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I DIretrIz BrasIleIra De MIocarDItes e PerIcarDItes - Publicações ...

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6.6. Auto-imunes<br />

Processos autoimunes de envolvimento sistêmico podem<br />

resultar em pericardite 295 como observado em artrite<br />

reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica<br />

múltipla, polimiosite, doença mista do colágeno, espondilites<br />

soronegativas, síndrome de Sjogren, vasculites sistêmicas,<br />

síndrome de Behcet, granulomatose com poliangeíte,<br />

sarcoidose, entre outras.<br />

O quadro clínico varia desde o de um achado assintomático<br />

até uma manifestação de pericardite aguda, menos comumente<br />

de tamponamento, havendo registros de pericardite constritiva<br />

transitória 296 . Sua evolução para pericardite constritiva crônica<br />

é rara. O manuseio das formas habituais geralmente se dirige<br />

para o tratamento habitual da causa subjacente.<br />

Uma forma isolada de pericardite autoimune tem sido<br />

descrita, quando uma sistemática procura de evidências de<br />

autoagressão é demonstrada, por exemplo, pelo predomínio<br />

de linfócitos ou o achado de autoanticorpos contra<br />

sarcolema 297 no líquido pericárdico. Exclui-se a presença de<br />

vírus ou de outros agentes infecciosos (ausência de IgM contra<br />

vírus cardiotrópicos no líquido pericárdico e pesquisa de<br />

PCR negativo para tais agentes), além de doenças sistêmicas<br />

ou neoplásicas.<br />

O tratamento é o usual da pericardite aguda e do derrame<br />

pericárdico, associado à abordagem terapêutica da doença<br />

de base (tabela 35).<br />

O uso de triancinolona intrapericárdica 300 mg/m 2 /24h<br />

diluída em 100 ml de soro, mostrou-se eficaz em aliviar<br />

sintomas e prevenir recorrências, evitando os efeitos colaterais<br />

de corticoide oral 298 .<br />

Tabela 35 – Indicações de tratamento da pericardite autoimune.<br />

Classe de<br />

recomendação<br />

Classe I<br />

Classe I<br />

Classe I<br />

Classe I<br />

Classe IIa<br />

Classe III<br />

Indicações<br />

AINE no tratamento inicial de pericardite<br />

autoimune<br />

Colchicina no tratamento das recidivas de<br />

pericardite autoimune<br />

Corticosteroides sistêmicos em dose baixa<br />

para o tratamento de casos refratários de<br />

pericardite autoimune (não responsivos a<br />

AINEs ou colchicina)<br />

Indicação cirúrgica de derrame pericárdico<br />

refratário secundário a quilotórax pós<br />

cirurgia cardíaca<br />

Possibilidade de uso de corticosteroide<br />

intrapericárdico em casos de<br />

refratariedade<br />

Corticosteroides sistêmicos em dose alta<br />

para o tratamento de casos refratários de<br />

pericardite autorimune<br />

6.7. Quilopericárdio e hipotireoidismo<br />

Nível de<br />

evidência<br />

Quilopericárdio se refere à condição de acúmulo de<br />

material de drenagem do ducto torácico no pericárdio como<br />

resultado de fístula, complicando cirurgia de mediastino,<br />

cirurgia cardiovascular, traumatismo torácico, tumores<br />

mediastínicos ou anomalias congênitas do ducto torácico 250 .<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

B<br />

I Diretriz Brasileira de<br />

Miocardites e Pericardites<br />

Diretrizes<br />

O líquido pericárdico é de aspecto branco leitoso,<br />

opalescente, com alto conteúdo de triglicerídeos (5–50 g/L)<br />

e proteína(22–60 g/L) e gorduras. A ressonância magnética<br />

traz grandes subsídios para firmar o diagnóstico por meio da<br />

sequência dos sinais T1 e T2 299 .<br />

Eventualmente se confunde com o de outras etiologias<br />

e somente é esclarecido após exploração cirúrgica do<br />

pericárdio 300 . O tratamento é de acordo com a etiologia e<br />

a quantidade de líquido pericárdico. Em situações em que<br />

este é secundário a cirúrgica cardíaca ou torácica, sem sinais<br />

de tamponamento, o tratamento poderá ser conduzido com<br />

punção ocasional e dieta com triglicérides de cadeia média 301 .<br />

Em casos refratários ao tratamento conservador, cirurgia com<br />

derivação pericardioperitoneal ou de forma alternativa à<br />

ligadura do ducto torácico, quando se consegue identificar<br />

o seu percurso 302 .<br />

<strong>De</strong>rrame pericárdico em hipotireoidismo é relativamente<br />

comum, sendo registrado em 30 a 80% dos casos<br />

mais avançados da doença e em 3 a 6% das formas<br />

mais precoces 303 . Embora raramente se complique por<br />

tamponamento, essa ocorrência pode ser registrada, e uma<br />

pista para seu desenvolvimento pode ser a da presença de<br />

frequência cardíaca inesperadamente elevada num quadro<br />

de hipotireoidismo, com baixa voltagem de QRS 304 .<br />

O tratamento do derrame pericárdico é facilmente obtido<br />

com o tratamento do hipotireoidismo (tabela 36).<br />

Tabela 36 – Indicações no quilopericárdio e no hipotireoidismo.<br />

Classe de<br />

recomendação<br />

I<br />

I<br />

Indicações<br />

Cirurgia em casos refratários de<br />

quilopericárdio pós-cirurgia cardíaca<br />

Tratamento do derrame pericárdico em<br />

hipotireoidismo com reposição tireoidiana<br />

6.8. Pós-infarto agudo do miocárdio<br />

Nível de<br />

evidência<br />

As duas formas de manifestação da pericardite após o<br />

IAM são a pericardite epistenocárdica, com apresentação<br />

“precoce”, também chamada pericardite peri-infarto, e a<br />

pericardite “tardia” pós-infarto, ou síndrome de Dressler. A<br />

incidência de ambas está em declínio 305,306 . Dor pericárdica<br />

e atrito pericárdico definem a pericardite peri-infarto e<br />

geralmente ela se desenvolve no 2 o ou 3 o dia após um IAM<br />

transmural. As manifestações eletrocardiográficas são de<br />

difícil identificação, pois são superpostas pelas alterações do<br />

infarto. A persitência de ondas T invertidas ou a normalização<br />

destas pode sugerir a presença de pericardite. O curso clínico<br />

é benigno, e o prognóstico do paciente não é alterado<br />

pelo desenvolvimento desta complicação.<br />

A pericardite pós-infarto ocorre em aproximadamente 5% a<br />

6% de pacientes trombolisados e desenvolve-se normalmente<br />

durante a segunda semana, podendo vir a se manifestar meses<br />

pós o IAM. <strong>De</strong>ve ser suspeitada em qualquer paciente com<br />

dor pleuropericárdica. Atrito pericárdico pode ou não se<br />

manifestar. A diferenciação de pericardite e angina recorrente<br />

pode ser difícil, mas uma história cuidadosa e avaliação<br />

eletrocardiográfica seriada podem ajudar na distinção. A<br />

Arq Bras Cardiol: 2013; 100(4 Supl. 1): 1-36<br />

B<br />

B<br />

25

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