FCH_1 MIOLO FINAL[1].pdf - Universidade Católica Portuguesa
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Aspectos .da .modernidade, .segundo .a .última .filosofia . .de .Edmund .Husserl .| 19 .<br />
Como .definir .essa .tarefa? .Husserl .dirá: .o .conjunto .da .experiência .deve .<br />
ser .submetido .às .normas .ideais .da .verdade .incondicionada; .a .vida .cultural<br />
.e .toda .a .actividade .humana .não .devem .ser .reguladas .pela .experiência<br />
.ingénua .e .pela .tradição, .mas .sim .pela .verdade .objectiva .A .filosofia .<br />
e .a .ciência .têm, .por .isso, .uma .relação .estreita .com .a .totalidade .da .vida .<br />
humana; .a .perda .do .sentido .dessa .relação .significa .uma .crise .das .ciências<br />
.e .da .própria .ideia .de .uma .filosofia .científica<br />
Mas .por .que .é .que .a .Europa .se .definirá .espiritualmente, .em .primeiro .<br />
lugar, .pela .filosofia? .Porque .não .pelas .belas-artes, .ou .pelas .ciências .exactas?<br />
.Elas .são .também .manifestações .espirituais .do .homem .europeu .e .as .<br />
segundas .tiveram .mesmo .a .sua .origem .na .Europa! .Para .Husserl, .a .filosofia .<br />
representa .um .«ideal .de .livre .crítica .e .livre .normatividade» .(capacidade .<br />
de .dar .normas .a .si .mesmo) .Só .ela .coloca .a .humanidade .diante .da .realização<br />
.de .tarefas .infinitas, .de .acordo .com .uma .acepção .desta .expressão .<br />
segundo .a .qual .tais .tarefas .não .recebem .o .seu .sentido .e .o .seu .valor .de .<br />
circunstâncias .particulares, .mas .sim .da .finalidade .que .pretendem .ver .realizada<br />
. 8 .É .certo .que .fora .da .esfera .filosófico-científica .podemos .encontrar .<br />
ainda .uma .grande .quantidade .de .ideias .que .possuem .o .carácter .da .infinitude<br />
.Nesse .sentido, .fala-se, .por .exemplo, .de .tarefas .infinitas, .de .valores .<br />
verdadeiros, .de .normas .absolutas, .etc .Mas .é .graças .à .configuração .da .<br />
totalidade .da .vida .humana .pela .filosofia .que, .nessas .outras .esferas, .despontou<br />
.a .ideia .de .infinito . 9 .Assim, .a .filosofia, .enquanto .acontecimento .<br />
histórico-espiritual, .caracteriza .a .Europa .e .dá-lhe .a .sua .identidade .própria<br />
.O .nascimento .da .filosofia .representou .a .entrada .da .humanidade .na .<br />
segunda .fase .da .sua .história, .aquela .em .que .se .dá .a .saída .da .vida .natural .<br />
e .se .criticam .as .pseudo-evidências .que .ela .encerra<br />
Para .perceber .melhor .o .que .isto .significa, .podemos .socorrer-nos .de .uma .<br />
comparação .colhida .num .outro .domínio .Terá .algum .significado .dizer-se, .<br />
por .exemplo, .que .o .«sentido» .da .semente .de .uma .planta .(aquilo .que .ela .é, .<br />
8 Poderíamos .encontrar .aqui .um .forte .elemento .de .continuidade .com .a .doutrina .husserliana .<br />
da .percepção .O .objecto .percepcionado .é .sempre .dado .em .esboços, .num .processo .infinito .<br />
de .aparecimentos .contínuos, .pelos .quais .um .mesmo .e .idêntico .X .é .determinado .A .infinitude<br />
.não .é .dada .enquanto .tal .no .objecto .actualmente .percepcionado, .mas .é .dada .a .ideia .<br />
desta .infinitude, .enquanto .horizonte .no .interior .do .qual .se .inscreve .uma .percepção .actual<br />
9 Edmund .Husserl, .Die Krisis der europäischen Menschentums und die Philosophie, .in .Husserliana, .<br />
Band .VI, .p .325 .