estudio de caso con prostitutas, travestis - CMDAL
estudio de caso con prostitutas, travestis - CMDAL
estudio de caso con prostitutas, travestis - CMDAL
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
36 Articulación profesional y uso <strong>de</strong>l móvil en grupos <strong>de</strong> teatro callejero<br />
Entrevistada 1: Essa é a última pergunta <strong>de</strong> todas: tem mais alguma coisa que você gostaria <strong>de</strong><br />
falar sobre isso que nós <strong>con</strong>versamos até agora? Não, acho que não. A não ser que realmente:<br />
que bom que inventaram telefone celular. Dói a orelha; eles precisavam inventar um (todo<br />
mundo fica falando que a gante po<strong>de</strong> ter câncer, que num sei quê, <strong>de</strong> num sei quê) eu percebo<br />
particularmente que quando eu falo muito tempo no celular (tempo seguido), assim, dói o<br />
ouvido. E eu já não sei se é porque meu telefone tá muito alto ou o quê que é, mas me dói o<br />
ouvido. E eu fico pensando que se eu ficar ouvindo música direto, com aqueles tróço na minha<br />
orelha, que aliás é um outro problema no mundo mo<strong>de</strong>rno: eu acho que as pessoas agora elas<br />
têm cotonetes eletrônicos para se isolarem dos <strong>de</strong>mais que estão no seu mundo, né? Aí você<br />
olha e as pessoas estão todas assim... Aí você quer pedir licença e ninguém te ouve, então<br />
você tem que pedir licença assim: dá licença, <strong>de</strong>ixa eu passá!<br />
Pesquisador 1: Não, é ótimo porque você tem que realmente se aproximar das pessoas,<br />
pegar nas pessoas.<br />
Entrevistada 1: Super estranho você tem que bater assim, né? bate assim no cara no ônibus:<br />
você quer que eu leve as suas coisas? Ele: Ah... É esquisito. Eu sinto como uma coisa<br />
esquisita que é mais uma barreira, né? assim... é o visível- invisível. Você está vendo o cara ali<br />
mas ele está invisível. E o mundo é invisível, porque ele acabou <strong>de</strong> se furtar a essa<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>con</strong>tato com o mundo, né? Demais assim. Por isso que eu acho que, mesmo<br />
que eu tenho um fone <strong>de</strong> ouvido no meu celular e um radinho, é difícil que eu vá ouvir música<br />
em situaçoes em que eu possa ouvir as pessoas. Porque eu gosto <strong>de</strong> ouvir as pessoas. Eu<br />
gosto <strong>de</strong> falar com as pessoas na rua. As pessoas <strong>de</strong>vem me achar esquisita inclusive.<br />
Principalmente esse povo novo que tá botando esse tróço no ouvido, acha esquisito que a<br />
gente <strong>con</strong>verse com eles sem nunca ter visto na frente. E eu <strong>con</strong>verso mesmo, com qualquer<br />
um. Eu quero falar, eu falo. Começo a trocar idéia no ponto do ônibus, falar bobagem, falar<br />
qualquer coisa, eu gosto <strong>de</strong> <strong>con</strong>versar com gente que eu nunca mais vou ver na minha vida. Eu<br />
acho ótimo, adoro. E acho que talvez por isso que ache legal ter celular, porque eu sempre vou<br />
ligar pras pessoas, vou me sentir próxima <strong>de</strong>las on<strong>de</strong> eu esteja. E acho chato quando eu vou<br />
pra algum lugar e o telefone não pega. Acho muito pentelho; já a<strong>con</strong>teceu.<br />
Pesquisador 1: Você fica ansiosa?<br />
Entrevistada 1: Não, eu <strong>de</strong>sencano. Mas é engraçado você imaginar que você po<strong>de</strong>ria tá<br />
<strong>con</strong>versando com ... ou com alguém que não esteja alí, e... porque você já acostumou, né?<br />
hoje, né? e aí <strong>de</strong> repente você vai prum sítio, prum tróço assim que não pega o celular, acho<br />
que: ahou... eu lembro que eu tava num lugar no Ceará e eu queria falar com meu namorado e<br />
tinha uma... você subia uma la<strong>de</strong>ira assim numa praia lá esquisita (que eu sempre esqueço o<br />
nome daquela praia), e aí, bem no alto da la<strong>de</strong>ira sentava naquele lugar <strong>de</strong> terra, ficava<br />
olhando o mar e aí o telefone pegava. Daí eu ligava pra Brasília e ficava trocando idéia com<br />
ele.<br />
Pesquisador 1: Que lindo! Romântico!<br />
Entrevistada 1: É estranho quando você tá num lugar que não pega, né? tudo bem... você<br />
<strong>de</strong>sencana também. Não é... não vou ficar louca, ansiosa não. É só isso. Cabô? Tá bom. Mais<br />
alguma pergunta que vocês esqueceram <strong>de</strong> perguntar?<br />
Pesquisador 3: – Muitas! São duas horas mais.<br />
(risos)<br />
Pesquisador 1: Po<strong>de</strong>mos então <strong>con</strong>versar um pouquinho com você? É Rogério, é isso?<br />
Rogério do quê?<br />
Entrevistado 2: Rogério Prisco Munhóz.<br />
Pesquisador 1: Quantos anos você tem?<br />
Entrevistado 2: 34.<br />
Pesquisador 1: Você também tem outra formação? Você estudou teatro?<br />
Entrevistado 2: Eu não tenho formação acadêmica, mas acho que o teatro entrou <strong>de</strong> repente.<br />
Não sei, não tem um começo. Um dia meu irmão me chamou pra fazer figuração numa<br />
propaganda, aí eu fui fazer essa figuração e gostei, que era uma agência <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, e eu<br />
Proyecto Comunicaciones Móviles y Desarrollo en América Latina