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Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...

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222 Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012<br />

incorporação <strong>de</strong> produtos com LPAT na dieta <strong>de</strong> pacientes<br />

tolerantes a esta preparação induziu o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> tolerância a leite não processa<strong>do</strong>84 . Estes resulta<strong>do</strong>s,<br />

embora interessantes, ain<strong>da</strong> necessitam confirmação por<br />

estu<strong>do</strong>s com <strong>de</strong>lineamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>-se no momento<br />

manter as orientações já estabeleci<strong>da</strong>s.<br />

A prática <strong>da</strong> restrição completa baseia-se na idéia <strong>de</strong><br />

que a ausência <strong>de</strong> exposição aju<strong>da</strong>ria a acelerar o aparecimento<br />

<strong>de</strong> tolerância natural espontânea (talvez por <strong>de</strong>leção<br />

<strong>de</strong> memória imunológica) e, além disso, pesa o fato <strong>da</strong>s<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s necessárias para induzir reação e a gravi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>s reações alérgicas serem imprevisíveis. De fato estamos<br />

diante <strong>de</strong> um novo paradigma que ain<strong>da</strong> necessita maior<br />

número <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s para se tornar indicação preferencial<br />

no <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> APLV.<br />

Terapias alérgenos não-específicas<br />

Anti-IgE<br />

O uso <strong>de</strong> anti-IgE tem si<strong>do</strong> proposto para reduzir a<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> IgE total e específica livre, assim como<br />

reduzir a expressão <strong>de</strong> receptores <strong>de</strong> alta afini<strong>da</strong><strong>de</strong> (FcεRI<br />

– em mastócitos e basófilos) e <strong>de</strong> baixa afini<strong>da</strong><strong>de</strong> (FcεRII<br />

– em linfócitos B, células <strong>de</strong>ndríticas e células epiteliais<br />

intestinais). Estu<strong>do</strong>s iniciais foram realiza<strong>do</strong>s com pacientes<br />

alérgicos ao amen<strong>do</strong>im e mostraram maior tolerância<br />

<strong>às</strong> <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> provocação em aproxima<strong>da</strong>mente 75% <strong>do</strong>s<br />

casos134 . Apenas um estu<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> a combinação <strong>de</strong><br />

anti-IgE (nove semanas iniciais) e imunoterapia oral rápi<strong>da</strong><br />

para LV (7-11 semanas) foi publica<strong>do</strong> até o momento,<br />

incluin<strong>do</strong> 11 crianças (média <strong>de</strong> 8 anos), com resposta<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> em 9 pacientes que passaram a tolerar 240 mL/<br />

dia <strong>de</strong> leite135 . A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir as reações graves<br />

nesses pacientes seria uma alternativa que po<strong>de</strong> vir a ser<br />

útil, assim como sua utilização em pacientes com múltiplas<br />

alergias a alimentos123 .<br />

Ervas chinesas<br />

Já foram utiliza<strong>da</strong>s em asma e em mo<strong>de</strong>los experimentais<br />

para anafilaxia ao amen<strong>do</strong>im. As ervas chinesas<br />

po<strong>de</strong>m promover a redução na <strong>de</strong>granulação <strong>de</strong> mastócitos<br />

e consequentemente redução <strong>da</strong> liberação <strong>de</strong> histamina, o<br />

que favoreceria a tolerância ao alimento ingeri<strong>do</strong>. O uso<br />

<strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> ervas chinesas para alergia alimentar<br />

(Food allergy Herbal Formula – FAHF-2) em adultos com<br />

anafilaxia ao amen<strong>do</strong>im mostrou ser seguro e bem tolera<strong>do</strong>136<br />

. Estão em curso estu<strong>do</strong>s fase II para avaliar segurança<br />

e eficácia <strong>da</strong>s ervas chinesas para alérgicos a outras<br />

castanhas, peixes e crustáceos e ain<strong>da</strong> não temos estu<strong>do</strong>s<br />

sobre a ação <strong>da</strong>s ervas chinesas em APLV. A habili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em induzir tolerância a múltiplos alérgenos alimentares<br />

com o uso <strong>da</strong>s ervas chinesas po<strong>de</strong>rá ser uma vantagem<br />

neste tipo <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong>, já que no uso <strong>de</strong> imunoterapia<br />

oral, ca<strong>da</strong> alimento <strong>de</strong>ve ser trata<strong>do</strong> separa<strong>da</strong>mente e por<br />

muitos anos segui<strong>do</strong>s123,137 .<br />

O número crescente <strong>de</strong> publicações <strong>de</strong>monstra a real<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma terapêutica pró-ativa na APLV. Segu-<br />

<strong>Guia</strong> <strong>prático</strong> <strong>da</strong> APLV media<strong>da</strong> pela IgE - ASBAI & SBAN<br />

ramente nos próximos anos uma ou mais <strong>de</strong>stas técnicas<br />

serão bem sucedi<strong>da</strong>s pelo menos na redução <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>s alergias alimentares, em especial na APLV. Estu<strong>do</strong>s<br />

futuros ain<strong>da</strong> são necessários, para aperfeiçoar tais formas<br />

<strong>de</strong> terapia e indicá-las como principal forma <strong>de</strong> estabelecimento<br />

dura<strong>do</strong>uro <strong>de</strong> tolerância clínica.<br />

12. Prevenção<br />

A prevalência <strong>de</strong> alergias alimentares está entre 2% a 10%<br />

na população em geral, varian<strong>do</strong> conforme i<strong>da</strong><strong>de</strong>, localização<br />

geográfica, etnia e fatores genéticos35,138 . Em crianças com<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> inferior a um ano 80% <strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> alergia alimentar<br />

relacionam-se ao LV35 .<br />

As <strong>do</strong>enças alérgicas são <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s por fatores<br />

genéticos e ambientais. Crianças que possuem ao menos<br />

um parente <strong>de</strong> primeiro grau com história <strong>do</strong>cumenta<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

asma, rinoconjuntivite alérgica, <strong>de</strong>rmatite atópica e/ou alergia<br />

alimentar são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> risco. Se ambos os pais<br />

apresentam história positiva há chance, entre 50% a 80%,<br />

<strong>da</strong> criança <strong>de</strong>senvolver alguma <strong>do</strong>ença alérgica ao longo <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>35,138 . Os estu<strong>do</strong>s abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a prevenção <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças<br />

alérgicas na sua maioria são realiza<strong>do</strong>s com crianças que<br />

apresentam risco familiar positivo.<br />

Nas últimas déca<strong>da</strong>s tem si<strong>do</strong> constata<strong>do</strong> aumento expressivo<br />

<strong>da</strong> prevalência <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças alérgicas, incluin<strong>do</strong> as alergias<br />

alimentares, sen<strong>do</strong> este fato atribuí<strong>do</strong> a mu<strong>da</strong>nças no estilo<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e nos hábitos alimentares138,139 . Atualmente, fatores<br />

epigenéticos também merecem <strong>de</strong>staque. Os mecanismos<br />

epigenéticos po<strong>de</strong>m modificar a expressão gênica por três<br />

processos: metilação <strong>do</strong> DNA, modificação <strong>de</strong> histonas ou<br />

por ação <strong>do</strong>s micro-RNAs140 .<br />

Entre os fatores ambientais mais abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s em estu<strong>do</strong>s<br />

na literatura e que exercem influência no risco para <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> alergias alimentares po<strong>de</strong>-se citar:<br />

Exposição a alérgenos alimentares<br />

O aleitamento materno exclusivo até seis meses relaciona-se<br />

a menor risco para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> alergias<br />

alimentares141,142 . A restrição no consumo <strong>de</strong> alimentos<br />

potencialmente alergênicos durante a gestação e lactação,<br />

tais como, leite, ovo, amen<strong>do</strong>im, castanhas e peixe não<br />

<strong>de</strong>ve ser indica<strong>da</strong> com o objetivo <strong>de</strong> prevenir alergias alimentares143<br />

.<br />

Não há recomen<strong>da</strong>ção específica para uso <strong>de</strong> fórmulas<br />

parcialmente ou extensamente hidrolisa<strong>da</strong>s visan<strong>do</strong> a redução<br />

<strong>do</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> APLV em crianças<br />

não amamenta<strong>da</strong>s ao seio144,145 . O uso <strong>de</strong>ssas fórmulas,<br />

até os quatro meses <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, em lactentes com história<br />

familiar positiva para <strong>do</strong>enças alérgicas mostrou redução<br />

no risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>rmatite atópica, em<br />

longo prazo146 .<br />

A introdução <strong>da</strong> alimentação complementar <strong>de</strong>ve acontecer<br />

a partir <strong>do</strong> sexto mês <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, preferencialmente, na<br />

vigência <strong>do</strong> aleitamento materno. A introdução precoce<br />

(antes <strong>do</strong> quarto mês) ou tardia (após o sétimo mês) po<strong>de</strong><br />

aumentar o risco para alergias alimentares145,147,148 . Não há

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