Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...
Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...
Guia prático de diagnóstico e tratamento da Alergia às Proteínas do ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Guia</strong> <strong>prático</strong> <strong>da</strong> APLV media<strong>da</strong> pela IgE - ASBAI & SBAN<br />
Nos casos <strong>de</strong> anafilaxia, a epinefrina intramuscular, na região<br />
<strong>do</strong> músculo vasto-lateral <strong>da</strong> coxa, é a droga inicial <strong>de</strong> escolha82<br />
. Anti-histamínicos, corticosteroi<strong>de</strong>s, broncodilata<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong>vem ser administra<strong>do</strong>s conforme a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>. Nos casos<br />
<strong>de</strong> choque, flui<strong>do</strong>s intravenosos são utiliza<strong>do</strong>s83 .<br />
Pós-teste<br />
O paciente <strong>de</strong>ve ser observa<strong>do</strong> por pelo menos 2 horas<br />
após o término <strong>do</strong> TPO. Durante a semana seguinte, o paciente<br />
<strong>de</strong>ve ser observa<strong>do</strong> para verificar o aparecimento <strong>de</strong><br />
manifestações clínicas tardias (principalmente nas primeiras<br />
24-48 horas). Nestes casos, o médico responsável <strong>de</strong>verá<br />
ser notifica<strong>do</strong> e se necessário, o paciente encaminha<strong>do</strong> ao<br />
hospital para <strong>tratamento</strong>. O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> TPO apenas será<br />
<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> após 3 a 7 dias, na consulta <strong>de</strong> retorno pós-teste.<br />
Teste <strong>de</strong> provocação oral com alimentos cozi<strong>do</strong>s<br />
Nos últimos anos, estu<strong>do</strong>s têm mostra<strong>do</strong> que muitos indivíduos<br />
com alergia a leite <strong>de</strong> vaca e ovo, media<strong>da</strong> por IgE,<br />
são capazes <strong>de</strong> tolerar produtos conten<strong>do</strong> esses alimentos sob<br />
a forma cozi<strong>da</strong>37,84,85 . Nesses trabalhos foram realiza<strong>do</strong>s TPO<br />
abertos com produtos que haviam si<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong>s a diferentes<br />
graus <strong>de</strong> processamento térmico (tempo <strong>de</strong> cozimento e<br />
temperatura). Inicialmente foram utiliza<strong>do</strong>s muffins, conten<strong>do</strong><br />
1/3 <strong>de</strong> um ovo (aproxima<strong>da</strong>mente 2,2 g <strong>de</strong> proteínas <strong>do</strong> ovo)<br />
e 1,3 g <strong>de</strong> proteína <strong>do</strong> leite, assa<strong>do</strong>s a 180 °C por 30 minutos.<br />
Quan<strong>do</strong> os muffins foram bem tolera<strong>do</strong>s, após 2 horas os<br />
pacientes receberam waffle, conten<strong>do</strong> 1,3 g <strong>de</strong> proteína <strong>do</strong><br />
leite, prepara<strong>do</strong> a 260 °C por 3 minutos (preparação on<strong>de</strong><br />
ain<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>ra-se que leite e ovo estejam em formas bem<br />
cozi<strong>da</strong>s). Os alimentos foram dividi<strong>do</strong>s em 4 porções iguais,<br />
ofereci<strong>da</strong>s durante 1 hora37,84,85 . Quan<strong>do</strong> tanto muffin como<br />
waffle eram tolera<strong>do</strong>s (ausência <strong>de</strong> reação após 4 horas <strong>da</strong><br />
ingestão <strong>do</strong>s mesmos), o paciente era orienta<strong>do</strong> a manter a<br />
ingestão <strong>de</strong>sses alimentos na dieta ou <strong>de</strong> outras preparações<br />
on<strong>de</strong> a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> e o grau <strong>de</strong> cozimento <strong>do</strong> alimento fossem<br />
semelhantes. A adição <strong>de</strong> produtos conten<strong>do</strong> alimentos cozi<strong>do</strong>s<br />
na dieta melhora drasticamente a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
Rev. bras. alerg. imunopatol. – Vol. 35. N° 6, 2012 215<br />
Quadro 7 - Preparo <strong>da</strong>s porções <strong>do</strong> teste <strong>de</strong> provocação oral duplo cego placebo controla<strong>do</strong> para leite <strong>de</strong> vaca 74<br />
Dose LV ou Placebo Veículo Volume total <strong>do</strong>se<br />
(mL) (mL) (mL)<br />
1ª 5* 55 60<br />
2ª 10 50 60<br />
3ª 15 45 60<br />
4ª 20 40 60<br />
5ª 25 35 60<br />
6ª 25 35 60<br />
Total 100 260 360<br />
* Doses iniciais menores po<strong>de</strong>m ser acrescenta<strong>da</strong>s conforme a história (as duas fases <strong>de</strong>verão ter o número <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses equivalente).<br />
maioria <strong>do</strong>s pacientes por aumentar a varie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos<br />
que po<strong>de</strong>m ser consumi<strong>do</strong>s. Esta mu<strong>da</strong>nça na dieta também<br />
permite que as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nutricionais sejam alcança<strong>da</strong>s<br />
mais facilmente, promove redução na ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s pacientes<br />
e seus responsáveis, diminui o <strong>de</strong>sconforto social, aceleran<strong>do</strong><br />
a aquisição <strong>de</strong> tolerância ao alimento37 .<br />
8. Tratamento nutricional<br />
A base <strong>do</strong> <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> APLV disponível, até o momento,<br />
é a dieta <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong> LV e <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s. A dieta <strong>de</strong> exclusão<br />
<strong>de</strong>ve ser respal<strong>da</strong><strong>da</strong> por um <strong>diagnóstico</strong> preciso, pois a<br />
retira<strong>da</strong> <strong>de</strong>sse alimento po<strong>de</strong> colocar a criança, em especial<br />
na fase <strong>de</strong> lactente, em risco nutricional24,86 .<br />
A monitoração apropria<strong>da</strong> <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> nutricional e a educação<br />
continua<strong>da</strong> <strong>de</strong> pais e cui<strong>da</strong><strong>do</strong>res são etapas fun<strong>da</strong>mentais<br />
para o sucesso <strong>do</strong> <strong>tratamento</strong>24,86 . A APLV, na gran<strong>de</strong> maioria<br />
<strong>da</strong>s vezes, tem curso autolimita<strong>do</strong> e, portanto, a tolerância<br />
ao alimento <strong>de</strong>ve ser periodicamente testa<strong>da</strong>, exceto em<br />
situações <strong>de</strong> anafilaxia associa<strong>da</strong> à presença <strong>de</strong> anticorpos<br />
específicos <strong>às</strong> proteínas <strong>do</strong> LV.<br />
O objetivo global <strong>do</strong> <strong>tratamento</strong> com a dieta <strong>de</strong> exclusão<br />
é evitar o aparecimento <strong>de</strong> sintomas e proporcionar à criança<br />
melhor quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.<br />
A introdução <strong>da</strong> alimentação complementar em crianças<br />
com APLV <strong>de</strong>ve seguir os mesmos princípios <strong>do</strong> preconiza<strong>do</strong><br />
para crianças saudáveis, salientan<strong>do</strong>-se que não há<br />
restrição na introdução <strong>de</strong> alimentos conten<strong>do</strong> proteínas<br />
potencialmente alergênicas (p.ex. ovo, peixe, carne bovina,<br />
<strong>de</strong> frango ou porco) a partir <strong>do</strong> sexto mês em crianças amamenta<strong>da</strong>s<br />
ao seio até essa fase ou que recebem fórmulas<br />
infantis. Deve-se evitar apenas a introdução simultânea <strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>is ou mais alimentos fontes <strong>de</strong> proteínas. A possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> reação cruza<strong>da</strong> entre LV e carne bovina é inferior a 10%<br />
e, relaciona-se à presença <strong>da</strong> albumina sérica bovina87 , por<br />
isso a carne <strong>de</strong> vaca não <strong>de</strong>ve ser excluí<strong>da</strong> <strong>da</strong> alimentação<br />
<strong>da</strong> criança a não ser que haja certeza que o seu consumo<br />
relaciona-se com piora <strong>do</strong>s sintomas.