Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...
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<strong>Guia</strong> <strong>prático</strong> <strong>da</strong> APLV media<strong>da</strong> pela IgE - ASBAI & SBAN<br />
benefícios em se retar<strong>da</strong>r a introdução <strong>de</strong> alimentos ditos<br />
potencialmente alergênicos, como ovo e peixe, mesmo em<br />
lactentes <strong>de</strong> risco145 .<br />
Nutrientes específicos<br />
A dieta oci<strong>de</strong>ntal típica tem uma proporção relativamente<br />
alta <strong>de</strong> áci<strong>do</strong>s graxos ômega 6 em relação aos ômega 3<br />
o que parece estar relaciona<strong>do</strong> ao aumento <strong>de</strong> algumas<br />
<strong>do</strong>enças, incluin<strong>do</strong> as alérgicas. Em ensaio clínico duplocego<br />
e randômico com 145 gestantes e seus bebês que<br />
receberam diariamente suplementação com áci<strong>do</strong> eicosapentaenoico<br />
(1,6 g) e <strong>do</strong>cosaexaenoico (1,1 g) ou placebo,<br />
<strong>da</strong> vigésima quinta semana <strong>de</strong> gestação até quatro meses<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> pós-natal, estan<strong>do</strong> os lactentes em aleitamento<br />
materno, os autores observaram que as crianças <strong>do</strong> grupo<br />
suplementa<strong>do</strong> tiveram menor prevalência <strong>de</strong> sensibilização<br />
a alérgenos alimentares durante o primeiro ano <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>149 .<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> coorte (n = 4.089) mostrou que o consumo regular<br />
<strong>de</strong> peixes fonte <strong>de</strong> ômega-3 durante o primeiro ano<br />
<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> associou-se com menor risco <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as <strong>do</strong>enças<br />
alérgicas aos quatro anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>150 .<br />
A redução no consumo <strong>de</strong> nutrientes antioxi<strong>da</strong>ntes<br />
(vitamina A, E, C e selênio) relaciona-se a <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>da</strong><br />
resposta imunológica, inflamatória e <strong>do</strong> estresse oxi<strong>da</strong>tivo e<br />
parece associar-se com maior risco para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> alergias alimentares151,152 .<br />
A vitamina D apresenta papéis importantes relaciona<strong>do</strong>s<br />
ao sistema imunológico, como função tolerogênica <strong>da</strong>s<br />
células <strong>de</strong>ndríticas, diferenciação <strong>de</strong> linfócitos e manutenção<br />
<strong>da</strong> integri<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> mucosa intestinal153,154 . Estu<strong>do</strong>s<br />
epi<strong>de</strong>miológicos sugerem que concentrações extremas <strong>de</strong><br />
vitamina D, tanto para <strong>de</strong>ficiência como para o excesso,<br />
associam-se com maior risco para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
sensibilização a alimentos. Estu<strong>do</strong> recente mostra que<br />
valores <strong>de</strong> vitamina D em cordão umbilical (< 11 ng/mL)<br />
aumentam o risco <strong>de</strong> sensibilização a alérgenos alimentares<br />
somente nas crianças que são porta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> polimorfismo genético que altera a produção<br />
<strong>da</strong> interleucina-4 (IL-4) 155 .<br />
Exposição ao tabaco<br />
Evidências recentes sugerem que crianças que sofrem<br />
com exposição pré e pós-natal ao tabaco têm maior risco<br />
para sensibilização a alérgenos alimentares nos primeiros<br />
três anos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>156 .<br />
Prematuri<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Recém-nasci<strong>do</strong>s prematuros possuem trato gastrintestinal<br />
imaturo com redução <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> digestiva, absortiva<br />
e maior permeabili<strong>da</strong><strong>de</strong> para macromoléculas157 . Estu<strong>do</strong><br />
Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012 223<br />
<strong>de</strong> coorte (n = 13.000) não encontrou associação entre<br />
prematuri<strong>da</strong><strong>de</strong> e elevação no risco <strong>de</strong> alergia alimentar<br />
na infância158 .<br />
Papel <strong>da</strong> microbiota intestinal<br />
A formação <strong>da</strong> microbiota intestinal acontece <strong>de</strong> forma<br />
pre<strong>do</strong>minante até os <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e sofre influencia<br />
<strong>de</strong> fatores ambientais159 . O parto cesáreo associa-se a<br />
maior risco <strong>de</strong> APLV nos <strong>do</strong>is primeiros <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>160 , o uso<br />
indiscrimina<strong>do</strong> <strong>de</strong> antibióticos em crianças jovens aumenta<br />
o risco <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças atópicas em geral161 e a exposição a<br />
animais <strong>de</strong> estimação po<strong>de</strong> reduzir o risco <strong>de</strong> sensibilização<br />
a alérgenos alimentares e ambientais até os cinco anos<br />
<strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>162 .<br />
Ensaios clínicos com lactentes, utilizan<strong>do</strong> prebióticos,<br />
probióticos e simbióticos na forma medicamentosa ou em<br />
fórmulas infantis, têm si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s com o objetivo <strong>de</strong><br />
verificar se a modificação <strong>da</strong> microbiota intestinal (efeito<br />
bifi<strong>do</strong>gênico) em fases precoces po<strong>de</strong>ria reduzir o risco <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>enças alérgicas em longo prazo. Os autores confirmaram<br />
que a intervenção modifica a microbiota intestinal, entretanto,<br />
os benefícios na redução <strong>do</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> alergias alimentares ain<strong>da</strong> não foi comprova<strong>da</strong>163-165 .<br />
Medicamentos antiáci<strong>do</strong>s<br />
O uso <strong>de</strong> antiáci<strong>do</strong>s eleva o pH gástrico e interfere na<br />
função digestiva <strong>do</strong> estômago166 . Estu<strong>do</strong>s com animais <strong>de</strong><br />
experimentação sugerem que o uso <strong>de</strong> antiáci<strong>do</strong>s aumenta<br />
o risco para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> alergia alimentar167 . A<br />
utilização <strong>de</strong> antiáci<strong>do</strong>s em adultos aumentou em 10 vezes<br />
o risco <strong>de</strong> sensibilização para alérgenos alimentares167 .<br />
Consi<strong>de</strong>rações finais<br />
Os mecanismos relaciona<strong>do</strong>s à prevenção e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças alérgicas são multifatoriais. São<br />
estratégias com algum impacto na prevenção <strong>de</strong> alergia<br />
alimentar: o estímulo ao parto normal; contraindicar o<br />
tabagismo; estimular o aleitamento materno; orientar<br />
uma alimentação complementar varia<strong>da</strong>, equilibra<strong>da</strong> e<br />
saudável, a partir <strong>do</strong> sexto mês (evitar a introdução precoce,<br />
antes <strong>do</strong> quatro meses, ou tardia, a partir <strong>do</strong>s sete<br />
meses <strong>de</strong> novos alimentos); incentivar o consumo regular<br />
<strong>de</strong> alimentos fonte <strong>de</strong> ômega 3 e <strong>de</strong> frutas, verduras e<br />
legumes em to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong><strong>de</strong>s e evitar o uso indiscrimina<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> antibióticos e <strong>de</strong> antiáci<strong>do</strong>s.