> protocolo a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>70 . De qualquer forma, os<br />
critérios para o mascaramento são os mesmos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para<br />
o teste DCPC, ou seja, a preparação <strong>de</strong>ve mascarar o sabor,<br />
o<strong>do</strong>r, aparência e consistência <strong>do</strong> alimento a ser testa<strong>do</strong> e,<br />
se houver placebo, o mesmo <strong>de</strong>ve ser indistinguível <strong>do</strong> alimento<br />
testa<strong>do</strong>. Como o TPO simples cego possui as mesmas