estudio de caso con prostitutas, travestis - CMDAL
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82 Articulación profesional y uso <strong>de</strong>l móvil en grupos <strong>de</strong> teatro callejero<br />
crianças brincavam na rua. Correr, pular corda, seja o que for. Como isso é possível em São<br />
Paulo, né? Criança não tem mais infância hoje, né? E a gente brinca; a gente vai com criança,<br />
parece anão, pq eles falam <strong>de</strong> igual pra igual, então são um monte <strong>de</strong> adulto disfarçado <strong>de</strong><br />
criança, né? Parece umas criancinha... uns etezinho. Então, o que a gente percebe é que falta<br />
essa questão <strong>de</strong> interativida<strong>de</strong> infantil que não se tem mais, hoje, né? Que tá sendo roubada<br />
pelos gran<strong>de</strong>s centros. E pela família, né? Pai e mãe que ficam fora então as crianças ficam<br />
sendo... elas são criadas por uma creche durante o dia, aí a tar<strong>de</strong> a mão ou o pai tem que fazer<br />
comida pra essa criança, então bota na frente da televisão, e a noite pra fechar o dia, bota um<br />
disquinho <strong>de</strong> história infantil, pq já tá cansado pra <strong>con</strong>tar história pra filho. Então na verda<strong>de</strong> o<br />
pai e a mãe fica só no RG, pq como instituição familiar tá meio... tá tudo meio <strong>de</strong>fasado, né? E<br />
quando a gente começou a fechar a rua, a rua mesmo a gente falou: "vamo fecha a rua?" Aqui;<br />
fica bem aqui na esquina; "Vamo fecha essa rua? Vamo!" quando a gente começou a gente<br />
percebeu o quê? Percebemos que as pessoas saíram e aí tinha um que falava assim: "Nossa,<br />
eu não te <strong>con</strong>heço! É você que mudou pra essa casa aqui há pouco tempo?" "Foi, e tal..." E aí,<br />
fatos pitorescos até <strong>de</strong> uma mulher chegar e falar assim: "Olha, vocês vão se apresentar aqui a<br />
tal hora, né? " "Isso." " Então, tudo bem se eu fizer pipoca pra distribuir pras crianças?" Eu falei:<br />
"Não, tudo bem, à vonta<strong>de</strong>!" Então, além <strong>de</strong> uma manifestação artística, naquele momento,<br />
a<strong>con</strong>teceu uma manifestação cidadã, uma manifestação comunitária, ou seja, uma trazendo a<br />
pipoca, o outro que já trouxe a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> casa, aí uma outra instituição falou: "Ah, antes <strong>de</strong><br />
vocês, eu posso apresentar uma cena?" dos meninos aqui... que eles tem uma instituição<br />
chamada Casa <strong>de</strong> Acolhida, que é ... eles ficam... acho que eles dormem ali, então eles saem<br />
pra estudar, pra trabalhar e <strong>de</strong>pois eles voltam pra essa instituição, até <strong>de</strong> ter algumas outras<br />
ativida<strong>de</strong>s extra curriculares. E aí então veio se apresentar capoeira, maculelê, dança, fizeram<br />
teatro também uma cena e tal... então a gente tenta fazer com que... é o que a gente intitula<br />
como a nossa fanfarronada, né? que é esse evento da Farândula, aon<strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong> participar. Então, isso virou meio que norteando a nossa manifestação artística, né? Por<br />
isso que a gente chama ela <strong>de</strong> manifestação artística, do que <strong>de</strong> um evento teatral puramente.<br />
Pq isso a gente não julga. A gente não vê se o menino tá jogando capoeira bem, ou se tá<br />
fazendo bem a cena. O que a gente quer é que as pessoas se unam num coletivo e<br />
compreendam que pra se viver numa coletivida<strong>de</strong> tem que se ter regras. Pra se viver numa...<br />
tem que se ter respeito, tem que se ter ética, tem que se ter responsabilida<strong>de</strong>, não só com ele,<br />
mas com o todo, né? Não tenho que ter responsabilida<strong>de</strong> com a minha calçada, mas eu<br />
também tenho que chegar pro meu vizinho e falar: "Meu amigo, você não tá varrendo sua<br />
calçada!" "Ó, você tá jogando muita água, tendo <strong>de</strong>sperdício." Então isso é o que a gente é... o<br />
que a gente espera que a<strong>con</strong>teça, né? É muito difícil a gente falar que isso a<strong>con</strong>tece. A gente<br />
já viu isso a<strong>con</strong>tecer, mas focos isolados. Nem sempre aquela pessoa <strong>con</strong>sciente é <strong>con</strong>sciente<br />
24 horas, né? Então por isso que a gente gosta <strong>de</strong> fechar muito mais a rua do que ir numa<br />
praça. Mesmo pq as praças hoje, elas tem pouco espaço físico pra esse tipo <strong>de</strong> manifestação.<br />
E tá muito esquecido, então, até pra gente se manifestar artisticamente, a gente teria que<br />
limpar a praça toda, fazer um mutirão, e aí coroar com uma apresentação. Mas aí entra numa<br />
máxima <strong>de</strong> até <strong>de</strong> teatro, que eu gosto muito <strong>de</strong> falar: "não tem como o pianista ficar<br />
carregando por horas o piano, e <strong>de</strong>pois querer tocar o piano, como se nada tivesse a<strong>con</strong>tecido,<br />
né? Pq os <strong>de</strong>dos já endureceram, o músculo já tá teso, né? Já tá cansado, exatamente, então<br />
não vai ter a mesma dinâmica.<br />
Pesquisador 2: E como que vocês... é... você falou que vocês já entraram com edital; a gente<br />
queria enten<strong>de</strong>r como que vocês <strong>con</strong>seguem financiar as apresentações <strong>de</strong> vocês?<br />
Entrevistado: Olha, é um trabalho muito árduo, pq na socieda<strong>de</strong> vigente hoje no mundo, mas<br />
muito mais no Brasil, tudo que é ligado à cultura não é tido como uma profissão. A arte não é<br />
uma profissão , né? É como se fosse um hobby, que você vive do seu hobby, não que é um<br />
ofício, que eu chego aqui 7 horas da manhã e saio as 8, 9 horas da noite, quando tem ensaio<br />
meia-noite, né? Então, o artista, ele tem que, é uma outra coisa que eu falo: a gente trabalha,<br />
pra gerar trabalho, pra po<strong>de</strong>r trabalhar. Então a gente não tem <strong>de</strong>scanso. E até quando na<br />
minha casa, eu tô pesquisando, e tudo vira pesquisa pro meu trabalho. Então, eu tô sempre em<br />
função do meu trabalho. Então tendo isso em vista, o que a<strong>con</strong>tece é que sempre é muito<br />
diminuído socialmente, né? A gente fala que tá beirando a <strong>de</strong>simportância social, né, as<br />
pessoas não vão ao teatro. Nem vou perguntar pra vocês quantas vezes vocês vão ao teatro<br />
por mês pq...<br />
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