O USO DE ROTATÓRIAS NAS ENTRADAS E SAÍDAS DAS ... - CBTU

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O USO DE ROTATÓRIAS NAS ENTRADAS E SAÍDAS DAS TRAVESSIAS URBANAS Zomar Antonio Trinta Paulo Cezar Martins Ribeiro Programa de Engenharia de Transportes COPPE-UFRJ RESUMO O presente trabalho tem por finalidade mostrar como é vantajoso a utilização de rotatórias nas entradas e saídas das travessias urbanas de cidades de pequeno e médio portes por rodovias de longo curso. As velocidades de cruzeiro nas rodovias rurais podem alcançar até 110 km/h o que é totalmente incompatível para circular numa área urbana. Um veículo trafegando à velocidade diretriz da via quando adentra uma área urbana a percepção do motorista é lenta pela inexistência de sinalização adequada, gerando, muitas vezes, frenagens abruptas com alto nível de risco de acidentes. Este trabalho apresenta as características e os tipos das travessias urbanas, analisa as velocidades de aproximação do perímetro urbano e os diversos dispositivos redutores de velocidade elegendo a rotatória como dispositivo ideal para redução da velocidade e dos níveis de acidentes. A partir deste ponto o trabalho apresenta os vários tipos de rotatórias, com suas descrições e usos, culminando com a proposição de um método para a implantação de uma rotatória nas entradas e nas saídas das cidades de pequeno e médio portes, mesmo que, ainda, não haja interseção. São analisadas as características geométricas, a metodologia de implantação e a determinação do nível de serviço de uma rotatória e, finalmente, aponta as vantagens que devem ser auferidas com a implantação de uma rotatória. ABSTRACT The objective of the present work is to show the advantage of employing roundabout at the entrance and exit of long-distance highway crossings for small or medium-sized cities. Cruising speeds on rural highways may be as high as 110 km per hour, which is totally incompatible for any urban area. At it enters the urban space, any vehicle going at the design speed of a given highway will slow down the driver’s perception, moreover due to the lack of proper traffic signs, in many cases leading to abrupt braking and the possibility of accidents. This papers presents the characteristics and types of urban crossings, analyses speeds of approach to the urban perimeter and various means of reducing speed, highlighting the roundabout as ideal device for reduction both of speed and accidents. From this point onwards, the various types of roundabouts, their description and employ are presented, ending in a proposal for roundabout implementation at the entry and exit os small or medium-sized cities, even if there are no intersections so far. The document also examines the geometrical features os a roundabout, how to implement it and determinate its level of service, finally showing the advantages that can be gained with its use. PALAVRAS-CHAVE: Travessias Urbanas, Redutores de velocidades, Rotatórias. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por finalidade apresentar uma contribuição ao estudo das travessias urbanas de cidades de pequeno e médio portes por rodovias de longo curso. O tráfego de longa distância que adentra o perímetro urbano, o faz em velocidades incompatíveis com uma

O <strong>USO</strong> <strong>DE</strong> <strong>ROTATÓRIAS</strong> <strong>NAS</strong> <strong>ENTRA<strong>DAS</strong></strong> E <strong>SAÍ<strong>DAS</strong></strong><br />

<strong>DAS</strong> TRAVESSIAS URBA<strong>NAS</strong><br />

Zomar Antonio Trinta<br />

Paulo Cezar Martins Ribeiro<br />

Programa de Engenharia de Transportes<br />

COPPE-UFRJ<br />

RESUMO<br />

O presente trabalho tem por finalidade mostrar como é vantajoso a utilização de rotatórias nas entradas e saídas<br />

das travessias urbanas de cidades de pequeno e médio portes por rodovias de longo curso. As velocidades de<br />

cruzeiro nas rodovias rurais podem alcançar até 110 km/h o que é totalmente incompatível para circular numa<br />

área urbana. Um veículo trafegando à velocidade diretriz da via quando adentra uma área urbana a percepção do<br />

motorista é lenta pela inexistência de sinalização adequada, gerando, muitas vezes, frenagens abruptas com alto<br />

nível de risco de acidentes. Este trabalho apresenta as características e os tipos das travessias urbanas, analisa as<br />

velocidades de aproximação do perímetro urbano e os diversos dispositivos redutores de velocidade elegendo a<br />

rotatória como dispositivo ideal para redução da velocidade e dos níveis de acidentes. A partir deste ponto o<br />

trabalho apresenta os vários tipos de rotatórias, com suas descrições e usos, culminando com a proposição de um<br />

método para a implantação de uma rotatória nas entradas e nas saídas das cidades de pequeno e médio portes,<br />

mesmo que, ainda, não haja interseção. São analisadas as características geométricas, a metodologia de<br />

implantação e a determinação do nível de serviço de uma rotatória e, finalmente, aponta as vantagens que devem<br />

ser auferidas com a implantação de uma rotatória.<br />

ABSTRACT<br />

The objective of the present work is to show the advantage of employing roundabout at the entrance and exit of<br />

long-distance highway crossings for small or medium-sized cities. Cruising speeds on rural highways may be as<br />

high as 110 km per hour, which is totally incompatible for any urban area. At it enters the urban space, any<br />

vehicle going at the design speed of a given highway will slow down the driver’s perception, moreover due to<br />

the lack of proper traffic signs, in many cases leading to abrupt braking and the possibility of accidents. This<br />

papers presents the characteristics and types of urban crossings, analyses speeds of approach to the urban<br />

perimeter and various means of reducing speed, highlighting the roundabout as ideal device for reduction both of<br />

speed and accidents. From this point onwards, the various types of roundabouts, their description and employ are<br />

presented, ending in a proposal for roundabout implementation at the entry and exit os small or medium-sized<br />

cities, even if there are no intersections so far. The document also examines the geometrical features os a<br />

roundabout, how to implement it and determinate its level of service, finally showing the advantages that can be<br />

gained with its use.<br />

PALAVRAS-CHAVE:<br />

Travessias Urbanas, Redutores de velocidades, Rotatórias.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

O presente trabalho tem por finalidade apresentar uma contribuição ao estudo das travessias<br />

urbanas de cidades de pequeno e médio portes por rodovias de longo curso. O tráfego de<br />

longa distância que adentra o perímetro urbano, o faz em velocidades incompatíveis com uma


área urbana por vir trafegando à velocidade diretriz da via. A redução da velocidade é, muitas<br />

vezes, abrupta pela total inexistência, ou pelas precárias condições, da sinalização existente.<br />

As diversas soluções para a redução da velocidade com a utilização de diferentes dispositivos<br />

têm se mostrado ineficientes, ocasionando vários acidentes, notadamente os atropelamentos.<br />

Assim, o presente trabalho aborda a implantação de rotatórias nas entradas e saídas das áreas<br />

urbanas como o mais completo redutor de velocidade.<br />

Inicialmente, apresenta as características gerais das travessias urbanas, faz uma verificação<br />

das velocidades de aproximação do tráfego aos perímetros urbanos e executa um pequeno<br />

estudo dos dispositivos redutores de velocidade como alternativas de solução. Em seguida,<br />

descreve os tipos de rotatórias mais utilizadas, apresentando com método proposto as<br />

características geométricas, como e onde implantar, bem como as vantagens e desvantagens<br />

da utilização de rotatórias nas entradas e saídas das travessias urbanas de cidades de pequeno<br />

e médio portes.<br />

2. TRAVESSIAS URBA<strong>NAS</strong><br />

2.1 Características Gerais<br />

As cidades constituídas normalmente por acumulação, transformação e inter-relação de obras<br />

concretas, notadamente pela infra-estrutura viária, que requer níveis de investimentos<br />

elevados, e ainda, pela irreversibilidade de seus efeitos, merecem especial atenção. Vallejo<br />

(1995), afirma que, entender a cidade como espaço construído, resultado de um processo não<br />

linear de realizações de infra-estruturas e edificações, implica em colocar atenção, tanto na<br />

conformação resultante do próprio processo, quanto no potencial transformador que cada obra<br />

acarreta. Que a construção das infra-estruturas, notadamente a de transporte é a parte mais<br />

importante da construção da cidade pode parecer óbvio, mas essa constatação nem sempre é<br />

observada. Vallejo (1995), chamou de redescobrimento do que antes era identificado como<br />

identidade, uma única origem das práticas, que hoje parece dissociada e contraditória; da<br />

coincidência do objeto do que a urbanística chama de infra-estrutura, com a construção das<br />

vias de transportes, das redes de energia e das redes sanitárias do território.<br />

Já Jacobs apud Vallejo (1995) sustenta que a cidade surgiu no cruzamento de caminhos ou da<br />

circunvizinhança dos caminhos até ela. Com efeito, a rodovia prioriza o caminho de acesso à<br />

cidade por ser o canal por onde se estabelecem as relações da cidade com o seu entorno,<br />

“estendendo-se os caminhos como se fossem tentáculos e neles marcando os eixos de sua<br />

futura expansão” (Vallejo,1995). Desse modo fica claro que, a construção viária é o ponto de<br />

partida, para a criação e o desenvolvimento da acessibilidade de uma área urbana. O relatório<br />

de TRRL (1991) aponta que o crescimento da urbanização e do número de veículos têm<br />

aumentado o congestionamento do tráfego em centros urbanos e aumentado os acidentes nas<br />

redes viárias que não foram construídas para suportar os volumes e os tipos de veículos que<br />

por elas trafegam hoje. Alega ainda, que o não planejamento do crescimento urbano tem se<br />

tornado incompatível com o uso do solo, com altos níveis de conflitos entre veículos e<br />

pedestres.<br />

O êxodo das áreas rurais para os centros urbanos freqüentemente resulta num grande número<br />

de novas áreas residenciais e grandes volumes de tráfego. Como resultado há severa<br />

deterioração das condições de dirigibilidade e um aumento significativo do risco e da


competição entre as diferentes classes de usuários do sistema viário. A partir de um<br />

determinado ponto de crescimento populacional, que Vallejo (1995) quantifica como acima<br />

de 50.000 habitantes, as características urbanas conflitam com o tráfego de passagem que<br />

atravessa a cidade, gerando inúmeros impactos nocivos à população local, ao tráfego e ao<br />

meio ambiente.<br />

2.2 Tipos de Travessias<br />

De acordo com Trinta (2001), são vários os tipos de travessias urbanas. A rodovia construída<br />

inicialmente com determinada função, normalmente de acessibilidade, de desenvolvimento<br />

local ou regional ou para o escoamento da riqueza nacional, que com o passar dos anos houve<br />

uma aglomeração da população no seu entorno, constituindo uma área urbana na qual a<br />

rodovia se tornou parte integrante desse contexto.<br />

Pode-se caracterizar uma hierarquia das travessias urbanas, de acordo com o índice de<br />

intervenções realizadas na rodovia em função do volume de tráfego, do adensamento urbano e<br />

dos conflitos existentes, sendo:<br />

a) Travessia Simples – Rodovia de longo curso que atravessa uma área urbana sem perder<br />

suas características funcionais e com predominância do tráfego de passagem. Seu traçado<br />

permanece inalterado, apesar do adensamento populacional ao redor de um ponto da via.<br />

É característica da travessia de área urbana de pequeno porte, cujo adensamento<br />

populacional se localizou ao longo do eixo viário;<br />

b) Travessia com utilização de segmentos de ruas locais – É um tipo de travessia que se<br />

forma, normalmente, no entroncamento de vias. Para atravessar a área urbana, o tráfego de<br />

passagem utiliza obrigatoriamente as ruas e as avenidas locais;<br />

c) Travessia com acesso controlado – Originalmente caracterizada como uma travessia<br />

simples, que devido ao desenvolvimento urbano tornou necessário a inclusão de controle<br />

de acesso para separar o tráfego de longa distância do tráfego local, mas ainda assim,<br />

permitindo o livre trânsito do tráfego de longo curso penetrando na área urbana central,<br />

através das ruas laterais ou da utilização das vias locais.<br />

d) Travessia com acesso bloqueado – O acesso à área urbana se dá antes do início do<br />

perímetro urbano. Após a entrada na cidade pela rodovia, não será mais possível qualquer<br />

saída (exceto para viaturas de resgate). Este tipo de travessia já sofreu uma grande<br />

intervenção pelas autoridades rodoviárias de tal sorte que o tráfego local fica totalmente<br />

isolado do tráfego de passagem; e<br />

e) Contorno Urbano – Quando a travessia com acesso bloqueado sofre grandes interferências<br />

do tráfego local e do tráfego de aceso à cidade, nas entradas e saídas do perímetro urbano,<br />

saturando as vias laterais e congestionando a via principal, a solução é a construção de<br />

uma via que contorna a área urbana, melhorando a fluidez do tráfego de passagem. Cabe<br />

ressaltar, que a implantação de um contorno urbano deve ser acompanhado de um<br />

programa de ocupação do uso do solo, para que, no futuro, os problemas não sejam<br />

recriados com maior intensidade e gravidade.<br />

2.3 Velocidades de Aproximação do Perímetro Urbano<br />

As velocidades de cruzeiro nas rodovias rurais podem alcançar até 110 km/h (CBT,1997), o<br />

que é totalmente incompatível para circulação numa área urbana. A redução da velocidade,<br />

para pelo menos a metade deste valor, muitas vezes é abrupta, com fortes frenagens que<br />

podem gerar altos níveis de acidentes.


A falta de visibilidade, a precariedade da sinalização de advertência e a implantação de<br />

dispositivos redutores de velocidades inadequados levam à percepção lenta por parte dos<br />

motoristas e conseqüente aumento do tempo de reação o que é, sem dúvida, um grande fator<br />

de risco.<br />

2.4 Dispositivos Redutores de Velocidade<br />

As diversas soluções para a redução da velocidade com a utilização de diferentes dispositivos<br />

têm se mostrado ineficientes, ocasionando vários acidentes, notadamente os atropelamentos.<br />

Dentre os dispositivos, destacam-se:<br />

a) Sinalização Vertical;<br />

b) Sinalização Horizontal;<br />

c) Faixas Transversais de Sonorização;<br />

d) Lombadas Eletrônicas;<br />

e) Almofadas;<br />

f) Chicanas;<br />

g) Rotatórias; e<br />

h) Combinação de dois ou mais dispositivos.<br />

Mesmo diante da magnitude do problema, os dispositivos isoladamente não satisfazem as<br />

condições de segurança, entretanto, a construção de uma rotatória na entrada e na saída de<br />

uma área urbana garante a redução da velocidade pelas próprias características geométricas,<br />

se tornando um redutor permanente na via. Alguns críticos, poderão argumentar que a<br />

implantação de uma rotatória é muito mais onerosa e ainda, considerar que nas entradas ou<br />

saídas, provavelmente, não haverá interseções que justifiquem a rotatória.<br />

Cabe ressaltar que este estudo se destina a áreas urbanas de pequeno e médio portes, portanto,<br />

nas entradas e saídas, ainda existem áreas disponíveis sem edificações que tornarão mais<br />

acessíveis os valores da desapropriação. Por outro lado, mesmo que nessas áreas ainda não<br />

haja interseções, o crescimento da população e do tecido urbano se aproximarão da mesma e,<br />

ao longo do tempo, fatalmente existirá, pelo menos, uma interseção de 4 ramos. Assim, nesse<br />

momento, já haverá condições técnicas e de baixo custo para a efetiva transposição da<br />

interseção ou ainda, para permitir a canalização do tráfego que se dirige à área urbana por ruas<br />

laterais. Segundo Ourston (2004), as vantagens da utilização da rotatória nos cruzamentos de<br />

duas vias são:<br />

a) Redução de 46 % da velocidade do tráfego;<br />

b) Redução do total de colisões em 37 %;<br />

c) Redução de 51 % nas colisões nas interseções simples convertidas para rotatórias;<br />

d) Pesquisa em 26 municípios dos EUA mostrou que os usuários estão unanimemente<br />

satisfeitos com suas rotatórias;<br />

e) O custo de uma rotatória normal varia entre US$ 10.000 e US$ 500.000 e para rotatórias<br />

em níveis diferentes de US$ 2,8 milhões e US$ 6,4 milhões;<br />

f) As rotatórias têm benefícios significativos em termos de segurança, capacidade de tráfego<br />

e assegura um melhoramento estético ao projeto urbano.<br />

3. TIPOS <strong>DE</strong> <strong>ROTATÓRIAS</strong><br />

Uma rotatória opera com um sistema de circulação em mão única ao redor de uma ilha<br />

central, onde a entrada é controlada por sinalização de “Pare” ou “Dê a Preferência” e a


prioridade deve ser do tráfego “que já está circulando por ela” (CBT,1997), ou seja a<br />

preferência é a aproximação pela esquerda. São vários os tipos de rotatórias, destacando-se,<br />

entre eles, os seguintes:<br />

Tabela 1 - Descrição dos Tipos de Rotatórias<br />

TIPO <strong>DE</strong>SCRIÇÃO <strong>USO</strong><br />

NORMAL<br />

MINI<br />

DUPLA<br />

NÍVEIS<br />

DIFERENTES<br />

INTERSEÇÕES<br />

COM ARCOS<br />

SEMAFORIZADA<br />

Fonte: IHT, 1987<br />

− Ilha central com meio-fio e<br />

diâmetro maior ou igual a 4m.<br />

− Aproximações alargadas para<br />

permitir faixas múltiplas de<br />

entrada.<br />

− Ilha central ligeiramente elevada<br />

com diâmetro menor que 4m.<br />

− Marcas no pavimento indicando<br />

os movimentos.<br />

− Alargamento das aproximações.<br />

− Sem mobiliário urbano na ilha<br />

central para permitir a passagem<br />

de veículos em emergências.<br />

− Duas rotatórias normais ou<br />

colocadas numa mesma<br />

interseção ou em duas<br />

interseções adjacentes<br />

conectadas por uma via de<br />

ligação curta.<br />

− Pelo menos um movimento<br />

passa pela interseção sem<br />

interrupção enquanto os demais<br />

são direcionados a uma ou mais<br />

rotatórias num nível diferente.<br />

− Favorece projetos compactos,<br />

pedestres e ciclistas<br />

− Sistemas de circulação em dois<br />

sentidos, onde em cada<br />

aproximação é oferecido<br />

aproximações de 3 ramos<br />

(minis) ou com semáforos.<br />

− O tráfego que entra na rotatória<br />

é controlado por semáforo, em<br />

todo ou parte do dia.<br />

− Novos empreendimentos e<br />

construções.<br />

− Interseções entre 2 rodovias.<br />

− Para mudar de direção numa<br />

interseção de uma nova via.<br />

− Para melhorar a performance<br />

de interseções urbanas<br />

existentes onde há restrições de<br />

espaço.<br />

− Não usar em novas construções<br />

mas em conversões de outros<br />

tipos de vias.<br />

− Útil para controlar<br />

aproximações assimétricas.<br />

− Útil em aproximações com<br />

movimentos de giro à esquerda<br />

com tráfego oposto pesado,<br />

aproximações defasadas e em<br />

locais com mais de 4<br />

aproximações.<br />

− Vias Expressas urbanas e<br />

Rodovias de pista dupla.<br />

− Vias de alta capacidade e<br />

aquelas com altas velocidades<br />

de aproximação.<br />

− Novas construções onde os<br />

fluxos de veículos e pedestres<br />

são elevados.<br />

− Útil em locais especiais para<br />

solucionar problemas locais.<br />

− Transformação de rotatórias<br />

muito grandes com problemas<br />

nas entradas.<br />

− Não é recomendada em<br />

projetos novos.<br />

− Pode aumentar a capacidade<br />

sob certas condições<br />

operacionais.


Fonte IHT, 1987<br />

4. MÉTODO PROPOSTO<br />

Figura 1 – Esquemas dos Principais Tipos de Rotatórias<br />

A contribuição defendida no presente estudo é a implantação de uma rotatória do tipo normal<br />

para áreas urbanas de médio porte onde a aproximação do perímetro urbano já possua alguma<br />

interseção e para áreas urbanas menores, um rotatória normal incompleta (sem dois de seus<br />

ramos) já que provavelmente não haverá interseção, porém fica assegurado que a qualquer<br />

época, com o crescimento da população e o aumento da urbanização, se poderá implantar a<br />

complementação da rotatória, construindo seus dois outros ramos para permitir o acesso a<br />

ruas laterais ou mesmo a ligação para outros logradouros a um custo extremamente baixo.


4.1 Características Geométricas<br />

A rotatória é um dispositivo que permite reduzir para 54 % (Ourston, 2004), a velocidade de<br />

aproximação de um veículo a uma área urbana, porque prioriza o tráfego de veículos que já<br />

está na pista circular. Em todas as suas aproximações, se faz uso de placas de sinalização de<br />

“parada obrigatória” ou “dê preferência”.<br />

As características geométricas das rotatórias podem ser encontradas em manuais<br />

internacionais como a TRL (1995), AASHTO (1994), IHT (1987) e no Manual de Interseções<br />

do DNIT (2005) que contemplam a divisão do fluxo de veículos e facilitam a tomada de<br />

decisão pelos motoristas que cruzam a via principal, criando um controle físico de velocidade<br />

dos veículos pela canalização da via, que é protegida por ilhas de trânsito. A figura 2, a seguir,<br />

apresenta um esquema padrão de uma rotatória.<br />

Figura 2 – Esquema de uma rotatória normal<br />

4.2 Metodologia de Implantação<br />

Os fluxos dos veículos são fornecidos pela Matriz de Origem e Destino, transformada em<br />

veículos equivalentes a carros de passeio, calculados com a utilização dos fatores de<br />

equivalência, conforme tabela 2.<br />

Carros de<br />

Passeio<br />

Tabela 2 - Equivalência em Carros de Passeio<br />

Caminhões e<br />

ônibus<br />

Reboques e Semi-<br />

Reboques Motos Bicicletas<br />

Sem<br />

Indicação<br />

1 1,5 2 1 0,5 1,1<br />

Fonte : DNIT, 2005


Para aplicação da Matriz de OD em relação a circulação nos diversos ramos da rotatória,<br />

verifica-se que os volumes de tráfego que chegam à rotatória são Z1 a Z4 e os volumes nos<br />

arcos antes de cada acesso são K1 a K4, conforme a Figura 3..<br />

1<br />

Z1<br />

Fg1<br />

K1<br />

Fg2<br />

4<br />

Z4<br />

K4<br />

K2<br />

Z2<br />

2<br />

Fg4<br />

K3<br />

Fg3<br />

Z3<br />

3<br />

Figura 3 – Esquema de enlaces do tráfego nos ramos da rotatória<br />

Para efeito de exemplificação montou-se uma Matriz de OD teórica, que possui as seguintes<br />

viagens:<br />

ORIGEM<br />

Tabela 3 – Matriz de origem e destino<br />

<strong>DE</strong>STINO<br />

P 1 2 3 4<br />

1 0 110 700 165 975<br />

2 110 0 165 200 475<br />

3 700 165 0 110 975<br />

4 165 200 110 0 475<br />

975 475 975 475<br />

Os fluxos Zi que chegam à rótula são os fluxos totais com origem em Pi<br />

Z2 = P21 + P23 + P24 = 475<br />

Z3 = P31 + P32 + P34 = 975<br />

Z4 = P41 + P42 + P43 = 475


No arco Ki passam as 3 combinações PjPn em que “j” e “n” são diferentes de “i” e o<br />

sentido de Pj para Pn é o sentido trigonométrico.<br />

K1 = P32 + P42 + P43 = 475<br />

K2 = P13 + P14 + P43 = 975<br />

K3 = P21 + P14 + P24 = 475<br />

K4 = P21 + P31 + P32 = 975<br />

TABELA 4 – CORRELAÇÃO ENTRE O TEMPO<br />

MÉDIO <strong>DE</strong> ESPERA E O NÍVEL <strong>DE</strong><br />

SERVIÇO<br />

TME (em s) Nível<br />

Fonte: DNIT, 2005<br />


Tabela 5 - Determinação dos Níveis de Serviço de Uma Rotatória<br />

Período: Pico da Manhã Tempo Médio de Espera na Rótula: 26,0 Nível de Serviço da Interseção:C C<br />

ORIGEM<br />

Nome do ACESSO<br />

Rodovia Principal<br />

Rótula<br />

Rodovia Secundária<br />

Rótula<br />

Rodovia Principal<br />

Rótula<br />

Rodovia Secundária<br />

Rótula<br />

Número<br />

do<br />

ACESSO<br />

Local:__________________________________<br />

FLUXOS EM UNIDA<strong>DE</strong>S <strong>DE</strong> CARROS <strong>DE</strong> PASSEIO<br />

D E S T I N O TOTAL DO TOTAL DO<br />

1 2 3 4 ACESSO Zi ARCO Ki<br />

1 0 110 700 165 975 475<br />

2 110 0 165 200 475 975<br />

3 700 165 0 110 975 475<br />

4 165 200 110 0 475 975<br />

FLUXO/h<br />

Zi,Ki<br />

CONDIÇÕES GEOMÉTRICAS E COMPLEMENTARES<br />

Número<br />

do<br />

ACESSO<br />

FLUXO <strong>DE</strong> TRÁFEGO (Acesso Zi, Arco Ki) NÚMERO <strong>DE</strong> FAIXAS<br />

1 Z1<br />

2<br />

K1<br />

2<br />

2 Z2<br />

1<br />

K2<br />

2<br />

3 Z3<br />

2<br />

K3<br />

2<br />

4 Z4<br />

1<br />

K4<br />

2<br />

P CO RSR M B SI<br />

Unidade<br />

de<br />

Passeio P<br />

Fg/h<br />

Pedestre<br />

PD<br />

1 Z1 0<br />

K1 475<br />

2 Z2 475 200<br />

K2 975<br />

3 Z3 975 0<br />

K3 475<br />

4 Z4 475 200<br />

K4 975<br />

ACESSO<br />

OU ARCO<br />

(P/h)<br />

Zi<br />

<strong>DE</strong>TERMINAÇÃO DA CAPACIDA<strong>DE</strong> e DA QUALIDA<strong>DE</strong> DO TRÁFEGO<br />

(P/h)<br />

Ki<br />

Capacidade<br />

Básica (P/h)<br />

Gi<br />

Fator de<br />

Pedestres<br />

fi<br />

Capacidade<br />

(P/h)<br />

Ci<br />

ACESSO<br />

Capacidade<br />

Residual<br />

P/h<br />

Ri<br />

Tempo<br />

Médio de<br />

Espera (s)<br />

TMEi<br />

Nível de<br />

Serviço<br />

1 975 475 1714 1 1714 1 739 8 A<br />

2 475 975 548 0.94 515 2 40 63 E<br />

3 975 475 1714 1 1714 3 739 8 A<br />

4 475 975 548 0.94 515 4 40 63 E<br />

Fonte: DNIT, 2005


4.4 Esquema de Implantação de uma Rotatória Incompleta<br />

4.5 Vantagens<br />

Figura 4 – Esquema de Implantação de uma Rotatória Incompleta<br />

São inúmeras as vantagens da utilização da uma rotatória nas entradas e saídas das áreas<br />

urbanas de pequeno e médio portes, notadamente no que diz respeito à redução de velocidade<br />

e por se tratar de uma solução definitiva e não paliativa, que não irá depender do crescimento<br />

do volume de tráfego futuro. As vantagens são as seguintes:<br />

a) A implantação numa área, ainda rural, ou seja sem construções, o custo de desapropriação<br />

é bem menos oneroso;<br />

b) Reduz a velocidade de aproximação nas entradas das travessias urbanas, em 46 %,<br />

aumentando a segurança;<br />

c) Permite a circulação do tráfego de forma ordenada, contínua e segura;<br />

d) Substituem os cruzamentos por entrecruzamentos, tornando os conflitos menos agudos e<br />

os acidentes, que possam ocorrer, menos graves;<br />

e) Facilita os giros à esquerda por meio de movimentos de convergência e separação do<br />

fluxo;<br />

f) Adapta-se muito bem às interseções com 5 ou mais ramos;<br />

g) Possibilita menor tempo de espera para o cruzamento;<br />

h) Evita manobras arriscadas dos motoristas;<br />

i) Possui excelentes características operacionais; e<br />

j) Acomoda grandes volumes de tráfego.


4.6 Desvantagens<br />

As desvantagens são mínimas em relação às vantagens, o que corrobora a solução deste<br />

trabalho. As desvantagens são as seguintes:<br />

a) Necessita de mais espaço e geralmente são mais onerosas que as interseções diretas;<br />

b) Não é apropriada quando o trânsito de pedestres é considerável, pois o fluxo em seu<br />

interior deve circular sem interrupções;<br />

c) Exige ilhas centrais muito grandes ou velocidades de operação muito baixas quando o<br />

volume de veículos ultrapassa a 1500 vph, o que no caso deste trabalho, constitui uma<br />

vantagem;<br />

d) Aumenta a distância percorrida pelos veículos, embora diminua o tempo de percurso;<br />

e) É de difícil ampliação e, portanto, não se adapta a planos de construção por etapas, salvo<br />

na construção de novos ramos;<br />

f) Cria a subordinação dos movimentos do tráfego individual em favor do tráfego total.<br />

5. CONCLUSÃO<br />

A mitigação dos conflitos na área urbana vem priorizando o tratamento das travessias urbanas<br />

por rodovias de longo curso. A preocupação se torna cada vez mais intensa porque os recursos<br />

são insuficientes para abranger todas as melhorias que se fazem necessárias à transposição da<br />

área urbana pelo tráfego de passagem. Se não há recursos, as soluções são inadequadas e<br />

paliativas, pois os problemas só são realmente atacados quando a área urbana já tem um porte<br />

que ultrapassa os 250.000 habitantes e, consequentemente, os custos são elevados. Por outro<br />

lado, se as soluções forem dadas quando as cidades ainda são de pequeno e médio portes os<br />

custos são sensivelmente menores e se a solução encontrada for de caráter permanente, como<br />

é o caso das rotatórias que reduz a velocidade de saída para 54 % da velocidade diretriz da<br />

via, não haverá no futuro qualquer problema por falta de recursos, pois, qualquer melhoria<br />

necessária, será de baixo custo.<br />

O tratamento da configuração viária é de fundamental importância para a mitigação dos<br />

conflitos de mobilidade, acessibilidade, segurança de trânsito e do meio ambiente<br />

(Trinta,2001) e se as soluções forem executadas quando as cidades ainda não apresentem<br />

níveis elevados desses conflitos, então muitos recursos serão poupados, muitas vidas serão<br />

salvas e a comunidade local desfrutará de melhores condições de qualidade de vida.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AASHTO (1994). AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATION. A policy<br />

on geometric of highway and streets. Washingto, DC..<br />

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro. Lei 9.503 de 23 set. 1997.<br />

<strong>DE</strong>PARTAMENTO NACIONAL <strong>DE</strong> INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES. (2005). Manual de<br />

Interseções Rodoviárias. Rio de Janeiro: IPR.<br />

IHT (1987). Road Traffic in Urbans Areas. Institute of Highways and Transportation. London. England.<br />

OURSTON, L. (2004). Synthesis 246, Modern Rondabout Pratice. Santa Barbara: Carty Associates. USA.<br />

TRINTA, Z. A. (2001). Contribuição ao estudo das travessias urbanas de pequeno e médio portes por rodovias<br />

de longo curso. Tese de Mestrado. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ.<br />

TRL (1995). State of Art Reviews: Design of Roudabouts. London. England.<br />

TRRL (1991). TRANSPORT AND ROAD RESEARCH LABORATORY. Towards safer roads in developing<br />

coutries: Aguide for planners and engineers. Berkshire: England.<br />

VALLEJO, M.H. (1995). Variante de la carretera y forma de ciudad. Tese de Doutorado. Universitat Politécnica<br />

de Catalunya. Espanha.

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