I DIretrIz BrasIleIra De MIocarDItes e PerIcarDItes - Publicações ...
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4<br />
I Diretriz Brasileira de<br />
Miocardites e Pericardites<br />
Diretrizes<br />
4.2.2. Marcadores laboratoriais de pesquisa etiopatogênica<br />
A pesquisa do fator causal da miocardite através de exames<br />
complementares estará na dependência da suspeição clínica.<br />
Usualmente todos os pacientes devem ser investigados<br />
para doenças sistêmicas inflamatórias autoimunes, como<br />
lúpus, artrite reumatoide, sarcoidose, Churg-Strauss, doença<br />
celíaca 10 . A pesquisa de sorologias virais possui baixa<br />
sensibilidade e especificidade, apresentando uma correlação<br />
de somente 4% da sorologia com a infecção viral miocárdica 44 .<br />
Esse dado demonstra que a sorologia viral não deve ser<br />
utilizada de forma rotineira para a investigação diagnóstica<br />
da miocardite (tabela 2). No Brasil, a doença de Chagas, em<br />
razão de sua alta prevalência deve ser investigada de forma<br />
rotineira em todos os pacientes de áreas endêmicas.<br />
Tabela 2 – Recomendação de exames laboratoriais na miocardite.<br />
Classe de<br />
recomendação<br />
Classe I<br />
Classe IIa<br />
Classe IIa<br />
Indicações<br />
Investigação de doenças inflamatórias<br />
sistêmicas na miocardite aguda<br />
Troponina como diagnóstico e<br />
prognóstico na miocardite aguda<br />
Marcadores inflamatórios inespecíficos<br />
(VHS, proteína C reativa, leucometria)<br />
para diagnóstico na miocardite aguda<br />
Arq Bras Cardiol: 2013; 100(4 Supl. 1): 1-36<br />
Nível de<br />
evidência<br />
Classe IIb Sorologias virais B<br />
4.3. Eletrocardiograma<br />
As alterações de eletrocardiograma na miocardite vão<br />
depender da fase de evolutiva em que se encontra a agressão<br />
inflamatória miocárdica. Usualmente esse exame possui uma<br />
sensibilidade diagnóstica de 47% 45 .<br />
Na fase aguda, as alterações mais comuns são os distúrbios<br />
de repolarização e bloqueios atrioventriculares, assim como<br />
padrão sugestivo de isquemia coronariana com infra ou<br />
supradesnível do segmento ST de região cardíaca específica<br />
ou difusa, sendo que a presença de onda Q indica pior<br />
prognóstico. A presença de arritmias supraventriculares ou<br />
ventriculares é frequente 27,33 . Nas fases subaguda ou “crônica”,<br />
predominam os sinais eletrocardiográficos de remodelamento de<br />
câmaras, como sobrecarga ventricular e presença de bloqueio<br />
de ramo esquerdo, ambos relacionados a pior prognóstico 46 .<br />
Nos quadros de acometimento do pericárdio em<br />
associação ao miocárdio (perimiocardite), é comum o padrão<br />
clássico eletrocardiográfico de pericardite com supradesnível<br />
do segmento ST difuso e infra do segmento PR é comum 47 .<br />
A recomendação para a realização de eletrocardiograma<br />
na miocardite encontra-se na tabela 3.<br />
Tabela 3 – Recomendações de Eletrocardiograma para avaliação<br />
de miocardite.<br />
Classe de<br />
recomendação<br />
Indicação<br />
C<br />
B<br />
C<br />
Nível de<br />
evidência<br />
Classe I ECG na suspeita de miocardite C<br />
4.4 Ecocardiograma<br />
Os achados ecocardiográficos na miocardite são<br />
inespecíficos. As alterações ecocardiográficas espelham a<br />
agressão inflamatória miocárdica e as consequências desta<br />
sobre a função e remodelagem ventricular, podendo ser<br />
encontrados trombos intraventriculares ou atriais 48,49 . As<br />
alterações na contração ventricular podem ser difusas ou<br />
segmentares, indistinguíveis das alterações isquêmicas 9,50 .<br />
A presença de disfunção ventricular direita é incomum,<br />
e quando ocorre indica pior prognóstico 51 . Na miocardite<br />
fulminante, usualmente encontramos importante disfunção<br />
sistólica com diâmetros cavitários normais, por vezes associada<br />
a aumento da espessura da parede septal, indicando edema<br />
miocárdico 49,52 . A presença de derrame pericárdico na<br />
ausência de IC congestiva sugere envolvimento inflamatório<br />
do pericárdio com miopericardite.<br />
O ecocardiograma tem importante papel no diagnóstico<br />
diferencial da miocardite com outras patologias que tenham<br />
a mesma forma clínica de apresentação – como doenças<br />
valvulares agudas, cardiomiopatia inflamatória de takotsubo<br />
e infarto agudo do miocárdio – além de servir como um guia<br />
durante a realização da biópsia endomiocárdica (tabela 4).<br />
Tabela 4 – Recomendações de ecocardiograma para avaliação de<br />
miocardite.<br />
Classe de<br />
recomendação<br />
Classe I<br />
Indicações<br />
Ecocardiograma para avaliação<br />
funcional<br />
Nível de<br />
evidência<br />
Classe IIa Ecocardiograma no auxílio a BEM C<br />
4.5. Ressonância magnética cardíaca<br />
Na avaliação dos pacientes com miocardite, a ressonância<br />
magnética cardíaca (RMC) permite identificar tanto a injúria<br />
miocárdica inflamatória das fases aguda e subaguda quanto<br />
as lesões cicatriciais frequentemente presentes na fase crônica<br />
da doença. As três principais técnicas de RMC utilizadas<br />
na caracterização da injúria miocárdica dos pacientes com<br />
miocardite são as sequências ponderadas em T2 (T2 imaging), o<br />
realce miocárdico global precoce e a técnica do realce tardio 53 .<br />
As imagens adquiridas pelas sequências ponderadas em T2<br />
permitem avaliar o edema miocárdico secundário ao processo<br />
inflamatório nos pacientes com miocardite aguda, e podem<br />
ser tanto do tipo regional quanto global.<br />
Na técnica do realce global precoce, as imagens adquiridas<br />
nos primeiros minutos após a administração do gadolínio<br />
representam as áreas mais acometidas pela injúria inflamatória 54,55.<br />
A avaliação consiste na medida de intensidade de sinal pré e pós<br />
a injeção de contraste baseado em gadolínio e na comparação<br />
com a variação da intensidade do músculo esquelético dentro do<br />
campo de visão (exemplo: músculo peitoral). Relações maiores<br />
que quatro vezes entre miocárdio e músculo esquelético indicam<br />
hiperemia e extravasamento capilar causados pela inflamação.<br />
A técnica do realce tardio, por sua vez, permite avaliar as regiões<br />
de injúria miocárdica irreversível, o que permite identificar as<br />
regiões de necrose, no caso das miocardites agudas ou subagudas,<br />
B