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Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...

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<strong>Guia</strong> <strong>prático</strong> <strong>da</strong> APLV media<strong>da</strong> pela IgE - ASBAI & SBAN<br />

A escolha <strong>do</strong>s pacientes a serem submeti<strong>do</strong>s a esses<br />

novos tipos <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> <strong>de</strong>ve ser criteriosa e sempre rea-<br />

liza<strong>da</strong> em ambiente seguro, por pessoal treina<strong>do</strong> no manejo<br />

<strong>de</strong> reações anafiláticas e com experiência no manuseio <strong>de</strong><br />

situações potencialmente fatais.<br />

Imunoterapia alérgeno específica – leite <strong>de</strong> vaca<br />

A imunoterapia específica para alergia alimentar consiste<br />

na administração <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s muito pequenas <strong>de</strong> alérgeno,<br />

por via oral, sublingual ou epicutânea, <strong>de</strong> forma controla<strong>da</strong>.<br />

Esta nova abor<strong>da</strong>gem tem si<strong>do</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong> em ensaios clínicos<br />

ran<strong>do</strong>miza<strong>do</strong>s e tem <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> efeito imunomodulatório<br />

(geralmente, redução na reativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mastócitos e <strong>do</strong>s níveis<br />

<strong>de</strong> IgE alérgeno-específicos, acompanha<strong>do</strong>s por aumento nos<br />

níveis <strong>de</strong> IgG4 alérgeno-específico), bem como <strong>de</strong> <strong>de</strong>ssensibilização,<br />

um esta<strong>do</strong> on<strong>de</strong> a exposição diária ao alérgeno<br />

alimentar eleva a <strong>do</strong>se capaz <strong>de</strong> induzir reação127-129 . Este é<br />

um gran<strong>de</strong> avanço no <strong>tratamento</strong> <strong>de</strong> alergias alimentares, pois<br />

a <strong>de</strong>ssensibilização diminui a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reações fatais<br />

em exposições aci<strong>de</strong>ntais, porém é importante ressaltar que,<br />

até o momento, este é um efeito transitório e que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

inteiramente <strong>da</strong> exposição diária ao alérgeno.<br />

Imunoterapia oral<br />

Estu<strong>do</strong>s sugerem que a maioria <strong>do</strong>s pacientes com<br />

alergia alimentar trata<strong>do</strong>s com imunoterapia oral po<strong>de</strong>m<br />

ser <strong>de</strong>ssensibiliza<strong>do</strong>s, embora não tenha si<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong><br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tolerância (esta<strong>do</strong> permanente e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> exposição). Além disso, as reações adversas<br />

durante o <strong>tratamento</strong> são comuns; mais <strong>de</strong> 25% <strong>da</strong>s <strong>do</strong>ses<br />

po<strong>de</strong>m estar associa<strong>da</strong>s a sintomas adversos, na maioria<br />

leves125 . Os estu<strong>do</strong>s têm aponta<strong>do</strong> padrões distintos <strong>de</strong><br />

resposta à imunoterapia oral. Cerca <strong>de</strong> 10% a 20% <strong>do</strong>s<br />

pacientes interrompem o <strong>tratamento</strong> na fase inicial <strong>do</strong><br />

rush/escala<strong>da</strong> (por falha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ssensibilização) <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />

reações adversas; 10% a 20% atingem parcialmente o total<br />

planeja<strong>do</strong> para a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> manutenção (<strong>de</strong>ssensibilização<br />

parcial). No geral, aproxima<strong>da</strong>mente 50% a 75% alcançam<br />

e toleram a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> manutenção125 . O número crescente<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s controla<strong>do</strong>s tem mostra<strong>do</strong> a imunoterapia oral<br />

como abor<strong>da</strong>gem promissora especialmente em pacientes<br />

com alergia alimentar grave e persistente, e que efeitos<br />

colaterais, embora frequentes, parecem ser controláveis.<br />

To<strong>da</strong>via, enfatiza-se que os protocolos <strong>de</strong> imunoterapia<br />

oral <strong>de</strong>vem ser necessariamente conduzi<strong>do</strong>s em ambiente<br />

altamente supervisiona<strong>do</strong> e que, apesar <strong>do</strong>s bons resulta<strong>do</strong>s<br />

<strong>da</strong>s pesquisas, ain<strong>da</strong> são necessários estu<strong>do</strong>s adicionais<br />

para <strong>de</strong>terminar a <strong>do</strong>se <strong>de</strong> manutenção i<strong>de</strong>al, duração<br />

<strong>do</strong> <strong>tratamento</strong>, grau <strong>de</strong> proteção, eficácia em diferentes<br />

faixas etárias e gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> clínica, além <strong>da</strong> resposta em<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> alergias alimentares. Antes que se<br />

obtenham respostas a estas questões não se recomen<strong>da</strong><br />

a imunoterapia oral como primeira opção terapêutica no<br />

contexto <strong>da</strong> prática clínica.<br />

Imunoterapia sublingual<br />

Existem poucos ensaios clínicos com imunoterapia sublingual<br />

para alergia alimentar, os quais se assemelham ao<br />

Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012 221<br />

tipo <strong>de</strong> progressão e manutenção <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses <strong>da</strong> imunoterapia<br />

oral, ten<strong>do</strong> como diferença importante a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito<br />

menor <strong>de</strong> alimento coloca<strong>do</strong> na via sublingual. Enquanto<br />

as <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> manutenção em imunoterapia oral chegam a<br />

gramas <strong>de</strong> proteína por dia, <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> manutenção pela via<br />

sublingual chegam a 2-4 miligramas por dia. Estu<strong>do</strong> avaliou<br />

o uso <strong>da</strong> imunoterapia sublingual em pacientes alérgicos<br />

ao LV e mostrou aumento <strong>da</strong> <strong>do</strong>se tolera<strong>da</strong>, porém o nível<br />

<strong>de</strong> evidência <strong>de</strong>ste trabalho foi limita<strong>do</strong> pela falta <strong>de</strong> um<br />

grupo <strong>de</strong> controle130 . Outro estu<strong>do</strong> recente comparou a<br />

imunoterapia oral com a sublingual, no <strong>tratamento</strong> <strong>do</strong>s 30<br />

participantes com APLV131 . As crianças foram ran<strong>do</strong>miza<strong>da</strong>s<br />

para imunoterapia sublingual apenas, ou para via sublingual<br />

segui<strong>da</strong> pela imunoterapia oral em duas <strong>do</strong>ses diferentes.<br />

Depois <strong>de</strong> 60 semanas <strong>de</strong> terapia <strong>de</strong> manutenção, um<br />

entre 10 participantes <strong>do</strong> grupo sublingual havia alcança<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ssensibilização, em comparação com seis <strong>de</strong> 10 pacientes<br />

<strong>do</strong> grupo sublingual/oral <strong>de</strong> baixa <strong>do</strong>se, e oito <strong>de</strong> 10<br />

pacientes <strong>do</strong> grupo sublingual/oral com <strong>do</strong>se maior. O total<br />

<strong>de</strong> reações adversas foi similar entre os grupos sublingual<br />

e sublingual/oral, porém o grupo com imunoterapia oral<br />

apresentou maior numero <strong>de</strong> reações sistêmicas.<br />

Imunoterapia epicutânea<br />

A imunoterapia epicutânea envolve a aplicação <strong>de</strong> um<br />

“patch” (a<strong>de</strong>sivo) que contem o alérgeno específico sobre a<br />

pele. Em um pequeno estu<strong>do</strong> piloto, duplo-cego, placebocontrola<strong>do</strong>,<br />

18 crianças com APLV foram ran<strong>do</strong>miza<strong>da</strong>s para<br />

receber um “patch” conten<strong>do</strong> as proteínas <strong>do</strong> leite, ou um<br />

“patch” <strong>de</strong> placebo durante três meses132 . No final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, os pacientes <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> <strong>tratamento</strong> ativo<br />

foram capazes <strong>de</strong> ingerir em média 23,6 mL <strong>de</strong> leite, em<br />

comparação com 1,8 mL pré-<strong>tratamento</strong>. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> LV<br />

tolera<strong>da</strong> no grupo placebo não se alterou. Efeitos colaterais<br />

locais foram comuns, mas nenhuma reação sistêmica grave<br />

ocorreu. Da mesma forma que os <strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> imunoterapia<br />

para LV, essa forma epicutânea <strong>de</strong> admnistração ain<strong>da</strong><br />

necessita <strong>de</strong> outros estu<strong>do</strong>s para ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />

no <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> APLV.<br />

Dietas conten<strong>do</strong> leite <strong>de</strong> vaca “baked” ou Leite<br />

Processa<strong>do</strong> a Altas Temperaturas (LPAT)<br />

O fato <strong>de</strong> que o processamento pelo calor po<strong>de</strong> alterar<br />

a alergenici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> epitopos conformacionais <strong>de</strong> alguns<br />

alimentos é conheci<strong>do</strong> <strong>de</strong> longa <strong>da</strong>ta133 . Basea<strong>do</strong> nesta<br />

premissa, um estu<strong>do</strong> com 100 pacientes alérgicos ao leite<br />

mostrou que 75% <strong>da</strong>s crianças com APLV toleraram “Leite<br />

Processa<strong>do</strong> a Altas Temperaturas (LPAT)”, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como<br />

produtos conten<strong>do</strong> leite (mufins), que foram assa<strong>do</strong>s a uma<br />

temperatura <strong>de</strong> 250 oF pelo tempo <strong>de</strong> 30 a 40 minutos37 .<br />

Entre os 50 pacientes tolerantes ao LPAT, nenhum necessitou<br />

adrenalina quan<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s ao <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento<br />

oral com leite não processa<strong>do</strong>. Entre os 23 pacientes não<br />

tolerantes ao LPAT, 35% necessitaram <strong>de</strong> adrenalina durante<br />

o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento oral, sugerin<strong>do</strong> que os pacientes<br />

tolerantes ao leite LPAT po<strong>de</strong>m representar um fenótipo <strong>de</strong><br />

APLV mais leve. Quan<strong>do</strong> esta coorte <strong>de</strong> 100 pacientes foi<br />

segui<strong>da</strong> ao longo <strong>do</strong> tempo, observou-se também que a

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