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Texto Completo - Apresentação - Unifra

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO<br />

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO<br />

ÁREA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS<br />

Curso de Mestrado em Nanociências<br />

VALNIR DE PAULA<br />

BIODISTRIBUIÇÃO DE NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS<br />

UTILIZANDO CAMPO MAGNÉTICO EM RATOS<br />

Santa Maria, RS<br />

2011


VALNIR DE PAULA<br />

BIODISTRIBUIÇÃO DE NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS<br />

UTILIZANDO CAMPO MAGNÉTICO EM RATOS<br />

Dissertação de Mestrado, apresentada ao<br />

Programa de Pós-Graduação em Nanociências<br />

do Centro Universitário de Santa Maria, como<br />

requisito parcial para obtenção do título de<br />

Mestre em Nanociências.<br />

Orientadora: Prof a Drª SOLANGE BINOTTO FAGAN<br />

Co-orientadora: Prof a Drª SOLANGE C. S. M. HOELZEL<br />

Santa Maria, RS<br />

2011<br />

ii


P324b Paula, Valnir de<br />

Biodistribuição de nanopartículas magnéticas utilizando<br />

campo magnético em ratos / Valnir de Paula ; orientação<br />

Solange Binotto Fagan ; co-orientação Solange C. S. M.<br />

Hoelzel – Santa Maria : Centro Universitário Franciscano,<br />

2011.<br />

62 f. : il.<br />

Dissertação (Mestrado em Nanociências) – Centro<br />

Universitário Franciscano, 2011<br />

1. Ressonância magnética nuclear 2. Agentes de contraste<br />

3. Sistema fagocitário I. Fagan, Solange Binotto<br />

II. Hoelzel,Solange C. S. M. III. Título<br />

CDU 537.635:62-181.4<br />

iii


AGRADECIMENTOS<br />

Acima de tudo, agradeço fervorosamente a Deus, por me abençoar com saúde e<br />

permitir que eu esteja inserido em um meio científico, cercado por profissionais de alto grau<br />

de capacitação, dos quais me orgulho muito.<br />

À minha esposa Ana e aos meus filhos Isadora e Leonardo, que compreenderam e<br />

me apoiaram em todos os momentos, inclusive naqueles em que a minha presença junto a eles<br />

não era possível, pelo inevitável envolvimento com o trabalho.<br />

Ao Dr José Knoll Palma, médico radiologista do serviço de radiologia do Hospital<br />

de Caridade Dr Astrogildo de Azevedo, de Santa Maria que, ao incentivar o desenvolvimento<br />

deste trabalho, permitiu que o equipamento de ressonância magnética fosse utilizado e prestou<br />

inestimável auxílio ao participar da análise das imagens.<br />

À minha amiga e colega de mestrado, Francine Rodrigues Ianiski, que por inúmeras<br />

vezes emprestou-me a sua experiência com cobaias para auxiliar na manipulação das mesmas<br />

durante os experimentos.<br />

Ao meu colega e amigo José Carlos Gama, que participou diretamente de todas as<br />

etapas do experimento, prestando grande ajuda na obtenção das imagens durante muitas<br />

madrugadas, horário em que o equipamento estava disponível a este trabalho.<br />

Ao professor Sergio Roberto Mortari, pelo apoio e caracterização das amostras de<br />

nanopartículas na Universidade Federal de Santa Maria.<br />

Ao professor Luis Otávio de Souza Bulhões, pelo trabalho de caracterização das<br />

amostras de nanopartículas no Laboratório de Nanociências da <strong>Unifra</strong>.<br />

À professora Eliana Martins Lima, da Universidade Federal de Goiás, pela<br />

grandiosa contribuição, determinante para a viabilização do trabalho, fornecendo as<br />

nanopartículas magnéticas utilizadas.<br />

Á professora Solange Hoelzel, minha co-orientadora, pelo empenho despendido e<br />

importantes orientações prestadas do decorrer dos experimentos.<br />

Finalmente, agradeço à professora Solange Binotto Fagan, minha orientadora,<br />

primeiramente pela proposição do tema e pelas valiosas orientações, mas principalmente por<br />

sua constante motivação na busca pelo conhecimento e desenvolvimento científico, que<br />

transcende do seu perfil e afeta muito positivamente seus alunos.<br />

v


RESUMO<br />

A utilização de produtos de escala nanométrica nas mais diversas áreas, inclusive na<br />

medicina, é uma realidade crescente. As nanopartículas magnéticas (NPMs), por serem<br />

capazes de apresentar efeito expressivo de magnetização quando expostas a um campo<br />

magnético externo, têm sido foco de vários estudos e, entre as suas aplicações está o uso<br />

como agente de contraste em imagens de ressonância magnética nuclear. Esta técnica fornece<br />

imagens baseadas no comportamento nuclear dos átomos das estruturas anatômicas, as quais<br />

podem ser melhor destacadas pelo uso de agentes de contraste. As NPMs representam uma<br />

classe alternativa aos atuais agentes de contraste, paramagnéticos, com vantagens do ponto de<br />

vista físico, pois destacam ainda mais o comportamento magnético dos prótons de diferentes<br />

tecidos. Isto é mais evidente no fígado, baço e sistema linfático, cujas células de defesa<br />

endocitam estas NPMs, tornando o parênquima sadio escuro (hipossinal), de forma que<br />

eventuais lesões se sobressaeam nas imagens, facilitando a sua identificação.<br />

O objetivo deste trabalho foi avaliar o grau de contrastação dos órgãos do sistema<br />

fagocitário, injetando-se doses de NPMs que variaram de 0,46 a 7,2 mg/Kg em ratos, por via<br />

endovenosa caudal e submetendo-os a imageamento por ressonância magnética nuclear. As<br />

NPMs foram divididas em 2 grupos, ambos com núcleo de magnetita, variando-se o<br />

revestimento, que no grupo 1 foi de dextrana e o do grupo 2, de ácido oléico. O efeito<br />

desejado foi que os órgãos do sistema fagocitário apresentassem algum grau de perda de sinal<br />

nas imagens, indicando que as NPMs foram internalizadas pelas células desses órgãos. Com o<br />

agente de contraste usual, paramagnético, que não entra nas células, o efeito é de hiperssinal<br />

no sistema vascular e em órgãos hipervascularizados. Comparou-se as imagens obtidas de<br />

sequências T1 TSE e T2 TSE com as de controle, obtidas antes da injeção. Os resultados<br />

obtidos evidenciaram que, tanto as NPMs revestidas com dextrana, quanto às revestidas com<br />

ácido oléico causaram efeito de hipossinal nas imagens, que variaram de fraco a acentuado,<br />

dependendo da dose administrada, principalmente em sequências T2 TSE. As NPMs<br />

revestidas com dextrana apresentaram maior eficiência, considerando que os efeitos de<br />

hipossinal ocorreram com doses menores do que as revestidas com ácido oléico. Pode-se<br />

concluir, considerando o evidente efeito de hipossinal apresentado pelos órgãos do sistema<br />

fagocitário, que há potencial de aplicação destas NPMs como agente de contraste em estudos<br />

de ressonância magnética.<br />

Palavras chave: Ressonância magnética nuclear, agentes de contraste, sistema fagocitário<br />

vi


ABSTRACT<br />

The use of nanoscale products in several areas, including medicine, is a growing<br />

reality. The magnetic nanoparticles (MNPs) for being able to present a significant effect of<br />

magnetization when exposed to an external magnetic field, have been the focus of several<br />

studies, and among their applications is their use as contrast agent in magnetic resonance<br />

images. This technique provides images based on the nuclear behavior of the atoms of<br />

anatomical structures, which can be best highlighted by the use of contrast agents, usually<br />

paramagnetic.<br />

The MNPs represent an alternative to the current class of paramagnetic contrast agents<br />

for nuclear magnetic resonance, used for a long time, with advantages from a physical point<br />

of view, because they highlight even more the magnetic behavior of protons in different<br />

tissues, especially liver, spleen and lymphatic system, whose defense cells endocyte these<br />

MNPs, making healthy parenchyma dark (hyposignal), so that any injuries stand out in the<br />

images, facilitating their identification.<br />

This study has aimed to assess the contrast degree of the organs of the phagocyte<br />

system, injecting NPMs doses ranging from 0.46 to 7.2 mg/kg in rats, by caudal intravenous<br />

flow and subjecting them to nuclear magnetic resonance imaging. The MNPs was divided into<br />

two groups, both with a core of magnetite, varying the coating, which has been dextran in<br />

group 1, and oleic acid in group 2. The expected effect was that the organs of the phagocyte<br />

system would have some degree of signal loss in the images, indicating that the NPMs were<br />

internalized by the cells of these organs. With the usual contrast agent, paramagnetic, which<br />

does not enter cells, the effect is the hypersignal in the vascular system and in<br />

hypervascularized organs. We have compared the images obtained from T1 TSE and T2 TSE<br />

sequences with the control obtained before injection.<br />

The results have shown that both dextran coated MNPs and the ones coated with oleic<br />

acid have caused the hyposignal effect in the images, ranging from weak to strong, depending<br />

on the administered dose, especially in T2 TSE sequences. The dextran coated MNPs have<br />

shown higher efficiency, considering that the hyposignal effects have occurred with lowers<br />

doses, compared to the effects caused by NPMs coated with oleic acid. It can be concluded,<br />

given the evident hyposignal effect presented by the organs of the phagocyte system, the<br />

potential application of MNPs as a contrast agent in magnetic resonance studies.<br />

Keywords: Magnetic resonance imaging, contrast agents, phagocyte system<br />

vii


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 Magneto em barra mostrando os polos norte e sul e suas linhas de campo.<br />

Figura 2 Comportamento dos momentos magnéticos dos átomos em materiais diversos.<br />

Figura 3 Monodomínios magnéticos em um material ferromagnético.<br />

Figura 4 Gráfico demonstrativo da curva de histerese dos materiais ferromagnéticos e<br />

superparamagnéticos quando sujeitos a um campo externo H.<br />

Figura 5 Estrutura espinélio inversa de magnetita.<br />

Figura 6 Estrutura química da Dextrana.<br />

Figura 7 Diagrama qualitativo relacionando o tempo de residência no sangue com o<br />

tamanho da partícula.<br />

Figura 8 Geração de um dipolo magnético a partir do próton do hidrogênio.<br />

Figura 9 Magnetização resultante da aplicação de um campo magnético externo sobre<br />

uma população de núcleos de hidrogênio.<br />

Figura 10 Representação da curva de recuperação T1 e curva de declínio T2.<br />

Figura 11 Corte axial do abdômen ao nível hepático, de sequência ponderada em T1.<br />

Figura 12 Corte axial do abdômen ao nível hepático, de sequência ponderada em T2.<br />

Figura 13 Esquema representando a localização das bobinas de gradiente no interior do<br />

equipamento de RM.<br />

Figura 14 Utilização de bobinas receptoras em exames de RM.<br />

Figura 15 Imagens axiais comparativas, de seqüência T1 TSE, ao nível do fígado, antes e<br />

10 min pós injeção de 1,3mg/Kg de NPMs.<br />

Figura 16 Imagens axiais comparativas, ao nível do fígado, antes e 10 min após a injeção<br />

de 1,3 mg/Kg de NPMs.<br />

Figura 17 Imagens em seqüência T2 TSE no plano coronal, antes e após 10 min após a<br />

injeção de 1,3 mg/Kg de NPMs.<br />

Figura 18 Imagens axiais comparativas em seqüência T2, ao nível do fígado, antes e 10<br />

min após a injeção de 0,6 mg/Kg de NPMs.<br />

Figura 19 Imagens axiais comparativas, do mesmo experimento, ao nível do baço (setas).<br />

Figura 20 Imagens axiais comparativas, ao nível do fígado, 20 min após a injeção de 0,6<br />

mg/Kg de NPMs e 40 min após a injeção.<br />

Figura 21 Imagens axiais comparativas, ao nível do fígado, sem agente de contraste e 10<br />

min após a injeção de 0,3 mg/Kg de NPMs .<br />

viii


Figura 22 Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do fígado, sem agente de<br />

contraste e 10 min após a injeção de 1,3 mg/Kg de NPMs .<br />

Figura 23 Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do baço, sem agente de contraste<br />

e 10 min após a injeção de 1,3 mg/Kg de NPMs .<br />

Figura 24 Imagens comparativas em T2, no plano coronal, sem agente de contraste e 10<br />

min após a injeção de 1,3 mg/Kg de NPMs .<br />

Figura 25 Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do fígado. A: sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 2,6 mg/Kg de NPMs .<br />

Figura 26 Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do baço, sem agente de contraste<br />

e 10 min após a injeção de 2,6 mg/Kg de NPMs<br />

Figura 27 Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do fígado, sem agente de<br />

contraste e 10 min após a injeção de 2,6 mg/Kg de NPMs<br />

Figura 28 Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do baço, sem agente de contraste<br />

e 10 min após a injeção de 2,6 mg/Kg de NPMs<br />

Figura 29 Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do fígado, sem agente de<br />

contraste e 10 min após a injeção de 5,2 mg/Kg de NPMs<br />

Figura 30 Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do baço, sem agente de contraste<br />

e 10 min após a injeção de 5,2 mg/Kg de NPMs<br />

Figura 31 Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do fígado, sem agente de<br />

contraste e 10 min após a injeção de 5,2 mg/Kg de NPMs .<br />

Figura 32 Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do baço, sem agente de contraste<br />

e 10 min após a injeção de 5,2 mg/Kg de NPMs .<br />

ix


LISTA DE ABREVIATURAS<br />

IRM Imagem por ressonância magnética<br />

NP Nanopartículas<br />

NPMs Nanopartículas magnéticas<br />

NPSPMs Nanopartículas superparamagnéticas<br />

PNS Stimulation of peripheral nerves<br />

RF Radiofrequência<br />

RMN Ressonância magnética nuclear<br />

SAR Specific absortion rate<br />

SMF Sistema mononuclear fagocitário<br />

SPIO Superparamagnetic Iron Oxide<br />

SER Sistema Reticuloendotelial<br />

Tc<br />

Temperatura de Curie<br />

TE Tempo de Eco<br />

TR Tempo de relaxação<br />

TSE Turbo spin eco<br />

USPIO Ultra small particle iron oxide<br />

VME Vetor de magnetização efetiva<br />

x


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 Classificação dos materiais quanto aos valores de susceptibilidade e<br />

permeabilidade magnéticas<br />

Tabela 2: Agentes de contraste baseados em NPMs, disponíveis no mercado americano ou<br />

em fase de estudo<br />

Tabela 3: Parâmetros de aquisição e reconstrução das sequências de imagens<br />

Tabela 4: Níveis de perda de sinal em fígado e baço em relação às doses injetadas de<br />

NPMs revestidas com dextrana<br />

Tabela 5: Níveis de perda de sinal em fígado e baço em relação às doses injetadas de<br />

NPMs revestidas com ácido oléico<br />

xi


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1<br />

2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 4<br />

2.1 Fundamentos do magnetismo............................................................................ 4<br />

2.2 Nanopartículas Magnéticas (NPMs).................................................................. 10<br />

2.2.1 Técnicas de obtenção de NPMs................................................................ 11<br />

2.2.2 Revestimentos........................................................................................... 12<br />

2.2.3 Caracterização das NPMs......................................................................... 14<br />

2.2.4 Aplicações das NPMs na medicina........................................................... 15<br />

2.2.5 Mecanismos de interação biológica.......................................................... 16<br />

2.2.6 Toxicidade................................................................................................ 18<br />

2.2.7 Excreção celular........................................................................................ 19<br />

2.3 Princípios Físicos da Imagem por Ressonância Magnética............................... 19<br />

2.3.1 Relação do Hidrogênio com um campo magnético externo..................... 20<br />

2.3.2 Formação do contraste de imagem de RMN............................................ 21<br />

2.3.3 Localização espacial e recepção do sinal de RF....................................... 24<br />

2.3.4 Sequências de pulso e tempos de repetição e de eco................................ 25<br />

2.3.5 Fatores de segurança em RMN................................................................. 26<br />

2.4 Uso de Agentes de Contraste em Ressonância Magnética................................ 27<br />

2.4.1 Agentes de contraste paramagnéticos....................................................... 27<br />

2.4.2 Agentes de contraste superparamagnéticos.............................................. 28<br />

3 METODOLOGIA...................................................................................................... 30<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................................. 33<br />

4.1 Administração de NPMs revestidas com dextrana............................................ 33<br />

4.2 Administração de NPMs revestidas com ácido oléico...................................... 37<br />

5 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 43<br />

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 44<br />

ANEXO A<br />

ANEXO B<br />

ANEXO C<br />

xii


1 INTRODUÇÃO<br />

O interesse por materiais em escala nanométrica cresce extraordinariamente, em<br />

decorrência do seu potencial de aplicação nas mais diversas áreas da ciência e tecnologia. Os<br />

pesquisadores têm adquirido a habilidade de trabalhar a nível molecular, de forma a criar<br />

estruturas complexas, com controle de sua organização (FAGAN et al, 2007).<br />

Na medicina, a aplicação desta tecnologia em sistemas de distribuição de fármacos,<br />

com base na utilização de nano e micropartículas, decorre de vantagens significativas, tais<br />

como a capacidade de segmentar locais específicos do corpo, a redução da quantidade de<br />

medicamento necessária para atingir uma determinada concentração na proximidade do alvo e<br />

a redução da concentração do fármaco nos locais onde a sua presença não é desejada,<br />

minimizando os efeitos colaterais. Todos esses benefícios justificam o crescimento<br />

exponencial do número de publicações relacionadas à entrega de fármacos utilizando<br />

nanopartículas (AMTENBRINK, RECHENBERG e HOFMANN, 2009).<br />

As propriedades das nanopartículas magnéticas (NPMs) permitem que elas sejam<br />

utilizadas em diversas aplicações na área médica, que podem ser classificadas em diferentes<br />

grupos. O primeiro grupo a ser considerado é o de agentes magnéticos de contraste em<br />

imagem por ressonância magnética. Um segundo grupo engloba agentes de hipertermia, onde<br />

as partículas magnéticas são aquecidas seletivamente através da aplicação de um campo<br />

magnético de alta freqüência, que podem agir realizando a ablação térmica de tumores. Um<br />

terceiro grupo abrange ainda vetores magnéticos, que podem ser dirigidos por meio de um<br />

gradiente de campo magnético externo para um determinado local, como no caso da entrega<br />

de fármacos em locais pré-estabelecidos do organismo (ARRUEBO et al, 2007).<br />

Entre o vasto leque de materiais em nanoescala sendo investigados para uso<br />

biomédico, as NPMs ganharam grande atenção devido às suas propriedades magnéticas<br />

intrínsecas, que permitem o acompanhamento através de imagem por ressonância magnética<br />

(IRM). Nesta classe de nanopartículas incluem-se o óxido de ferro metálico, bimetálico e<br />

nanopartículas superparamagnéticas (NPSPMs). Esta última classe possui como<br />

características o seu baixo perfil de toxicidade e superfície reativa, que pode ser facilmente<br />

modificada com revestimentos biocompatíveis (VEISEH et al, 2009).<br />

O controle da biocompatibilidade depende da manipulação das propriedades físicas,<br />

químicas e bioquímicas da superfície das nanopartículas (NPs), que constituem questões<br />

importantes nos projetos de dispositivos biomédicos.


O presente trabalho visou integrar a tecnologia existente de campos magnéticos<br />

potentes, utilizados no diagnóstico por imagem, à nanociência, ramo do conhecimento em<br />

ampla expansão, cujas aplicações aumentam a cada dia.<br />

A ressonância magnética nuclear, que é um método de imagem baseado no<br />

comportamento diferente da magnetização dos prótons de diferentes tecidos, tem assumido<br />

grande importância em relação a outras técnicas de obtenção de imagem. Esta técnica fornece<br />

imagens baseadas no comportamento das estruturas anatômicas, as quais podem ser melhor<br />

destacadas pelo uso de agentes de contraste, em geral paramagnéticos, que alteram o<br />

comportamento dos prótons, realçando estas estruturas. As NPMs, especialmente as menores<br />

que 10 nm, representam uma classe alternativa aos agentes de contraste paramagnéticos para<br />

ressonância magnética nuclear, com vantagens do ponto de vista físico, pois destacam ainda<br />

mais o comportamento magnético dos prótons de diferentes tecidos (BERRY e CURTIS,<br />

2003).<br />

Como os estudos ainda são incipientes nesta área, utilizou-se nanopartículas com<br />

propriedades superparamagnéticas, ou seja, aquelas cujas propriedades são potencializadas em<br />

função de seus diminutos sítios magnéticos. Com revestimento biocompatível adequado, elas<br />

foram utilizadas para estudar a sua eficiência no realce de estruturas anatômicas. Este objetivo<br />

foi alcançado através da administração de NPMs em ratos, com a posterior submissão destes<br />

à imageamento por ressonância magnética.<br />

Como características desejáveis, um agente de contraste endovascular deve<br />

apresentar um pequeno volume de distribuição e uma intensidade de sinal alto e estável no<br />

sistema vascular para a duração do procedimento de imagem. Após o diagnóstico, o agente<br />

deve deixar o corpo. Sua concentração no sangue deve diminuir ao longo do tempo,<br />

caracterizado por uma meia-vida curta (WEINMANN, 2002).<br />

Neste trabalho, optou-se pelo núcleo das NPMs de óxido de ferro, especificamente a<br />

magnetita (Fe3O4), tendo em vista a sua alta susceptibilidade magnética. A dextrana e o ácido<br />

oléico foram os materiais de escolha a serem utilizados como revestimento biocompatível das<br />

NPMs. A dextrana, por ser capaz de solubilizar-se em meio aquoso e ao mesmo tempo<br />

encapsular moléculas hidrofóbicas no seu interior (CUNHA e BARRETO, 2007).<br />

Considerando a disponibilidade também de NPMs com revestimento de ácido oléico, estas<br />

também foram utilizadas no trabalho, com o objetivo de comparar seus efeitos com as<br />

primeiras.<br />

Com isto, foi avaliado o comportamento das NPMs no organismo, identificando os<br />

seus sítios de fixação, através do realce nas imagens de RM, possibilitando a análise das suas<br />

2


potenciais aplicações em imagenologia, assim como na vetorização de fármacos, em função<br />

dos órgãos alvo identificados.<br />

Como forma de atingir este objetivo, as principais etapas realizadas no decorrer do<br />

trabalho foram: (i) administração das nanopartículas magnéticas nos ratos por via endovenosa<br />

caudal; (ii) submissão dos ratos, antes e após a administração das nanopartículas, a gradientes<br />

de campo magnético, por meio de ressonância magnética; (iii) avaliação da aplicação das<br />

NPMs como meio de contraste para a obtenção de imagens por ressonância magnética; (iv)<br />

avaliação das imagens obtidas dos ratos cujas nanopartículas foram administradas, por<br />

médicos radiologistas; (v) determinação dos órgãos-alvo das nanopartículas magnéticas para<br />

possíveis aplicações clínicas e (vi) a comparação dos resultados obtidos com os dados da<br />

literatura.<br />

A utilização de nanopartículas magnéticas como agentes de contraste para imagem<br />

por ressonância magnética ainda é incipiente e poucos trabalhos relatam este tipo de aplicação<br />

(ARRUEBO, 2007; BERRY, 2003; COROT, 2006; DI MARCO, 2007; OGHABIAN,<br />

2010). Essa linha de estudos merece atenção especial, considerando que a ênfase de<br />

contrastação dos tecidos é diferente daquela obtida pelos agentes de contraste tradicionais.<br />

O desenvolvimento deste projeto justifica-se, portanto, pela possibilidade de<br />

utilização da nanotecnologia na obtenção imagens diagnósticas mais elucidativas. Com o<br />

conhecimento das propriedades das nanopartículas magnéticas e do seu comportamento no<br />

meio biológico, podem surgir várias condições em que o seu uso, além das aplicações em<br />

imagem, torne os tratamentos mais independentes dos efeitos adversos, ocasionados pela<br />

forma tradicional de distribuição de fármacos no organismo.<br />

Considerando-se que o trabalho apresentado depende diretamente das propriedades<br />

magnéticas e físico-químicas, do comportamento decorrente da escala nanométrica das<br />

partículas utilizadas, assim como a sua interação com o meio biológico, fica evidente o caráter<br />

interdisciplinar das áreas do conhecimento envolvidas.<br />

Nos capítulos seguintes, abordaremos os tópicos diretamente relacionados com o<br />

desenvolvimento deste trabalho. No capítulo 2, abordaremos os princípios de campo<br />

magnético, nanopartículas magnéticas e imageamento por ressonância magnética. No capítulo<br />

3 estão descritos os recursos materiais e a metodologia utilizada. No capítulo 4 são<br />

apresentados os resultados e discussões e, no capítulo 5, as conclusões.<br />

3


2 REFERENCIAL TEÓRICO<br />

2.1 FUNDAMENTOS DO MAGNETISMO<br />

Os primeiros relatos de fenômenos magnéticos remontam da antiguidade. Em uma<br />

região da Ásia Menor, chamada Magnésia, pastores observaram que um tipo de rocha, hoje<br />

conhecida como magnetita (Fe3O4), atraía fragmentos de ferro. A primeira grande aplicação<br />

tecnológica do magnetismo foi a bússola, instrumento de orientação fundamental na época<br />

dos grandes descobrimentos (MACHADO, 2002). O primeiro tratado, De Magnete, datado de<br />

1600, foi escrito por Gilbert, considerado o pai do magnetismo. Ele foi o primeiro a dizer que<br />

a Terra era um grande magneto (NOVAK, 2000).<br />

O surgimento do método científico e a substituição da metafísica pela matemática,<br />

entre 1600 e 1700 (Galileu, Newton e outros), além do estabelecimento da teoria da<br />

Eletricidade (Coulomb, 1750), fez nascer a eletrodinâmica, com Oersted (~1800) e depois<br />

Biot, Savart, Arago, Weber e Ampere. Ampere introduziu a noção de campo magnético e<br />

sugeriu que o magnetismo era devido a correntes microscópicas. No final do século XIX,<br />

Faraday, um físico experimental, foi o primeiro a utilizar o termo campo magnético. Sua<br />

principal contribuição foi a sua lei da indução. Maxwell, que era um físico teórico, formulou<br />

matematicamente as observações de Faraday e forneceu toda a base da eletrodinâmica com<br />

suas equações (NOVAK, 2000).<br />

O campo magnético é produzido por cargas elétricas em movimento. O compor-<br />

tamento de um campo magnético gerado por uma carga em movimento está contido na lei de<br />

Biot-Savart, relacionada aos dois cientistas franceses, cujo estudo resultou na equação 1, que<br />

descreve essa lei:<br />

0<br />

qvsen<br />

B <br />

2<br />

4 r<br />

onde r é a distância à partir da carga, θ é o ângulo formado entre v e r e μ0 a constante de<br />

permeabilidade magnética, cujo valor é μ0 = 1,257x10 -6 N/A 2 .<br />

A unidade do campo magnético é o Tesla (T); o Sistema Internacional de Unidades<br />

define T como sendo a indução magnética uniforme que produz uma força constante de 1<br />

N/m 2 em um condutor retilíneo, situado no vácuo e percorrido por uma corrente elétrica<br />

invariável de 1 A, sendo perpendiculares entre si as direções da indução magnética, da força e<br />

da corrente.<br />

4<br />

(1)


Qualquer magneto constitui sempre um dipolo, ou seja, um de seus lados ou extremi-<br />

dades terá um comportamento magnético de atração ou de repulsão, chamados pólos norte e<br />

pólo sul (Figura 1). Mesmo que se divida o magneto ao meio, as extremidades resultantes<br />

passarão a conter também dois pólos. Por mais que continuemos a dividir cada fragmento<br />

restante em dois, os pólos norte e sul sempre estarão presentes. Este fato mostra que não<br />

existem monopolos magnéticos, assim como não existe uma carga magnética, como acontece<br />

na eletricidade. Esta afirmação é descrita matematicamente na equação 2, pela 3ª lei de<br />

Maxwell para o magnetismo.<br />

. B <br />

<br />

0<br />

, (2)<br />

cuja interpretação mostra que o divergente do campo magnético é nulo porque todas as linhas<br />

de campo que entram em uma superfície gaussiana também saem dela. Na forma integral,<br />

temos:<br />

<br />

B. nˆ<br />

da 0<br />

<br />

Figura 1: Magneto em barra mostrando os pólos norte e sul e suas linhas de campo (HEWITT,<br />

2002).<br />

Cargas elétricas em rotação também dão origem a campos magnéticos. A fonte mais<br />

simples de campo magnético é o chamado dipolo magnético. Se uma corrente I circula em<br />

torno de uma área A, gera-se um vetor, chamado momento magnético:<br />

IA <br />

<br />

5<br />

(3)<br />

(4)<br />

em que A é um vetor de módulo igual à área A, orientado perpendicularmente à superfície. O<br />

elétron possui, além da sua carga elétrica, um momento de dipolo magnético bem determina-


do, chamado de spin. O valor desse momento é chamado de magnéton de Bohr, que é a uni-<br />

dade fundamental de momento magnético e vale, em unidades do SI, μB=9,27.10 -24 Am 2 .<br />

A soma dos momentos magnéticos de dipolo em um volume V, dividida por esse<br />

volume, nos leva a outra importante grandeza, a magnetização:<br />

1<br />

M i<br />

V<br />

i<br />

A grandeza que caracteriza um material magnético segundo sua resposta a um campo<br />

magnético aplicado chama-se susceptibilidade magnética (χ). Muitas vezes, os materiais<br />

apresentam uma resposta não linear, de modo que deve-se tomar o limite nulo da excitação<br />

(campo aplicado). A susceptibilidade magnética depende da temperatura, do campo e da<br />

posição da amostra. De acordo com a susceptibilidade magnética e, em conseqüência, da<br />

resposta que os materiais apresentam ao serem expostos a um campo magnético, eles podem<br />

ser classificados em diamagnéticos, paramagnéticos, ferrimagnéticos, ferromagnéticos ou<br />

antiferromagnéticos, conforme demonstrado na Tabela 1.<br />

Nos materiais diamagnéticos, aqueles cujos átomos ou íons não possuem momento<br />

dipolar atômico, a ação de um campo magnético externo provoca uma alteração nas correntes<br />

eletrônicas, o que faz aparecer um pequeno momento magnético de polaridade contrária à do<br />

campo magnético aplicado, acabando por repelir as suas linhas de força. Quando a aplicação<br />

do campo cessa, o material deixa de possuir esse momento provisório (FEYNMAN,<br />

LEIGHTON e SANDS, 1963).<br />

Tabela 1: Classificação dos materiais quanto aos valores de susceptibilidade (χ),<br />

permeabilidade (μ) e momentos magnéticos ( )<br />

Material χ μ (Am 2 ) <br />

Diamagnético ˂ 0 (n) ˂ 1 opostos a B<br />

Paramagnético ˃ 0 (f) ˃ 1 aleatórios<br />

Ferromagnético ˃˃ 0 ˃˃ 1 paralelos<br />

Ferrimagnético ˃˃ 0 ˃˃ 1 antiparalelos<br />

Antiferromagnético ˃ 0 ˃1 antiparalelos<br />

Os materiais paramagnéticos, que possuem momentos magnéticos atômicos que não<br />

interagem entre si, são fracamente atraídos por campos magnéticos externos e tornam-se<br />

magnéticos apenas enquanto estiverem sob a ação desse campo. Alguns exemplos da tabela<br />

periódica são o magnésio, o molibdênio, o lítio e o tântalo.<br />

O ferrimagnetismo surge em alguns materiais cerâmicos em que os íons têm<br />

diferentes momentos magnéticos, de forma que surge um momento magnético resultante. Os<br />

6<br />

(5)


materiais ferrimagnéticos naturais são conhecidos genericamente por ferritas, sendo a<br />

magnetita, a mais conhecida, uma vez que é um mineral nativo em muitas regiões do planeta.<br />

Os materiais que são fortemente atraídos por um imã são classificados como<br />

ferromagnéticos, tais como ferro, cobalto e quase todos os tipos de aço. O ferromagnetismo é<br />

o mais evidente dos fenômenos magnéticos. Representa a orientação dos dipolos magnéticos<br />

(domínios magnéticos) em relação a um campo magnético externo, e mantém esta orientação<br />

mesmo quando o campo magnético é retirado. Por esta propriedade de reter orientação<br />

magnética, eles se tornam imantados e são muito usados para gravação de memória<br />

magnética, motores, fabricação de imãs permanentes, etc. Os sólidos ferromagnéticos<br />

apresentam susceptibilidade magnética muito superior a 1 (χ >>1). Contudo, as flutuações de<br />

origem térmica tendem a desalinhar aleatoriamente seus domínios magnéticos, enfraquecendo<br />

a sua interação e, desta forma, os materiais ferromagnéticos só o são abaixo de uma<br />

determinada temperatura crítica (KNIGHT, 2009).<br />

O antiferromagnetismo é o ordenamento magnético de todos os momentos<br />

magnéticos de um material na mesma direção mas, em sentido inverso. Para um material ser<br />

descrito como antiferromagnético, este efeito tem que percorrer todo o material. Existe uma<br />

propriedade semelhante a dos materiais ferromagnéticos no que diz respeito a altas<br />

temperaturas, relacionada ao ponto no qual o antiferromagnetismo perde suas propriedades e<br />

se torna paramagnético, que é chamada de temperatura de Néel. Ao submeter um material<br />

antiferromagnético a um campo magnético intenso, alguns de seus domínios se alinham<br />

paralelamente a ele, mas ao mesmo tempo que se alinham em paralelo com os domínios<br />

vizinhos. A Figura 2 mostra o esquema do comportamento dos momentos magnéticos de<br />

alguns destes materiais (KOROLEVA e KHAPAEVA, 2009).<br />

Figura 2: Comportamento dos momentos magnéticos dos átomos em materiais (A)<br />

diamagnéticos, (B) paramagnéticos, (C) anti-ferromagnéticos, (D) ferrimagnéticos e (E)<br />

ferromagnéticos.<br />

Geralmente é necessário um campo magnético muito intenso para alinhar o momento<br />

magnético em todo o material. Em alguns casos, pode até haver imantação devido a um<br />

7


campo magnético muito forte. Alguns exemplos de materiais antiferromagnéticos são o cromo<br />

e o manganês (REITZ, MILFORD E CHRISTY, 1982).<br />

Uma característica importante sobre os materiais magnéticos é que, acima de uma<br />

determinada temperatura, eles perdem suas propriedades magnéticas, pois o calor provoca um<br />

desordenamento na disposição das suas partículas. Esta temperatura, que é constante para<br />

cada substância, é denominada temperatura de Curie (Tc) ou ponto de Curie. Esta transição é<br />

reversível através do resfriamento do material. Quando T


magnetizada. Nesse estado de magnetização permanente, o momento magnético total é a<br />

soma vetorial de todos os momentos atômicos, resultando em um momento magnético gigante<br />

(EYRE, 2006).<br />

Pequenas partículas magnéticas exibem fenômenos únicos, tais como tunelamento<br />

quântico da magnetização, ocasionando o superparamagnetismo, que é um dos principais<br />

fenômenos observados na nanoescala. Quando um material ferromagnético é fragmentado até<br />

uma nanopartícula, a curva de histerese típica desaparece e o sistema entra em um regime<br />

pelo qual a magnetização é totalmente reversível (SOUZA FILHO e FAGAN, 2011).<br />

Quando o campo magnético aplicado em um material ferromagnético for aumentado<br />

até a saturação e em seguida for diminuído, a densidade de fluxo B (weber/m 2 ) não diminui<br />

tão rapidamente quanto o campo H (weber/m 2 ). Dessa forma, quando H chega a zero, ainda<br />

existe uma densidade de fluxo remanescente, Br. Para que B chegue a zero, é necessário<br />

aplicar um campo negativo, chamado de força coercitiva. Se H continuar aumentando no<br />

sentido negativo, o material é magnetizado com polaridade oposta. A redução do campo<br />

novamente a zero deixa uma densidade de fluxo remanescente, -Br, e, para reduzir B a zero,<br />

deve-se aplicar uma força coercitiva no sentido positivo. Aumentando-se mais ainda o campo,<br />

o material fica novamente saturado, com a polaridade inicial. Esse fenômeno que causa o<br />

atraso entre densidade de fluxo e campo magnético é chamado de histerese magnética,<br />

enquanto que o ciclo traçado pela curva de magnetização é chamado de ciclo de histerese<br />

(Figura 4). A histerese magnética não ocorre com materiais paramagnéticos. Nesse caso, ao<br />

retirar o campo externo aplicado, a magnetização retorna ao estado inicial. No caso de<br />

materiais superparamagnéticos, o comportamento da magnetização é semelhante, porém, com<br />

uma resposta de magnetização muito superior à dos materiais paramagnéticos.<br />

Figura 4: Curvas de histerese dos materiais ferromagnéticos e das respostas diferentes da<br />

magnetização (B) dos materiais para e superparamagnéticos quando sujeitos a um campo<br />

externo H. As unidades das duas grandezas é o Tesla.<br />

9


2.2 NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS (NPMS)<br />

A nanotecnologia, por definição, está relacionada à manipulação da matéria em<br />

uma escala em que os materiais revelam características exclusivas, ou seja, não encontradas<br />

quando o mesmo material é analisado em escala macroscópica. A origem das propriedades de<br />

induzida pelo tamanho em nanomateriais depende basicamente dos fenômenos de superfície<br />

e efeitos de confinamento quântico. A razão superfície vs volume aumenta rapidamente<br />

quando o tamanho das partículas diminui. Quando um determinado material tem pelo menos<br />

uma dimensão reduzida a nanoescala, os vetores de onda eletrônica tornam-se quantizados e<br />

o sistema apresenta seu níveis de energia discretos (SOUZA FILHO e FAGAN, 2011).<br />

Tais mudanças traduzem-se pela apresentação de tolerância à temperatura, variedade<br />

de cores, alterações da reatividade química, da condutividade elétrica, ou por exibir<br />

interações de intensidade extraordinária. Em geral, tais peculiaridades ocorrem quando as<br />

dimensões das partículas não ultrapassam os 100 nanometros. Estas características justificam<br />

o interesse tecnológico em relação aos nanomateriais, que já são fabricados em escala<br />

comercial para emprego em vários produtos como cosméticos, tintas, revestimentos, tecidos,<br />

catalisadores ou para proporcionar mais resistência aos materiais (AMTENBRINK,<br />

HOFMANN e MONTET, 2010).<br />

As NPMs apresentam características que as tornam um importante recurso em<br />

potencial na área médica. Primeiro, elas possuem tamanhos controláveis, que variam de<br />

alguns nanometros até dezenas de nanometros, o que as coloca em dimensões que são<br />

menores ou comparáveis a uma célula (10 a 100 μm), um vírus (20 a 450 nm), uma proteína<br />

(5-50 nm) ou um gene (2 nm de largura 1-100 nm de comprimento). Isto significa que elas se<br />

equivalem em tamanho a uma entidade biológica de interesse. Na verdade, elas podem ser<br />

revestidas com moléculas biológicas para que possam interagir com ou se vincular a uma<br />

entidade biológica e assim fornecer um meio controlado de marcá-lo ou abordá-lo<br />

(PANKHURST, CONNOLLY e JONE 2003).<br />

Com revestimento de superfície adequado, as NPMs podem permanecer dispersas<br />

em solventes apropriados, formando suspensões homogêneas, chamado fluidos magnéticos.<br />

Fluidos magnéticos podem ser submetidos a um campo magnético externo, possibilitando a<br />

aquisição de imagens por ressonância magnética para o diagnóstico médico (LIU, 2011).<br />

A magnetita, que é o material constituinte do núcleo das NPMs utilizada no presente<br />

trabalho, tem a particularidade de conter tanto íons Fe 2+ quanto Fe 3+ , dentro de uma estrutura<br />

espinélio inversa. Trinta e dois ânions de oxigênio formam uma célula unitária cúbica,<br />

centrada na face, com um comprimento da aresta de 0,839 nm. Nesta célula unitária, íons de<br />

10


ferro estão localizados em 8 sítios tetraédricos, cercados por 4 íons de oxigênio, e 16 sítios<br />

octaédricos, rodeados por 8 íons de oxigênio. Os sítios tetraédricos são ocupados<br />

exclusivamente por íons Fe 3+ , enquanto íons Fe 2+ e Fe 3+ ocupam alternadamente posições<br />

octaédricas (Figura 5).<br />

Figura 5: Estrutura espinélio inversa de magnetita. (a) Ilustração da parte frontal de uma<br />

célula unitária cúbica. (b) Organização ferrimagnética da magnetita (Extraído de GOSSUIN,<br />

2009).<br />

Esta organização é, por vezes, expressa na fórmula para magnetita Fe 3+ [Fe 2+ Fe 3+ ]O4<br />

e maghemita Fe 3+ [(Fe 3+ )5/3 V1/3]O4, onde V representa uma vacância de cátion (GOSSUIN,<br />

2009). No tópico seguinte são discutidas as técnicas de síntese das nanopartículas.<br />

2.2.1 Técnicas de Obtenção de NPMs<br />

A produção das NPMs ocorre a partir de metais de ferro e cobalto puro e ligas de<br />

CoPt3, FePt, FeZn, e de óxidos de ferro, incluindo a magnetita (Fe3O4) e maghemita (γ-<br />

Fe2O3). Os óxidos de ferro também podem ser dopados para aumentar suas propriedades<br />

magnéticas para formar MFe2O4, onde M é um cátion bivalente, tais como íons de Mn 2+ ,<br />

Fe 2+ , Co 2+ ou Ni 2+ (VEISEH et al, 2009). Quando o núcleo destas nanoestruturas possui<br />

dimensão menor que 25 nm, a NPM adquire característica superparamagnética, estado em que<br />

ela somente apresenta magnetização quando submetida a um campo magnético externo.<br />

Vários métodos de síntese de nanopartículas magnéticas têm sido relatados. A<br />

metodologia mais utilizada envolve a co-precipitação alcalina de íons ferrosos e férricos em<br />

solução aquosa, na presença de um agente estabilizador (como dextrana, por exemplo). Uma<br />

boa estabilização da magnetização também pode ser atingida após a síntese através da<br />

11


adsorção única na superfície destes agentes. No entanto, em se tratando de síntese química,<br />

ainda é um desafio obter partículas magnéticas com uma população monodispersa em grande<br />

escala para usos clínicos (DI MARCO, 2007).<br />

A síntese de nanopartículas superparamagnéticas é um processo complexo, devido à<br />

sua natureza coloidal. O primeiro desafio na obtenção do produto químico principal consiste<br />

na definição de condições experimentais, levando a uma população monodispersa de grãos<br />

magnéticos de tamanho adequado. O segundo ponto crítico é a escolha de um processo<br />

reprodutível, podendo ser industrializado, sem qualquer processo complexo de purificação.<br />

Vários processos foram adaptadas para a produção de nanopartículas magnéticas a partir de<br />

técnicas de solução ou de aerossol ou em fase de vapor (COROT et al, 2006)<br />

Novos processos também devem fornecer o óxido de ferro caracterizado por um<br />

elevado grau de cristalinidade e, conseqüentemente, uma alta magnetização de saturação. O<br />

revestimento precisa ser otimizado para simplificar o processo e prevenir de forma eficaz a<br />

qualquer agregação e sedimentação das nanopartículas superparamagnéticas para fornecer<br />

uma solução estável para injecção ou um pó liofilizado que é fácil de reconstituir.<br />

A decomposição de ferro (III) acetilacetonato em éter dibenzil na presença de ácido<br />

oléico tem sido usada para sintetizar nanopartículas de óxido de ferro monodispersas.<br />

(GUARDIA et al, 2009).<br />

2.2.2 Revestimentos<br />

O uso in vivo das nanopartículas exige que elas sejam revestidas, para minimizar os<br />

efeitos indesejados com o meio biológico (LACAVA e MORAIS, 2004). Estes revestimentos<br />

de superfície, geralmente compostos por pequenas moléculas orgânicas e polímeros, servem<br />

para evitar aglomeração de óxido de ferro dos núcleos, possibilitar a manipulação química<br />

para viabilizar vetorização de fármacos e limitar a interação de células não-específicas. Para<br />

atender a essas funções de revestimento, um grupo diversificado de polímeros têm sido<br />

investigados, incluindo polietilenoglicol (PEG), dextrana, ciclodextrina, quitosana<br />

(polissacarídeo catiônico), polietilenoimina (PEI) e outros (VEISEH et al, 2009).<br />

As dextranas são formadas a partir da sacarose, através do crescimento de bactérias<br />

pertencentes aos gêneros Leuconostoc, Streptococcus e Lactobacillus. No entanto, a maioria<br />

das dextranas é sintetizada pela bactéria da espécie Leuconostoc mesenteroides. Assim como<br />

a maioria dos polímeros solúveis em água, as moléculas administradas com baixo peso<br />

molecular (menor que 10 kDa) são eliminados do organismo por filtração glomerular. Para as<br />

dextranas com massas molares superiores a 40 kDa, a sua metabolização ocorre pela ação da<br />

12


enzima dextranase (dextrano 1,6-glucosidase, presente em órgãos como o fígado, baço, rins e<br />

cólons) que os degrada em glicose (BELDER, 2003).<br />

As dextranas, cuja estrutura molecular está apresentada na Figura 6, são muito<br />

utilizadas em aplicações biomédicas devido à sua biocompatibilidade, baixo custo e<br />

facilidade na sua modificação. Dentro destas aplicações destacam-se o desenvolvimento de<br />

agentes de contraste para imaginologia médica, sobretudo com o objetivo de aumentar o<br />

tempo de retenção destes compostos na circulação. Estudos sobre a estabilidade química de<br />

dextranas clínicas em pH 4,5 a 7, quando armazenado por vários anos em temperaturas entre<br />

4° a 40 °C, revelou que a dextrana tem excelente estabilidade (BELDER, 2003).<br />

Figura 6: Estrutura química da dextrana (adaptado de BELDER, 2003).<br />

Outra substância, a ciclodextrina (CD) constitui uma classe de excipientes<br />

farmacêuticos compostos por unidades de D-glucopiranose, que unidas originam estruturas<br />

cíclicas troncocônicas. A estrutura espacial cônica e a orientação dos grupos hidroxílicos para<br />

o exterior conferem a estes açúcares cíclicos propriedades físico-químicas únicas, sendo<br />

capazes de solubilizar-se em meio aquoso e ao mesmo tempo encapsular no interior da sua<br />

cavidade moléculas hidrofóbicas. Na área farmacêutica, este excipiente tem sido explorado<br />

principalmente no incremento da solubilidade, estabilidade e biodisponibilidade de<br />

medicamentos (HILDEBRAND et al, 2006 e MESSNER et al, 2010).<br />

O mecanismo de fixação de superfície do revestimento polimérico ou monomérico<br />

deve ser investigado através de técnicas de caracterização de superfície para descrever a<br />

natureza e a força da superfície vinculativa (hidrogênio, pseudo-covalentes, iônicas). As<br />

propriedades físico-químicas de superfície das NPMs muito pequenas (diâmetros menores que<br />

15 nm, ou USPIOs, do inglês, ultra small superparamagnetic iron oxide) interferem<br />

fortemente na sua capacidade de ser internalizadas pelos macrófagos e outras células<br />

fagocíticas após a administração intravenosa. Portanto, a presença do revestimento é<br />

13


fundamental para modular o destino das USPIOs, controlando suas propriedades elétricas de<br />

superfície (ARIAS et al, 2006).<br />

Em geral, os agentes de revestimento que são adsorvidos fisicamente (por interações<br />

eletrostáticas ou delimitação pelo hidrogênio) mostram estabilidade limitada em comparação<br />

com os agentes de revestimento que são adsorvidos quimicamente. A estabilidade do<br />

revestimento também depende da quantidade de interações químicas que cada molécula<br />

individual ou macromolécula pode estabelecer com a superfície das nanopartículas. Como<br />

resultado, cada interação entre o revestimento e a superfície de óxido de metal tem que ser<br />

analisada e discutida em uma base individual (DI MARCO et al, 2007).<br />

2.2.3. Caracterização de NPMs<br />

A metodologia mais importante de caracterização da estrutura das nanopartículas é a<br />

difração de raios X, com as duas fontes de radiação: síncrotron e convencional. A análise<br />

térmica, Mossbauer e espectroscopia de infravermelho fornecem informações adicionais úteis<br />

(DI MARCO et al, 2007).<br />

A maioria destas técnicas requer a secagem das amostras que, para aplicações<br />

biológicas, precisam estar dispersas em um líquido. A secagem da amostra ou a sua<br />

colocação em uma superfície úmida pode induzir mudanças significativas sobre as<br />

características físico-químicas das USPIOs, como a ocorrência de agregação irreversível das<br />

partículas. Assim, os resultados obtidos podem não refletir com precisão a natureza das<br />

espécies na dispersão do líquido. As nanopartículas podem ser caracterizadas como uma<br />

suspensão líquida, principalmente por pequenos ângulos de espalhamento de raios X ou de<br />

nêutrons (DI MARCO et al, 2007).<br />

O potencial zeta desempenha um papel importante na caracterização eletrocinética<br />

das interfaces sólido-líquido, sendo definido como o potencial elétrico no plano de<br />

cisalhamento, também conhecido como plano de escorregamento. O potencial zeta também<br />

pode ser descrito como uma função da densidade superficial de carga, no plano local de<br />

cisalhamento, e a estrutura de superfície e é um parâmetro muito importante no que diz<br />

respeito a muitas características de materiais dispersos.<br />

Uma propriedade fundamental das superfícies de óxido de metal é a sua tendência<br />

para construir uma carga de superfície quando em contato com a água. Isso vai induzir efeitos<br />

eletrostáticos nas vizinhanças da partícula carregada. Em solução, a presença de uma carga<br />

líquida sobre uma partícula afeta a distribuição de íons circundantes, resultando em um<br />

aumento na concentração de contra-íons (íons de carga oposta à partícula) nas proximidades<br />

14


da partícula. Isto implica que a dupla camada é determinada pela força iônica da solução.<br />

Assim, há dificuldade para diferenciar a mudança no plano de corte de medidas de potencial<br />

zeta em diferentes condições de concentração de eletrólitos. Como conseqüência, potencial<br />

zeta (ζ) não pode ser medido diretamente, e sim calculado a partir de técnicas experimentais<br />

(fluxo atual ou potencial, mobilidade eletroforética e a condutividade elétrica) com a ajuda de<br />

abordagens teóricas. Existe um método alternativo baseado no ultra-som que está rapidamente<br />

se tornando importante. O método de ultra-som tem uma grande vantagem sobre as técnicas<br />

tradicionais baseadas na luz, porque é capaz de caracterizar os sistemas concentrados, sem<br />

diluição. Na verdade, os métodos baseados em luz exigem, em geral, as suspensões de<br />

diluição extrema, a fim de tornar a amostra suficientemente transparente para a medição.<br />

2.2.4 Aplicações das NPMs na Medicina<br />

As nanopartículas magnéticas obedecem às leis de Maxwell e podem ser<br />

manipuladas por um gradiente de campo magnético externo. Esta ação à distância, combinada<br />

com a intrínseca penetrabilidade de campos magnéticos em tecidos humanos, abre muitas<br />

aplicações que envolvem o transporte e/ou imobilização de nanopartículas magnéticas, ou de<br />

marcar magneticamente entidades biológicas. Dessa forma, isto pode ser feito para entregar<br />

um pacote, como um fármaco anticâncer ou um grupo de átomos de radionuclídeos, em uma<br />

região-alvo do corpo, como um tumor.<br />

As NPMs podem também ser usadas para responder a um campo magnético variável<br />

no tempo, com resultados relacionados a transferência de energia do campo de excitação.<br />

Neste caso, a partícula pode ser usada para aquecer, o que leva à sua utilização como agentes<br />

de hipertermia, fornecendo quantidades tóxicas de energia térmica para quimioterapia aos<br />

órgãos-alvo, tais como tumores, ou como radioterapia e agentes de reforço, onde um<br />

moderado grau de aquecimento dos tecidos resulta na destruição mais eficaz das células<br />

malignas (PANKHURST, CONNOLLY e JONE, 2003).<br />

Outra aplicação ainda incipiente de NPMs está relacionada à sua utilização como<br />

agente de contraste de imagem no método de ressonância magnética. As NPMs têm em<br />

comum a sua absorção específica do sistema fagocitário e, se elas não são inteiramente<br />

capturadas pelo fígado e baço, podem ser amplamente avaliadas como marcadores de<br />

ressonância magnética para o diagnóstico de doenças inflamatórias e degenerativas associadas<br />

à alta atividade fagocítica dos macrófagos (COROT et al, 2006).<br />

Estas e muitas outras aplicações potenciais estão disponíveis na biomedicina, como<br />

resultado das propriedades físicas especiais das NPMs.<br />

15


2.2.5 Mecanismos de interação biológica<br />

A farmacocinética e a captação celular in vivo das NPMs, incluindo a sua<br />

capacidade de interagir com as barreiras biológicas, estão em grande parte relacionados com<br />

as suas propriedades físico-químicas, incluindo a morfologia, tamanho, hidrofobicidade, carga<br />

e outras propriedades de superfície. Essas propriedades são determinadas pelos tipos,<br />

estruturas e orientações dos materiais que as compõem (VEISEH et al, 2009).<br />

Uma vez que uma NP entra na corrente sanguínea, processos opositores ativam o<br />

sistema mononuclear fagocitário (SMF) de resposta. Dependendo da biodegradabilidade e<br />

tamanho, algumas das NPs presentes nas vesículas lisossômicas em células de Kupffer, no<br />

fígado, podem ser incorporadas à bile e removidas nas fezes. Outras NPs serão filtradas pelos<br />

rins e eliminadas na urina. Em geral, as NPs menores estão sujeitas a rápida eliminação renal,<br />

ao passo que as maiores mostram captação pelo fígado, baço, e medula óssea (Figura 7 ).<br />

Partículas grandes são removidas pelas células capazes de fagocitose, ou seja, macrófagos ou<br />

células dendríticas, enquanto pequenas partículas podem ser removidas por células capazes de<br />

endocitose (Linfócitos B e T). Se as NPs magnéticas são biodegradáveis, os produtos de<br />

decomposição podem ser tomados por qualquer célula por meio de pinocitose (ARRUEBO et<br />

al, 2007).<br />

Partículas magnéticas menores do que 4 nm são removidas pelas células do SMF,<br />

principalmente no fígado (60-90%) e baço (3-10%). Partículas maiores que 200 nm são<br />

geralmente filtradas pelo baço, cujo ponto de corte se estende até 250 nm, enquanto que as<br />

partículas maiores que 100 nm são fagocitadas por células principalmente do fígado.<br />

Em geral, quanto maiores as partículas, mais curta é a sua meia vida no plasma. Este<br />

clearance de partículas pelas células de Kupffer podem ser, por outro lado, útil para o<br />

tratamento de doenças do fígado, como câncer ou leishmania, tuberculose, listeriose,<br />

hanseníase, etc, embora seja importante considerar que, simultaneamente, implica na<br />

destruição de um número significativo de células de defesa do paciente (KIM et al, 2007).<br />

16


Figura 7: Diagrama qualitativo relacionando o tempo de residência no sangue com o tamanho<br />

da partícula (adaptado de ARRUEBO et al, 2007).<br />

Para nanopartículas de óxido de ferro, sua meia-vida no sangue é dose-dependente.<br />

Essa característica já foi demonstrada por vários sistemas de nanopartículas e está relacionada<br />

a uma saturação progressiva do consumo de macrófagos no fígado ou outros órgãos ricos em<br />

macrófagos, como o baço e a medula óssea. No entanto, o ligeiro aumento da meia-vida<br />

encontrada no intervalo de doses clínicas não causa impacto relevante em termos de imagens<br />

clínicas em função do perfil global da farmacocinética dos compostos. A meia-vida das<br />

USPIO no sangue é geralmente maior nos seres humanos do que em animais. Por exemplo,<br />

em doses de 30 ou 45 μmol Fe/kg, a meia-vida no sangue de ferumoxtran-10 é de 2 a 3 horas<br />

em ratos e de 24 a 36 horas em seres humanos. Uma vez que o acesso das USPIOs aos órgãos<br />

é facilitado por um tempo prolongado de permanência no sangue, experimentos com imagens<br />

de animais, geralmente são feitos usando altas doses de USPIO (200-1000 μmol Fe / kg) em<br />

comparação com a dose clínica humana de 45 μmol Fe / kg (COROT et al, 2006).<br />

A principal indicação clínica para as nanopartículas de óxido de ferro foi de imagem<br />

hepática. Depois da injeção intravenosa, SPIOs são rapidamente fagocitadas por macrófagos<br />

hepáticos especializados, as células de Kupffer, resultando em uma queda na intensidade do<br />

sinal de ressonância magnética e, portanto, gerando imagens com sinal hipointenso,<br />

principalmente por causa de um efeito de susceptibilidade. A magnitude da diminuição da<br />

17


intensidade do sinal é determinada por uma variedade de parâmetros, incluindo a dose<br />

administrada e a seqüência de pulso (COROT et al, 2006).<br />

Como as células de Kupffer estão exclusivamente no parênquima hepático saudável,<br />

as SPIOs aumentam o contraste entre tecidos saudáveis e doentes, desprovidos destas células.<br />

Portanto, tumores não demonstram uma redução permanente da intensidade do sinal após a<br />

administração de óxido de ferro, pois estão desprovidas de macrófagos. As diferenças em<br />

contraste também pode ser devido à atividade suprimida de células de Kupffer como<br />

resultado do crescimento do tumor. Tumores de fígado ou metástases muito pequenas, da<br />

ordem de 2 a 3 mm podem ser detectadas (SEMELKA, 2001)<br />

2.2.6 Toxicidade<br />

Para administração endovenosa de NPMs, a regra geral é que elas sejam não<br />

tóxicas, não imunogênicas e de um tamanho que evita a embolização dos ductos capilares.<br />

Embora a mudança no foco do desenvolvimento de partículas de micro a nanoescala seja<br />

essencial para os avanços na biologia moderna, medicina e produção industrial,<br />

ele carrega um potencial nocivo sobre os organismos e o ambiente (KIM et al, 2006). A falta<br />

de informação sobre a toxicidade de nanopartículas pode resultar em sérios problemas. Por<br />

isso, é necessário que especialistas e pesquisadores em toxicologia, química e outros campos<br />

estejam conscientes da importância de analisar os aspectos positivos dos nanomateriais,<br />

evitando seus potenciais efeitos tóxicos (OBERDORSTER, G., OBERDORSTER, E. e<br />

OBERDORSTER, J., 2005). Várias técnicas de encapsulamento de partículas magnéticas<br />

estão em desenvolvimento, de forma que os sistemas obtidos tornem-se efetivos carreadores<br />

de drogas, com especificidade tumoral para a liberação controlada de agentes. Além de apre-<br />

sentar baixos níveis de toxicidade, as nanopartículas devem também possuir um elevado<br />

momento de saturação, que permita minimizar as doses requeridas (CASTRO et al, 2010).<br />

Até o momento, a importante ligação entre a concentração intracelular de<br />

nanopartículas e os efeitos citotóxicos não foi completamente analisada, e esses são muitas<br />

vezes expressos em termos da quantidade de nanomaterial presente no meio de incubação.<br />

Para a maioria das aplicações biomédicas, a concentração intracelular de nanopartículas é de<br />

importância primordial.<br />

Os efeitos tóxicos das nanopartículas devem ser medidos em momentos nos quais as<br />

células contêm partículas intactas, partículas parcialmente degradadas e completamente<br />

degradadas. Também é importante relatar que quando nanopartículas interagem com as<br />

células, sítios de ligação polivalentes na sua superfície podem provocar ligações cruzadas das<br />

18


proteínas da superfície celular e, assim, interferir com os processos biológicos normais. Os<br />

locais polivalentes de ligação também pode resultar em um aumento da afinidade de ligação<br />

(avidez) para receptores da superfície celular. Assim, as interações multivalentes devido à<br />

ligação de ligantes a nanopartículas podem aumentar a avidez em até 4 vezes (IVERSEN,<br />

SKOTLAND e SANDVIG, 2011).<br />

2.2.7 Excreção celular<br />

Todos os trabalhos que envolvem a excreção de nanopartículas pelas células<br />

concluem que a sua exocitose é muito mais lenta do que endocitose. Considerando que a taxa<br />

de endocitose parece ser mais rápida para as partículas de 20-50 nm, a taxa de exocitose<br />

diminui com o aumento de tamanho de partículas (IVERSEN, SKOTLAND e SANDVIG,<br />

2011). A fração de nanopartículas endocitadas varia para diferentes linhagens celulares. O<br />

percentual de nanopartículas celulares sendo exocitadas em de 1 h em células HeLa foi de<br />

aproximadamente 35, 10 e 5% para as nanopartículas de 14, 50 e 74 nm, respectivamente<br />

(CHITHRANI e CHAN, 2006). Uma questão em aberto é também o que acontece com as<br />

nanopartículas liberadas a partir de células que foram mortas, por exemplo, aquelas que<br />

sofreram interação com nanopartículas contendo fármacos (IVERSEN, SKOTLAND e<br />

SANDVIG, 2011).<br />

2.3 PRINCÍPIOS FÍSICOS DA IMAGEM POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (IRM)<br />

Compreender os princípios físicos envolvidos na formação da imagem por<br />

ressonância magnética implica na abordagem de fenômenos que ocorrem em escala<br />

subatômica. Um átomo com número de massa ímpar, ou seja, número de prótons diferente do<br />

número de nêutrons, apresenta um movimento de giro do seu núcleo em torno do próprio<br />

eixo. As leis do eletromagnetismo determinam a relação entre a carga elétrica em movimento<br />

e a indução de um campo magnético (Figura 8). Pode-se assim associar ao momento<br />

magnético um vetor de magnetização efetiva (VME), possibilitando um tratamento<br />

matemático apropriado (WESTBROOK e KAUT, 2000).<br />

19


Figura 8. Representação da geração de um dipolo magnético a partir do próton do hidrogênio,<br />

que é carregado positivamente e gira em torno de seu próprio eixo, com um momento<br />

magnético associado (adaptado de MAZZOLA, 2009).<br />

Embora o embasamento físico da RMN já tenha sido descrito em 1946, apenas à<br />

partir da década de 70 é que o desenvolvimento tecnológico permitiu a sua aplicação na área<br />

médica. O método de imagem por ressonância magnética (IRM) surgiu em 1973, utilizando-<br />

se algoritmos de reconstrução de imagens desenvolvidos para a tomografia computadorizada<br />

por raios X. Em 1975, são estabelecidas as bases da RMN, empregadas por métodos de<br />

codificação de fase e freqüência em conjunto com a Transformada de Fourier.<br />

2.3.1 Relação do hidrogênio com um campo magnético externo<br />

A IRM é o resultado da interação do forte campo magnético produzido pelo<br />

equipamento com os prótons de hidrogênio do tecido humano, criando uma condição para que<br />

possamos enviar um pulso de radiofreqüência (RF) e, após, coletar a RF modificada, através<br />

de uma bobina ou antena receptora. Este sinal coletado é processado e convertido numa<br />

imagem ou informação. Os principais átomos que compõem o tecido humano são: hidrogênio,<br />

oxigênio, carbono, fósforo, cálcio, flúor, sódio, potássio e nitrogênio. Estes átomos, exceto o<br />

hidrogênio, possuem no núcleo atômico prótons e nêutrons. Apesar de outros núcleos<br />

possuírem propriedades que permitam a utilização em IRM, o hidrogênio é o escolhido por<br />

três importantes motivos: (i) é o mais abundante no corpo humano, (ii) as características de<br />

ressonância magnética nuclear se diferem bastante entre o hidrogênio presente no tecido<br />

normal e no tecido patológico e (iii) o próton do hidrogênio possui o maior momento mag-<br />

nético e, portanto, a maior sensibilidade a RMN (MAZZOLA, 2009 e CABAL et al, 2009).<br />

As propriedades de ressonância magnética têm origem na interação entre um átomo e<br />

um campo magnético externo. É um fenômeno em que partículas contendo momento angular<br />

e momento magnético exibem um movimento de precessão quando estão sob ação de um<br />

20


campo magnético (B0). A influência do campo magnético externo B0 faz com que apareça<br />

uma oscilação adicional em torno do eixo de rotação do próton, denominado como<br />

movimento de precessão, o que faz com que os momentos magnéticos descrevam um<br />

movimento circular em torno do eixo de B0. O percurso de oscilação é chamado trajetória de<br />

precessão e a velocidade com que o VME oscila em torno de B0 é definida como freqüência<br />

de precessão. O valor da freqüência de precessão é descrito pela equação de Larmor:<br />

ω = B0 . γ (6)<br />

onde B0 é a potência do campo magnético em Tesla e γ é a razão giromagnética, que por sua<br />

vez expressa a relação entre o momento angular e o momento magnético de cada núcleo ativo<br />

em RM (WESTBROOK e KAUT, 2000).<br />

A energia necessária para causar movimento de precessão no próton de hidrogênio<br />

corresponde à faixa de radiofreqüência (RF) do espectro eletromagnético. Para que ocorra a<br />

ressonância, é necessário que seja aplicado um pulso de energia RF exatamente com a<br />

freqüência de Larmor do VME do hidrogênio (Figura 9B). A energia da onda de<br />

radiofreqüência aos núcleos traduz-se por uma oscilação da magnetização total M em relação<br />

à sua posição inicial. O valor do ângulo de oscilação é uma função da amplitude e da duração<br />

do pulso de excitação. Chamamos de pulso de 30°, 90° ou 180° uma onda de radiofreqüência<br />

de intensidade e duração tais que, imediatamente após o pulso, a magnetização M forme um<br />

ângulo de 30°, 90° ou 180°com o campo B0. Outros núcleos ativos não entram em RM por<br />

não possuírem a mesma freqüência de precessão do hidrogênio (DOYON e CABANIS,<br />

2000).<br />

A B<br />

Figura 9: Em A está está representada a magnetização resultante da aplicação de uma campo<br />

magnético externo sobre uma população de núcleos de hidrogênio. Em B, com a aplicação<br />

adicional de um pulso de RF, o eixo de precessão é forçado a se distanciar do alinhamento<br />

original.<br />

21


2.3.2 Formação do contraste da imagem de RMN<br />

Quando o pulso de RF é removido, os núcleos de hidrogênio "relaxam" de volta ao<br />

seu estado original. Este processo pode ser medido por sua relaxação longitudinal (T1) ou<br />

relaxação transversal (T2), ambas podendo gerar uma imagem de RM. A variação do<br />

relaxamento corresponde às taxas de contraste da imagem, permitindo a discriminação entre<br />

os tipos de tecido (VEISEH, 2009).<br />

Durante o relaxamento, o VME libera a energia de RF absorvida e retorna o seu<br />

alinhamento com B0. O relaxamento leva a recuperação da magnetização no plano<br />

longitudinal e ao declínio da magnetização no plano transverso (xy).<br />

O contraste das imagens de RMN é, portanto, conseqüência principalmente dos<br />

mecanismos de recuperação T1 e declínio T2. No tecido adiposo, por exemplo, os momentos<br />

magnéticos dos núcleos lipídicos relaxam e recuperam rapidamente sua magnetização<br />

longitudinal. Desta forma, o tempo T1 do tecido adiposo é curto e sua imagem característica é<br />

hiperintensa em T1. Ao contrário, na água os momentos magnéticos demoram mais para<br />

relaxar e recuperar a magnetização longitudinal e, portanto, o tempo T1 da água é longo e sua<br />

característica é de imagem hipointensa em T1. Da mesma forma, o declínio T2 do tecido<br />

adiposo é curto, e o tempo T2 da água é longo, mostrando imagens hipointensas e<br />

hiperintensas, respectivamente.<br />

Figura 10: Representação da curva de recuperação T1 (A) e curva de declínio T2 (B).<br />

A recuperação T1 é causada pela liberação da energia dos núcleos em suas<br />

vizinhanças. Com a energia liberada, os núcleos recuperam a sua magnetização longitudinal.<br />

A razão de recuperação é um processo exponencial. T1 é o tempo necessário para a<br />

recuperação de 63% da magnetização longitudinal do tecido (Figura 10A). O declínio T2 é<br />

causado pela troca de energia entre os núcleos vizinhos, devido à interação dos campos<br />

magnéticos dos núcleos entre si. É também denominada relaxamento spin-spin e acarreta o<br />

declínio da magnetização no plano transverso, cuja razão também é um processo exponencial.<br />

22


T2 é o tempo necessário para a perda de 63% da magnetização transversa (Figura 10B)<br />

(WESTBROOK e KAUT, 2000).<br />

Resumindo, o tecido adiposo tem um tempo T1 e T2 curtos e a água tem tempos T1<br />

e T2 longos. Para se obter imagens com sinais intensos, deve haver um grande componente de<br />

magnetização transversal, para que este possa induzir um forte sinal na bobina receptora. Um<br />

componente de magnetização transversal pequeno produz um sinal fraco na bobina receptora;<br />

as imagens ponderadas em T1 apresentam tecido adiposo hiperintenso (brilhante) e a água<br />

hipointensa (escura); as imagens ponderadas em T2 mostram tecido adiposo hipointenso<br />

(escuro) e a água hiperintensa (brilhante). Os tecidos de sinais intermediários devem ficar<br />

com T1 ou T2 entre os sinais do tecido adiposo e da água. Uma imagem ponderada em T1<br />

(Figura 11) é aquela em que o contraste depende predominantemente das diferenças entre os<br />

tempos T1 do tecido gorduroso e da água, enquanto que uma imagem ponderada em T2<br />

(Figura 12) é aquela em que o contraste depende predominantemente das diferenças entre os<br />

tempos T2 do tecido adiposo e da água (WESTBROOK e KAUT, 2000).<br />

Figura 11: Corte axial do abdômen ao nível hepático, de sequência ponderada em T1 (cortesia<br />

de DIX, Diagnóstico por Imagem, Santa Maria - RS).<br />

Figura 12: Corte axial do abdômen ao nível hepático, de sequência ponderada em T2 (cortesia<br />

de DIX, Diagnóstico por Imagem, Santa Maria - RS).<br />

23


2.3.3 Localização espacial e recepção do sinal de RF<br />

A localização espacial de um elemento de volume da imagem de RM é feita por meio<br />

de gradientes de campo magnético aplicados por bobinas localizadas nos três eixos<br />

cartesianos, em composição com o campo magnético principal. Há três deles no scanner,<br />

chamados de magnetos de gradiente X, Y e Z (Figura 13), cada um orientado ao longo de um<br />

plano diferente. Estes magnetos são bem menos potentes do que o magneto principal, mas são<br />

responsáveis pela precisão das imagens da região anatômica estudada, que são geradas em<br />

cortes. Eles modificam o campo magnético em pontos muito específicos e trabalham em<br />

conjunto com os pulsos de RF, produzindo as imagens através da codificação da distribuição<br />

espacial dos prótons da água. Os planos de corte, de acordo com o magneto gradiente que<br />

estiver ativado, poderão ser axiais (transversais ao corpo) coronais (que dividem o corpo em<br />

regiões anterior e posterior) ou sagitais (que dividem o corpo em regiões direita e esquerda).<br />

Também é possível, através da combinação entre os magnetos de gradiente, gerar as fatias de<br />

imagem em qualquer plano, o que é um dos pontos fortes da RM como ferramenta<br />

diagnóstica (HAAGA et al, 1996).<br />

Figura 13: Esquema representando a localização das bobinas de gradiente no interior do<br />

equipamento de RM (adaptado de http://www.magnet.fsu.edu/education/tutorials/ magneta<br />

cademy/mri/fullarticle.html).<br />

Na avaliação visual das imagens por RM, os sinais observados vão de muito intensos<br />

(branco) até a ausência de sinal (preto), passando por uma gama de sinais intermediários (tons<br />

de cinza). Estes sinais, de tonalidades que variam do branco ao preto, representam diferentes<br />

tipos de tecidos, por exemplo, tecido adiposo, músculo, tecido nervoso, etc. que possuem<br />

24


VME individuais. Um determinado tecido tem um sinal muito forte, caso possua um grande<br />

componente transverso de magnetização, capaz de gerar um grande sinal na bobina receptora.<br />

A detecção da magnetização nuclear é efetuada ao colocarmos no plano<br />

perpendicular a B0, chamado plano de medida, uma bobina de detecção ou antena. O<br />

movimento de rotação da magnetização transversal dá origem, na antena, a uma corrente<br />

elétrica induzida, que podemos medir após amplificação e que constitui o sinal da RM.<br />

Um tecido envia um sinal fraco à bobina receptora quando ele possui um<br />

componente transverso de magnetização de pequena amplitude. Já a densidade de spin de<br />

hidrogênio (H) é um parâmetro que descreve a quantidade relativa de hidrogênio detectável<br />

em cada elemento de volume. As densidades de spin de hidrogênio de fluidos, tais como<br />

líquido cefalorraquidiano e urina, são mais elevados, seguidos das densidades de spin de H<br />

nos tecidos moles, que são 60 a 90% daquela verificada nos fluidos. As densidades de spin de<br />

osso cortical e do ar são praticamente zero.<br />

Em geral, a região anatômica em estudo fica envolvida ou muito próxima de uma<br />

bobina de recepção (Figura 14), cujo papel principal é melhorar a captação do sinal de RF<br />

emitido pelos núcleos de hidrogênio (DOYON e CABANIS, 2000).<br />

A B<br />

Figura 14: Utilização de bobinas receptoras em exames de RM. A: Exame de RM de joelho,<br />

B: Exame de crânio (retirado de documentação publicitária de Philips Medical Systems)<br />

2.3.4 Sequências de pulso e tempos de repetição e de eco<br />

Um evento físico importante para a coleta do sinal que gera a imagem de RM é a<br />

formação de ecos. Este fenômeno é a base para as sequências de pulso. Se os prótons forem<br />

excitados com um pulso de RF inicial e, após um determinado tempo t, for enviado um<br />

25


segundo pulso, além do surgimento de sinal na bobina após o primeiro pulso, haverá o<br />

surgimento de um segundo sinal. Este segundo sinal é um eco do primeiro e aparece na<br />

bobina num tempo igual a 2 t. O surgimento do eco é um processo natural e ocorre devido a<br />

refasagem dos momentos magnéticos, induzida pelo segundo pulso de RF. O momento em<br />

que o eco irá surgir pode ser controlado através dos tempos e de aplicação dos pulsos, porém<br />

a defasagem e refasagem será dependente dos tipos de tecido em questão (MAZZOLA, 2009).<br />

A seqüência de pulso mais comumente usada em exames clínicos de RM é a de<br />

spin-eco. A seqüência spin-eco forma um sinal mensurável pela aplicação de um pulso de<br />

180º a meio caminho entre o pulso inicial de 90º e o centro de medição de sinal (o spin eco).<br />

Este pulso elmina os efeitos de não homogeneidade do campo magnético em cada voxel,<br />

tornando a defasagem transversal entre excitação e medição de sinal dependente apenas do<br />

declínio T2 (HENDRICK, 1994).<br />

Sendo o intervalo de tempo t entre a aplicação de dois pulsos irá determinar o<br />

surgimento do eco em 2 t. O tempo de eco (TE) é o intervalo de tempo entre a aplicação do<br />

pulso inicial de RF de 90º e o pico do eco. O tempo entre sucessivos pulsos de RF de 90º é<br />

chamado de TR, ou tempo de repetição. Enquanto o TE determina o quanto de relaxação no<br />

plano longitudinal estará presente no eco, o TR estabelece o quanto de magnetização longitu-<br />

dinal se recuperou entre sucessivos pulsos de 90º (MAZZOLA, 2009).<br />

Para coletar dados suficientes para formar uma imagem planar, a seqüência de pulso<br />

spin-eco deve ser repetida muitas vezes, cada uma com uma quantidade diferente de<br />

codificação de fase. O número mínimo de repetições é determinado pelo número de voxels<br />

distintos na direção desejada da codificação de fase. Uma característica a destacar é como a<br />

recuperação T1 afeta o sinal medido em spin-eco de imagem (HENDRICK, 1994).<br />

2.3.5 Fatores de segurança em RMN<br />

O uso de comutação rápida e gradientes elevados pode levar à estimulação de nervos<br />

periféricos (PNS) durante o escaneamento. A posição e a natureza do PNS difere para cada<br />

indivíduo e pode causar uma sensação de formigamento ou de contração superficial. O nível<br />

de PNS esperado é exibido como um dos parâmetros do protocolo de cada exame e é expresso<br />

como uma porcentagem do nível de limiar médio para a sua ocorrência, calculado pelo<br />

sistema para a seqüência preparada para o paciente (PHILIPS, 2007).<br />

Os procedimentos de RM sempre envolvem a emissão de energia de radiofreqüência<br />

(RF) e isso pode aquecer o paciente, o que implica em respeitar um nível seguro para a<br />

imposição da chamada taxa de absorção específica (SAR). SAR é a energia de RF absorvida<br />

26


pelo paciente por unidade de massa, expressa em watts por kg (W/kg). Recomenda-se usar<br />

níveis elevados de SAR (acima de 2,5 W/kg) somente se for absolutamente necessário. No<br />

painel do equipamento, é exibida uma porcentagem que se refere ao quanto do limiar para o<br />

início de sintomas de aquecimento do paciente para um determinado protocolo de<br />

escaneamento.<br />

2.4 USO DE AGENTES DE CONTRASTE EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA<br />

Assim como na radiologia convencional e na tomografia computadorizada, o método<br />

de imagem por RM utiliza, dependendo do estudo que estiver sendo realizado, um agente<br />

adicional de contrastação das estruturas anatômicas de interesse, administrado por via<br />

endovenosa. A grande diferença entre os meios de contraste utilizados em métodos de<br />

imagem que utilizam radiação ionizante (raios-x) e a IRM é que os primeiros possuem a<br />

função de aumentar a densidade física do sangue, enquanto que no segundo caso, o agente de<br />

contraste interfere na magnetização das moléculas localizadas em determinados tipos de<br />

tecido. O uso de agentes de contraste tem constituído uma parte importante da prática clínica<br />

estabelecida há mais de 20 anos (SEMELKA e HELMBERGER, 2001).<br />

2.4.1 Agentes de contraste paramagnéticos<br />

Os agentes de contraste para ressonância magnética atualmente em uso são os<br />

quelatos paramagnéticos (átomos de gadolínio quelatado). A interação localizada desses<br />

agentes com os prótons das moléculas de água potencializa o contraste da imagem, reduzindo<br />

os tempos de relaxação T1 ou T2. Em geral, estes agentes são substâncias que alteram as<br />

propriedades magnéticas de tecidos vizinhos, células ou moléculas. Os agentes exógenos de<br />

contraste mais usados são o gadolínio-dietileno ácido triamina pentaacetic e gadolínio-1,<br />

4,7,10 tetraazaciclododecano ácido 1,4,7,0 triacetic (Gd (DTPA) e Gd (DOTA),<br />

respectivamente). A utilidade do uso de agente de contraste exógeno está na necessidade de<br />

alcançar uma alta concentração na área de interesse, mantendo a concentração mais baixa<br />

possível, em áreas não relacionadas. Os ligantes coordenados com o íon paramagnético reduz<br />

sua toxicidade e aumenta a sua meia-vida no sangue, aumentando significativamente o<br />

contraste. A conjugação destes ligantes de baixo peso molecular de polímeros biocompatíveis,<br />

tais como poliamidas, polissacarídeos e albuminas geralmente melhoram as suas<br />

características biofísicas e farmacológicas (KIM et al, 2007).<br />

O gadolínio (Gd-DTPA) é considerado um agente paramagnético e diminui o tempo<br />

de relaxamento T1 e T2. Em geral, o Gd-DTPA acelera a velocidade com que os prótons da<br />

27


água se alinham ao campo magnético principal. Isso resulta em um maior sinal de RM e maior<br />

contraste, principalmente em áreas onde o gadolínio atravessa a barreira hematoencefálica<br />

(BHC). O agente de contraste permanece confinado ao meio intravascular por um período de<br />

tempo, exceto se a BHC tiver sido lesada por processos patológicos. O Gd-DTPA geralmente<br />

é usado com seqüências de pulso ponderadas em T1 (HAAGA, 1996). Normalmente o meio<br />

de contraste paramagnético é administrado por via intravenosa, freqüentemente em ―bolus‖ e<br />

seguido ou não por injeção de solução salina. A dose administrada varia entre 0,1 mmol/kg e<br />

0,2 mmol/kg (LEOPOLDINO et al, 2005)<br />

O gadolínio tem comportamento farmacológico semelhante ao meio de contraste<br />

iodado, utilizado em tomografia, ou seja, atua como um agente extracelular, difundindo-se<br />

rapidamente do compartimento intravascular para o espaço intersticial. Cerca de 80% da dose<br />

deixa o compartimento vascular nos cinco primeiros minutos após a injeção. Por esse motivo,<br />

a aquisição das imagens de RM contrastada deve ser rápida, quando o objetivo do estudo é<br />

vascular. O gadolínio não entra nas células nem é metabolizado pelo organismo, sendo<br />

excretado por filtração glomerular, com meia-vida biológica de aproximadamente 90 minutos<br />

(CALDANA et al, 2004).<br />

2.4.2 Agentes de contraste superparamagnéticos<br />

NPSPMs são tipicamente mais eficazes ao diminuir o tempo de relaxamento T2 e<br />

não T1. Esta técnica pode oferecer uma resolução espacial de 10-100 μm, sem limitações de<br />

imagens de profundidade (FRULLANO e MEADE, 2007).<br />

Os agentes de contraste constituídos de partículas de óxido de ferro são<br />

seletivamente absorvidos pelas células sistema retículo-endotelial (SRE) no fígado, baço e<br />

medula óssea e resulta em perda de sinal em sequências de imagem T2, devido aos efeitos de<br />

susceptibilidade do ferro. Esta classe de agente de contraste é também denominado óxido de<br />

ferro superparamagnético. Lesões que contêm um número insignificante de células do SRE<br />

permanecem em grande parte sem ser afetadas pelo agente, enquanto o fígado normal<br />

apresenta baixo sinal em T2. Isto proporciona um aumento da detecção de lesões, em<br />

comparação com imagens sem o uso do agente (SEMELKA e HELMBERGER, 2001).<br />

O estudo de NPMs para uso em ambiente clínico é estudado há um longo tempo. O<br />

produto Feridex, produzido pela empresa Bayer HealthCare Pharmaceuticals Inc., que é<br />

constituído de NPMs de primeira geração, foi aprovado pelo FDA para a detecção de doenças<br />

de fígado em 1993. Estudos relatam ter usado estas NPMs com diâmetro entre 100 e 250 nm,<br />

para detecção de doenças hepáticas (TANIMOTO, MUKAI e KURIBAYASHI, 2006).<br />

28


Uma nova geração de NPMs oferece vantagens significativamente maiores do que<br />

seus antecessores, como o fato delas possuirem revestimentos de polímero complexo e<br />

permanecerem monodispersas em solução. Além disso, elas possuem uma meia-vida longa na<br />

corrente sanguínea, distribuição de tamanho uniforme, de 30 a 50 nm e maior relaxatividade<br />

(OGHABIAN e FARAHBAKHSH, 2010).<br />

Segundo a empresa Bayer HealthCare Pharmaceuticals Inc, que produz o agente de<br />

contraste Feridex, estudos de imagem em ratos mostraram uma importante redução da<br />

intensidade do sinal de RM do fígado, nas primeiras 24 horas após a administração, seguido<br />

por um retorno gradual ao normal ao longo de 7 dias. Estes estudos também mostraram que o<br />

ferro contido no fluido tornou-se parte do ferro contido no organismo. Estudos histológicos<br />

nos ratos mostraram que o ferro estava no SRE, tendo desaparecido entre 7 a 14 dias. Em<br />

estudos clínicos humanos, não houve diferença na perda de intensidade de sinal em imagens<br />

obtidas entre 0 e 3,5 horas após a infusão. O retorno do sinal de intensidade normal ocorreu<br />

entre 1 e 2 dias (BAYER, 2007). Na Tabela 2 estão apresentados alguns exemplos de agentes<br />

de contraste, relacionando a sua situação de uso comercial e o respectivo tamanho das NPMs.<br />

Tabela 2: Agentes de contraste baseados em NPMs, disponíveis no mercado americano ou em<br />

fase de estudo (adaptado de OGHABIAN e FARAHBAKHSH, 2010).<br />

Nome Situação Tamanho da partícula<br />

Lumirem, Gastromark, Ferumoxsil Aprovado > 300 nm<br />

Feridex, Endoren, Ferumoxide Aprovado 80 – 150 nm<br />

Resovist (Ferrixan) Fase III 62 nm<br />

Sinerem, Combidex, Ferumoxtran Fase III 20 – 40 nm<br />

Clariscan Descontinuado na fase II 20 nm<br />

Outro agente de contraste, o Resovist, foi concebido para ser utilizado para a<br />

detecção de lesões focais em imagens de ressonância magnética. Este composto possui núcleo<br />

de ferro, com uma concentração de 0,5 mmol/ml. O diâmetro hidrodinâmico das partículas<br />

revestidas, estão na faixa entre 45 e 60 nm. Os ingredientes ativos são partículas de óxido de<br />

ferro superparamagnéticas, revestidas com carboxidextrana. Um estudo feito na Alemanha<br />

comparou a eficiência de internalização celular do Resovist com outras NPMs, combinados<br />

com diferentes revestimentos (SCHLORF et al, 2011). Este agente de contraste apresentou<br />

forte absorção, comparado aos demais produtos estudados.<br />

29


3 METODOLOGIA<br />

A execução das etapas experimentais do trabalho envolveu o uso de cobaias, que<br />

foram anestesiadas e submetidas a imageamento em um equipamento de ressonância<br />

magnética, antes e após a injeção venosa de diferentes doses de NPMs. As imagens obtidas<br />

foram analisadas com o objetivo de avaliar o nível de contrastação para cada dose.<br />

As cobaias utilizadas foram ratos machos adultos, da linhagem Wistar, com peso<br />

variando de 350 a 500g, obtidos no biotério do curso de medicina veterinária da Universidade<br />

Federal de Santa Maria. Os animais foram mantidos em uma sala separada, em ciclo de<br />

claro/escuro de 12 h, a uma temperatura ambiente de 22(±2) ºC, umidade relativa do ar entre<br />

30 e 50%, com livre acesso a comida e água. Estes animais foram usados de acordo com a lei<br />

no 11.794, de 8 de outubro de 2008, que regulamenta o inciso vii do § 1o do art. 225 da<br />

constituição federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais (BRASIL,<br />

2008).<br />

Foram utilizadas, como agente de contraste de imagem, NPMs, obtidas junto<br />

Laboratório de Nanotecnologia Farmacêutica e Sistemas de Liberação de Fármacos<br />

da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (ANEXO C). Estas NPMs<br />

possuem núcleo de magnetita (Fe3O4) e foram divididas em dois lotes. Um dos lotes possui<br />

revestimento de dextrana, cujo diâmetro médio, medido no Laboratório do Centro<br />

Universitário Franciscano, é de 76,1 nm. O outro lote possui revestimento de dupla camada de<br />

ácido oléico e um diâmetro polimodal de 48 nm (40,7%), 98,2 nm (34,8%) e 607,7 nm<br />

(24,5%) (Anexo A). A concentração de ferro no fluido magnético foi medida no laboratório<br />

de química da Universidade Federal de Santa Maria, através da técnica de espectrometria de<br />

emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES, Spectro Ciros CCD, Spectro<br />

Analytical Instruments), utilizando a linha 259,941 nm. A concentração medida de magnetita<br />

da amostra revestida com dextrana foi de 9,02 g/L, enquanto que para a amostra revestida<br />

com ácido oléico, a concentração medida foi de 9,03g/L (Anexo B).<br />

O equipamento de ressonância magnética utilizado, cedido pelo serviço de<br />

radiodiagnóstico do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo, Santa Maria, marca<br />

Philips, modelo Achieva, com campo de 1,5 T (Tesla), versão 2.5. A bobina receptora de<br />

sinais utilizada para o estudo é uma Sense wrist 4, normalmente utilizada para realização de<br />

exames de punho de seres humanos.<br />

Numa primeira etapa, executou-se seqüências de imagens experimentais de<br />

ressonância magnética de um rato, para fins de ajuste dos parâmetros técnicos do<br />

equipamento, objetivando a otimização destas imagens. O rato foi anestesiado com uma<br />

30


solução composta por 1mL de cloridrato de cetamina a 10% e 1 mL de cloridrato de xilazina a<br />

2%, diluídos em 8 mL de solução fisiológica. A dose aplicada foi de 5,3 mL da solução por<br />

quilograma, por via intraperitoneal. Após várias séries de imagens adquiridas, foram<br />

otimizadas as sequências em T1 TSE e T2 TSE. Foi estudada a região do abdômen, com<br />

interesse especial para fígado e baço. Para cada protocolo, as imagens foram adquiridas nos<br />

planos de corte axial e coronal.<br />

A etapa seguinte envolveu a administração das NPMs nos ratos, por via endovenosa<br />

intracaudal, e submissão dos mesmos à aquisição das respectivas imagens. Para isso os ratos<br />

foram divididos em 6 grupos, sendo cada grupo composto por de 3 animais. Desta forma,<br />

doses de 0,46 mg/Kg, 0,92 mg/Kg e 1,82 mg/Kg de NPMs revestidas com dextrana foram<br />

administradas em cada grupo de 3 ratos. Essas doses corresponderam a 0,05; 0,1 e 0,2 mL/Kg<br />

respectivamente.<br />

Considerando que a contrastação dos órgãos foi menor quando as NPMs revestidas<br />

com acido oléico, as doses para este lote foram maiores: 1,82 mg/Kg, 3,6 mg/Kg e 7,2<br />

mg/Kg. O número total de ratos utilizados nos experimentos válidos foram de 18 animais.<br />

Para cada rato foram realizadas as seqüências de imagens já descritas, antes e após<br />

10, 20, 30 e 40 minutos após a administração das NPMs. Os principais parâmetros de<br />

protocolo de imagem para as aquisições axiais, ajustados para o objetivo do estudo, são<br />

apresentados na Tabela 3.<br />

Tabela 3: Parâmetros de aquisição e reconstrução das sequências de imagens<br />

Parâmetro Sequência T1 TSE Sequência T2 TSE<br />

Tempo de scan 6:06 min 06:59<br />

Matriz de resolução 236x190 232x189<br />

Campo de visão 70 mm 70 mm<br />

Voxel de reconstrução 0,16/0,16/2 mm 0,2/0,2/2 mm<br />

Tempo de eco (TE) 22 ms 80ms<br />

Tempo de repetição (TR) 473 ms 1.871 ms<br />

Porcentagem de scan 80,7% 81,5%<br />

Espessura de corte 2 mm 2 mm<br />

SAR 1,6W/Kg 3W/Kg<br />

PNS 59% 52%<br />

31


A etapa seguinte do trabalho envolveu a análise das imagens, com a participação de<br />

um médico radiologista com larga experiência em imagem por ressonância magnética,<br />

verificando-se principalmente o grau de contrastação dos órgãos, especialmente fígado e baço.<br />

Nesta etapa, utilizou-se o programa de visualização de imagens médicas Clear Canvas<br />

Workstation, versão 2.0, de propriedade de Clearcanvas Inc. Toronto, Canadá.<br />

32


4 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Apresentamos aqui os resultados obtidos através da análise comparativa das<br />

seqüências de imagens adquiridas antes e após a administração de diferentes doses de NPMs<br />

nos dois grupos de ratos: o que recebeu NPMs revestidas com dextrana e outro, que recebeu<br />

NPMs revestidas com ácido oléico.<br />

Buscou-se eleger a seqüência que resultasse num grau de perda de sinal<br />

(escurecimento) adequado à detecção de eventuais focos patológicos. Esta forma de análise<br />

baseia-se no fato de que lesões tumorais são desprovidas de células fagocitárias, o que<br />

siginifica que os tumores não são afetados pelas NPMs e portanto ficariam evidenciados em<br />

relação ao parênquima sadio do fígado e baço.<br />

4.1 ADMINISTRAÇÃO DE NPMs REVESTIDAS COM DEXTRANA<br />

Para a realização de imagens em seqüências T1 TSE, não houve qualquer diferença<br />

na contrastação hepática na aquisição após a injeção de NPMs em relação a seqüência sem a<br />

injeção. Isto pode ser constatado nas imagens comparativas mostradas na Figura 15. Este<br />

resultado não mudou para nenhuma das concentrações de NPMs injetadas. Isto demonstra que<br />

as NPMs não alteraram o tempo de relaxação em T1.<br />

Figura 15: Imagens axiais comparativas, de sequência T1 TSE, ao nível do fígado, antes (A) e<br />

10 min pós injeção de 1,82 mg/Kg de NPMs (B).<br />

As imagens obtidas 10 minutos após a injeção de 1,82 mg/Kg de NPMs<br />

apresentaram acentuado hipossinal em sequência T2 TSE para fígado e baço (Figura 16).<br />

Aparentemente esta dosagem foi excessiva, considerando que o parênquima hepático<br />

praticamente desapareceu. Também verificou-se que os tecidos da parede abdominal,<br />

constituídos basicamente por músculos e gordura, também apresentaram hipointensidade<br />

33


Figura 16: Imagens axiais comparativas, ao nível do fígado, antes (A) e 10 min pós injeção<br />

de 1,82 mg/Kg de NPMs (B). O fígado (seta maior), o músculo (seta menor) e a gordura<br />

(seta pontilhada) apresentaram hipossinal evidenciado na imagem B.<br />

O acentuado efeito de hipossinal para essa dose, também em seqüência T2 TSE,<br />

novamente fica evidente nas imagens obtidas no plano coronal. Pode-se comparar, na Figura<br />

17, que o fígado (setas maiores) e o baço (setas menores) sofreram drástica redução de sinal.<br />

Figura 17: Imagens em seqüência T2 TSE no plano coronal, antes (A) e após 10 min após a<br />

injeção de 1,82 mg/Kg de NPMs (B).<br />

Com a injeção de uma dose de 0,92 mg/Kg, parece ter havido um efeito moderado,<br />

ou seja, hipossinal controlado em fígado e baço, sem saturação. Nas imagens mostradas na<br />

Figura 18, de cortes axiais adquiridos em seqüência T2, observa-se que o fígado apresentou<br />

hipossinal na imagem B em relação à imagem de pré-injeção, mostrada em A.<br />

34


Figura 18: Imagens axiais comparativas em seqüência T2, ao nível do fígado, antes (A) e 10<br />

min pós injeção de 0,92 mg/Kg de NPMs (B).<br />

O efeito de hipossinal para a dose de 0,92 mg/Kg também ocorreu no baço, conforme<br />

pode ser observado na imagem B da Figura 19. Este resultado também era esperado, uma vez<br />

que, assim como o fígado, o baço possui células do sistema de defesa que endocitam as<br />

NPMs.<br />

Figura 19: Imagens axiais comparativas, do mesmo experimento, ao nível do baço (setas).<br />

As seqüências de imagens executadas tardiamente à injeção das NPMs demons-<br />

traram que a meia vida biológica do fluido é longa. Na Figura 20 estão apresentadas as<br />

imagens adquiridas com 20 minutos (imagem A) e 40 minutos (imagem B) após a injeção das<br />

NPMs. Observa-se que praticamente não há variação da aparência do parênquima hepático se<br />

comparadas as seqüências adquiridas nos três tempos pós-injeção (10, 20 e 40 minutos).<br />

35


Figura 20:. Imagens axiais comparativas, ao nível do fígado. A: 20 min após a injeção de<br />

0,92 mg/Kg de NPMs e B: 40 min após a injeção.<br />

Para a dose de 0,46 mg/Kg, o tecido hepático apresentou regiões com moderado<br />

hipossinal em seqüência T2 TSE, executada 10 minutos após a injeção das NPMs,<br />

permanecendo outras regiões sem esse efeito, como pode ser visto na Figura 21. Esta<br />

característica manteve-se nas seqüências tardias de 20, 30 e 40 minutos.<br />

Figura 21:. Imagens axiais comparativas, ao nível do fígado. A: Sem agente de contraste e B:<br />

10 min após a injeção de 0,46 mg/Kg de NPMs .<br />

As ponderações sobre o aspecto e o grau de contrastação das imagens foi endossado<br />

pelo médico radiologista. Os resultados encontrados são indicativos de que o efeito esperado<br />

das NPMs no sistema fagocitário ocorreu.<br />

O fato de ter havido efeito de hipossinal também em músculos e gordura da parede<br />

abdominal ainda deve ser investigado, já que esse efeito ocorre basicamente pela endocitose<br />

das NPMs pelas células de defesa.<br />

36


4.1 ADMINISTRAÇÃO DE NPMs REVESTIDAS COM ÁCIDO OLÉICO<br />

Nas Figuras 22 a 24 estão apresentadas as imagens de seqüências obtidas antes e<br />

após a injeção de 1,82 mg/Kg de NPM revestidas com ácido oléico. Percebe-se que houve<br />

perda de sinal no fígado, após a injeção. Como a perda de sinal não muito acentuada, algumas<br />

estruturas vasculares ainda podem ser identificadas. Entretanto, o baço parece não ter sofrido<br />

o mesmo efeito, ou seja, não apresentou diferença de sinal em relação à seqüência de controle<br />

para essa dosagem.<br />

Figura 22:. Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do fígado. A: sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 1,82 mg/Kg de NPMs .<br />

Figura 23. Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do baço (setas). A: sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 1,82 mg/Kg de NPMs .<br />

37


Figura 24. Imagens comparativas em T2, no plano coronal. As setas cheias marcam a<br />

imagem do fígado e as setas pontilhadas, a imagem do baço. A: sem agente de contraste e B:<br />

10 min após a injeção de 1,82 mg/Kg de NPMs .<br />

O efeito de perda de sinal do fígado ficou mais acentuado para a dose de 3,6 mg/Kg,<br />

conforme mostrado na Figura 25. Já o baço apresentou efeito moderado de perda de sinal,<br />

nitidamente de forma menos intensa que o tecido hepático (Figura 26).<br />

Figura 25. Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do fígado. A: sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 3,6 mg/Kg de NPMs .<br />

Todas as imagens comparativas estão com as janelas de visualização (nível de brilho<br />

e contraste) semelhantes, de forma a não haver comprometimento da análise em decorrência<br />

deste fator.<br />

38


Figura 26. Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do baço (setas). A: sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 3,6 mg/Kg de NPMs .<br />

Para a aquisição de imagens em seqüência T1, a dose de 3,6 mg/Kg apresentou o<br />

efeito de realce negativo do fígado (Figura 27). Entretanto, o baço foi apenas levemente<br />

realçado (Figura 28).<br />

Figura 27. Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do fígado (setas). A: sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 3,6 mg/Kg de NPMs.<br />

Figura 28. Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do baço (setas). A: Sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 3,6 mg/Kg de NPMs.<br />

39


Para a dose de 7,2 mg/Kg, o efeito de perda de sinal tanto hepático quanto esplênico<br />

foram acentuados. O parênquima destes órgãos praticamente desaparece, conforme verificado<br />

nas Figuras 29 (fígado) e 30 (baço).<br />

Figura 29. Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do fígado. A: Sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 7,2 mg/Kg de NPMs.<br />

Figura 30. Imagens axiais comparativas em T2, ao nível do baço (setas). A: Sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 7,2 mg/Kg de NPMs.<br />

Para a seqüência de imagens adquiridas em T1 TSE, a dose de 5,2 mg/Kg resultou<br />

também na contrastação de fígado e baço, embora de forma menos acentuada que na<br />

seqüência em T2 TSE. A Figura 31 mostra a comparação ao nível hepático para esta<br />

seqüência enquanto que o efeito sobre o baço está evidenciado na Figura 32.<br />

40


Figura 31. Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do fígado. A: Sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 7,2 mg/Kg de NPMs .<br />

Figura 32. Imagens axiais comparativas em T1, ao nível do baço (setas). A: Sem agente de<br />

contraste e B: 10 min após a injeção de 7,2 mg/Kg de NPMs.<br />

Conforme observado nas imagens obtidas, as NPMs revestidas com dextrana<br />

resultaram em efeitos de hipossinal nas imagens hepáticas e esplênicas com menor dose<br />

injetada, se estas imagens forem comparadas com o lote revestido com ácido oléico. Um dos<br />

parâmetros que podem ter influenciado nos resultados é que as NPs revestidas com dextrana<br />

são de natureza hidrofílica, enquanto que as NPs revestidas com ácido oléico são<br />

hidrofóbicas. Considerando também que várias características físico-químicas variaram entre<br />

os dois lotes, como PH, diâmetro médio e potencial zeta, é difícil determinar qual ou quais<br />

fatores foram determinantes para as diferenças verificadas.<br />

Os resultados da análise das imagens, realizada em conjunto com um médico<br />

radiologista, com grande experiência em ressonância magnética, está resumido nas Tabelas 4<br />

e 5, apresentadas a seguir.<br />

41


Tabela 4: Níveis de perda de sinal em fígado e baço em relação às doses injetadas de NPMs<br />

revestidas com dextrana<br />

Seqüência de<br />

Dose<br />

Fígado Baço<br />

Imagem<br />

0,46 mg/Kg<br />

0,92 mg/Kg<br />

1,82 mg/Kg<br />

T1 TSE desprezível desprezível<br />

T2 TSE moderado moderado<br />

T1 TSE moderado moderado<br />

T2 TSE acentuado fraco<br />

T1 TSE fraco fraco<br />

T2 TSE acentuado acentuado<br />

Tabela 5: Níveis de perda de sinal em fígado e baço em relação às doses injetadas de NPMs<br />

revestidas com ácido oléico<br />

Dose Seqüência de Imagem Fígado Baço<br />

1,82 mg/Kg<br />

3,6 mg/Kg<br />

7,2 mg/Kg<br />

T1 TSE fraco desprezível<br />

T2 TSE moderado fraco<br />

T1 TSE acentuado fraco<br />

T2 TSE acentuado moderado<br />

T1 TSE acentuado fraco<br />

T2 TSE acentuado acentuado<br />

Não houve uma eleição sobre qual o melhor nível diagnóstico de hipossinal, tendo<br />

em vista que o presente trabalho não envolveu a aplicação de NPMs em animais com lesões a<br />

serem diagnosticadas. Entretanto, as imagens que apresentaram um padrão entre moderado e<br />

acentuado de perda de sinal certamente possuem melhores condições de evidenciá-las.<br />

Em face aos efeitos observados, com evidente eficácia da aplicação de NPMs como<br />

agente de contraste em imagens de ressonância magnética, fica claro que há espaço para que<br />

outros trabalhos possam complementar os resultados deste, explorando aspectos que não<br />

tenham sido contemplados.<br />

42


5 CONCLUSÕES<br />

No decorrer deste trabalho foram avaliados, através de imageamento por ressonância<br />

magnética, os efeitos de perda de sinal de radiofreqüência das imagens dos órgãos do sistema<br />

fagocitário de ratos, após a injeção de NPMs, comparativamente com as imagens obtidas<br />

antes da injeção.<br />

Fígado e baço apresentaram evidente efeito de contraste negativo (hipossinal),<br />

principalmente em sequências T2 TSE, após a administração endovenosa de NPMs. Este<br />

resultado implica que, em havendo lesões tumorais nesses órgãos, estas, por estarem<br />

desprovidas de células fagocitárias, tornar-se-ão mais visíveis nas imagens de ressonância<br />

magnética, facilitando a sua localização e, portanto, o diagnóstico.<br />

Como o lote de NPMs revestido com dextrana apresentou melhor eficiência, ou seja,<br />

produziu o efeito desejado com menor dose injetada, esta opção de revestimento mostra-se<br />

mais favorável às aplicações em imagenologia ou, com as devidas funcionalizações, pode<br />

servir a propósitos terapêuticos, carreando fármacos para os órgãos-alvo citados.<br />

Portanto, ao comprovar a eficácia da aplicação diagnóstica de NPMs, sintetizadas e<br />

caracterizadas em laboratórios nacionais, o presente trabalho evidencia o potencial que as<br />

instituições brasileiras possuem de produzir soluções que hoje são do domínio apenas de<br />

grandes laboratórios de empresas estrangeiras.<br />

Os estudos toxicológicos e a administração das NPMs em ratos após a indução e<br />

tumores hepáticos é um caminho natural a seguir em trabalhos futuros. Se tais estudos<br />

apontarem que as NPMs do tipo que foram utilizadas neste trabalho possam ser aplicadas<br />

também em seres humanos, a criação de um produto comercial poderia ser vislumbrada.<br />

43


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46


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47


ANEXO A<br />

Caracterizações das NPMs efetuadas no laboratório de nanociências do<br />

Centro Universitário Franciscano –UNIFRA.<br />

PARTE 1: NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS REVESTIDAS COM DEXTRANA<br />

1.1. Potencial Zeta : -8,95 mV (Desvio padrão: 11 mV)<br />

Figura A.1: Gráfico dos valores de potencial zeta<br />

1.2. Índice de polidispersão (PDI): 0,27<br />

1.3. PH: 6,6<br />

1.4. O diâmetro médio, obtido após 3 medidas com 19 amostragens cada, foi de 76,12 nm<br />

48


PARTE 2: NANOPARTÍCULAS MAGNÉTICAS REVESTIDAS COM ÁCIDO OLÉICO<br />

2.1. Potencial zeta: -23,7 mV, com desvio padrão de 15,5 mV<br />

1.5. Índice de polidispersão (PDI): 0,52<br />

1.6. PH: 8,9<br />

1.7. O diâmetro médio, obtido após 3 medidas com 19 amostragens cada, foi polimodal,<br />

apresentando 3 picos com medidas de 48,6 nm, 98,2 nm e 607,7 nm. Essas medidas<br />

corresponderam a 40,7%, 34,8% e 24,5%, respectivamente.<br />

Equipamentos utilizados:<br />

1) PHmetro, marca Digimed, modelo DM-22, fabricado por Digicron Analytical<br />

2) Zetasizer, modelo Nano 2S, fabricado por Malvern Instruments<br />

49


Magnetita com Dextrana:<br />

ANEXO B<br />

Caracterizações das NPMs efetuadas no laboratório de Química da<br />

Universidade Federal de Santa Maria.<br />

Fe = 6.537,4 mg L -1 ou 6,537 g L -1<br />

Magnetita com Ácido Oleico<br />

Fe = 6.461,4 mg L -1 ou 6,461 g L -1<br />

Praticamente a mesma concentração de ferro nos dois.<br />

PROCEDIMENTO:<br />

As amostras foram preparadas da seguinte forma: em tubo de polietileno (Sarsted, 15<br />

mL) foram adicionados 0,05 mL da amostra juntamente com 3 mL de HNO3 com<br />

concentração 5 mol L -1 (MERCK, bidestilado) e aquecido em forno de microondas (5 vezes<br />

de 10 segundos cada, com intervalo de 30 segundos para esfriar). Após as soluções foram<br />

aferidas a 5 mL com água purificada em sistema Milli-Q ® .<br />

A técnica utilizada para a determinação do ferro foi espectrometria de emissão óptica com<br />

plasma indutivamente acoplado (ICP OES, Spectro Ciros CCD, Spectro Analytical<br />

Instruments), utilizando a linha 259,941 nm. A operação do equipamento foi conforme<br />

instruções do fabricante.<br />

50


ANEXO C<br />

Caracterizações das NPMs efetuadas no laboratório de Química da<br />

Universidade Federal Goiás.<br />

- Difratograma de Raio X da PM do FMAO-AO ( antes do revestimento)<br />

Intensity<br />

250 (311)<br />

(Fe O )<br />

2 4<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

(220)<br />

(400)<br />

(422)<br />

(511) (440)<br />

20 30 40 50 60 70<br />

(2 ) Degree<br />

- Curva de magnetização do FMAO-AO (Amostras já revestidas feitas em triplicata)<br />

- Espectro de Infra vermelho do FMAO-AO<br />

51

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