FCH_1 MIOLO FINAL[1].pdf - Universidade Católica Portuguesa
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24 | Modernidade e Cruzamento de Saberes<br />
buscar .as .intuições .que .dão .sentido .às .suas .construções .(É .aqui, .diga-se .<br />
en passant, .que .radica .a .polémica .de .Husserl .com .a .filosofia .neo-kantiana: .<br />
não .devemos .começar .a .filosofar .a .partir .de .algo .já .construído, .como, .por .<br />
exemplo, .a .ciência, .mas .sim .pela .actividade .de .construção .nos .seus .níveis .<br />
mais .baixos ) .Apelar .para .o .«mundo .da .vida» .significa .mostrar .ao .pensamento<br />
.que .não .trabalha .no .vazio, .como .uma .técnica .que .desconhecesse .<br />
as .suas .finalidades .Em .segundo .lugar, .em .contraste .com .a .que .será, .por .<br />
exemplo, .a .opinião .de .Martin .Heidegger, .convém .frisar .que .a .ciência, .para .<br />
Husserl, .não .tem .apenas .um .carácter .«existencial», .ou .seja, .não .é .somente .<br />
um .«projecto» .humano, .que .se .funda .no .ser-no-mundo .Para .Heidegger, .<br />
como .se .sabe, .é .o .esquecimento .do .seu .carácter .existencial .que .está .na .<br />
origem .do .«objectivismo» .moderno, .tal .como .o .encontramos .na .ideia .de .<br />
natureza, .que .é .própria .das .ciências .físico-matemáticas 16<br />
Em .Husserl, .a .Europa .foi .definida, .como .vimos, .como .o .lugar .da .crise, .<br />
mas .tal .significa .que .a .sua .ultrapassagem .implica .a .recuperação .de .um .<br />
sentido .próprio, .embora .de .carácter .teleológico .Se .fosse .possível .insuflar .<br />
novamente .na .ciência .o .seu .sentido .teleológico .(que .teve .na .Grécia) .– .o .<br />
que .implicaria .que .a .filosofia .fosse .novamente .capaz .de .assumir .a .responsabilidade<br />
.absoluta .por .esse .sentido, .como .entre .os .gregos .–, .então, .seria .<br />
possível .superar .a .crise .das .ciências .e .da .humanidade .europeia .Husserl .<br />
propõe .uma .espécie .de .«supra-racionalismo», .que .fosse .capaz .de .suprimir<br />
.as .limitações .do .racionalismo .da .ciência .<br />
«A .geração .de .cientistas .de .uma .época .está, .relativamente .à .sua .<br />
ciência .(a .communis opinio .nesta .geração: .aquilo .que .é .a .verdade .universalmente<br />
.reconhecida, .obtida .em .métodos .e .fundamentações .reconhecidos),<br />
.de .forma .semelhante .à .do .homem .do .período .pré-científico<br />
.relativamente .ao .seu .povo .e .à .sua .communis opinio .Esta .validade .<br />
universal .alarga-se .e, .em .certa .medida, .alargou-se .na .humanidade .cultivada<br />
.da .época .Porém, .no .progresso .de .uma .geração .de .cientistas .<br />
16 A .tese .de .que .o .mundo, .antes .da .sua .abordagem .pelas .ciências, .tem .um .carácter .existencial<br />
.– .sendo .neste .que .reside .o .que .poderíamos .chamar .a .sua .«mundanidade» .– .é .desenvolvida<br />
.em .Ser e Tempo, .em .particular .no .Capítulo .3 º .da .Primeira .Secção, .§§ .14 .e .segs .(Cf .<br />
Sein und Zeit, .Tübingen, .Max .Niemeyer, .1986 16 , .pp .63 .e .segs ) .São .igualmente .relevantes .para .<br />
a .compreensão .desta .questão .os .§§ .19-21 .(ed .cit , .pp .89 .e .segs ), .dedicados .a .uma .análise .<br />
da .concepção .cartesiana .de .mundo .como .res extensa