FCH_1 MIOLO FINAL[1].pdf - Universidade Católica Portuguesa
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A .Modernidade .(alguns .aspectos) . .| 35 .<br />
como .uma .forma .de .decadência, .desde .Yeats .a .algumas .personagens .de .<br />
Eça .de .Queiroz .As .sucessivas .guerras .que, .de .1914 .a .1945, .devastam .a .<br />
Europa .e .o .mundo, .abalam .de .vez .a .crença .naquela .relação .directa, .imediata,<br />
.entre .o .progresso .e .a .felicidade .No .campo .da .literatura .e .das .artes .<br />
a .ideia .de .um .progresso .foi .sempre .amplamente .contestada, .desde .os .<br />
tempos .da .longa .“Querela .dos .Antigos .e .Modernos” .(vigente .de .1687 .até .<br />
ao .final .do .século .XVIII, .na .França .e .na .Inglaterra)<br />
Com .a .categoria .do .progresso .aparece .a .ideia .de .um .tempo .especificamente<br />
.humano .que .transcende .a .natureza .A .ideia .de .um .tempo .linear .<br />
(progredir .é .avançar, .seguir .em .frente) .oposto .a .um .tempo .cíclico .ou .circular<br />
.(o .tempo .natural, .mas .também .o .tempo .do .sagrado .e .da .tragédia .<br />
grega) .não .é .exclusiva .da .Modernidade .Como .lembra .Alain .Finkielkraut, .<br />
“Com .a .Bíblia, .o .encontro .do .homem .e .do .divino .deixa .o .cosmos .para .<br />
se .inscrever .na .história” .(2005, .185) .A .Modernidade, .porém, .traz .consigo .<br />
uma .nova .experiência .do .tempo, .marcada .pelo .imperativo .da .mudança .<br />
constante .e .cada .vez .mais .acelerada .dos .ritmos .de .vida .e .de .trabalho, .<br />
dos .conceitos .e .dos .valores, .introduzindo .a .convivência .com .o .risco .e .a .<br />
incerteza .Esta .nova .vivência .do .tempo .parte, .justamente, .de .uma .inversão<br />
.do .valor .relativo .do(s) .tempo(s):<br />
Até .ao .Renascimento, .e .depois .até .ao .século .XVIII, .as .sociedades<br />
.ocidentais .valorizaram .o .passado, .o .tempo .das .origens .e .dos .<br />
antepassados, .apresentando-os .como .um .tempo .de .inocência .e .<br />
de .felicidade .Imaginaram-se .idades .míticas: .a .idade .de .ouro, .o .<br />
paraíso .terrestre .e .a .história .do .mundo .e .da .humanidade .surgia .<br />
como .uma .longa .decadência .[ ] .Na .Europa .dos .finais .do .século .<br />
XVII .e .primeira .metade .do .século .XVIII, .a .polémica .acerca .da .oposição<br />
.antigo/moderno, .nascida .a .propósito .da .ciência, .da .literatura .<br />
e .da .arte, .manifestou .tendência .para .a .inversão .da .valorização .do .<br />
passado: .o .antigo .tornou-se .sinónimo .de .ultrapassado, .o .moderno .<br />
de .progressivo .(Le .Goff .2000, .14)<br />
A .perspectiva .da .consciência .moderna, .comum .aos .diversos .campos .<br />
do .saber, .é .a .de .que .o .Homem .é .uma .construção .do .Homem .As .nações .<br />
(entendidas .como .indivíduos .colectivos) .buscam .as .respectivas .identidades,<br />
.o .que .as .distingue .umas .das .outras, .sobretudo .no .período .romântico .