31.05.2013 Views

Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...

Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...

Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Guia</strong> <strong>prático</strong> <strong>da</strong> APLV media<strong>da</strong> pela IgE - ASBAI & SBAN<br />

A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> portar adrenalina (preferencialmente em<br />

dispositivo autoinjetor) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco para<br />

a reação anafilática ou óbito por anafilaxia, tais como ter<br />

asma grave e não controla<strong>da</strong>, ser a<strong>do</strong>lescente, ter alergia a<br />

amen<strong>do</strong>im ou outras sementes, alergia a mais <strong>de</strong> um alimento<br />

além <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> vaca, e acesso difícil (>20 minutos) a uni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

médica. A prescrição <strong>de</strong> adrenalina não afasta o risco <strong>de</strong><br />

anafilaxia e óbito102,103 . Estu<strong>do</strong> que avaliou a fatali<strong>da</strong><strong>de</strong> por<br />

anafilaxia por alimento na população americana verificou que<br />

mesmo com a administração precoce e repeti<strong>da</strong> <strong>de</strong> adrenalina<br />

não foi evita<strong>da</strong> em 12-14% <strong>do</strong>s casos103 .<br />

Não há medicamentos recomen<strong>da</strong><strong>do</strong>s para prevenção <strong>de</strong><br />

reações a ingestão <strong>de</strong> alimentos media<strong>da</strong>s por IgE, não media<strong>da</strong>s<br />

por IgE ou mistas. Exceção ao uso <strong>de</strong> corticosteroi<strong>de</strong>s<br />

para o <strong>tratamento</strong> <strong>de</strong> esofagite eosinofílica, administra<strong>do</strong>s<br />

por aerossois para a asma, não inala<strong>do</strong>s, mas <strong>de</strong>gluti<strong>do</strong>s,<br />

ou pela ingestão <strong>de</strong> suspensões em veículos pastosos. Estes<br />

melhoram as características fisiopatológicas <strong>da</strong> esofagite, mas<br />

quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scontinua<strong>do</strong>s ocorre recidiva <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença104 .<br />

A terapia tópica é efetiva para na remissão <strong>de</strong> esofagite<br />

eosinofílica, mas há casos <strong>de</strong> refratarie<strong>da</strong><strong>de</strong> ao <strong>tratamento</strong>,<br />

bem <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> pela falta <strong>de</strong> modificações histológicas e<br />

na expressão local <strong>de</strong> genes58 .<br />

Áci<strong>do</strong>s graxos essenciais (AGE) promovem a renovação<br />

<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> <strong>de</strong> película <strong>de</strong> proteção hidrolipídica <strong>da</strong> pele.<br />

Alteração <strong>do</strong> metabolismo <strong>do</strong>s AGE tem si<strong>do</strong> associa<strong>da</strong> à<br />

patogênese <strong>da</strong> <strong>de</strong>rmatite atópica (DA). Redução <strong>do</strong>s níveis<br />

<strong>de</strong> áci<strong>do</strong> gama linolénico (18:3 n-6) e <strong>de</strong> dihomo-gamalinolénico<br />

(20:3 n-6) foram encontra<strong>da</strong>s nos fosfolípi<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

plasma e nas membranas <strong>de</strong> eritrócitos <strong>de</strong> pacientes com<br />

DA. Alguns autores têm recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> a reposição <strong>de</strong> PUFAs<br />

a pacientes seleciona<strong>do</strong>s com APLV entretanto, ain<strong>da</strong> são<br />

necessários mais <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> literatura24 .<br />

10. Papel <strong>do</strong>s probióticos, prebióticos e<br />

simbióticos no <strong>tratamento</strong> e prevenção <strong>da</strong><br />

alergia <strong>às</strong> proteínas <strong>do</strong> leite <strong>de</strong> vaca<br />

Milhares <strong>de</strong> espécies colonizam o trato gastrintestinal<br />

(TGI) humano e é fácil inferir que existe importante correlação<br />

entre flora e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> TGI, incluin<strong>do</strong> a maturação<br />

<strong>do</strong> sistema imunológico <strong>de</strong>sta região105 . A microbiota intestinal,<br />

entre outras ações, auxilia na manutenção <strong>do</strong> equilíbrio<br />

entre tolerância e inflamação em um conceito <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como<br />

eubiose. A disbiose, ou seja, o <strong>de</strong>sbalanço <strong>da</strong> interação entre<br />

flora e indivíduo po<strong>de</strong> ser a base ou o adjuvante a uma<br />

série <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se: <strong>do</strong>ença<br />

inflamatória intestinal, obesi<strong>da</strong><strong>de</strong>, hipertensão e maior risco<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>enças alérgicas105 .<br />

A presença <strong>de</strong> um microbioma a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> resulta em<br />

proteção imunológica, sem gerar um intenso processo inflamatório.<br />

Sabe-se hoje que pacientes alérgicos apresentam diferenças<br />

na composição <strong>do</strong> microbioma em número e diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> espécies e, diante <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estes novos conhecimentos, a<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> modulação <strong>de</strong>sta flora parece interessante<br />

no controle <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças alérgicas.<br />

Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012 219<br />

Prebióticos<br />

São substâncias não digeríveis, em geral susceptíveis à<br />

fermentação, que oferecem um efeito fisiológico benéfico<br />

ao hospe<strong>de</strong>iro, pois estimulam o crescimento e a função <strong>de</strong><br />

bactérias que compõe o microbioma. Para que sejam consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

prebióticos, as bactérias <strong>de</strong>vem resistir à aci<strong>de</strong>z<br />

gástrica, à hidrólise enzimática e a absorção pelo TGI; <strong>de</strong>vem<br />

ser fermentáveis pela flora intestinal e estimular seletivamente<br />

a flora normal <strong>do</strong> intestino, incrementan<strong>do</strong> seu crescimento<br />

ou ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e consequentemente contribuin<strong>do</strong> para saú<strong>de</strong> e<br />

bem estar <strong>do</strong> indivíduo. Oligossacarí<strong>de</strong>os presentes no leite<br />

humano, inulina, oligofrutose e glactooligossacarí<strong>de</strong>os apresentam<br />

ação prebiótica. Há variação <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s,<br />

mas o i<strong>de</strong>al seria avaliar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s forma<strong>do</strong>ras<br />

<strong>de</strong> colônias <strong>de</strong> bactérias nas fezes antes e após administração<br />

<strong>do</strong>s prebióticos. São preparações seguras, com baixo índices<br />

<strong>de</strong> efeitos adversos, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>-se observar a presença <strong>de</strong><br />

cólicas ou aumento <strong>da</strong> fermentação no TGI108,109 .<br />

Probióticos<br />

São <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> como<br />

microrganismos vivos que, quan<strong>do</strong> administra<strong>do</strong>s em quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

apropria<strong>da</strong>s, conferem beneficio à saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> hospe<strong>de</strong>iro.<br />

É importante assegurar que tais microrganismos permaneçam<br />

viáveis após atravessarem o estômago e cheguem em<br />

gran<strong>de</strong> número ao intestino. Estima-se serem necessárias<br />

não menos que 108 colônias <strong>de</strong> probióticos para garantir a<br />

funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> nas porções inferiores <strong>do</strong> intestino, mas as<br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser variáveis nas diversas espécies ou<br />

cepas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se confirmem os benefícios com<br />

estas <strong>do</strong>ses menores. Os principais gêneros <strong>de</strong> bactérias<br />

avalia<strong>do</strong>s como probióticos são os Lactobacillus e Bifi<strong>do</strong>bacterium.<br />

Algumas cepas <strong>de</strong> Escherichia coli e Bacillus, além <strong>do</strong><br />

fungo Saccharomyces cerevisiae também apresentam ação<br />

probiótica. A segurança <strong>do</strong>s probióticos é gran<strong>de</strong>, entretanto<br />

<strong>de</strong>ve-se observar que eles estão contraindica<strong>do</strong>s em pacientes<br />

com comprometimento imunológico105,108,110 .<br />

Simbióticos<br />

São preparações ou produtos que contemplam probióticos<br />

e simbióticos. É importante ressaltar que os benefícios<br />

espera<strong>do</strong>s são semelhantes a preparações <strong>de</strong> prebióticos ou<br />

probióticos isola<strong>da</strong>mente105,108 .<br />

Aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> clínica<br />

Estu<strong>do</strong>s mostram a diferença na composição <strong>da</strong> microbiota<br />

<strong>de</strong> pacientes com e sem APLV, on<strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciou diminuição<br />

na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> bifi<strong>do</strong>bactérias nos pacientes com APLV111 e alterações na composição <strong>da</strong> microbiota sub<strong>do</strong>minante<br />

relaciona<strong>da</strong>s com a gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> alergia alimentar112 .<br />

Prebióticos<br />

Assim como os probióticos, os prebióticos contribuem<br />

para uma colonização a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> <strong>da</strong> microbiota intestinal e,<br />

assim sen<strong>do</strong>, promoveriam ação direta sobre o sistema imunológico,<br />

por meio <strong>da</strong> interface <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> linfoi<strong>de</strong> associa<strong>do</strong><br />

ao intestino (GALT) 113 .

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!