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Livro Hidrologia_Clima.pdf - Universidade de Évora

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Capítulo 3<br />

<strong>Clima</strong> e estado do tempo. Fatores e<br />

elementos do clima. Classificação do<br />

clima.<br />

José Andra<strong>de</strong>, Gottlieb Basch<br />

ICAAM - Instituto <strong>de</strong> Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas,<br />

Escola <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia<br />

<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Évora</strong><br />

1. Sistema climático, clima e estado do tempo<br />

O sistema climático é um sistema composto, fechado mas não<br />

isolado (i.e., não há entrada ou saída <strong>de</strong> massa mas permite trocas <strong>de</strong><br />

energia com o exterior, o espaço), constituído por vários subsistemas<br />

limitados por participações permeáveis e diatérmicas. Os subsistemas são<br />

a Atmosfera - invólucro gasoso que envolve o globo terrestre, a Litosfera -<br />

massas <strong>de</strong> terra da superfície do globo, a Hidrosfera - água líquida<br />

distribuída à superfície do globo, a Criosfera - gran<strong>de</strong>s massas <strong>de</strong> gelo e<br />

<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> neve, e a Biosfera – seres vivos. A entrada <strong>de</strong> energia no<br />

Sistema Climático tem, predominantemente, origem solar e natureza<br />

radiante. A maior parte da energia emitida pelo Sol provém da sua<br />

Fotosfera.<br />

O estado do tempo e o clima <strong>de</strong>screvem o mesmo sistema, o<br />

Sistema Climático, mas referem-se a escalas temporais diferentes. O clima<br />

<strong>de</strong> uma região ou local é o conjunto das condições meteorológicas<br />

predominantes nessa região ou local durante um longo intervalo <strong>de</strong><br />

tempo, com uma duração mínima <strong>de</strong> três décadas. O clima é caraterizado<br />

pelos valores médios dos diferentes elementos meteorológicos, pela<br />

variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes (estatísticas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mais elevada como variâncias,<br />

covariâncias, correlações,..) e por informação sobre a ocorrência <strong>de</strong><br />

eventos extremos. O estado do tempo refere-se às condições<br />

meteorológicas instantâneas e à evolução diária dos sistemas sinópticos<br />

individuais. A <strong>de</strong>scrição do clima ou do estado do tempo é feita a partir<br />

do conhecimento <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas<br />

meteorológicas. Estes parâmetros, variáveis no tempo e no espaço, são os<br />

elementos climáticos ou meteorológicos.<br />

23


O estado do tempo é objeto <strong>de</strong> estudo da Meteorologia enquanto<br />

que o clima o é da <strong>Clima</strong>tologia. A Meteorologia observa os fenómenos ao<br />

mesmo tempo que os explica, sendo por isso uma ciência analítica,<br />

explicativa e prospetiva; a <strong>Clima</strong>tologia é o estudo do ambiente<br />

atmosférico constituído por uma série <strong>de</strong> estados da atmosfera (clima),<br />

sendo uma ciência <strong>de</strong> síntese e retrospetiva. Os princípios teóricos da<br />

Meteorologia são, basicamente, os da física (termodinâmica, mecânica,<br />

ótica, dinâmica, etc…), pelo que usa frequentemente o cálculo vetorial e<br />

diferencial. A <strong>Clima</strong>tologia usa, fundamentalmente, a estatística.<br />

Fenómenos atmosféricos <strong>de</strong> microescala e <strong>de</strong> escala local são objeto <strong>de</strong><br />

estudo da Micrometeorologia e da Microclimatologia, domínios científicos<br />

assentes no conceito <strong>de</strong> camada limite atmosférica (CLA) ou planetária<br />

(CLP) - camada <strong>de</strong> ar a<strong>de</strong>rente à superfície terrestre resultante da ação do<br />

vento e do atrito e da variação térmica <strong>de</strong>ssa mesma superfície, com<br />

espessura variável (no espaço e no tempo), <strong>de</strong>senvolvendo-se até on<strong>de</strong> se<br />

faça sentir a influência da superfície sobre a qual se forma, sendo<br />

normalmente constituída por duas subcamadas (laminar e turbulenta), ao<br />

longo das quais se transporta momento, energia e massa.<br />

2. Cartas Sinópticas e normais <strong>Clima</strong>tológicas<br />

Uma carta sinóptica mostra o estado da atmosfera num dado<br />

momento (Figura 3.1). A leitura <strong>de</strong> uma carta sinóptica permite a<br />

caracterização do estado do tempo e a previsão da sua evolução. Estes<br />

mapas usam dados obtidos por satélites, balões meteorológicos,<br />

aeronaves, satélites e sensores remotos terrestres.<br />

24<br />

Figura 3.1. Carta sinóptica, <strong>de</strong> previsão meteorológica para o dia 22 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong><br />

2011 (IM, 2011).


O clima <strong>de</strong> uma região ou <strong>de</strong> um local po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito por uma<br />

Normal <strong>Clima</strong>tológica (Quadro 3.1). A Normal consiste em valores<br />

médios mensais <strong>de</strong> diversas variáveis meteorológicas, calculados para um<br />

período <strong>de</strong> 30 anos consecutivos <strong>de</strong> observações. O Instituto <strong>de</strong><br />

Meteorologia publicou Normais <strong>Clima</strong>tológicas relativas a diferentes<br />

estações meteorológicas do território nacional para diferentes períodos<br />

(1921-1950, 1931-1960, 1941-1970, 1951-1981, 1961-1990). O número <strong>de</strong><br />

estações sobre as quais há valores normais aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

ao longo do século passado (12 no período 1901-1930, 52 no período 1931-<br />

1960, mais <strong>de</strong> cem no período entre 1951-1980).<br />

Constam das Normais <strong>Clima</strong>tológicas valores médios mensais e<br />

anuais <strong>de</strong> temperatura, humida<strong>de</strong>, precipitação, insolação, evaporação e<br />

nebulosida<strong>de</strong>, estatísticas sobre a direção e a velocida<strong>de</strong> do vento<br />

(velocida<strong>de</strong> média para cada rumo e frequência <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong>sse<br />

rumo) e o número médio <strong>de</strong> dias em que se observaram <strong>de</strong>terminadas<br />

condições meteorológicas (vento forte, temperaturas extremas,<br />

precipitação intensa, nevoeiro, geada, trovoada, orvalho,...). Além disso,<br />

há também informação sobre as coor<strong>de</strong>nadas geográficas, a aceleração da<br />

gravida<strong>de</strong> no local, a diferença entre a hora utilizada e a hora <strong>de</strong><br />

Greenwich, a altitu<strong>de</strong> do solo no local e da tina do barómetro, as alturas<br />

acima do solo do reservatório do termómetro seco, da cabeça do<br />

anemómetro, da ban<strong>de</strong>ira do catavento e da boca do udómetro.<br />

3. Variabilida<strong>de</strong> do tempo e do clima<br />

O estado do tempo varia com a evolução mais ou menos rápida<br />

das condições atmosféricas. Tal evolução po<strong>de</strong> ser prevista em horas ou<br />

em dias e é objeto <strong>de</strong> estudo da Meteorologia Sinóptica.<br />

Estado climático é um estado conceptual do sistema climático<br />

(interno) caracterizado pelos valores médios (normais, se referentes a um<br />

intervalo <strong>de</strong> 30 anos), conjuntamente com a sua variabilida<strong>de</strong> e outras<br />

características dum conjunto completo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas (temperatura,<br />

precipitação,…), referente a uma região do sistema globo-atmosfera e a<br />

um certo intervalo <strong>de</strong> tempo, sempre superior à vida média dos sistemas<br />

meteorológicos <strong>de</strong> escala sinóptica e ao tempo limite teórico em que o<br />

comportamento da atmosfera po<strong>de</strong> ser previsto (vários dias, em ambos os<br />

casos).<br />

25


JAN 147,0 49,0 4 6 6 94,460,6 68,1 0,6 0,0 0,0 2,1 0,0 13,1 7,6 14,1 10,1 3,1 0,1-0,1 0,3 7,9 4,9 2,2-0 JAN<br />

FEV 154,7 52,0 5 6 6 84,6 46,2 75,2 0,6 0,0 0,0 2,1 0,0 11,7 6,9 12,9 10,1 3,0 0-0,4 0,8 5,8 4,9 0,8-0 FEV<br />

MAR 190,1 52,0 5 7 6 82,946,4 109,6 0,1 0,1 0,0 2,4 0,1 13,3 6,3 12,5 9,4 3,0 0-0,4 0,9 4,5 5,0 0,5-0 MAR<br />

ABR 239,6 61,0 5 6 6 48,7 46,3 144,8 0,0 1,2 0,0 2,0 0,0 12,5 6,7 9,3 6,8 1,6 0-0,3 1,7 3,3 3,0 0,2-0 ABR<br />

MAI 296,1 68,0 4 6 5 39,1 39,2 196,2 0,0 8,4 0,3 1,3 0,0 9,9 8,5 7,5 5,4 1,3 0-0,2 1,4 4,0 2,0 0-0 MAI<br />

JUN 317,3 72,0 4 5 4 26,6 42,6 231,9 0,0 17,0 0,5 0,8 0,0 7,5 10,6 4,7 2,9 1,0 0-0,1 1,4 2,6 0,8 0-0 JUN<br />

JUL 379,6 85,0 2 2 2 6,2 69,8 307,3 0,0 27,3 2,5 1,0 0,0 2,0 20,8 0,9 0,5 0,1 0-0,1 0,6 2,0 0,1 0-0 JUL<br />

AGO 358,1 86,0 3 3 2 3,0 15,5 317,2 0,0 26,4 3,3 0,9 0,0 2,7 19,3 1,4 0,6 0,0 0-0 0,4 1,5 0,4 0-0 AGO<br />

SET 259,3 70,0 4 4 4 25,0 57,4 228,1 0,0 19,0 2,0 0,5 0,0 6,6 11,5 4,3 2,8 0,7 0-0,1 1,5 3,1 0,6 0-0 SET<br />

OUT 211,5 62,0 4 6 5 66,7 66,2 154,4 0,0 6,2 0,1 0,9 0,0 10,1 8,5 9,3 6,7 2,1 0-0 1,2 3,8 2,3 0-0 OUT<br />

NOV 164,1 55,0 4 6 6 78,7 86,4 91,6 0,0 0,2 0,0 2,0 0,0 10,8 8,6 10,9 7,9 2,6 0-0 0,8 5,3 6,4 0,6-0 NOV<br />

DEZ 152,1 52,0 4 6 5 86,5 71,0 70,4 0,5 0,0 0,0 2,3 0,1 10,8 8,8 12,7 8,9 3,1 0-0,1 0,5 6,8 4,9 2,9-0 DEZ<br />

ANO 2869,5 64,0 4 5 5 642,6 86,4 1994,8 1,8 105,8 8,7 18,3 0,2 111,0 124,1 100,5 72,1 21,6 0,0 11,5 50,6 35,3 0,0 ANO<br />

Total<br />

(dia)<br />

(%)<br />

9 h 15 h 21 h<br />

Total<br />

N>8<br />

Máx<br />

Evaporação E(mm)<br />

Min25ºC<br />

Min>20ºC<br />

V >36 Km/h<br />

V >55 Km/h<br />

N0,1 mm<br />

R>1 mm<br />

Mês<br />

R>10 mm<br />

Neve-Gran.,Sar.<br />

Trovoada<br />

Nevoeiro<br />

Orvalho<br />

Geada-neve (solo)<br />

Mês<br />

JAN 981,1 1019,8 7,3 10,3 10,7 9,3 12,5 6,1 20,1 -2,1 88 78 76 9,6-17 14,1-13,5 10,9-12 10,3-14,5 9,5-15,2 15,8-16,8 10,5-16,6 19-17,9 0,3 15,9 JAN<br />

FEV 979,5 1018,0 7,5 11,1 11,8 9,9 13,3 6,4 23,8 -5,0 86 73 70 10,6-15,8 14,1-15,8 8,2-13 8,8-15,1 9,8-16,2 16,5-18,6 13,6-18,6 18,3-18,3 0,2 16,7 FEV<br />

MAR 978,3 1016,5 8,5 13,2 14,0 11,5 15,4 7,6 26,0 -1,2 84 67 64 11,6-17 13,2-16,4 7,4-13,2 9,0-14,4 7,3-15,1 17,9-18,1 13,1-17,6 20,2-18,8 0,1 16,6 MAR<br />

ABR 977,4 1015,3 9,7 15,8 16,6 13,6 18,1 9,0 29,6 1,4 84 58 55 11,7-16,8 12,6-16,2 4,8-13,2 5,6-13,6 7,9-13,4 13,8-16,3 12,2-16,4 25,3-19,2 0,1 16,4 ABR<br />

MAI 978,0 1015,5 11,9 19,3 20,5 16,6 21,9 11,3 36,5 5,0 84 53 49 15,9-17 7,7-14,1 3,5-13,8 4,5-12,6 6,3-14,1 16,5-16,8 13,2-15,4 32,4-19,1 0 17,0 MAI<br />

JUN 978,8 1015,7 14,5 22,9 24,5 19,9 25,9 13,8 39,7 8,0 84 49 44 15,5-15,8 5,4-14,0 2,8-10,7 3,4-11,4 7,0-11,8 14,8-14,9 16,6-15,0 34,6-18,4 0 16,5 JUN<br />

JUL 979,0 1015,1 16,5 26,2 28,5 22,8 29,9 15,7 40,6 10,2 81 42 36 14,7-16,9 4,6-13,1 2,3-11,2 3,3-11,8 4,9-11,0 13,7-12,5 16,1-14,9 40,4-18,9 0 17,2 JUL<br />

AGO 978,4 1015,4 16,7 26,3 28,4 23,0 29,8 16,1 39,5 11,0 77 41 35 15,8-16,3 4,3-14,4 1,9-11,4 2,9-11,5 4,5-10,8 9,4-13,0 16,2-16,2 15,3-18,7 0 17,5 AGO<br />

SET 979,4 1016,4 16,1 23,9 25,1 21,1 26,9 15,3 38,8 7,6 79 48 44 12,0-14,6 7,0-13,4 4,5-10,6 6,0-11,0 6,7-11,6 16,1-12,9 14,6-13,5 32,8-17,0 0,2 15,1 SET<br />

OUT 979,4 1016,9 13,7 19,3 19,4 17,1 21,5 12,8 32,4 4,0 81 59 57 12,4-14,6 11,7-14,6 7,6-12,4 11,8-13,1 10,4-13,8 13,3-14,4 10,0-14,9 22,6-16,9 0,4 14,7 OUT<br />

NOV 979,9 1018,1 9,9 14,1 13,7 12,4 16,0 8,8 28,4 0,6 84 70 71 13,3-16,2 15,2-13,6 9,7-11,1 10,5-14,5 8,0-15,8 13,3-17,3 9,4-15,3 20,4-18,2 0,1 15,6 NOV<br />

DEZ 981,0 1019,6 7,7 10,9 10,7 9,7 13,0 6,5 21,1 -2,9 86 76 76 14,8-15,9 15,8-13,5 8,9-11,3 8,3-14,7 6,3-16,4 13,2-17,2 9,7-18,1 22,8-18,3 0,1 16,1 DEZ<br />

ANO 979,2 1016,9 11,7 17,8 18,7 15,6 20,4 10,8 40,6 -5,0 83 60 56 13,7-16,2 10,5-14,5 6,0-12,1 7,0-13,6 7,4-14,0 14,5-15,9 12,9-15,9 27,9-8,4 0,1 16,3 ANO<br />

Número <strong>de</strong> dias<br />

Número <strong>de</strong> dias<br />

Insolação Nebulosida<strong>de</strong> Precipitação<br />

Temperatura Velocida<strong>de</strong> Nebulosi-<br />

Precipitação<br />

I<br />

N (0-10) R (mm)<br />

do ar (Ta) do vento (V) da<strong>de</strong> N<br />

(R)<br />

ÉVORA (1951-1980)<br />

f =38º34'N;l = 7º54 W;g = 9,80004 m s ;DG = 0 h Hs = 309 m; Hb = 321 m; ht = 19,6 m; ha = 22,9 m; hd = 21,6 m; hr = 1,5 m<br />

Vento<br />

Nº (nd) <strong>de</strong> observações - velocida<strong>de</strong> média V (Km hora<br />

Mês<br />

Nível ___ ___<br />

do mar<br />

Max Min<br />

N NE E SE S SW W NW C<br />

-1 Pressão<br />

Temperatura<br />

Humida<strong>de</strong><br />

atmosférica<br />

do ar<br />

relativa do ar<br />

P (mb)<br />

T (ºC)<br />

RH (%)<br />

)<br />

para cada rumo<br />

9 h 15 h 21 h<br />

Max Min 9 h 15 h 21 h<br />

No local<br />

Mensal<br />

V média<br />

Mês<br />

Quadro 3.1. Normal <strong>Clima</strong>tológica <strong>de</strong> <strong>Évora</strong> relativa ao período 1951-1980 (INMG, 1991)


Uma variação do clima consiste na diferença estatisticamente<br />

significativa entre estados climáticos do mesmo tipo, <strong>de</strong>vido à variação do<br />

conjunto <strong>de</strong> condições-fronteira ou internas ao sistema. À variabilida<strong>de</strong><br />

do clima estão associados períodos relativamente extensos, que po<strong>de</strong>m<br />

durar <strong>de</strong> décadas a milhões <strong>de</strong> anos.<br />

A variabilida<strong>de</strong> do clima inclui efeitos periódicos (ocorrem com<br />

regularida<strong>de</strong> e com período e fase pre<strong>de</strong>terminados), quase periódicos<br />

(ocorrem com frequência aproximada) e não periódicos (sem regularida<strong>de</strong><br />

na frequência com que ocorrem). Consoante a escala <strong>de</strong> tempo em<br />

questão, a variabilida<strong>de</strong> do clima traduz-se em flutuações aleatórias<br />

(ruído climático), anomalias ou variações climáticas, e mudanças ou<br />

alterações climáticas. Às flutuações aleatórias (cheias, secas, meses<br />

extremamente quentes ou frios) não estão associadas quaisquer<br />

tendências <strong>de</strong> mudança real do clima; anomalias climáticas são diferenças<br />

entre valores médios calculados sobre uma coletivida<strong>de</strong> homogénea <strong>de</strong><br />

anos, estações ou meses e os valores espectáveis correspon<strong>de</strong>ntes; uma<br />

mudança ou uma alteração climática é <strong>de</strong>finida pela diferença entre os<br />

valores médios relativos a períodos homólogos suficientemente longos<br />

(em geral, décadas) <strong>de</strong> um parâmetro climático e das suas estatísticas.<br />

O estudo dos efeitos da variação do clima nos processos e<br />

componentes hidrológicos <strong>de</strong>verá incluir a previsão <strong>de</strong> secas ou <strong>de</strong> cheias,<br />

a variação da evapotranspiração potencial e da intensida<strong>de</strong> da<br />

precipitação, a resposta hidrológica das bacias hidrográficas, a geografia<br />

dos efeitos nos componentes do ciclo hidrológico, etc… Contudo, não é<br />

fácil <strong>de</strong>duzir tais efeitos pois há que ter em conta uma a<strong>de</strong>quada<br />

articulação entre as escalas da previsão climática e da mo<strong>de</strong>lação<br />

hidrológica, os erros associados aos dados climáticos e dados<br />

hidrológicos, assim como a difícil conversão <strong>de</strong> inputs climáticos em<br />

respostas hidrológicas (Barley & Chorley, 2003).<br />

4. Fatores do clima<br />

Os fatores climáticos são os elementos naturais e humanos<br />

capazes <strong>de</strong> influenciar e alterar as características ou a dinâmica do clima,<br />

em escalas temporais e espaciais diversas. O clima e a sua variabilida<strong>de</strong><br />

são o resultado da ação conjunta <strong>de</strong> fatores que po<strong>de</strong>m ser externos ou<br />

internos ao sistema Climático (Figura 3.2). Entre os primeiros,<br />

forçamentos normalmente associados a processos <strong>de</strong> interação com um ou<br />

mais componentes do sistema climático, <strong>de</strong>stacam-se fatores cósmicos<br />

como as variações da órbita da Terra relacionadas com a sua<br />

excentricida<strong>de</strong>, a inclinação e a oscilação do eixo <strong>de</strong> rotação da terra, os<br />

efeitos relacionados com a variabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> solar, os processos<br />

27


tectónicos e as erupções vulcânicas. Entre os segundos, forçamentos<br />

internos associados em grau diverso a processos <strong>de</strong> interação (não<br />

lineares) entre os diferentes componentes do sistema climático, <strong>de</strong>stacamse<br />

as variações ocorridas no albedo (refletivida<strong>de</strong>) das superfícies, na<br />

composição atmosférica e na nebulosida<strong>de</strong>, as correntes marítimas e a<br />

proximida<strong>de</strong> do mar, a fisiografia e a vegetação e, naturalmente, a latitu<strong>de</strong><br />

e a altitu<strong>de</strong>. As mudanças ou alterações climáticas po<strong>de</strong>m ainda terem<br />

causas induzidas pela ativida<strong>de</strong> humana (interferência na composição<br />

atmosférica ou na cobertura da superfície terrestre, etc…).<br />

28<br />

Factores cósmicos: variação<br />

orbital, activida<strong>de</strong> solar,<br />

meteoritos.<br />

Forçamentos radiativos:<br />

composição atmosférica, albedoheteogeneida<strong>de</strong><br />

da superfície<br />

(fisografia, vegetação)<br />

Intercâmbio <strong>de</strong> energia: hidrosferaatmosfera,<br />

hidrosfera-litosfera<br />

(proximida<strong>de</strong> do mar )<br />

FATORES EXTERNOS<br />

<strong>Clima</strong><br />

Terrestre<br />

Processos tectónicos,<br />

erupções vulcânicas<br />

Intervenção humana<br />

Correntes planetárias: circulação geral da<br />

atmosfera, correntes marítimas, fisiografia e<br />

vegetação.<br />

FATORES INTERNOS<br />

Figura 3.2. Fatores <strong>de</strong>terminantes do clima e das suas mudanças.<br />

4.1. Fatores externos ao sistema climático<br />

As consequências da ação dos fatores externos ao sistema<br />

climático (ou fatores cósmicos) na variação do clima têm a ver<br />

principalmente com a variação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia solar que chega<br />

ao topo da atmosfera terrestre e com a distribuição ou incidência da<br />

mesma na superfície terrestre. Estas variações são causadas quer pelas<br />

variações da própria órbita terrestre, quer pelas variações nas emissões da<br />

energia solar, quer ainda pelas ativida<strong>de</strong>s tectónica e vulcânica.<br />

4.1.1. Variação orbital da Terra<br />

Segundo a teoria <strong>de</strong> Milankovitch (Figura 3.3), existem variações<br />

cíclicas normais da órbita terrestre que fazem variar ao longo do tempo a<br />

energia solar recebida à superfície da Terra e que, <strong>de</strong>ste modo, po<strong>de</strong>m<br />

explicar mudanças climáticas periódicas do passado. A primeira pren<strong>de</strong>-


se com a excentricida<strong>de</strong> da órbita da terra (Figura 3.3a), isto é, com a<br />

elipse pouco alongada que a Terra <strong>de</strong>screve no seu movimento <strong>de</strong><br />

translação. No entanto, existe uma mudança gradual da forma elíptica da<br />

órbita para quase circular, e vice-versa, sendo a duração <strong>de</strong>ste ciclo<br />

aproximadamente <strong>de</strong> 100.000 anos. Quanto maior for a excentricida<strong>de</strong> da<br />

órbita (mais elíptica), maior é a diferença da energia solar recebida na<br />

parte exterior da atmosfera entre o ponto mais próximo (afélio) e mais<br />

distante (periélio) do sol. Atualmente a Terra encontra-se numa situação<br />

<strong>de</strong> pouca excentricida<strong>de</strong>, com uma diferença na distância entre afélio e<br />

periélio <strong>de</strong> apenas 3%, o que correspon<strong>de</strong> a uma variação da energia solar<br />

recebida <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 7%. No ponto máximo da excentricida<strong>de</strong>, as<br />

diferenças na distância e na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia recebida são <strong>de</strong> 9% e<br />

entre 20-30%, respetivamente.<br />

Figura 3.3. Os ciclos <strong>de</strong> Milankovitch.<br />

Uma segunda variação observada é a alteração na inclinação do<br />

eixo (obliquida<strong>de</strong>) da Terra em relação ao plano da sua órbita (Figura<br />

3.3b). Como resultado <strong>de</strong> vários fatores, a inclinação do eixo po<strong>de</strong> variar<br />

entre cerca <strong>de</strong> 22,1° e 24,5°. Atualmente, esta inclinação é <strong>de</strong> 23,44°, em<br />

fase <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. Este ciclo tem uma duração <strong>de</strong> aproximadamente 41000<br />

anos. Quanto maior for o ângulo, tanto maior são as diferenças térmicas<br />

entre verão e inverno nas latitu<strong>de</strong>s médias e elevadas. Todavia, verifica-se<br />

uma maior expansão do gelo nos pólos do globo terrestre (glaciação)<br />

quando o ângulo é menor, provocando invernos mais “quentes” (mais<br />

precipitação nas latitu<strong>de</strong>s mais altas) e verões mais frios (menor <strong>de</strong>gelo).<br />

Existe, ainda, um terceiro fator <strong>de</strong> variação, <strong>de</strong>nominado<br />

precessão do eixo da Terra, a qual provoca uma alteração na distribuição<br />

da energia solar sobre a superfície terrestre. Este fenómeno, comparável<br />

com o movimento <strong>de</strong> um pião, <strong>de</strong>ve-se principalmente à influência<br />

conjunta das forças gravitacionais do Sol e da Lua, e ao facto da Terra não<br />

ser uma esfera perfeita (distância centro-pólos < centro-equador), com<br />

distribuição igual da sua massa. Assim, o eixo da Terra <strong>de</strong>screve um<br />

círculo imaginário no céu celeste, conforme indicado na Figura 3.3c,<br />

29


estando orientado, atualmente, para a Estrela Polar, e daqui a cerca <strong>de</strong><br />

13.000 anos, percorrida meta<strong>de</strong> do seu círculo, para a constelação <strong>de</strong> Vega.<br />

Sobreposto a esta variação do eixo a longo prazo, verifica-se uma<br />

oscilação <strong>de</strong> curto prazo, provocada pela força gravitacional da Lua,<br />

<strong>de</strong>nominada nutação (N na Figura 3.4), que tem um ciclo <strong>de</strong> 18,6 anos.<br />

A combinação <strong>de</strong>stes ciclos <strong>de</strong> Milankovitch mostra uma boa<br />

correspondência com períodos mais quentes e mais frios (glaciação) da<br />

Terra.<br />

30<br />

Figura 3.4. Movimentos <strong>de</strong> precessão (a) e nutação (b) do eixo da Terra.<br />

4.1.2. Ativida<strong>de</strong> solar<br />

A ativida<strong>de</strong> do sol e a consequente emissão <strong>de</strong> radiação a partir<br />

<strong>de</strong>le não são constantes. A observação <strong>de</strong> manchas solares data <strong>de</strong> 800 a.c.<br />

e o seu registo contínuo já tem 400 anos. Devido a diferenças na<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação entre os pólos e o equador, com consequências para<br />

o campo magnético, formam-se manchas mais escuras (e “frias”) cuja<br />

maior ocorrência, no entanto, está correlacionada com uma radiação mais<br />

intensa emitida pelo sol. Sabe-se que a frequência das manchas solares<br />

varia ciclicamente, e que, apesar do seu efeito sobre a variação da radiação<br />

ser pequeno (~0,1%), se lhe atribui um impacto sobre o clima terrestre.<br />

Conhecem-se vários ciclos solares <strong>de</strong> duração diferente. O ciclo <strong>de</strong><br />

Schwalbe (Figura 3.5a) com uma duração entre 9 a 12 anos implica um<br />

aumento gradual do número <strong>de</strong> manchas, seguido <strong>de</strong> um <strong>de</strong>créscimo<br />

abrupto. Existem outras variações cíclicas (Figura 3.5b) da ativida<strong>de</strong> solar<br />

com durações mais longas (22 anos – ciclo <strong>de</strong> Hale; ~87 anos – ciclo <strong>de</strong><br />

Gleissberg; 210 anos – ciclo <strong>de</strong> Suess; 2300 anos – ciclo <strong>de</strong> Hallstatt) que<br />

são utilizadas para explicar variações da temperatura à superfície


terrestre, como é o caso da pequena Ida<strong>de</strong> do Gelo entre 1650 e 1700<br />

(Mínimo <strong>de</strong> Maun<strong>de</strong>r, Figura 3.5b).<br />

4.1.3. Impacto <strong>de</strong> meteoritos<br />

Apesar <strong>de</strong> serem eventos muito raros e não cíclicos, a queda <strong>de</strong><br />

meteoritos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões po<strong>de</strong>rá afetar o clima terrestre. Ao<br />

arremessar gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> poeiras e <strong>de</strong>tritos para a atmosfera e<br />

até à órbita da Terra, e ao provocar a libertação <strong>de</strong> enormes quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> CO2 na sequência <strong>de</strong> incêndios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões, a reduzida<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação recebida à superfície e o aumento do efeito <strong>de</strong><br />

estufa daí resultantes po<strong>de</strong>rão ter consequências imediatas. O calor<br />

excessivo na atmosfera po<strong>de</strong>rá resultar na formação <strong>de</strong> ácido nítrico e,<br />

consequentemente, em períodos <strong>de</strong> chuvas ácidas que po<strong>de</strong>rão afetar não<br />

só a biosfera terrestre, como também os ecossistemas dos oceanos.<br />

Figura 3.5. Variações cíclicas da ativida<strong>de</strong> solar: (a) Ciclo <strong>de</strong> Schwalbe; (b) Ciclo <strong>de</strong><br />

manchas solares observadas durante 400 anos (Roh<strong>de</strong>, 2006).<br />

4.1.4. Deriva dos continentes e a tectónica <strong>de</strong> placas<br />

A fragmentação da litosfera em várias placas tectónicas que se<br />

movimentam sobre a astenosfera resulta na <strong>de</strong>riva dos continentes a<br />

partir da “Pangeia” como continente inicial único e, segundo a teoria <strong>de</strong><br />

Wegener, da sua separação nos continentes da Gondwana (América do<br />

Sul, África, Austrália e Índia) e Laur (América do Norte, Europa, Ásia e o<br />

Árctico).<br />

Os efeitos dos movimentos das placas tectónicas e da <strong>de</strong>riva dos<br />

continentes sobre as alterações climáticas, em termos <strong>de</strong> tempo geológico,<br />

pren<strong>de</strong>m-se, principalmente, com o seu impacto sobre a distribuição das<br />

terras firmes e das massas <strong>de</strong> água pelo globo e a consequente alteração<br />

nos fluxos energéticos. Associados a este fenómeno estão movimentos<br />

orogenéticos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> montanhas, que po<strong>de</strong>m influenciar <strong>de</strong> forma<br />

31


significativa a circulação da atmosfera, e assim, modificar o clima nas<br />

regiões afetadas.<br />

4.1.5. Ativida<strong>de</strong> vulcânica<br />

Durante muitos anos, climatologistas notaram uma relação entre a<br />

ocorrência <strong>de</strong> erupções vulcânicas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões e uma “alteração<br />

do clima <strong>de</strong> curto prazo”. Por exemplo, um dos anos mais frios dos<br />

últimos dois séculos, a nível global, ocorreu a seguir à forte erupção do<br />

Tambora na Indonésia, em 1815. Todavia, não parece que a causa<br />

principal para o arrefecimento a seguir a estes eventos seja <strong>de</strong>vida à<br />

diminuição na transmissão da radiação através das poeiras, pois estas<br />

sedimentam quase na totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um prazo <strong>de</strong> 6 meses. Assumese<br />

que a causa sejam as enormes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> enxofre<br />

libertadas para a atmosfera que permanecem na estratosfera até três anos,<br />

formando uma <strong>de</strong>nsa neblina brilhante que reduz a transmissão da<br />

radiação solar. Assim, os investigadores acreditam que as 20 Mt <strong>de</strong><br />

dióxido <strong>de</strong> enxofre libertadas pela erupção do Pinatubo em 1991 tenham<br />

sido o principal responsável pela diminuição em 0,8°C da temperatura<br />

média global em 1992.<br />

4.2. Fatores internos ao sistema climático<br />

Para além dos fatores cósmicos, que se pren<strong>de</strong>m principalmente<br />

com a chegada <strong>de</strong> uma menor ou maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> radiação à<br />

superfície terrestre, afetando, assim, o balanço energético globoatmosfera,<br />

existem fatores internos ao próprio sistema climático que<br />

contribuem para uma alteração quer na receção quer na distribuição da<br />

energia solar a nível global ou à escala local e regional. Pelo exposto no<br />

parágrafo anterior o clima num dado local da Terra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria em<br />

primeiro lugar, da sua latitu<strong>de</strong>, visto que a energia solar recebida à<br />

superfície varia consoante o ângulo <strong>de</strong> incidência dos raios solares.<br />

Po<strong>de</strong>mos ainda <strong>de</strong>duzir da Figura 3.6 que, através do efeito <strong>de</strong> estufa<br />

natural, a altitu<strong>de</strong> influencia, <strong>de</strong> forma marcante, a temperatura <strong>de</strong> um<br />

local. Se o clima fosse o resultado, principalmente, <strong>de</strong>stes dois fatores, a<br />

zonagem climática do globo terrestre apresentar-se-ia em faixas paralelas<br />

ao equador, modulada em função da altitu<strong>de</strong>. Veremos em seguida que,<br />

apesar <strong>de</strong> a latitu<strong>de</strong> e a altitu<strong>de</strong> serem fatores climáticos importantes,<br />

existem muitos outros fatores internos do clima, que são responsáveis por<br />

uma zonagem diferente da referida atrás, por vezes até traduzida em<br />

faixas perpendiculares ao equador.<br />

32


4.2.1. Albedo<br />

Albedo <strong>de</strong> uma superfície é a proporção da radiação solar<br />

inci<strong>de</strong>nte que é refletida por essa mesma superfície, e o seu valor po<strong>de</strong><br />

variar entre 0 e 1. O albedo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não só da natureza das superfícies<br />

mas também da inclinação dos raios solares que, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

latitu<strong>de</strong> e da altura do ano (Quadro 3.2).<br />

Superfícies aquáticas como os oceanos apresentam valores baixos<br />

<strong>de</strong> refletivida<strong>de</strong> (cerca <strong>de</strong> 0,1), enquanto que superfícies cobertas com<br />

neve ou nuvens <strong>de</strong> diferentes tipos po<strong>de</strong>m refletir até 90% (0,9) da<br />

radiação recebida. O albedo do sistema globo-atmosfera <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

principalmente da nebulosida<strong>de</strong> e da natureza da superfície,<br />

<strong>de</strong>signadamente da presença ou ausência nesta <strong>de</strong> neve ou gelo, da<br />

cobertura vegetal e do tipo <strong>de</strong> exploração da terra.<br />

Quadro 3.2. Albedo (0-1) em função da inclinação dos raios solares e da natureza<br />

das superfícies: A. Inclinação dos raios solares (valores médios para duas estações<br />

do ano em três latitu<strong>de</strong>s diferentes); B. Superfícies aquáticas e <strong>de</strong> solos; C.<br />

Ocupação do solo; D. Nuvens; E. Homem (Sellers, 1965).<br />

A. INCLINAÇÃO DOS RAIOS SOLARES C. OCUPAÇÃO DO SOLO<br />

0ºLatitu<strong>de</strong> 0,06 Savana (estação seca) 0,25-0,30<br />

Inverno 30ºLatitu<strong>de</strong> 0,09 Savana (estação húmida) 0,15-0,20<br />

60ºLatitu<strong>de</strong> 0,21 Chaparral 0,15-0,20<br />

Prado 0,10-0,20<br />

0ºLatitu<strong>de</strong> 0,06 Floresta <strong>de</strong> folha caduca 0,10-0,21<br />

Verão 30ºLatitu<strong>de</strong> 0,06 Floresta <strong>de</strong> folha coníferas 0,05-0,15<br />

60ºLatitu<strong>de</strong> 0,07 Tundra 0,15-0,20<br />

B. SUPERFÍCIES AQUÁTICAS E DE SOLOS D. NUVENS<br />

Cultura agrícola 0,15-0,25<br />

Neve fresca 0,75-0,95 Cumuliformes 0,70-0,90<br />

Neve, alguns dias <strong>de</strong>pois 0,40-0,70 Estratos 0,59-0,84<br />

Lago gelado 0,1 Altoestratos 0,39-0,59<br />

Lago gelado com neve 0,46 Cirroestratos 0,44-0,50<br />

Superfície do mar, calmo 0,07-0,08<br />

Superfície do mar, encrespado 0,12-0,14 E. HOMEM<br />

Duna <strong>de</strong> areia, seca 0,35-0,45<br />

Duna <strong>de</strong> areia, húmida 0,20-0,30 Pele clara 0,43-0,45<br />

Solo escuro 0,05-0,15 Pele morena 0,35<br />

Solo argiloso seco 0,20-0,35 Pele escura 0,16-0,22<br />

Solo turfoso 0,05-0,15<br />

Alterações no albedo estão associadas a mecanismos <strong>de</strong> resposta<br />

(“feedback” ou retroalimentação) <strong>de</strong> sentido diverso: por exemplo, ocorre<br />

retroalimentação positiva quando temperaturas mais elevadas <strong>de</strong>rretem a<br />

neve sobre uma superfície escura (i.e., solo), diminuindo o albedo e,<br />

contribuindo <strong>de</strong>ste modo para um aquecimento ainda maior <strong>de</strong>vido ao<br />

aumento da absorção radiativa; por outro lado, temperaturas mais<br />

33


elevadas, ao contribuírem para uma maior evaporação e, por<br />

consequência para uma maior nebulosida<strong>de</strong>, diminuem o aquecimento<br />

<strong>de</strong>vido ao aumento do albedo (retroalimentação negativa).<br />

4.2.2. Composição atmosférica e variação da concentração dos seus<br />

componentes<br />

O Quadro 3.3 apresenta a composição média da atmosfera<br />

terrestre até cerca <strong>de</strong> 100 km <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. O ar seco é constituído,<br />

principalmente, por azoto (78%) e oxigénio (21%). Entre os componentes<br />

permanentes, seguem-se o árgon que representa cerca <strong>de</strong> 1% da<br />

composição gasosa atmosférica e outros gases raros com uma<br />

representação ainda mais diminuta. O hidrogénio tem uma importância<br />

crescente nas zonas mais altas da atmosfera. O dióxido <strong>de</strong> carbono, o<br />

vapor <strong>de</strong> água (que se concentra sobretudo na troposfera) e o ozono (cuja<br />

concentração é máxima na estratosfera) são os componentes gasosos<br />

variáveis mais importantes da atmosfera.<br />

Os gases permanentes (N2 e O2) são praticamente transparentes à<br />

radiação solar (onda curta) e à radiação infravermelha (onda longa)<br />

emitida a partir da superfície terrestre. O ozono absorve intensamente a<br />

radiação ultravioleta, sendo quase transparente à radiação infravermelha.<br />

Ao invés, gases como o dióxido <strong>de</strong> carbono, o vapor <strong>de</strong> água, o metano ou<br />

os óxidos nitrosos são relativamente transparentes à radiação solar<br />

(radiação <strong>de</strong> curto comprimento <strong>de</strong> onda) mas não em relação à radiação<br />

infravermelha emitida pela superfície terrestre (radiação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

comprimento <strong>de</strong> onda), contribuindo <strong>de</strong>sta forma para o efeito <strong>de</strong> estufa<br />

natural da atmosfera. Sem estes gases <strong>de</strong> estufa na proporção em que os<br />

conhecemos, a temperatura média da superfície terrestre seria da or<strong>de</strong>m<br />

dos 18ºC negativos (Ahrens, 2003).<br />

A Figura 3.6. mostra os fluxos <strong>de</strong> radiação sob 3 cenários: a) sem<br />

efeito <strong>de</strong> estufa, b) com efeito <strong>de</strong> estufa natural e c) com efeito <strong>de</strong> estufa<br />

acelerado, e mostra os respetivos perfis <strong>de</strong> temperatura da atmosfera e<br />

dos oceanos.<br />

34


Quadro 3.3. Composição média da atmosfera da Terra até cerca <strong>de</strong> 100 km (Fonte:<br />

Peixoto, 1987)<br />

Gás constituinte<br />

Azoto (N 2) 78,08% (1)<br />

Oxigénio (O 2) 20,94% (1)<br />

Argon (Ar) 0,93% (1)<br />

Concentração Peso<br />

Molecular Molecular<br />

28,02<br />

32,00<br />

39,44<br />

Vapor <strong>de</strong> água (H 2O) 0-4 18,02<br />

Dióxido <strong>de</strong> carbono (CO 2) 325 (p.p.m.) (2)<br />

44,01<br />

Néon (Ne) 18 (p.p.m.) 20,18<br />

Hélio (He) 5 (p.p.m.) 4,00<br />

Kripton (Kr) 1 (p.p.m.) 83,7<br />

Hidrogénio (H) 0,5 (p.p.m.) 2,02<br />

Ozono (O 3) 0-12 48,00<br />

(p.p.m. = partes por milhão)<br />

(1) % calculadas para o ar seco<br />

(2) 370 p.p.m. em 2001 (Barry & Chorley, 2003)<br />

Figura 3.6. Balanço entre a radiação solar recebida e a radiação infravermelha<br />

refletida sob os cenários <strong>de</strong> a) sem efeito <strong>de</strong> estufa, b) com efeito <strong>de</strong> estufa natural<br />

e c) com efeito <strong>de</strong> estufa acelerado. À direita, os perfis <strong>de</strong> temperatura da<br />

atmosfera e dos oceanos sob os respetivos cenários (Bureau of Meteorology, 2003).<br />

35


4.2.3. Intercâmbio <strong>de</strong> energia entre massas <strong>de</strong> água e atmosfera<br />

Existe um intercâmbio contínuo <strong>de</strong> calor e <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> entre as<br />

massas <strong>de</strong> água (oceanos) e a atmosfera. As primeiras são responsáveis<br />

pelo armazenamento <strong>de</strong> enormes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> calor (1000 vezes a<br />

armazenada pela atmosfera) e <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono (1/4 das emissões<br />

<strong>de</strong> CO2 nas últimas décadas). Pelo facto <strong>de</strong> haver regiões (subtópicos)<br />

sobre os oceanos on<strong>de</strong> a evaporação exce<strong>de</strong>, em muito, a precipitação<br />

(regiões mais quentes e mais secas), as águas apresentam uma maior<br />

salinida<strong>de</strong>. Por sua vez, o <strong>de</strong>rretimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gelo<br />

contribui para a diminuição da salinida<strong>de</strong>. Como a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da água<br />

varia com o seu teor em sais e com a temperatura, existem correntes<br />

ascen<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes nos oceanos, formando o chamado “Cinturão<br />

Termohalino Mundial” (“The Great Ocean Conveyor Belt”), conforme<br />

indicado na Figura 3.7 para a circulação global e no Atlântico do Norte.<br />

Figura 3.7. (a) O “Cinturão Termohalino Mundial”(Bureau of Meteorology, 2003) e<br />

(b) a Corrente Norte-Atlântica (Defra (2005)<br />

Embora as águas dos oceanos consigam exercer um efeito tampão<br />

sobre as mudanças da temperatura da atmosfera e da radiação, elas<br />

próprias reagem em função <strong>de</strong>stas mudanças (“feedback”) com efeitos<br />

sobre a redistribuição do calor entre as latitu<strong>de</strong>s baixas e altas. Devido à<br />

profundida<strong>de</strong> dos oceanos estas mudanças e os seus efeitos sobre o clima<br />

e sobre as condições meteorológicas po<strong>de</strong>m durar milhares <strong>de</strong> anos, mas<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer também no curto prazo, como <strong>de</strong>monstrado pelos<br />

fenómenos <strong>de</strong> “El Niño” e La Niña”, sendo estes o resultado <strong>de</strong> anomalias<br />

na temperatura da água e das consequentes diferenças na pressão<br />

atmosférica entre regiões (Índice <strong>de</strong> Oscilação Sul – Figura 3.8).<br />

36


Figura 3.8. Índice <strong>de</strong> Oscilação Sul e ocorrências <strong>de</strong> “El Niño” e “La Niña”<br />

(KESSLER, 2002).<br />

4.2.4 Circulação da atmosfera/massas <strong>de</strong> ar<br />

Conforme mencionado anteriormente, o aquecimento do globo é<br />

muito maior na zona do equador quando comparado com o que ocorre<br />

nas zonas polares. Enquanto as correntes oceânicas (processo mais lento)<br />

contribuem com cerca <strong>de</strong> 40% na redistribuição da energia entre as duas<br />

regiões, a circulação atmosférica (mais rápida) é responsável pelos<br />

restantes 60%. Já em 1735, Hadley sugeriu a existência <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong><br />

célula <strong>de</strong> circulação em cada hemisfério, com um movimento ascen<strong>de</strong>nte<br />

do ar sobre o equador, o seu transporte em altitu<strong>de</strong> até aos pólos, e a<br />

consequente <strong>de</strong>scida do ar e o seu regresso ao equador junto da superfície.<br />

Devido aos efeitos da rotação da Terra, do eixo <strong>de</strong> rotação estar inclinado<br />

sobre o plano da órbita, e da heterogeneida<strong>de</strong> da superfície terrestre<br />

(continentes/oceanos, percentagem da superfície coberta por continentes<br />

diferente entre os dois hemisférios,…) este mo<strong>de</strong>lo inicial da circulação<br />

atmosférica foi melhorado mais tar<strong>de</strong> por Ferrel, Bergeron e Rossby que<br />

apontaram para a existência <strong>de</strong> três células convectivas conforme o<br />

esquema i<strong>de</strong>alizado na Figura 3.9: célula <strong>de</strong> Hadley, célula <strong>de</strong> Ferrel e<br />

célula Polar.<br />

37


Figura 3.9. Mo<strong>de</strong>lo simplificado da circulação atmosférica, indicando as três<br />

células convectivas, as zonas <strong>de</strong> baixas e altas pressões e os ventos predominantes<br />

à superfície.<br />

Todavia, a circulação atmosférica real difere da forma<br />

esquemática da Figura 3.10a, <strong>de</strong>vido ao facto <strong>de</strong>: a) a superfície da Terra<br />

não ser uniforme (aquecimento diferenciado da água e do solo) ou plana;<br />

b) a circulação po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>senvolver vórtices e c) o sol não incidir<br />

verticalmente sobre o equador todo mas entre 23,5ºN e 23,5ºS ao longo do<br />

ano. Assim, formam-se sistemas <strong>de</strong> baixas e altas pressões<br />

“semipermanentes” e não paralelos ao equador (Figura 3.10b), pois<br />

variam em intensida<strong>de</strong> e localização ao longo do ano. Devido, ainda, ao<br />

efeito da força <strong>de</strong> “Coriolis”, resultado da rotação da Terra, a circulação<br />

dos ventos à superfície não se faz sentir no sentido Norte-Sul mas (no<br />

hemisfério norte) <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste no caso dos ventos alísios e polares, e <strong>de</strong><br />

Sudoeste no caso dos ventos das latitu<strong>de</strong>s médias.<br />

38


Figura 3.10 Circulação da atmosfera i<strong>de</strong>alizada (a) e “real” (b).<br />

4.2.5 Correntes marítimas<br />

Para além da gran<strong>de</strong> movimentação das massas <strong>de</strong> água<br />

originada pelas diferenças <strong>de</strong> temperatura e <strong>de</strong> salinida<strong>de</strong> da água,<br />

<strong>de</strong>signada como “Cinturão Termohalino Mundial”, já <strong>de</strong>scrito na secção<br />

4.2.3., existem correntes marítimas complementares à circulação principal,<br />

movidas pela própria rotação da Terra e pelos ventos. Pelo movimento<br />

circular (no sentido dos ponteiros do relógio no hemisfério norte, e no<br />

sentido direto no hemisfério sul) é fácil <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o efeito <strong>de</strong> Coriolis<br />

também sobre as massas <strong>de</strong> água (Figura 3.11), ajudando a enten<strong>de</strong>r o<br />

gran<strong>de</strong> contributo das correntes marítimas (40%), para o intercâmbio <strong>de</strong><br />

energia térmica entre as zonas equatoriais e polares. No que respeita à<br />

influência <strong>de</strong>stas correntes sobre o clima em <strong>de</strong>terminadas regiões, merece<br />

especial <strong>de</strong>staque a Corrente do Golfo cujas ramificações atingem<br />

latitu<strong>de</strong>s elevadas no Noroeste da Europa, contribuindo, assim, para a<br />

ocorrência <strong>de</strong> climas aparentemente pouco expectáveis nestas latitu<strong>de</strong>s, só<br />

explicáveis através <strong>de</strong>ste fenómeno.<br />

Figura 3.11. Principais correntes marítimas quentes (vermelho) e frias (azul).<br />

39


4.2.6 Continentalida<strong>de</strong> / Maritimida<strong>de</strong><br />

Uma vez que as massas <strong>de</strong> água possuem calor específico mais<br />

elevado que as massas sólidas dos continentes, as condições térmicas em<br />

locais próximos (maior maritimida<strong>de</strong>) ou distantes (maior<br />

continentalida<strong>de</strong>) são diferentes, mesmo quando localizados em latitu<strong>de</strong>s<br />

similares. A Figura 3.12 mostra as temperaturas médias mensais ao longo<br />

do ano em quatro localida<strong>de</strong>s (uma insular e três continentais, localizadas<br />

na Península Ibérica, a diferentes distâncias da costa). Madrid (40º 25’N,<br />

667 m), a uma distância do mar <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 600 Km apresenta verões bem<br />

mais quentes e invernos mais frios que as restantes localida<strong>de</strong>s<br />

(amplitu<strong>de</strong> térmica anual = 19,1ºC), enquanto que Lisboa, situada na costa<br />

portuguesa (38º47’N, 77 m) apresenta, para períodos idênticos,<br />

temperaturas médias invernais e estivais bem mais suaves (amplitu<strong>de</strong><br />

térmica anual = 11,3ºC), ocupando <strong>Évora</strong> (38º34’N, 309m), neste conjunto<br />

<strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s continentais uma posição térmica intermédia (amplitu<strong>de</strong><br />

térmica anual = 13,7ºC); Angra do Heroísmo (38º40’N, 74m), cida<strong>de</strong><br />

insular do arquipélago dos Açores, apresenta as temperaturas mais<br />

mo<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>ste conjunto <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s, não ultrapassando a amplitu<strong>de</strong><br />

média anual os 8ºC. Assim, quanto maior for a “continentalida<strong>de</strong>”<br />

maiores serão as amplitu<strong>de</strong>s térmicas anuais. No interior dos continentes,<br />

as amplitu<strong>de</strong>s térmicas anuais po<strong>de</strong>m chegar aos 60 °C como no caso <strong>de</strong><br />

Verkhoyansk na Sibéria, a uma latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 68°.<br />

40<br />

Temperatura (ºC)<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

Temperatura média mensal<br />

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov <strong>de</strong>z<br />

Tempo (meses)<br />

Angra do Heroísmo Lisboa <strong>Évora</strong> Madrid<br />

Figura 3.12. Efeito da continentalida<strong>de</strong> sobre as temperaturas médias mensais <strong>de</strong> 4<br />

localida<strong>de</strong>s: Madrid, Lisboa, <strong>Évora</strong> e Angra do Heroísmo.


4.2.7 Fisiografia<br />

A fisiografia da superfície terrestre, nomeadamente através da<br />

altitu<strong>de</strong>, do relevo e da sua direção, exerce efeitos no clima à escala local,<br />

global e regional. O efeito da altitu<strong>de</strong> traduz-se normalmente em climas<br />

mais frios e mais chuvosos que em regiões <strong>de</strong> cota menos elevada. O<br />

perfil térmico na troposfera (gradiente médio <strong>de</strong> -0,65ºC/100m) elucida<br />

este efeito, e a própria <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> “climas <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>”, presente em<br />

diversas classificações climáticas, <strong>de</strong>monstra a sua relevância. A<br />

fisiografia po<strong>de</strong> influenciar condições meteorológicas predominantes<br />

sobre gran<strong>de</strong>s distâncias quando, por exemplo, cordilheiras representam<br />

obstáculos para a circulação dos ventos, obrigando ou facilitando a<br />

<strong>de</strong>slocação das massas <strong>de</strong> ar para <strong>de</strong>stinos “improváveis”, como acontece<br />

com as <strong>de</strong>nominadas ‘friagens’ no continente sul-americano (a orientação<br />

sul-norte da cordilheira dos An<strong>de</strong>s facilita a penetração <strong>de</strong> massas <strong>de</strong> ar<br />

frio vindas do sul até à Amazónia).<br />

Outro efeito do relevo sobre a variação do clima quer a nível local<br />

quer regional, resulta da ocorrência <strong>de</strong> chuvas orográficas (arrefecimento<br />

e con<strong>de</strong>nsação do ar forçado a subir) do lado do barlavento <strong>de</strong> zonas<br />

montanhosas, tornando as regiões situadas a sotavento menos expostas à<br />

precipitação e, por isso, mais secas. A ilha sul da Nova Zelândia é um<br />

exemplo muito característico <strong>de</strong>ste efeito, com os Alpes neozelan<strong>de</strong>ses a<br />

reter gran<strong>de</strong> parte da precipitação, proveniente dos ventos <strong>de</strong> oeste, na<br />

parte oci<strong>de</strong>ntal da ilha. As barreiras <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação a norte <strong>de</strong> Portugal<br />

constituídas pelas serras do Gerês, do Barroso, do Alvão e do Marão são<br />

também exemplos <strong>de</strong>ste efeito, originando uma diminuição pronunciada<br />

<strong>de</strong> precipitação numa proporção elevada do território transmontano.<br />

4.2.8 Vegetação<br />

A vegetação interage com o clima através <strong>de</strong> vários processos,<br />

existindo mecanismos <strong>de</strong> “feedback”, ou seja, efeitos mútuos. Como já<br />

referido na secção 4.2.1. a adsorção da radiação solar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do albedo<br />

<strong>de</strong> uma superfície. O albedo da vegetação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, do<br />

índice da área foliar e da altura, enquanto a dos solos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da cor e da<br />

humida<strong>de</strong>. Assim, solos húmidos têm um menor albedo do que a<br />

vegetação, enquanto solos secos apresentam maior ou igual albedo.<br />

Culturas agrícolas e pastagens refletem mais radiação do que as florestas<br />

(Quadro 3.2).<br />

Um segundo processo através do qual a vegetação interfere com o<br />

clima é a sua influência sobre o ciclo hídrico, dado que existe um<br />

“feedback” positivo entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água evapotranspirada e a<br />

41


precipitação. A vegetação não só aumenta esta quantida<strong>de</strong> (embora<br />

reduza a parte da evaporação) como contribui, assim, para um<br />

arrefecimento da atmosfera, consequência da evapotranspiração ser um<br />

processo endotérmico.<br />

Finalmente, qualquer vegetação em crescimento absorve CO2 da<br />

atmosfera e consegue, <strong>de</strong>sta forma, contribuir para a redução <strong>de</strong>ste gás<br />

com efeito <strong>de</strong> estufa. Quanto maior a formação <strong>de</strong> biomassa, maior é este<br />

efeito, que assume uma variação cíclica <strong>de</strong> acordo com os períodos <strong>de</strong><br />

forte crescimento e <strong>de</strong> repouso vegetativos.<br />

4.2.9 Impactes antropogénicos<br />

Durante algum tempo, a generalida<strong>de</strong> dos estudiosos atribuíam<br />

as aparentes mudanças climáticas a causas naturais apenas, tal como<br />

aconteciam, ao longo dos tempos, em períodos variáveis com duração <strong>de</strong><br />

décadas, séculos e milénios. Todavia, com base em evidências científicas,<br />

existe hoje consenso sobre a forte contribuição da ativida<strong>de</strong> humana para<br />

as alterações registadas nas últimas décadas. Esta influência<br />

antropogénica <strong>de</strong>riva, principalmente, das alterações na exploração e uso<br />

da terra (<strong>de</strong>sflorestação, urbanização, <strong>de</strong>sertificação, irrigação) e da<br />

crescente combustão <strong>de</strong> combustíveis fósseis (libertação <strong>de</strong> aerossóis e<br />

gases <strong>de</strong> estufa), com consequências diretas nos equilíbrios radiativo e<br />

energético terrestres, às escalas local, regional e global. A alteração da<br />

natureza da cobertura da superfície afeta o seu albedo e a radiação por ela<br />

emitida (efeito regional), a sua rugosida<strong>de</strong> e, consequentemente, os<br />

regimes do vento, assim como os componentes do ciclo hidrológico<br />

(efeitos, sobretudo, à escala local e regional); a adição <strong>de</strong> materiais<br />

provenientes <strong>de</strong> fontes artificiais potencia o efeito <strong>de</strong> estufa pela alteração<br />

da composição atmosférica daí resultante (efeitos local a global).<br />

A gama <strong>de</strong> temperaturas medidas à superfície da terra tornam-na<br />

habitável tal qual a conhecemos <strong>de</strong>vido ao efeito <strong>de</strong> estufa natural da<br />

atmosfera, resultante das proprieda<strong>de</strong>s radiativas dos seus componentes,<br />

em particular daqueles que são responsáveis por uma absorção seletiva <strong>de</strong><br />

comprimentos <strong>de</strong> onda como são o CO2, o vapor <strong>de</strong> água, o ozono, o<br />

metano, etc… Todavia, a ativida<strong>de</strong> humana tem vindo a aumentar<br />

drasticamente as emissões dos gases com efeito <strong>de</strong> estufa (GEE) nos<br />

últimos 150 anos (Figura 3.13). Há gran<strong>de</strong>s discrepâncias nos dados<br />

publicados ao longo dos últimos anos no que respeita à contribuição<br />

quantitativa do homem para as emissões totais dos GEE, <strong>de</strong>vido,<br />

essencialmente, ao diferente grau com que a ativida<strong>de</strong> humana é<br />

consi<strong>de</strong>rada fator das alterações climáticas observadas. Todavia, e apesar<br />

da dificilmente quantificável contribuição relativa do homem, o IPCC<br />

42


(2007) diz, <strong>de</strong> forma clara, que o aumento da concentração do CO2 <strong>de</strong> 280<br />

ppm na era pré-industrial para quase 400 ppm na atualida<strong>de</strong>, é quase da<br />

exclusiva responsabilida<strong>de</strong> do homem. Relativamente ao metano há<br />

estimativas <strong>de</strong> que mais que meta<strong>de</strong> das emissões se <strong>de</strong>ve à influência<br />

humana (US-EPA, 2010). Já no caso dos óxidos nitrosos, estima-se que<br />

mais do que 60% das emissões totais sejam <strong>de</strong> origem natural (IPCC,<br />

2001).<br />

Para além <strong>de</strong>stes GEE, que contribuem com 56%, 16% e 5% para o<br />

efeito <strong>de</strong> estufa acelerado, há os halocarbonetos e o ozono com uma quota<br />

<strong>de</strong> 11% e 12%, cada um, no âmbito <strong>de</strong>ste mesmo efeito (Bureau of<br />

Meteorology, 2003). Como po<strong>de</strong>mos verificar na Figura 3.14, o contributo<br />

dos GEE para o <strong>de</strong>sequilíbrio radiativo nos últimos 2 séculos e meio é <strong>de</strong><br />

tal or<strong>de</strong>m que sobressai, em muito, aos efeitos negativos sobre a<br />

“forçante” radiativa <strong>de</strong>vido à maior reflexão causada pelas mudanças da<br />

ocupação do solo e da libertação crescente <strong>de</strong> aerossóis. A crescente<br />

<strong>de</strong>sflorestação tem como consequência um menor sequestro <strong>de</strong> CO2<br />

atmosférico contribuindo também, em boa medida, para a intensificação<br />

do efeito <strong>de</strong> estufa. Se a estes fatores somarmos algum <strong>de</strong>créscimo da<br />

concentração <strong>de</strong> ozono estratosférico potenciado pela libertação <strong>de</strong> CFC<br />

(Clorofluorcarbonetos), assistimos a um aumento <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong> curto<br />

comprimento <strong>de</strong> onda entrada na baixa atmosfera que será<br />

posteriormente absorvido na superfície terrestre.<br />

Figura 3.13. Evolução dos gases com feito <strong>de</strong> estufa mais importantes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

início do 1º milénio D.C. (IPCC, 2007).<br />

As emissões <strong>de</strong> aerossóis (matéria particulada em suspensão) para<br />

a troposfera, muitas vezes associadas a processos poluentes, aumentam o<br />

albedo atmosférico pelo aumento dos processos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação que dão<br />

origem às nuvens. Contudo, o efeito na radiação infravermelha é <strong>de</strong><br />

43


sentido contrário, sendo que o resultado líquido <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, sobretudo, do<br />

albedo da superfície. Assim, sobre neve ou gelo e sobre a maior parte das<br />

coberturas superficiais, há um aquecimento líquido, enquanto que sobre<br />

os oceanos, com albedo menor, há um arrefecimento líquido (Barry &<br />

Chorley, 2003).<br />

As mudanças na cobertura do solo po<strong>de</strong>m exercer tanto um efeito<br />

negativo (arrefecimento) como positivo (aquecimento) sobre as forçantes<br />

radiativas. Assim, atribui-se um efeito negativo à <strong>de</strong>sflorestação no que<br />

diz respeito às alterações do albedo, principalmente em regiões<br />

temperadas, on<strong>de</strong> a ausência da floresta permite a cobertura com neve<br />

durante o inverno. Já outras mudanças na ocupação do solo, como<br />

urbanizações e a construção <strong>de</strong> estradas (asfalto), provocam o efeito<br />

contrário.<br />

Os efeitos da <strong>de</strong>sflorestação, em gran<strong>de</strong> escala, sobre as forçantes<br />

radiativas têm, todavia, que ser vistos no seu conjunto, pois que apesar do<br />

aumento do albedo da superfície, há uma redução enorme da<br />

evapotranspiração e, assim, uma redução no efeito <strong>de</strong> arrefecimento da<br />

passagem da água do estado líquido para o gasoso. Além disso, a redução<br />

na assimilação <strong>de</strong> CO2, bem como a mineralização da matéria orgânica<br />

acumulada sob a floresta, diminuem o sequestro e aumentam as emissões<br />

<strong>de</strong> CO2. O efeito negativo (‘arrefecimento’) da alteração na ocupação do<br />

solo como o sugerido na Figura 3.14, que inclui ainda gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sflorestações no passado (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1750) nas latitu<strong>de</strong>s médias, po<strong>de</strong>rá não<br />

ser aplicável às <strong>de</strong>sflorestações recentes nas regiões tropicais.<br />

44


Figura 3.14. Forçantes radiativas do sistema climático entre 1750 e 2005 (Forster et<br />

al., 2007).<br />

A alteração do uso da terra conduz, na maior parte dos casos, a<br />

uma variação da rugosida<strong>de</strong> da superfície, alterando assim, <strong>de</strong> um modo<br />

mais ou menos significativo, o regime <strong>de</strong> ventos assim como as<br />

proporções relativas dos componentes terrestres e aéreos do ciclo<br />

hidrológico e, por consequência, o clima à escala local e regional. A<br />

<strong>de</strong>sflorestação, com a consequente afetação <strong>de</strong> terras ao uso agrícola e<br />

sobretudo à urbanização, são exemplo disso. A <strong>de</strong>sflorestação diminui a<br />

evapotranspiração e, consequentemente, a humida<strong>de</strong> atmosférica, a<br />

precipitação local e a interceção, mas aumenta, por outro lado, o<br />

escoamento superficial e a sazonalida<strong>de</strong> da precipitação; além disso, ao<br />

diminuir a espessura efetiva dos solos e a rugosida<strong>de</strong> da superfície, a<br />

<strong>de</strong>sflorestação contribui em larga medida para um aumento da sua<br />

erosão, principalmente da erosão eólica, e para um reforço da<br />

sazonalida<strong>de</strong> da precipitação. A (intensa) urbanização em vastas zonas do<br />

planeta apresenta em boa medida os efeitos visíveis da <strong>de</strong>sflorestação,<br />

acrescidas <strong>de</strong> um aumento <strong>de</strong> temperatura (ilha <strong>de</strong> calor urbano) <strong>de</strong>rivado<br />

das alterações significativas da rugosida<strong>de</strong> da superfície e radiativas <strong>de</strong>ssa<br />

mesma superfície.<br />

45


5. Elementos Climáticos<br />

5.1. Generalida<strong>de</strong>s<br />

Os elementos climáticos <strong>de</strong>screvem o clima e o estado do tempo<br />

<strong>de</strong> um modo quantitativo. Os elementos climáticos são simples ou<br />

complexos. Os elementos simples são os elementos meteorológicos<br />

normalmente medidos em estações meteorológicas, convencionais ou<br />

automáticas. A temperatura, a precipitação, a humida<strong>de</strong>, o vento, a<br />

nebulosida<strong>de</strong> e a insolação, a pressão atmosférica, a radiação (solar,<br />

terrestre, atmosférica), a trovoada e a evaporação são exemplos <strong>de</strong><br />

elementos climáticos simples. Os elementos climáticos complexos<br />

<strong>de</strong>screvem o efeito climático <strong>de</strong> causas que estão relacionadas entre si ou<br />

que atuam conjuntamente para produzir certos aspetos particulares da<br />

paisagem fisiográfica e biológica do globo, como sejam a ari<strong>de</strong>z do solo, a<br />

continentalida<strong>de</strong> do clima (índices <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z, <strong>de</strong> continentalida<strong>de</strong>), o<br />

conforto humano, o rendimento das culturas, etc..<br />

Os elementos climáticos (ou meteorológicos) são numéricos<br />

(precipitação, temperatura,...) ou não numéricos (tipos <strong>de</strong> nuvens, direção<br />

do vento,...), binários (ocorrência ou não ocorrência <strong>de</strong> geada,...) ou não<br />

binários (temperatura, humida<strong>de</strong>,...), contínuos (pressão atmosférica,...)<br />

ou discretos (graus <strong>de</strong> nebulosida<strong>de</strong>,...), limitados (humida<strong>de</strong>,...) ou<br />

ilimitados (temperatura,...), escalares (temperatura, nebulosida<strong>de</strong>,...) ou<br />

vetoriais (direção do vento,...), aleatórios (velocida<strong>de</strong> instantânea do<br />

vento,...) ou não aleatórios (radiação global,...).<br />

Nesta secção serão <strong>de</strong>scritos apenas alguns (nove) elementos<br />

climáticos simples, os mais comummente medidos nas estações<br />

meteorológicas e usados em <strong>Clima</strong>tologia.<br />

5.2. Radiação solar global e radiação líquida<br />

A fonte principal <strong>de</strong> energia do Sistema Climático é o Sol, que<br />

emite, como todos os corpos cuja temperatura é superior ao zero absoluto<br />

(0K=-273ºC), energia radiante <strong>de</strong> natureza eletromagnética e corpuscular.<br />

A radiação solar é a causa principal dos processos físicos, químicos e<br />

biológicos que ocorrem à superfície da Terra, <strong>de</strong>la <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo por<br />

consequência, todas as formas <strong>de</strong> vida na Terra. Além disso, a radiação<br />

solar influencia fenómenos como a reflexão, a absorção e a difusão na<br />

atmosfera, o ciclo Hidrológico, e <strong>de</strong>termina a circulação geral da<br />

atmosfera, sendo por isso o fator fundamental do clima.<br />

46


A radiação solar global (S) é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo radiante <strong>de</strong><br />

origem solar inci<strong>de</strong>nte numa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área da superfície terrestre. S é<br />

a soma da radiação solar recebida diretamente do Sol com a radiação que<br />

foi difundida pela atmosfera, isto é, a soma da radiação solar direta (Sdir)<br />

com a radiação solar difusa (Sdif). A radiação solar global varia, em<br />

qualquer local, ao longo do dia e ao longo do ano: assume valores<br />

positivos entre o nascer e o pôr-do-sol e nulos durante a noite e o<br />

crepúsculo; nas nossas latitu<strong>de</strong>s, assume valores maiores no verão<br />

(atingindo não raras vezes, valores superiores a 800-900 W m -2 ) e menores<br />

nos meses <strong>de</strong> inverno, período em que o ângulo <strong>de</strong> incidência dos raios<br />

solares é maior. As variações diárias são sobretudo afetadas pelas<br />

condições atmosféricas, tendo amplitu<strong>de</strong>s tanto maiores quanto menor for<br />

a nebulosida<strong>de</strong>. As variações anuais são tanto maiores quanto mais<br />

afastado estiver o local do equador e do mar. A radiação solar é medida<br />

por piranómetros (radiómetros que me<strong>de</strong>m o curto comprimento <strong>de</strong><br />

onda) e exprime-se, normalmente, em watts por metro quadrado (W m -2 ).<br />

Se à radiação solar for subtraída a fração que é refletida pela<br />

superfície consi<strong>de</strong>rada (S = S, on<strong>de</strong> é o albedo) obtém-se o balanço<br />

<strong>de</strong> curto comprimento <strong>de</strong> onda (Rns = S - S). Se a este balanço se<br />

adicionar o <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda (Rnl), <strong>de</strong>finido pela diferença<br />

entre a radiação emitida pela atmosfera (L) e a emitida pela superfície<br />

terrestre (L), obtém-se o balanço <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong>ssa mesma superfície isto<br />

é, a radiação líquida nela (eventualmente) disponível:<br />

Rn = Rns + Rnl = S- S+ L- L (W m -2 ) (3.1)<br />

A radiação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda é medida por<br />

pirgeómetros, enquanto que a radiação líquida é medida por<br />

pirradiómteros (radiómetros <strong>de</strong> balanço). A radiação líquida (Rn), quando<br />

positiva, é usada no aquecimento do ar (H) e do solo (G) e na evaporação<br />

da água (LE); se for negativa, o que acontece normalmente durante o<br />

período noturno, o ar e o solo são fontes <strong>de</strong> calor para a superfície e a<br />

evaporação po<strong>de</strong> dar lugar à con<strong>de</strong>nsação, com natural libertação (e não<br />

consumo) <strong>de</strong> energia. Assim, o balanço energético à superfície <strong>de</strong> um solo<br />

vem, <strong>de</strong> uma forma simplificada:<br />

Rn = LE + H + G (W m -2 ) (3.2)<br />

A radiação terrestre (L) é calculada satisfatoriamente através da<br />

lei <strong>de</strong> Stefan-Boltzman (equação 3.3) uma vez que a superfície terrestre se<br />

comporta aproximadamente como um corpo negro:<br />

E = T 4 (W m -2 ) (3.3)<br />

47


on<strong>de</strong> E é o po<strong>de</strong>r emissivo <strong>de</strong> um corpo negro (W m -2 ), T é a temperatura<br />

efetiva (ou irradiativa) do corpo (K) e é a constante <strong>de</strong> Stefan-Boltzman<br />

( = 5,67 x 10 -8 W m -2 K -4 ).<br />

A radiação atmosférica (L) calcula-se a partir das equações 3.4<br />

(sendo a última uma equação empírica), uma vez que a atmosfera se<br />

comporta como um corpo cinzento:<br />

48<br />

L = s Ta 4<br />

L = Ti 4 (W m -2 ) (3.4)<br />

L = 213 +5,5 Ta<br />

on<strong>de</strong> s é a emissivida<strong>de</strong> da atmosfera, Ta a temperatura do ar (expressa<br />

em K nas duas primeiras equações e em ºC na última) e Ti a temperatura<br />

irradiativa ou efetiva da atmosfera.<br />

5.3. Insolação e Nebulosida<strong>de</strong><br />

A insolação atual (ou real) é o número <strong>de</strong> horas (diárias,<br />

mensais,…) <strong>de</strong> céu <strong>de</strong>scoberto. A insolação astronómica é a insolação<br />

máxima possível ou o período do dia durante o qual o Sol se encontra<br />

acima do horizonte (comprimento do dia). A percentagem <strong>de</strong> insolação é<br />

a razão entre a insolação atual ou real e a insolação astronómica. A<br />

nebulosida<strong>de</strong> total (ou quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nuvens) é a fração do céu coberta <strong>de</strong><br />

nuvens e exprime-se em décimos <strong>de</strong> céu coberto (para fins climatológicos)<br />

ou em oitavos (para fins sinópticos). A nebulosida<strong>de</strong> parcial é a<br />

nebulosida<strong>de</strong> referente a uma <strong>de</strong>terminada família <strong>de</strong> nuvens.<br />

A nebulosida<strong>de</strong> varia, ten<strong>de</strong>ncialmente, <strong>de</strong> forma inversa com a<br />

insolação. Contudo, a medição <strong>de</strong> ambas é diferente, pelo que a<br />

nebulosida<strong>de</strong> não correspon<strong>de</strong> exatamente à diferença entre a insolação<br />

atual e a astronómica. Sempre que a intensida<strong>de</strong> da luz é suficiente para<br />

ativar um circuito elétrico é possível medir a insolação a partir <strong>de</strong><br />

impulsos elétricos (registadores <strong>de</strong> insolação fotelétricos). Em estações<br />

automáticas a insolação é normalmente medida a partir <strong>de</strong> dados obtidos<br />

por piranómetros. Em estações convencionais a insolação é medida por<br />

heliógrafos, sendo os mais utilizados os <strong>de</strong> Campbell-Stokes e <strong>de</strong> Jordan.<br />

A nebulosida<strong>de</strong> é medida por observação visual direta do firmamento, em<br />

diferentes momentos do ciclo diário.<br />

A insolação atual e a nebulosida<strong>de</strong> retratam uma dada condição<br />

atmosférica mais ou menos duradoura, pelo que o seu conhecimento<br />

fornece boas indicações da evolução do estado do tempo a curto prazo<br />

(meteorologia sinóptica); os seus valores médios, geralmente presentes


nas Normais <strong>Clima</strong>tológicas, são parâmetros usados no cálculo <strong>de</strong> outros<br />

elementos climáticos (por ex., o caso do cálculo da evapotranspiração<br />

potencial pelo Método <strong>de</strong> Penman). A insolação astronómica, sinónimo <strong>de</strong><br />

fotoperíodo enquanto resposta das plantas durante floração (<strong>de</strong> dias<br />

longos, dias curtos ou indiferentes), varia com a latitu<strong>de</strong> do lugar e a<br />

altura do ano.<br />

A variação média da insolação/nebulosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

circulação geral da atmosfera e da distribuição dos continentes e oceanos.<br />

A maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água sobre as superfícies aquáticas mais<br />

extensas torna as regiões oceânicas e costeiras as que apresentam maior<br />

nebulosida<strong>de</strong> e, por consequência, menor insolação. Por essa razão, a<br />

nebulosida<strong>de</strong> é, em média, maior no hemisfério sul que no hemisfério<br />

norte. Devido à circulação geral da atmosfera, as regiões equatoriais e as<br />

zonas frontais associadas à frente polar apresentam maior nebulosida<strong>de</strong><br />

que a restantes zonas.<br />

Nas regiões polares e equatoriais e no verão das latitu<strong>de</strong>s médias<br />

o máximo <strong>de</strong> nebulosida<strong>de</strong> ocorre ao meio-dia ou no começo da tar<strong>de</strong>,<br />

enquanto que no inverno das latitu<strong>de</strong>s médias tal máximo ocorre perto do<br />

nascer do sol. Em qualquer caso, o mínimo <strong>de</strong> nebulosida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a<br />

ocorrer durante a noite.<br />

5.4. Temperatura do ar<br />

A temperatura do ar (Ta) num dado instante é o valor que é<br />

indicado por um termómetro bem ventilado, ou seja, em equilíbrio<br />

térmico com o ar atmosférico, subtraído à influência da radiação dos<br />

objetos situados nas vizinhanças. Exprime-se em graus Celsius (ºC),<br />

Fahrenheit (ºF) ou em Kelvin (K). A temperatura é medida por<br />

termómetros. Da temperatura <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m várias proprieda<strong>de</strong>s do ar e da<br />

água (<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, calor latente <strong>de</strong> vaporização, capacida<strong>de</strong> calorífica, …),<br />

as taxas <strong>de</strong> reações bioquímicas num organismo ou o ritmo <strong>de</strong><br />

crescimento vegetal. Da temperatura do ar também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m a tensão <strong>de</strong><br />

vapor <strong>de</strong> saturação do ar atmosférico, os fluxos <strong>de</strong> energia radiante e <strong>de</strong><br />

calor latente <strong>de</strong> e para os organismos, a incidência sazonal e regional <strong>de</strong><br />

doenças e pragas e, em larga medida, os níveis <strong>de</strong> conforto humano e<br />

animal.<br />

A distribuição da temperatura do ar é uma consequência do<br />

balanço energético da Terra. Os fatores que condicionam a variação da<br />

temperatura do ar são os fatores gerais do clima (externos ao sistema<br />

climático como a radiação solar e os movimentos da terra, ou internos<br />

como a circulação geral da atmosfera e a nebulosida<strong>de</strong>), os fatores<br />

49


egionais (aproximação <strong>de</strong> massas líquidas,...) e locais (exposição, formas<br />

<strong>de</strong> relevo, revestimento vegetal,...). Por isso, a temperatura apresenta uma<br />

variação diária e anual <strong>de</strong> carácter periódico, atinge valores mais elevados<br />

próximo do equador e mais baixos nas latitu<strong>de</strong>s maiores; além disso, a<br />

amplitu<strong>de</strong> térmica é menor em regiões vizinhas dos mares e oceanos que<br />

em zonas mais afastadas das costas, maior em áreas sem revestimento<br />

vegetal que em zonas florestais, etc...<br />

A temperatura diminui em altitu<strong>de</strong> na baixa atmosfera<br />

(Troposfera) a uma taxa média <strong>de</strong> 0,65ºC por cada 100 metros. O sentido e<br />

a taxa <strong>de</strong>sta variação resultam da manifestação das leis físicas que regem<br />

a ascensão adiabática <strong>de</strong> uma massa <strong>de</strong> ar na atmosfera. O ar não<br />

saturado sofre uma variação <strong>de</strong> aproximadamente 1º por cada 100 m <strong>de</strong><br />

variação <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> (gradiente adiabático seco), enquanto que o ar<br />

saturado sofre uma variação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 0,5ºC por cada variação em<br />

altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 m (gradiente adiabático saturado). Os valores do gradiente<br />

adiabático saturado são menores que os do gradiente adiabático seco uma<br />

vez que há libertação <strong>de</strong> calor latente associada à con<strong>de</strong>nsação do vapor<br />

<strong>de</strong> água, atenuando <strong>de</strong>sta forma o arrefecimento resultante da expansão<br />

adiabática. A temperatura potencial () é a temperatura que uma parcela<br />

<strong>de</strong> ar atingiria se fosse transportada adiabaticamente da sua pressão atual<br />

(p) até à pressão <strong>de</strong> 1000 hPa (pressão standart):<br />

<br />

<br />

T p <br />

1000 (K) (3.5)<br />

on<strong>de</strong> T é a temperatura atual da parcela (K), (=R/cp(d)) é a constante <strong>de</strong><br />

Poisson para o ar seco, R é a constante universal dos gases (= 287,05 J kg -1<br />

K -1 ) e cp(d) é o calor específico do ar seco a pressão constante (1005 J kg -1 ºC -<br />

1 ). A temperatura potencial é invariável em processos adiabáticos.<br />

5.5. Precipitação<br />

A precipitação é qualquer partícula <strong>de</strong> água, sólida ou líquida,<br />

que cai da atmosfera e atinge o solo, proveniente das nuvens, e ocorre<br />

quando as gotas das nuvens crescem até atingirem dimensões suficientes<br />

para caírem por efeito da gravida<strong>de</strong>. A precipitação constitui um vetor<br />

fundamental do ciclo hidrológico, unindo a atmosfera aos restantes<br />

subsistemas do sistema climático. Tem uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas<br />

(chuvisco, chuva, neve, neve molhada, granizo, saraiva, aguaceiros, neve<br />

gelada) e a sua classificação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em geral, do mecanismo envolvido<br />

no arrefecimento adiabático que conduziu à formação da nuvem<br />

(convectiva, orográfica, <strong>de</strong> convergência, frontal). A precipitação exprimese<br />

pela altura pluviométrica, pela duração, frequência e intensida<strong>de</strong> da<br />

50


precipitação. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> precipitação num dado intervalo <strong>de</strong> tempo<br />

(altura pluviométrica) é a gran<strong>de</strong>za R = v/s em que v é o volume <strong>de</strong> água<br />

recolhida proveniente <strong>de</strong> hidrometeoros, num recipiente <strong>de</strong> boca<br />

horizontal e <strong>de</strong> área s (udómetro ou pluviómetro). Exprime-se em<br />

milímetros (= litros por metro quadrado). A duração da precipitação é o<br />

período <strong>de</strong> tempo contado entre o início e o fim da chuvada (me<strong>de</strong>-se em<br />

horas, minutos ou dias). A frequência é o número <strong>de</strong> ocorrências por ano<br />

para uma <strong>de</strong>terminada chuvada ou, o número <strong>de</strong> anos necessários para a<br />

ocorrência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada chuvada. A intensida<strong>de</strong> da precipitação<br />

avalia-se pela variação da quantida<strong>de</strong> da precipitação (R) relativamente<br />

ao intervalo <strong>de</strong> tempo (t) em que caiu.<br />

A precipitação é um elemento climático (ou meteorológico)<br />

central na variação do estado do tempo e na caracterização do clima <strong>de</strong><br />

um dado local. Ocorre em consequência da evolução dos sistemas<br />

sinópticos e, juntamente com a temperatura, é elemento central das<br />

classificações climáticas empíricas (ver capítulo seguinte).<br />

5.6. Humida<strong>de</strong> do Ar<br />

A humida<strong>de</strong> do ar é o vapor <strong>de</strong> água da atmosfera e resulta da<br />

evaporação das superfícies aquáticas e do solo, da transpiração dos seres<br />

vivos e das combustões; é medida por higrómetros e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, entre<br />

outros fatores, da disponibilida<strong>de</strong> em água, da velocida<strong>de</strong> do vento (fator<br />

aerodinâmico), da temperatura do ar e da pressão atmosférica (fatores<br />

termodinâmicos). A humida<strong>de</strong> do ar é a origem <strong>de</strong> todos os<br />

hidrometeoros, <strong>de</strong>sempenha um importante papel nas transformações<br />

energéticas da atmosfera <strong>de</strong>vido ao seu efeito na absorção da radiação<br />

infravermelha, influi na intensida<strong>de</strong> da evaporação e da transpiração das<br />

plantas, na nebulosida<strong>de</strong> e no aquecimento/arrefecimento das superfícies;<br />

além disso, representa um fator importante no conforto humano.<br />

A humida<strong>de</strong> do ar exprime-se por meio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas físicas como<br />

a tensão atual <strong>de</strong> vapor, a humida<strong>de</strong> absoluta, a humida<strong>de</strong> relativa, o<br />

défice <strong>de</strong> saturação do ar, a razão <strong>de</strong> mistura e a humida<strong>de</strong> específica. O<br />

estado higrométrico do ar também se po<strong>de</strong> caracterizar pela temperatura<br />

do ponto <strong>de</strong> orvalho, pela temperatura virtual ou pela temperatura do<br />

termómetro molhado. A tensão <strong>de</strong> vapor (e) é a pressão exercida pelo<br />

vapor <strong>de</strong> água existente numa massa <strong>de</strong> ar húmido e exprime-se em<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pressão, isto é, em milímetros <strong>de</strong> mercúrio (mm Hg), pascais<br />

(Pa) ou milibares (mb). Consi<strong>de</strong>ra-se a tensão <strong>de</strong> vapor atual (ea) como a<br />

existente num <strong>de</strong>terminado momento e a tensão máxima <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong><br />

água (es) como a pressão que o vapor <strong>de</strong> água exerceria em caso <strong>de</strong><br />

saturação do ar; logo, ea iguala es quando o ar está saturado. A tensão<br />

51


máxima <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água (es) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura do ar (ANEXO<br />

3.1) A humida<strong>de</strong> absoluta () é a massa <strong>de</strong> água existente numa unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> ar húmido e exprime-se em gramas por metro cúbico (g m -<br />

3 ). tem o mesmo valor numérico que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do vapor <strong>de</strong> água no<br />

ponto consi<strong>de</strong>rado. Em caso <strong>de</strong> saturação do ar a humida<strong>de</strong> absoluta é<br />

máxima (s). A humida<strong>de</strong> absoluta relaciona-se com a tensão <strong>de</strong> vapor (e)<br />

através da seguinte expressão:<br />

52<br />

e<br />

2,<br />

17<br />

T<br />

(g m -3 ) (3.6)<br />

on<strong>de</strong> T é a temperatura absoluta (em K) e e exprime-se em Pa.<br />

A humida<strong>de</strong> relativa (HR) é a relação entre a tensão <strong>de</strong> vapor (ea)<br />

<strong>de</strong> uma massa <strong>de</strong> ar (ou a humida<strong>de</strong> absoluta) e a tensão máxima <strong>de</strong><br />

saturação (es) <strong>de</strong>ssa mesma massa <strong>de</strong> ar (ou a humida<strong>de</strong> absoluta máxima)<br />

e exprime-se em percentagem (varia entre 0 e 100):<br />

ea<br />

a<br />

HR(%)<br />

100<br />

100<br />

e <br />

s<br />

s<br />

(3.7)<br />

O défice <strong>de</strong> saturação (DS) é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água que,<br />

num <strong>de</strong>terminado momento, falta para saturar uma <strong>de</strong>terminada unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> uma massa <strong>de</strong> ar húmido. DS po<strong>de</strong> exprimir-se como a<br />

diferença para 100 da humida<strong>de</strong> relativa (DS = 100 - HR), a diferença<br />

entre a humida<strong>de</strong> absoluta máxima à temperatura da massa <strong>de</strong> ar e a<br />

humida<strong>de</strong> absoluta no momento (DS = s-a) ou entre a tensão máxima <strong>de</strong><br />

saturação e a tensão atual (DS = es-ea).<br />

A humida<strong>de</strong> específica (q) é a razão entre a massa <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong><br />

água (mw) e a massa <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> ar consi<strong>de</strong>rado (m):<br />

mw<br />

mw<br />

-1<br />

q <br />

(kg kg )<br />

(3.8)<br />

m m m<br />

on<strong>de</strong> md é a massa <strong>de</strong> ar seco.<br />

w<br />

d<br />

A razão <strong>de</strong> mistura (w) é a razão entre a massa <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água<br />

(mw) e a massa <strong>de</strong> ar seco (md) num dado volume <strong>de</strong> ar:<br />

mw<br />

-1<br />

w (kg kg )<br />

(3.9)<br />

m<br />

d<br />

A temperatura do ponto <strong>de</strong> orvalho (To) é a temperatura a que<br />

uma massa <strong>de</strong> ar húmido <strong>de</strong>verá ser arrefecida, a pressão constante


(processo <strong>de</strong> arrefecimento isobárico), para que fique saturada, ou seja,<br />

para que a humida<strong>de</strong> que contém (ea) seja máxima (es).<br />

A temperatura virtual (Tv) é a temperatura do ar seco tendo a<br />

mesma pressão e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> totais que as do ar húmido. Exprime-se em<br />

função da temperatura do ar (T, em K) e da tensão atual (ea, em Pa) como<br />

se segue:<br />

ea<br />

Tv<br />

T(<br />

1 0,<br />

38 ) (K)<br />

(3.10)<br />

P<br />

on<strong>de</strong> P é a pressão atmosférica normal ( = 101,3 kPa).<br />

A temperatura do termómetro molhado (Tw) é a temperatura<br />

indicada por um termómetro bem ventilado cujo reservatório está<br />

envolvido por uma gaze molhada. Representa a mais baixa temperatura,<br />

sob pressão constante, a que o ar po<strong>de</strong> ser arrefecido por evaporação. Tw é<br />

registada, conjuntamente com Ta, por um psicrómetro (higrómetro <strong>de</strong><br />

evaporação) e está relacionada com a tensão <strong>de</strong> vapor (atual e máxima),<br />

pelas seguintes expressões:<br />

ea = es-0,000660(1+0,00115Tw)(Ta-Tw)P (3.11)<br />

e<br />

a<br />

0 , 480(<br />

ta<br />

tw<br />

)<br />

es<br />

<br />

P<br />

610 t<br />

w<br />

Os valores <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> vapor (es e ea) exprimem-se em Pa na 1ª<br />

equação e em mmHg na segunda; Ta e Tw exprimem-se em ºC. P é a<br />

pressão atmosférica normal (100kPa ou 755 mmHg). Os Anexos 3.2 e 3.3<br />

mostram também os valores <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong> Relativa (em %) em função dos<br />

valores <strong>de</strong> Tw e <strong>de</strong> Ta-Tw.<br />

A temperatura, a latitu<strong>de</strong>, a altitu<strong>de</strong> e a distribuição dos<br />

continentes e dos oceanos são os fatores que mais influenciam a<br />

distribuição da humida<strong>de</strong> atmosférica no globo. A humida<strong>de</strong> absoluta ou<br />

a tensão <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água aumentam com a temperatura, sendo mais<br />

elevadas <strong>de</strong> dia e no verão que durante a noite e no inverno, <strong>de</strong>crescem<br />

em altitu<strong>de</strong> e são mais elevadas sobre os oceanos que sobre os<br />

continentes; a humida<strong>de</strong> relativa varia na razão inversa da temperatura, é<br />

maior nas regiões equatoriais e polares (>85%) que nas regiões<br />

temperadas (>70%) ou nas regiões subtropicais (80% sobre os oceanos). A humida<strong>de</strong> atmosférica diminui<br />

em altura durante o dia; durante a noite, quando a evaporação é menos<br />

intensa, o <strong>de</strong>créscimo da humida<strong>de</strong> é menos acentuado com a altura,<br />

quando há con<strong>de</strong>nsação sobre a superfície, o fluxo <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água é<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. Pela manhã, a evapotranspiração adiciona vapor <strong>de</strong> água a<br />

53


uma atmosfera (fluxo convergente) mo<strong>de</strong>radamente instável; ao começo<br />

da tar<strong>de</strong> a humida<strong>de</strong> atmosférica <strong>de</strong>cresce ligeiramente (apesar do pico <strong>de</strong><br />

evapotranspiração) <strong>de</strong>vido à mistura com massas <strong>de</strong> ar mais seco<br />

<strong>de</strong>correntes da ativida<strong>de</strong> convectiva; no fim da tar<strong>de</strong> a humida<strong>de</strong> volta a<br />

registar um máximo pois a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportar vapor <strong>de</strong> água<br />

(aumento da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido ao arrefecimento da superfície) é menor<br />

que a taxa <strong>de</strong> evaporação; no período noturno a evapotranspiração<br />

diminui e, consequentemente, a humida<strong>de</strong> atmosférica.<br />

5.7. Evaporação e evapotranspiração<br />

A evaporação é o processo físico pelo qual uma substância<br />

transita do estado líquido para o estado gasoso. A evaporação é um dos<br />

componentes fundamentais do ciclo hidrológico, transferindo e<br />

redistribuindo água (e energia) da superfície do globo (oceanos, mares<br />

interiores, lagos, rios e solos) para a atmosfera. O vapor <strong>de</strong> água<br />

resultante da evaporação é difundido na baixa atmosfera por convecção,<br />

seja por difusão molecular, seja por mistura turbulenta. A<br />

evapotranspiração é o processo combinado <strong>de</strong> evaporação a partir da<br />

superfície do solo e dos seres vivos (nomeadamente as plantas) e <strong>de</strong><br />

transpiração através da superfície dos seres vivos. A evaporação e a<br />

evapotranspiração exprimem-se, geralmente, em mm ou em g m -2 s -1 .<br />

A evaporação (E) me<strong>de</strong>-se com evaporímetros, dos quais a tina <strong>de</strong><br />

classe A e o evaporímetro <strong>de</strong> Piche são os mais utilizados. A sua medição<br />

não é fácil, pelo que é comum o uso <strong>de</strong> diversos métodos <strong>de</strong> cálculo<br />

(Penman, balanço hídrico, balanço energético, método da transferência e<br />

massa,…). Exprime-se em milímetros (E = V/A, sendo V o volume <strong>de</strong><br />

água no estado líquido que se evaporou <strong>de</strong> um recipiente exposto ao ar,<br />

<strong>de</strong> boca horizontal <strong>de</strong> área A) ou em gramas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área (g m -2 ).<br />

A energia necessária, por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa, para a evaporação<br />

<strong>de</strong>nomina-se calor latente <strong>de</strong> vaporização () que, no caso da água, é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 2,45 MJ Kg -1 a 20ºC. O calor latente (LE), associado à<br />

evaporação é um parâmetro do balanço energético <strong>de</strong> uma superfície<br />

(solo, folha,…) e resulta da multiplicação aritmética da água evaporada<br />

(E) pelo respetivo calor latente <strong>de</strong> vaporização () e, por isso, exprime-se<br />

em W m -2 .<br />

A temperatura do ar e da água, a tensão <strong>de</strong> vapor e a humida<strong>de</strong><br />

relativa do ar, a velocida<strong>de</strong> do vento, a pressão atmosférica, a salinida<strong>de</strong><br />

das águas, a extensão da superfície evaporante e, naturalmente, a radiação<br />

solar, são os fatores que mais condicionam o fenómeno evaporativo. A<br />

variação diária da evaporação é sobretudo condicionada pela<br />

54


temperatura, sendo por isso maior durante o dia, quando o défice <strong>de</strong><br />

saturação do ar é mais elevado, que durante o período noturno, on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> se anular caso o ar fique saturado. Também a variação diária do<br />

vento reforça geralmente a tendência <strong>de</strong>terminada pelo fator térmico. Os<br />

valores anuais mais elevados (cerca <strong>de</strong> 1500mm) observam-se sobre os<br />

oceanos tropicais, potenciados pelos ventos alíseos e sobre as áreas<br />

continentais on<strong>de</strong> a radiação solar é elevada e a vegetação <strong>de</strong>nsa.<br />

A evaporação e a evapotranspiração são processos que ligam a<br />

hidrosfera, a litosfera e a biosfera à atmosfera e condicionam<br />

marcadamente a evolução do ciclo hidrológico. A evapotranspiração<br />

influencia a energética da atmosfera e altera as características da massa <strong>de</strong><br />

ar.<br />

A evapotranspiração potencial (ETp) é a evapotranspiração que<br />

ocorre sempre que a taxa <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> água não é influenciada pelo teor <strong>de</strong><br />

água disponível à superfície do solo e das plantas, isto é, sempre que a<br />

disponibilida<strong>de</strong> em água não constitui fator limitante. Por esta razão a<br />

evapotranspiração potencial é sinónimo <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> em água, a que<br />

permitiria ao solo manter permanentemente um grau ótimo <strong>de</strong> humida<strong>de</strong><br />

correspon<strong>de</strong>nte à quantida<strong>de</strong> necessária para o bom <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

plantas suportadas pelo solo. A evapotranspiração real (ETr) é a<br />

evapotranspiração que ocorre em condições reais, isto é, <strong>de</strong> acordo com as<br />

características reais do solo e das plantas.<br />

5.8. Pressão atmosférica<br />

A pressão atmosférica é a força exercida por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área <strong>de</strong><br />

uma coluna <strong>de</strong> ar atmosférico aplicada normalmente a qualquer<br />

superfície. A pressão exprime-se em bares, mm Hg e pascais (1 pascal é a<br />

força <strong>de</strong> 1 Newton que atua sobre uma área superficial <strong>de</strong> 1 m 2 ) e é<br />

medida com barómetros. A nível do mar, a pressão exercida pelo ar é<br />

cerca <strong>de</strong> 1,02 kg cm -2 (= 101325Pa = 1023,25mb = 760mmHg). Altas<br />

pressões e baixas pressões referem-se a valores superiores e inferiores a<br />

1023 mb, respetivamente (Figura 3.15). As primeiras concentram-se em<br />

anticiclones (centros <strong>de</strong> alta pressão) e as segundas em <strong>de</strong>pressões ou<br />

ciclones (centros <strong>de</strong> baixa pressão).<br />

A pressão atmosférica tem efeitos diretos no estado do tempo e na<br />

sua evolução, é a causa direta dos ventos, <strong>de</strong>terminando a sua velocida<strong>de</strong><br />

e direção, afeta a temperatura e a humida<strong>de</strong> do ar, a precipitação e outros<br />

elementos. Contudo, a pressão atmosférica não exerce <strong>de</strong> um modo direto<br />

uma influência relevante sobre os seres vivos (exceto o efeito altitu<strong>de</strong> e o<br />

que <strong>de</strong>corre das suas alterações bruscas).<br />

55


A pressão atmosférica diminui em altitu<strong>de</strong> e à superfície do globo.<br />

A equação hidrostática permite quantificar numa atmosfera em repouso a<br />

variação da pressão <strong>de</strong> uma parcela <strong>de</strong> ar com a altitu<strong>de</strong>:<br />

56<br />

-p = g z (kPa) (3.12)<br />

on<strong>de</strong> p representa a diferença <strong>de</strong> pressão entre dois níveis, é a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do ar (1,2250 Kg m -3 , ao nível do mar), g é a aceleração da<br />

gravida<strong>de</strong> (9,8 ms -2 ) e z a espessura, em metros, <strong>de</strong> uma camada da<br />

atmosfera. As variações horizontais da pressão atmosférica são muito<br />

menores que as variações em altitu<strong>de</strong>.<br />

Uma superfície isobárica é um lugar geométrico dos pontos da<br />

atmosfera on<strong>de</strong> a pressão, num instante, tem o mesmo valor (se a pressão<br />

atmosférica apenas variasse com a altitu<strong>de</strong>, seriam superfícies esféricas<br />

concêntricas ao globo e paralelas entre si). Uma isóbara ou curva isobárica<br />

é a linha <strong>de</strong> intersecção <strong>de</strong> uma superfície isobárica com uma superfície<br />

concêntrica ao globo terrestre e une pontos <strong>de</strong> igual pressão atmosférica.<br />

O maior ou menor afastamento das isóbaras entre si <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da maior ou<br />

menor homogeneida<strong>de</strong> da atmosfera. Nos anticiclones as superfícies<br />

isobáricas formam convexida<strong>de</strong>s voltadas para cima e as suas intersecções<br />

com a superfície terrestre são isóbaras cujos valores crescem da periferia<br />

para o centro (Figura 3.15a); nas <strong>de</strong>pressões ou ciclones as superfícies<br />

formam concavida<strong>de</strong>s voltadas para cima e as suas intersecções com a<br />

superfície são isóbaras cujos valores diminuem da periferia para o centro<br />

(Figura 3.15b).<br />

A variação da pressão atmosférica po<strong>de</strong> ter origem térmica ou<br />

origem dinâmica, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo neste último caso <strong>de</strong> fatores como o<br />

movimento <strong>de</strong> rotação da terra, o atrito da superfície, a humida<strong>de</strong><br />

atmosférica ou a distribuição dos continentes. As variações da pressão<br />

atmosférica po<strong>de</strong>m ser periódicas ou aci<strong>de</strong>ntais.<br />

Ao longo <strong>de</strong> um ciclo diário, a pressão atmosférica apresenta<br />

máximos e dois mínimos, <strong>de</strong>vido à absorção da radiação solar pelo ozono<br />

na alta atmosfera e pelo vapor <strong>de</strong> água na baixa atmosfera. O<br />

aquecimento e o arrefecimento do ar criam oscilações <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

conhecidas como marés (térmicas) ou atmosféricas que <strong>de</strong>terminam<br />

variações pequenas da pressão atmosférica perto da superfície da Terra.<br />

Esta maré, também <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> barométrica, é mais evi<strong>de</strong>nte na<br />

região equatorial do que em outras latitu<strong>de</strong>s. Em latitu<strong>de</strong>s superiores a 60º<br />

a maré <strong>de</strong>ixa, em geral, <strong>de</strong> se observar. Ao longo do ano, os anticiclones e<br />

as <strong>de</strong>pressões permanentes <strong>de</strong>slocam-se em função da circulação geral da<br />

atmosfera e dos fatores físicos que a <strong>de</strong>terminam (radiação, distribuição<br />

<strong>de</strong> continentes e oceanos,…).


Figura 3.15. Isóbaras: (a) centro <strong>de</strong> altas pressões; (b) centro <strong>de</strong> baixas pressões.<br />

Entre as variações aci<strong>de</strong>ntais da pressão atmosférica <strong>de</strong>stacam-se<br />

as resultantes da passagem <strong>de</strong> perturbações atmosféricas, como sejam as<br />

<strong>de</strong>pressões acompanhadas <strong>de</strong> sistemas frontais ou os ciclones tropicais e<br />

as provocadas pelo vento, sobretudo se este é forte e sopra sob a forma <strong>de</strong><br />

rajadas.<br />

5.9. Vento<br />

O vento é o <strong>de</strong>slocamento horizontal do ar relativamente à<br />

superfície do globo terrestre e resulta da diferença <strong>de</strong> pressão entre dois<br />

locais. O aquecimento e/ou arrefecimento diferencial da atmosfera é a<br />

causa básica (ou inicial) do movimento atmosférico (pois está na base das<br />

diferenças <strong>de</strong> pressão). Assim, parte da radiação solar que atinge a Terra é<br />

transformada em energia cinética dos gases da atmosfera. O vento é<br />

<strong>de</strong>finido através da sua velocida<strong>de</strong> e da sua direção.<br />

Quadro 3.4 Escala <strong>de</strong> Beaufort.<br />

Nº <strong>de</strong> Velocida<strong>de</strong><br />

Beaufort<br />

(m s -1 Descrição Observações<br />

)<br />

0 calmo 33,5 Os danos são extremos<br />

Além do gradiente <strong>de</strong> pressão entre dois lugares, outros fatores<br />

controlam o movimento do ar atmosférico: a força da gravida<strong>de</strong>, o atrito,<br />

57


a força <strong>de</strong> Coriolis e a força centrífuga. Da ação conjugada <strong>de</strong> todos estes<br />

fatores resultam diferentes velocida<strong>de</strong>s e diferentes direções do vento. A<br />

velocida<strong>de</strong> exprime-se em m s -1 enquanto que a direção se exprime em<br />

graus. O primeiro parâmetro me<strong>de</strong>-se com anemómetros e o segundo com<br />

cataventos. Os ventos são classificados em função das forças que atuam<br />

sobre o ar em movimento (vento geostrófico, barostrófico e <strong>de</strong> gradiente),<br />

da sua direção (ventos constantes, periódicos e variáveis) ou da escala da<br />

circulação (primária, secundária,…). A escala <strong>de</strong> Beaufort permite<br />

classificar os ventos <strong>de</strong> acordo com a sua intensida<strong>de</strong> e seus<br />

correspon<strong>de</strong>ntes efeitos (Quadro 3.4).<br />

O perfil do vento junto à superfície reflete o efeito do atrito<br />

exercido pela superfície sobre o movimento do ar. O atrito retarda o<br />

movimento e <strong>de</strong>termina um <strong>de</strong>créscimo acentuado da velocida<strong>de</strong><br />

horizontal do vento na direção da superfície. Este aumento é menor na<br />

primavera e maior no outono. A 2 metros <strong>de</strong> altura, a velocida<strong>de</strong> do vento<br />

aumenta rapidamente <strong>de</strong>pois do nascer do Sol e alcança um máximo<br />

perto do meio-dia (transferência eficiente e rápida do momento na CLP<br />

<strong>de</strong>vido ao aumento da instabilida<strong>de</strong>), diminui durante a tar<strong>de</strong><br />

(diminuição progressiva da instabilida<strong>de</strong>), sendo pequena durante a<br />

noite.<br />

6. Classificações climáticas<br />

6.1. Tipos <strong>de</strong> Classificações<br />

Uma classificação climática <strong>de</strong>screve tipos <strong>de</strong> clima e <strong>de</strong>limita<br />

regiões climáticas com base em informação quantificada e organizada <strong>de</strong><br />

fatores que afetam o clima ou <strong>de</strong> elementos climáticos referentes ao um<br />

período mínimo <strong>de</strong> 30 anos consecutivos.<br />

A utilida<strong>de</strong> da subdivisão da Terra em zonas <strong>de</strong> incidência solar<br />

diferente (quente, temperado e polar, subdivididos pelos trópicos e os<br />

círculos polares) é reduzida, pois os fatores climáticos expressam-se <strong>de</strong><br />

forma diversa em diferentes regiões situadas a latitu<strong>de</strong>s similares. Des<strong>de</strong> a<br />

Grécia Antiga, surgiram variados esquemas <strong>de</strong> classificação dos climas do<br />

mundo, com interesse diverso e baseados em diferentes critérios,<br />

apresentando a maioria <strong>de</strong>las subdivisões e limites baseados na<br />

observação das condições originárias das zonas climáticas, seja <strong>de</strong><br />

elementos climáticos como a temperatura e a queda pluviométrica, seja<br />

dos seus efeitos, por exemplo, sobre a vegetação.<br />

Entre os diferentes sistemas <strong>de</strong> classificação, <strong>de</strong>stacam-se dois<br />

tipos fundamentais, os genéticos e os empíricos. Nas classificações<br />

58


genéticas, os climas agrupam-se <strong>de</strong> acordo com as suas causas físicas<br />

(fatores cósmicos ou geográficos, circulação geral da atmosfera, …),<br />

enquanto que as classificações empíricas assentam na combinação <strong>de</strong><br />

elementos ou parâmetros climáticos medidos, na maioria dos casos, a<br />

temperatura e a precipitação.<br />

Entre as classificações genéticas, merecem particular <strong>de</strong>staque a<br />

<strong>de</strong>lineada em 1928 por Tor Bergeron (Ljljequist, 1981), que classificou o<br />

clima <strong>de</strong> um local com base na frequência com que certo tipo <strong>de</strong> estados<br />

do tempo (massas <strong>de</strong> ar) nele ocorrem (classificação climática <strong>de</strong><br />

Bergeron), a proposta por Alissov em 1936, baseando-se nos<br />

<strong>de</strong>slocamentos sazonais das massas <strong>de</strong> ar (circulação geral da atmosfera),<br />

a <strong>de</strong> H. Flohn (1957) que, em 1950, propôs um sistema que inclui 7<br />

categorias baseadas na zonagem global dos ventos e na sazonalida<strong>de</strong> da<br />

precipitação, e a <strong>de</strong> Strahler (1969) que propôs um sistema que inclui 14<br />

tipos climáticos baseados nos mecanismos planetários fundamentais.<br />

As classificações do tipo empírico assentam nas consequências<br />

das condições climáticas e utilizam para o efeito <strong>de</strong>terminados<br />

indicadores, como a vegetação, a hidrologia, a humida<strong>de</strong>, a ari<strong>de</strong>z, etc.,<br />

sob a forma <strong>de</strong> frequência <strong>de</strong> ocorrência, valores limites (“thresholds”),<br />

índices, etc., <strong>de</strong>limitando assim as zonas climáticas. Entre este tipo <strong>de</strong><br />

classificações, <strong>de</strong>stacam-se as baseadas em balanços energéticos e <strong>de</strong><br />

humida<strong>de</strong> (limites térmicos e hídricos relacionadas, em grau variável,<br />

com a vegetação e o crescimento vegetal), e as baseadas em índices<br />

bioclimáticos (fitoclimáticos, conforto climático,…). Entre as primeiras,<br />

<strong>de</strong>stacam-se a <strong>de</strong> Budyko (1974), que estabeleceu diferentes tipos<br />

climáticos a partir da relação entre a radiação líquida disponível para o<br />

processo evaporativo a partir <strong>de</strong> uma superfície molhada e o calor<br />

necessário para evaporar a precipitação média anual (a fronteira entre<br />

climas secos e húmidos ocorre quando a razão é igual a 1) e a <strong>de</strong> Terjung<br />

& Louie (1972) que usou fluxos <strong>de</strong> energia para classificar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

energia entrada (radiação líquida e advecção) e saída (calor sensível e<br />

calor latente) e a sua variação sazonal. Entre as que se relacionam <strong>de</strong> um<br />

modo mais direto com a vegetação e/ou o crescimento vegetal, <strong>de</strong>stacamse<br />

a classificação <strong>de</strong> Köppen e a classificação racional dos climas <strong>de</strong><br />

Thornthwaite. Merece ainda referência a classificação climática<br />

estabelecida por W. Lauer, (Lauer et al., 1996) que se baseou em mínimos<br />

térmicos e hídricos para a vegetação natural e para culturas agrícolas (os<br />

limites para as zonas foram <strong>de</strong>terminados a partir <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> radiação,<br />

enquanto que os tipos climáticos basearam-se num índice térmico e num<br />

índice <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> que tomam em consi<strong>de</strong>ração a diferença entre as<br />

precipitações mensais e a evaporação potencial). Frankenberg, Penck,<br />

Troll e Pfaffen, Wissmann são exemplos <strong>de</strong> outros autores que<br />

59


estabeleceram classificações baseadas em limites térmicos ou hídricos<br />

usados como critérios para diferenciar entre si zonas climáticas ou<br />

subdivisões em tipos ou subtipos climáticos (Kappas, 2009). Há<br />

numerosos índices fitoclimáticos (geralmente índices <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z), sendo os<br />

mais referidos na literatura aqueles que baseiam o seu cálculo em valores<br />

médios <strong>de</strong> precipitação e temperatura (coeficiente hidrotérmico <strong>de</strong> Lang,<br />

índice <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Martonne, coeficiente pluviométrico <strong>de</strong> Emberger,<br />

índice <strong>de</strong> Dantin-Ravenga), outros ainda que se baseiam no défice <strong>de</strong><br />

saturação <strong>de</strong> vapor (índice <strong>de</strong> Mayer), além <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong><br />

agrária (índice <strong>de</strong> Patterson, índice <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> agrícola <strong>de</strong><br />

T.Turc,…). A partir <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> conforto humano (térmico e/ou<br />

mecânico) Terjung (1966) propôs uma classificação bioclimática usando<br />

dados <strong>de</strong> temperatura, humida<strong>de</strong> relativa, insolação e velocida<strong>de</strong> do<br />

vento. A <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong>stes índices bioclimáticos po<strong>de</strong>rá ser<br />

estudada em Castillo & Sentis (1996), em Barry & Chorley (2003) ou em<br />

Porta et al. (2003).<br />

Quaisquer das classificações referidas no parágrafo anterior são<br />

globais, isto é, são aplicáveis a qualquer zona do globo. Contudo, há<br />

também classificações com projeção regional ou local, como a classificação<br />

empírica <strong>de</strong> Schmidt e Fergusson (Schmidt & Fergusson, 1951), que<br />

relaciona o número <strong>de</strong> meses secos e meses húmidos num dado local, em<br />

regiões isotérmicas como as tropicais, o coeficiente estival <strong>de</strong> Giacobbe ou<br />

o índice xerotérmico, particularmente adaptados à região mediterrânea,<br />

ou as classificações genéticas <strong>de</strong> Lamb (1972) – Lamb Weather types, e <strong>de</strong><br />

Muller (1977) - Muller Weather Types, ambas baseadas na posição <strong>de</strong> um<br />

local em relação às principais características da circulação secundária<br />

(<strong>de</strong>pressões frontais das latitu<strong>de</strong>s médias).<br />

A estreita correspondência entre clima e ocupação natural do solo<br />

(bioma) faz da temperatura e da precipitação parâmetros fundamentais<br />

para a caracterização climática, uma vez que temperatura e<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água no solo são os elementos fundamentais no<br />

controle do ciclo vegetativo das plantas. Na maior parte das classificações<br />

conhecidas, os limites entre grupos são <strong>de</strong>finidos a partir <strong>de</strong> valores <strong>de</strong><br />

temperatura, precipitação e/ou parâmetros <strong>de</strong>rivados. É o caso das<br />

classificações climáticas <strong>de</strong> Köppen e <strong>de</strong> Thornthwaite, cujas<br />

características serão <strong>de</strong>senvolvidas com o <strong>de</strong>vido <strong>de</strong>talhe, <strong>de</strong> seguida.<br />

6.2. Classificação Climática <strong>de</strong> Köppen<br />

A classificação climática <strong>de</strong> Wladimir Köppen é empírica e,<br />

seguramente, a mais usada em todo o mundo. Foi estabelecida em 1900 e<br />

baseia-se em observações da temperatura do ar e da precipitação, assim<br />

60


como no grau <strong>de</strong> secura e na sazonalida<strong>de</strong> da precipitação. As suas<br />

divisões correspon<strong>de</strong>m aos principais tipos <strong>de</strong> cobertura vegetal do<br />

planeta (floresta equatorial, savana-estepe, <strong>de</strong>serto, floresta <strong>de</strong> folhosas ou<br />

<strong>de</strong> coníferas e tundra). Mais tar<strong>de</strong> houve vários contributos e<br />

modificações por outros autores, pelo que se encontram referenciados na<br />

bibliografia, frequentemente, as classificações <strong>de</strong> Köppen-Geiger, <strong>de</strong><br />

Köppen-Geiger-Pohl ou, ainda, a classificação <strong>de</strong> Köppen modificada por<br />

Trewartha.<br />

A classificação <strong>de</strong> Köppen utiliza um sistema <strong>de</strong> letras (A-E, na<br />

sequência como se apresentam a partir do equador em direção aos pólos)<br />

para diferenciar as principais zonas ou tipos climáticos, recorrendo às<br />

iniciais <strong>de</strong> algumas palavras que <strong>de</strong>screvem a condição climática (em<br />

alemão) para <strong>de</strong>finir os subtipos climáticos. Os cinco tipos climáticos<br />

principais são <strong>de</strong>signados por uma letra maiúscula e são <strong>de</strong>limitados com<br />

base no ciclo anual das temperaturas médias mensais do ar (climas A, C,<br />

D e E) ou na importância relativa entre evapotranspiração e precipitação<br />

anuais (clima B); os 12 subtipos climáticos, subdivisões dos 5 tipos<br />

climáticos principais, <strong>de</strong>signam-se por uma letra maiúscula<br />

(correspon<strong>de</strong>nte ao tipo climático principal) e por uma letra minúscula<br />

que diferencia climas com base na sazonalida<strong>de</strong> da precipitação (climas A,<br />

C e D), no grau <strong>de</strong> secura (clima B) ou na temperatura do mês mais quente<br />

(clima E). Mais tar<strong>de</strong> Trewartha & Horn (1980) introduziram o tipo<br />

climático H para agrupar os climas <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />

Os tipos e os subtipos climáticos são os seguintes:<br />

A – <strong>Clima</strong> tropical chuvoso. Não há estação fria (a temperatura<br />

média do mês mais frio é superior a 18ºC). As áreas afetadas por este tipo<br />

climático, característico da zona intertropical, suportam plantas que<br />

necessitam continuamente <strong>de</strong> temperaturas elevadas (megatérmicas) e <strong>de</strong><br />

precipitação relativamente abundante.<br />

Os climas do tipo A subdivi<strong>de</strong>m-se da seguinte forma:<br />

Af - Tropical chuvoso <strong>de</strong> floresta. A temperatura e a precipitação<br />

permanecem elevadas ao longo <strong>de</strong> todo ano (o mês mais seco apresenta<br />

pelo menos 60 mm <strong>de</strong> precipitação) e a sua variação é mínima. A<br />

formação vegetal correspon<strong>de</strong>nte é a Floresta Tropical Chuvosa ou<br />

Floresta Equatorial.<br />

Aw - <strong>Clima</strong> tropical chuvoso <strong>de</strong> savana. Neste subtipo há uma<br />

estação seca distinta que é o inverno (período em que a altura média do<br />

sol é menor). A precipitação é menor que 60 mm em pelo menos um mês;<br />

a do mês mais seco <strong>de</strong>ve ser inferior a 100- (1/25 da precipitação total<br />

anual). Este subtipo climático correspon<strong>de</strong> à zona da Savana.<br />

61


Am - <strong>Clima</strong> Tropical <strong>de</strong> Monção. A estação seca é curta e a<br />

precipitação anual é suficientemente elevada para manter o solo húmido<br />

durante todo o ano. A precipitação é menor que 60 mm em pelo menos<br />

um mês; a do mês mais seco <strong>de</strong>ve ser superior a 100 - (1/25 da<br />

precipitação total anual). Tal como em Af, a Floresta Tropical chuvosa é a<br />

formação vegetal característica.<br />

B – <strong>Clima</strong> seco. O valor anual da evapotranspiração potencial<br />

(ETp) exce<strong>de</strong> o valor da precipitação (R) respetivo:<br />

R < 2T + 14 se a precipitação é distribuída regularmente ao longo<br />

do ano;<br />

R < 2T se a precipitação for máxima no verão (Rmês <strong>de</strong> verão<br />

mais húmido 10 Rmês <strong>de</strong> inverno mais seco);<br />

R < 2T + 28 se a precipitação for máxima no inverno (Rmês <strong>de</strong><br />

inverno mais húmido 3 Rmês <strong>de</strong> verão mais seco).<br />

Os climas B subdivi<strong>de</strong>m-se em <strong>Clima</strong>s semiáridos <strong>de</strong> estepe (BS) e<br />

<strong>Clima</strong>s <strong>de</strong>sérticos (BW). Sempre que a precipitação atinge meta<strong>de</strong> dos<br />

limites atrás <strong>de</strong>finidos consi<strong>de</strong>ra-se o clima BS; no caso contrário,<br />

consi<strong>de</strong>ra-se o clima BW. As fronteiras entre estes subtipos para as três<br />

situações <strong>de</strong>finidas anteriormente quantificam-se <strong>de</strong>sta forma:<br />

62<br />

R = T + 7, se a precipitação for uniforme durante o ano;<br />

R = T, se a precipitação for máxima no verão;<br />

R = T + 14, se a precipitação for máxima no inverno.<br />

Nos climas do tipo B a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> precipitação não é<br />

suficiente para suportar correntes <strong>de</strong> água em permanência ao longo <strong>de</strong><br />

todo o ano. Este tipo climático encontra-se sobretudo nas regiões<br />

subtropicais e no interior da Ásia.<br />

C – <strong>Clima</strong> Mesotérmico húmido. A temperatura média do mês<br />

mais frio situa-se entre –3ºC e 18ºC (verão mo<strong>de</strong>rado a quente e inverno<br />

suave). A temperatura média <strong>de</strong> –3ºC é um limite abaixo do qual se<br />

espera a presença <strong>de</strong> cobertura gelada ou <strong>de</strong> neve em pelo menos um mês.<br />

A precipitação é resultante em larga medida da ativida<strong>de</strong> dos ciclones<br />

frontais (latitu<strong>de</strong>s médias). Köppen consi<strong>de</strong>rou três subdivisões:<br />

Cf – <strong>Clima</strong> temperado húmido. Não há uma estação seca nítida (a<br />

precipitação média mensal do mês mais seco é superior a 30 mm).


Cw – <strong>Clima</strong> temperado com inverno seco. O mês mais seco (<strong>de</strong><br />

inverno) apresenta uma precipitação inferior a 30 mm; a precipitação<br />

média mensal no mês mais húmido (<strong>de</strong> verão) é pelo menos <strong>de</strong>z vezes<br />

superior à do mês mais seco.<br />

Cs – <strong>Clima</strong> temperado com verão seco. O mês mais seco (<strong>de</strong><br />

verão) apresenta uma precipitação inferior a 30 mm e a 1/3 da<br />

precipitação do mês mais húmido (<strong>de</strong> inverno).<br />

D – <strong>Clima</strong> Microtérmico húmido. A temperatura média do mês<br />

mais quente é superior a 10ºC enquanto que a temperatura média do mês<br />

mais frio é inferior a –3ºC (verão mo<strong>de</strong>radamente quente e inverno frio).<br />

A temperatura média <strong>de</strong> 10ºC para o mês mais quente do ano representa o<br />

limite crítico para a sobrevivência das espécies arbóreas. Nos climas D o<br />

solo apresenta-se congelado e/ou coberto <strong>de</strong> neve durante vários meses.<br />

Os subtipos climáticos consi<strong>de</strong>rados são:<br />

Df – <strong>Clima</strong> frio sempre húmido. A precipitação média mensal do<br />

mês mais seco é superior a 30 mm.<br />

Dw – <strong>Clima</strong> frio com inverno seco. A precipitação média do mês<br />

mais seco (<strong>de</strong> inverno) é inferior a 30 mm; a precipitação média do mês<br />

mais húmido (<strong>de</strong> verão) é, pelo menos, <strong>de</strong>z vezes superior à do mês mais<br />

seco. Este clima é característico <strong>de</strong> vastas zonas do nor<strong>de</strong>ste asiático.<br />

E – <strong>Clima</strong> polar. A temperatura média do mês mais quente é<br />

inferior a 10ºC (inverno e verão extremamente frios).<br />

A vida vegetal <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da intensida<strong>de</strong> e da duração <strong>de</strong> uma<br />

estação cuja temperatura média seja positiva. A existência <strong>de</strong> pelo menos<br />

um mês em que tal ocorra serve <strong>de</strong> critério para distinguir dois subtipos<br />

climáticos entre os climas E:<br />

ET – <strong>Clima</strong> polar <strong>de</strong> tundra. A temperatura média do mês mais<br />

quente é inferior a 10ºC mas superior a 0ºC. Há uma estação que permite o<br />

crescimento vegetal.<br />

EF – <strong>Clima</strong> polar <strong>de</strong> gelo permanente. A temperatura média do<br />

mês mais quente é inferior a 0ºC. O gelo é perpétuo e não há vegetação.<br />

Köppen utilizou outros símbolos (formas climáticas) para<br />

caracterizar, com mais pormenor, os diferentes tipos ou subtipos<br />

climáticos: a – verão quente (Ta do mês mais quente > 22ºC); b – verão frio<br />

(Ta do mês mais quente < 22ºC e Ta mensal > 10ºC em pelo menos quatro<br />

63


meses); c – verão curto e pouco quente (Ta > 10ºC em pelo menos quatro<br />

meses); d – Ta média do mês mais frio < -38ºC; g – mês mais quente do<br />

ano é anterior ao solstício e à estação chuvosa <strong>de</strong> verão; h – Ta média<br />

anual >18ºC; i – amplitu<strong>de</strong> térmica anual < 5ºC; k – Ta média anual<br />


Figura 3.16. Distribuição geográfica dos climas (Classificação climática <strong>de</strong> KÖPPEN)


66<br />

Figura 3.17. A distribuição das zonas climáticas <strong>de</strong> Köppen num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

continente único, juntando as zonas <strong>de</strong> cada latitu<strong>de</strong> (De Blij & Muller, 1996).<br />

6.3. Classificação Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong> Thornthwaite<br />

C. Thornthwaite introduziu o conceito <strong>de</strong> evapotranspiração<br />

potencial (transferência <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água para a atmosfera, por<br />

evaporação e por transpiração, em condições hídricas não limitativas) e<br />

quantificou-o, fazendo-o <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da temperatura do ar e da insolação<br />

astronómica. A partir da diferença entre os valores médios mensais da<br />

evapotranspiração potencial e da precipitação, Thornthwaite <strong>de</strong>finiu<br />

meses húmidos e meses secos (Thornthwaite, 1948) e, com John Mather,<br />

elaborou um balanço hídrico (Thornthwaite & Mather, 1957), no qual são<br />

calculados valores médios para o armazenamento <strong>de</strong> água no solo, a<br />

evapotranspiração real, o défice e o excesso <strong>de</strong> água, etc… (ver balanço<br />

hídrico do solo – Método <strong>de</strong> Thornthwaite-Mather). Consi<strong>de</strong>rando os<br />

resultados do balanço hídrico e uma capacida<strong>de</strong> utilizável do solo <strong>de</strong> 100<br />

mm, Thornthwaite <strong>de</strong>screveu uma classificação climática baseada na<br />

caracterização dos regimes térmico e hídrico <strong>de</strong> um local - a Classificação<br />

Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong> Thornthwaite.<br />

A Classificação Climática <strong>de</strong> Thornthwaite compreen<strong>de</strong> o cálculo<br />

<strong>de</strong> 5 índices climáticos (simples e complexos) estimados a partir dos<br />

resultados do Balanço Hídrico: três são indicadores do regime hídrico (o<br />

“Índice Hídrico”, o “Índice <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong>” e o “Índice <strong>de</strong> Ari<strong>de</strong>z”) e dois


são indicadores do regime térmico (o “Índice <strong>de</strong> Eficiência Térmica” e a<br />

“Concentração Estival da Eficiência Térmica”).<br />

a) Regime Hídrico<br />

O Índice <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong> e o Índice <strong>de</strong> Ari<strong>de</strong>z caracterizam o<br />

regime hídrico local em termos sazonais (eficácia da humida<strong>de</strong>). O Índice<br />

<strong>de</strong> Ari<strong>de</strong>z (Ia) avalia a importância <strong>de</strong> um eventual período seco:<br />

I a<br />

(%)<br />

D<br />

<br />

ETP<br />

anual<br />

100<br />

(3.13)<br />

O Índice <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong> (Ihu) avalia a importância <strong>de</strong> uma eventual<br />

estação húmida:<br />

I h u<br />

(%)<br />

S<br />

<br />

ETP<br />

anual<br />

100<br />

(3.14)<br />

Nas equações 3.13 e 3.14, D é o défice anual <strong>de</strong> água, S é o excesso<br />

ou superavit anual e ETpanual é a evapotranspiração potencial anual.<br />

Os tipos climáticos baseados nos valores do Índice <strong>de</strong> Ari<strong>de</strong>z (Ia)<br />

referem-se ao grau e sazonalida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> água no solo; os que<br />

são baseados nos valores do Índice <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong> (Ihu ) referem-se ao grau<br />

e sazonalida<strong>de</strong> do excesso <strong>de</strong> água no solo (Quadro 3.5b).<br />

O Índice Hídrico (Ihid) exprime a humida<strong>de</strong> global do clima. Ihid é<br />

calculado a partir dos Índices <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong> (Ihu) e <strong>de</strong> Ari<strong>de</strong>z (Ia):<br />

I (%) I I<br />

(3.15)<br />

hi<br />

hu<br />

a<br />

Os tipos climáticos baseados nos valores do Índice Hídrico são os<br />

seguintes: A = Superhúmido; B = Húmido (B4, B3, B2 e B1); C = Sub-húmido<br />

(C2 e C1); D = Semiárido; E = Árido (Quadro 3.5a). Para efeitos <strong>de</strong><br />

classificação climática consi<strong>de</strong>ra-se apenas o Índice <strong>de</strong> Ari<strong>de</strong>z se o clima<br />

for húmido (tipos A, B e C2) ou o Índice <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong> se o clima for seco<br />

(tipos C1, D e E).<br />

b) Regime Térmico<br />

O regime térmico <strong>de</strong> um local é avaliado pelo Índice <strong>de</strong> Eficiência<br />

Térmica (ou simplesmente Eficiência Térmica - ET) e pela Concentração<br />

Estival da Eficiência Térmica (CEET). ET caracteriza o regime térmico<br />

local em termos anuais e exprime-se pelo valor anual da<br />

evapotranspiração potencial (ETp), calculada como função exclusiva da<br />

temperatura pelo método (empírico) <strong>de</strong> Thornthwaite:<br />

ET = ETp anual (mm) (3.16)<br />

67


Os tipos climáticos baseados nos valores do Índice <strong>de</strong> Eficiência<br />

Térmica são os seguintes: A’ = Megatérmico; B’ = Mesotérmico (B’4, B’3, B’2<br />

e B’1); C’ = Microtérmico (C’2 e C’1); D’ = Tundra; E’ = Gelo perpétuo. Os<br />

limites para cada um dos tipos climáticos constam da Quadro 3.5c.<br />

A CEET caracteriza o regime térmico local em termos sazonais,<br />

exprimindo a importância relativa do trimestre mais quente do ano:<br />

68<br />

ETp1<br />

ETp2<br />

ETp3<br />

CEET (%) (3.17)<br />

ETpanual<br />

on<strong>de</strong> ETp1, ETp2 e ETp3 são os valores estimados <strong>de</strong> ETp relativos aos três<br />

meses consecutivos mais quentes e ETp anual tem o significado habitual.<br />

A CEET po<strong>de</strong> ser pequena (a’), mo<strong>de</strong>rada (b’4, b’3, b’2 e b’1),<br />

gran<strong>de</strong> (c’2 e c’1) ou muito gran<strong>de</strong> (d); os limites <strong>de</strong> cada um dos tipos<br />

climáticos baseados neste índice constam da Quadro 3.5d.<br />

A cada um dos quatro tipos climáticos (baseados no Índice<br />

Hídrico, no Índice <strong>de</strong> Humida<strong>de</strong>/Índice <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z, no Índice <strong>de</strong> Eficiência<br />

Térmica e na Concentração Estival <strong>de</strong> Eficiência Térmica) correspon<strong>de</strong> um<br />

símbolo. O conjunto dos quatro símbolos constitui a fórmula climática<br />

final. Para uma completa <strong>de</strong>scrição do clima segundo Thornthwaite<br />

<strong>de</strong>vem ser transcritas as <strong>de</strong>signações relativas a cada um dos símbolos<br />

obtidos.<br />

Quadro 3.5. Tipos Climáticos (a) resultantes do Índice hídrico, (b) indicativos do<br />

regime estacional da humida<strong>de</strong>, (c) indicativos da eficiência térmica, (d)<br />

indicativos da concentração estival da eficiência térmica.


7. Exercícios<br />

1. Representações gráficas. A partir <strong>de</strong> valores normais relativos à<br />

Estação Meteorológica <strong>de</strong> <strong>Évora</strong> (Normal <strong>Clima</strong>tológica) (Quadro 3.1):<br />

a) Elabore diagramas retangulares para representar a variação da<br />

temperatura (média mensal, média das máximas e média das mínimas) e<br />

da precipitação média mensal (gráfico <strong>de</strong> barras).<br />

b) Elabore um diagrama ombrotérmico (representação conjunta<br />

da temperatura e da precipitação ao longo do ano)<br />

c) Construa um gráfico termohigrométrico (climograma)<br />

d) Represente, através <strong>de</strong> um diagrama polar, a frequência e a<br />

velocida<strong>de</strong> do vento para os diferentes rumos.<br />

e) Represente as frequências relativas e absolutas <strong>de</strong> diferentes<br />

classes <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> temperatura (histogramas)<br />

2. A superfície <strong>de</strong> um solo, com um albedo <strong>de</strong> 25%, e cuja<br />

temperatura é, num dado momento, <strong>de</strong> 33ºC, é irradiada com radiação <strong>de</strong><br />

pequeno comprimento <strong>de</strong> onda igual a 700 W m -2 . A temperatura do ar no<br />

abrigo meteorológico é <strong>de</strong> 25ºC. Determine o balanço <strong>de</strong> radiação da<br />

superfície consi<strong>de</strong>rada.<br />

3. Sabendo que a humida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado ambiente é<br />

<strong>de</strong> 75% e que a temperatura do ar é <strong>de</strong> 16ºC, <strong>de</strong>termine a tensão atual <strong>de</strong><br />

vapor, a humida<strong>de</strong> absoluta, a temperatura do ponto <strong>de</strong> orvalho e o défice<br />

<strong>de</strong> saturação.<br />

4. Supondo que a temperatura <strong>de</strong> uma certa porção da atmosfera<br />

é <strong>de</strong> 20ºC e que ela <strong>de</strong>ve ser arrefecida até 12ºC para que se inicie a<br />

<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> orvalho, calcule:<br />

a) Os valores da tensão atual <strong>de</strong> vapor, da humida<strong>de</strong> relativa, da<br />

humida<strong>de</strong> absoluta e do défice <strong>de</strong> saturação;<br />

b) A massa <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água <strong>de</strong>positada sob a forma <strong>de</strong> orvalho,<br />

por m 3 <strong>de</strong> ar, se a temperatura baixar para os 9ºC.<br />

5. Uma massa <strong>de</strong> ar tem a temperatura do ar igual a 17ºC e a<br />

temperatura do termómetro molhado igual a 12ºC. Calcule a tensão atual<br />

<strong>de</strong> vapor, a humida<strong>de</strong> relativa e a temperatura do ponto <strong>de</strong> orvalho.<br />

6. Classifique o clima da região <strong>de</strong> <strong>Évora</strong> com base na<br />

Classificação Racional <strong>de</strong> Thornthwaite e na Classificação <strong>de</strong> Köppen.<br />

Para o efeito <strong>de</strong>ve ter em conta os valores constantes da Normal<br />

<strong>Clima</strong>tológica apresentada na Quadro 3.1 assim como os valores obtidos a<br />

69


partir da elaboração do balanço hídrico [ETp = 790 mm; Danual = 342 mm;<br />

Sanual = 196 mm; ETp meses mais quentes = 104 mm (jun), 132 mm (jul), 127 mm<br />

(ago)]<br />

70<br />

7. A partir <strong>de</strong> valores normais expostos na Quadro 3.6:<br />

a) Elabore diagramas ombrotérmicos referentes a cada um dos<br />

locais referidos;<br />

b) Classifique os climas <strong>de</strong> cada um dos locais seguindo a<br />

classificação <strong>de</strong> Köppen;<br />

c) Especifique para cada um dos locais as formações vegetais<br />

características assim como o tipo <strong>de</strong> utilização agrícola possível.<br />

Quadro 3.6. Valores normais (mensais e anuais) <strong>de</strong> temperatura (T, em ºC) e <strong>de</strong><br />

precipitação (R, em mm) referentes a diferentes locais do globo.<br />

Local<br />

Lat./ Elementos<br />

Meses do Ano<br />

ANO<br />

Long. Climáticos JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ<br />

Singapura 1º18'N T(ºC) 26 27 27 27 28 27 27 27 27 27 27 27 24<br />

(Singapura) 104ºE R (mm) 252 172 193 188 172 172 170 196 178 208 254 257 2413<br />

Cuiaba 15ºS T(ºC) 27 27 27 27 26 24 24 26 28 28 28 27 27<br />

(Brasil) 56ºE R (mm) 249 211 211 102 54 8 5 28 51 115 150 206 1387<br />

Nápoles 41ºN T(ºC) 9 9 12 15 18 22 25 25 22 18 13 11 17<br />

(Itália) 14ºE R (mm) 122 89 43 46 56 18 15 33 109 117 104 120 811<br />

St.Cruz das Flores 39ºN T(ºC) 14 13 14 15 17 19 22 23 22 19 17 16 18<br />

(Portugal) 31ºW R (mm) 206 150 164 108 89 68 67 78 111 145 131 162 1479<br />

Upernivik 73ºN T(ºC) -22 -23 -21 -14 -4 2 5 5 1 -4 -10 -17 -9<br />

(Dinamarca) 56ºW R (mm) 10 10 15 15 15 15 25 28 25 28 28 13 227<br />

Harbin 45ºN T(ºC) -19 -15 -4 5 18 19 22 21 14 4 -6 -16 4<br />

(China) 126ºE R (mm) 3 5 10 23 43 96 114 104 46 33 8 5 482<br />

Montreal 45ºN T(ºC) -10 -9 -4 5 13 18 21 19 15 3 1 -7 6<br />

(Canadá) 73ºW R (mm) 94 81 94 61 77 89 97 86 89 84 86 94 1032<br />

Ulan Bator 48ºN T(ºC) -27 -20 -11 1 9 14 17 15 9 -1 -13 -27 -3<br />

(Mongólia) 107ºE R (mm) 0 3 0 0 8 43 66 54 13 3 3 3 196<br />

Jacobadad 28ºN T(ºC) 14 17 24 30 33 37 35 33 32 26 20 15 26<br />

(Pasquistão) 68ºE R (mm) 5 8 5 5 3 8 23 23 5 3 3 5 96<br />

Bulawayo 20ºS T(ºC) 22 20 20 19 16 13 13 16 20 23 22 21 19<br />

(Zimbábwe) 29ºE R (mm) 142 76 60 21 4 2 1 2 4 23 104 122 561<br />

Aparri 18ºN T(ºC) 24 24 26 28 29 29 29 29 28 27 26 24 516,7<br />

(Filipinas) 122ºE R (mm) 152 84 61 46 124 170 216 241 287 358 325 208 2273


8. Referências Bibliográficas<br />

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73


ANEXOS<br />

74<br />

ANEXO 3.1. Tensão <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água (saturação) em Pa (es).<br />

T (ºC) 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9<br />

0 610,8 615,2 619,7 624,2 628,8 633,3 637,9 642,6 647,2 651,9<br />

1 656,6 661,4 666,1 670,9 675,8 680,7 685,6 690,5 695,5 700,4<br />

2 705,5 710,5 715,6 720,7 725,7 731,1 736,3 741,6 746,9 752,2<br />

3 757,5 762,9 768,3 773,8 779,3 784,8 790,4 796 801,6 807,2<br />

4 812,9 818,7 824,5 830,3 836,1 842 847,9 853,8 859,8 865,9<br />

5 871,9 878 884,2 890,3 896,6 902,8 909,1 913,4 921,8 928,2<br />

6 934,6 941,1 947,7 954,2 960,8 967,5 974,2 980,9 987,7 994,5<br />

7 1001 1008 1015 1022 1029 1036 1043 1050 1058 1065<br />

8 1072 1079 1087 1094 1102 1109 1117 1124 1132 1140<br />

9 1147 1155 1163 1171 1179 1187 1195 1203 1211 1219<br />

10 1227 1235 1244 1252 1261 1269 1277 1286 1295 1303<br />

11 1312 1321 1329 1338 1347 1356 1365 1374 1383 1393<br />

12 1402 1411 1420 1430 1439 1449 1458 1468 1477 1487<br />

13 1497 1507 1517 1527 1537 1547 1557 1567 1577 1588<br />

14 1598 1608 1619 1629 1640 1650 1661 1672 1683 1693<br />

15 1704 1715 1726 1738 1749 1760 1771 1783 1794 1806<br />

16 1817 1829 1841 1852 1864 1876 1888 1900 1912 1924<br />

17 1937 1949 1961 1974 1986 1999 2012 2024 2037 2050<br />

18 2063 2076 2089 2102 2115 2129 2124 2156 2169 2183<br />

19 2196 2210 2224 2238 2252 2266 2280 2294 2308 2323<br />

20 2337 2352 2366 2381 2396 2411 2426 2441 2456 2471<br />

21 2486 2501 2517 2532 2548 2563 2579 2595 2611 2627<br />

22 2643 2659 2675 2692 2708 2725 2741 2758 2775 2792<br />

23 2809 2826 2843 2860 2877 2895 2912 2930 2947 2965<br />

24 2983 3001 3019 3037 3056 3074 3092 3111 3130 3148<br />

25 3167 3186 3205 3224 3243 3263 3282 3302 3321 3341<br />

26 3361 3381 3401 3421 3441 3462 3482 3503 3523 3544<br />

27 3565 3586 3607 3628 3649 3671 3692 3714 3736 3758<br />

28 3780 3802 3824 3846 3869 3891 3914 3937 3959 3982<br />

29 4005 4029 4052 4076 4099 4123 4147 4171 4195 4219<br />

30 4243 4267 4292 4317 4341 4366 4391 4417 4442 4467<br />

31 4493 4518 4544 4570 4596 4622 4649 4675 4702 4728<br />

32 4755 4782 4809 4836 4864 4891 4919 4947 4974 5003<br />

33 5031 5059 5087 5116 5145 5174 5203 5232 5261 5290<br />

34 5320 5350 5380 5410 5440 5470 5500 5531 5562 5593<br />

35 5624 5655 5686 5718 5749 5781 5813 5845 5877 5910<br />

36 5942 5975 6008 6041 6074 6107 6141 6174 6208 6242<br />

37 6276 6311 6345 6380 6414 6449 6484 6520 6555 6591<br />

38 6626 6662 6698 6735 6771 6808 6845 6881 6919 6956<br />

39 6993 7031 7069 7107 7145 7183 7222 7261 7299 7339<br />

40 7378 7417 7457 7497 7537 7577 7617 7658 7698 7739<br />

41 7780 7821 7863 7905 7946 7988 8031 8073 8116 8159<br />

42 8202 8245 8288 8332 8375 8419 8464 8508 8553 8597<br />

43 8642 8687 8733 8778 8824 8870 8916 8963 9010 9056<br />

44 9103 9151 9198 9246 9294 9342 9390 9439 9487 9536<br />

45 9590 9630 9680 9730 9780 9830 9890 9940 9990 10040<br />

46 10090 10140 10190 10240 10300 10350 10400 10460 10510 10560<br />

47 10620 10670 10720 10780 10830 10890 10940 11000 11050 11110<br />

48 11170 11220 11280 11340 11390 11450 11510 11570 11620 11680<br />

49 11740 11800 11860 11920 11980 12040 12100 12170 12220 12280


ANEXO 3.2 Tabela Psicrométrica [Humida<strong>de</strong> relativa a 100 kPa para diferentes<br />

valores <strong>de</strong> Tw e <strong>de</strong> (Ta -Tw)] (Ta = temperatura do ar, em ºC; Tw = temperatura do<br />

termómetro molhado, em ºC)<br />

T w<br />

T a-T w<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15<br />

-10 100 62,8 38,5 17,5<br />

-9 100 73 49,5 29 11,3<br />

-8 100 74,5 52,2 32,8 16 1,4<br />

-7 100 75,9 54,8 36,4 20,3 6,4<br />

-6 100 77,2 57,2 39,6 24,3 11<br />

-5 100 78,4 59,3 42,7 28,1 15,3 4,2<br />

-4 100 79,5 61,4 45,5 31,5 19,3 8,6<br />

-3 100 80,5 63,2 48 34,7 22,9 12,6 3,6<br />

-2 100 81,4 65 50,4 37,6 26,3 16,4 7,7 0,1<br />

-1 100 82,3 66,6 52,6 40,3 29,5 19,9 11,5 4,1<br />

0 100 83 67,8 54,4 42,5 32 22,7 14,5 7,3 0,9<br />

1 100 83,7 69,2 56,3 44,9 34,7 25,8 17,8 10,8 4,6<br />

2 100 84,4 70,5 58,1 47,1 37,3 28,6 20,9 14,1 8 2,7<br />

3 100 85,1 71,7 59,8 49,2 39,7 31,3 23,8 17,1 11,2 6 1,4<br />

4 100 85,7 72,8 61,3 51,1 41,9 33,8 26,5 20 14,2 9,1 4,6 0,6<br />

5 100 86,2 73,9 62,8 52,9 44 36,1 29 22,7 17 12 7,5 3,6 0,1<br />

6 100 86,7 74,8 64,1 54,5 45,9 38,2 31,3 25,1 19,6 14,7 10,3 6,4 2,9<br />

7 100 87,2 75,7 65,4 56,1 47,8 40,3 33,5 27,5 22,1 17,2 12,9 9 5,6 2,5<br />

8 100 87,7 76,6 66,6 57,6 49,5 42,2 35,6 29,7 24,4 19,6 15,3 11,5 8,1 5 2,3<br />

9 100 88,1 77,4 67,7 58,9 51 43,9 37,5 31,7 26,5 21,8 17,6 13,9 10,5 7,4 4,7<br />

10 100 88,4 78 68,6 60 52,3 45,3 39 33,4 28,2 23,6 19,5 15,7 12,3 9,3 6,6<br />

11 100 88,8 78,7 69,5 61,2 53,7 46,9 40,8 35,2 30,2 25,6 21,5 17,8 14,5 11,4 8,7<br />

12 100 89,2 79,4 70,5 62,4 55 48,4 42,4 36,9 32 27,5 23,4 19,8 16,5 13,5 10,8<br />

13 100 89,5 80 71,3 63,4 56,3 49 43,9 38,5 33,7 29,3 25,3 21,6 18,3 15,4 12,7<br />

14 100 89,8 80,6 72,1 64,4 57,5 51,1 45,3 40,1 35,3 30,9 27 23,4 20,1 17,1 14,5<br />

15 100 90,1 81,1 72,9 65,4 58,6 52,3 46,7 41,5 36,8 32,5 28,6 25 21,8 18,8 16,2<br />

16 100 90,4 81,6 73,6 66,3 59,6 53,5 47,9 42,9 38,2 34 30,1 26,6 23,4 20,5 17,8<br />

17 100 90,6 82,1 74,3 67,1 60,6 54,6 49,1 44,1 39,6 35,4 31,6 28,1 24,9 22 19,3<br />

18 100 90,9 82,5 74,9 67,9 61,5 55,6 50,3 45,3 40,8 36,7 32,9 29,5 26,3 23,4 20,8<br />

19 100 91,1 83 75,5 68,7 62,4 56,6 51,3 46,5 42,1 38 34,2 30,8 27,7 24,8 22,1<br />

20 100 91,3 83,3 76 69,3 63,1 57,4 52,2 47,4 43 39 35,3 31,9 28,8 25,9 23,2<br />

21 100 91,5 83,7 76,5 69,9 63,9 58,3 53,2 48,5 44,1 40,1 36,5 33,1 30 27,1 24,5<br />

22 100 91,7 84,1 77 70,6 64,6 59,1 54,1 49,4 45,2 41,2 37,6 34,2 31,2 28,3 25,7<br />

23 100 91,9 84,4 77,5 71,1 65,3 59,9 55 50,4 46,2 42,3 38,7 35,3 32,3 29,5 26,8<br />

24 100 92,1 84,7 78 71,7 66 60,7 55,8 51,3 47,1 43,2 39,7 36,4 33,3 30,5 27,9<br />

25 100 92,2 85 78,4 72,3 66,6 61,4 56,6 52,1 48 44,2 40,6 37,4 34,4 31,6 29<br />

26 100 92,4 85,3 78,8 72,7 67,2 62,1 57,3 52,9 48,8 45,1 41,6 38,3 35,3 32,5 30<br />

27 100 92,5 85,6 79,2 73,3 67,8 62,8 58,1 53,7 49,7 45,9 42,5 39,2 36,2 33,5 30,9<br />

28 100 92,7 85,9 79,6 73,8 68,4 63,4 58,7 54,4 50,4 46,7 43,3 40,1 37,1 34,4 31,8<br />

29 100 92,8 86,1 80 74,2 68,9 64 59,4 55,1 51,2 47,5 44,1 40,9 38 35,2 32,7<br />

30 100 92,9 86,4 80,3 74,6 69,3 64,5 59,9 55,7 51,8 48,2 44,8 41,6 38,7 35,9 33,4<br />

31 100 93 86,6 80,6 75 69,8 65 60,5 56,4 52,5 48,9 45,5 42,4 39,5 36,7 34,2<br />

32 100 93,2 86,8 80,9 75,4 70,3 65,5 61,1 57 53,1 49,6 46,2 43,1 40,2 37,5 35<br />

33 100 93,3 87 81,2 75,8 70,7 66 61,7 57,6 53,8 50,2 46,9 43,8 40,9 38,2 35,7<br />

34 100 93,4 87,2 81,5 76,1 71,2 66,5 62,2 58,1 54,4 50,9 47,6 44,5 41,6 39 36,4<br />

35 100 93,5 87,4 81,8 76,5 71,6 67 62,7 58,7 55 51,5 48,2 45,2 42,3 39,6 37,1<br />

36 100 93,6 87,6 82 76,8 72 67,4 63,2 59,2 55,5 52,1 48,8 45,8 42,9 40,3 37,8<br />

37 100 93,7 87,8 82,3 77,1 72,3 67,9 63,7 59,7 56,1 52,6 49,4 46,4 43,6 40,9 38,4<br />

38 100 93,8 88 82,5 77,5 72,7 68,3 64,1 60,2 56,6 53,2 50 47 44,2 41,5 39,1<br />

39 100 93,9 88,1 82,8 77,7 73,1 68,7 64,5 60,7 57,1 53,7 50,5 47,5 44,7 42,1 39,7<br />

75


ANEXO 3.3 Tabela Psicrométrica [Tensão <strong>de</strong> vapor, em Pa, à pressão atm. <strong>de</strong> 100<br />

kPa, para diferentes valores <strong>de</strong> Tw e <strong>de</strong> Ta -Tw)]. (Ta = temperatura do ar, em ºC; Tw<br />

= temperatura do termómetro molhado, em ºC)<br />

76<br />

T w<br />

T a -T w<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15<br />

-10 260 190 130 60<br />

-9 284 240 180 110 50<br />

-8 310 270 200 140 70 10<br />

-7 338 300 230 170 100 30<br />

-6 368 330 260 190 130 60<br />

-5 402 360 290 230 160 90 30<br />

-4 437 390 320 260 190 130 60<br />

-3 476 420 360 290 230 160 100 30<br />

-2 517 460 400 330 270 200 130 70<br />

-1 562 500 440 370 310 240 170 110 40<br />

0 611 545 478 412 346 279 212 145 78 11<br />

1 657 591 524 458 391 325 258 191 124 56<br />

2 705 639 573 507 440 374 307 240 173 105 38<br />

3 758 691 625 559 492 426 359 292 225 157 90 22<br />

4 813 747 681 614 548 481 414 347 280 213 145 78 10<br />

5 872 806 740 673 607 540 473 406 339 272 204 137 69 1<br />

6 935 869 802 736 669 603 536 469 402 334 267 199 132 64<br />

7 1001 935 869 803 736 669 603 536 468 401 334 266 198 130 62<br />

8 1072 1006 940 873 807 740 673 606 539 472 405 337 269 201 133 65<br />

9 1147 1081 1015 949 882 815 749 682 615 547 480 412 344 277 209 140<br />

10 1227 1160 1093 1026 959 892 824 756 688 620 552 484 415 347 278 209<br />

11 1312 1245 1178 1111 1044 976 909 841 773 705 637 568 500 431 362 293<br />

12 1402 1335 1268 1201 1133 1066 998 931 863 795 727 658 590 521 452 383<br />

13 1497 1430 1363 1296 1229 1161 1094 1026 958 890 822 753 685 616 547 478<br />

14 1598 1531 1464 1397 1329 1262 1194 1127 1059 991 922 854 786 717 648 579<br />

15 1704 1638 1571 1503 1436 1369 1301 1233 1165 1097 1029 9561 892 824 755 686<br />

16 1817 1750 1683 1616 1549 1482 1414 1346 1278 1210 1142 1074 1005 937 868 799<br />

17 1937 1870 1803 1736 1668 1601 1533 1466 1398 1330 1262 1193 1125 1056 987 918<br />

18 2063 1996 1929 1862 1795 1727 1660 1592 1524 1456 1388 1319 1251 1182 1113 1045<br />

19 2196 2130 2063 1995 1928 1861 1793 1725 1657 1589 1521 1453 1384 1316 1247 1178<br />

20 2337 2270 2220 2134 2066 1998 1929 1861 1792 1723 1655 1585 1516 1447 1377 1307<br />

21 2486 2418 2351 2283 2215 2147 2978 2010 1941 1872 1803 1734 1665 1595 1526 1456<br />

22 2643 2575 2508 2440 2372 2304 2235 2167 2098 2029 1960 1891 1822 1752 1683 1613<br />

23 2809 2741 2673 2605 2537 2469 2401 2332 2264 2195 2126 2057 1987 1918 1848 1770<br />

24 2983 2916 2848 2780 2712 2644 2575 2507 2438 2369 2300 2231 2162 2093 2023 1953<br />

25 3167 3099 3032 2964 2896 2828 2759 2691 2622 2553 2484 2415 2346 2277 2207 2137<br />

26 3361 3293 3226 3158 3090 3021 2953 2885 2816 2747 2678 2609 2540 2470 2401 2331<br />

27 3565 3497 3430 3362 3294 3225 3157 3089 3020 2951 2882 2813 2744 2674 2605 2535<br />

28 3780 3712 3644 3576 3508 3440 3372 3303 3235 3166 3097 3028 2958 2889 2819 2750<br />

29 4005 3938 3870 3802 3734 3666 3598 3529 3460 3392 3323 3254 3184 3115 3045 2976<br />

30 4243 4175 4106 4038 3669 3900 3831 3761 3692 3622 3553 3483 3413 3343 3272 3202<br />

31 4493 4424 4356 4287 4218 4149 4080 4011 3942 3872 3802 3733 3662 3592 3522 3452<br />

32 4755 4687 4618 4550 4481 4412 4343 4273 4204 4134 4065 3995 3925 3855 3784 3714<br />

33 5031 4962 4894 4825 4756 4687 4618 4549 4480 4410 4340 4270 4200 4130 4060 3989<br />

34 5320 5252 5183 5114 5046 4977 4908 4838 4769 4699 4630 4560 4490 4420 4349 4279<br />

35 5624 5555 5487 5418 5349 5280 5211 5142 5073 5003 4933 5863 4793 4723 4653 4582<br />

36 5942 5874 5805 5737 5668 5599 5530 5461 5391 5322 5252 5182 5112 5042 4971 4901<br />

37 6276 6208 6139 6071 6002 5933 5864 5795 5725 5656 5586 5516 5446 5376 5305 5235<br />

38 6626 6558 6490 6421 6352 6283 6214 6145 6075 6006 5936 5866 5796 5726 5656 5585<br />

39 6993 6925 6857 6788 6719 6650 6581 6512 6442 6373 6303 6233 6163 6093 6023 5952


ANEXO 3.4. Guião para a classificação rápida dos tipos e subtipos climáticos<br />

segundo Köppen [Tann = Temperatura média anual (°C); Tmin = Temperatura<br />

média mensal do mês mais frio (°C); Tmax = Temperatura média do mês quente<br />

(°C); Tann = Temperatura média anual (°C); Rann = Precipitação total anual (mm);<br />

Rmin – Precipitação do mês mais seco (mm); Rmáx – Precipitação do mês mais<br />

húmido (mm)]<br />

77


LISTA DE SÍMBOLOS<br />

78<br />

A área (m 2 )<br />

CEET concentração Estival da Eficiência Térmica (Classif.<br />

Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong> Thornthwaite) (%)<br />

cp<br />

calor específico a pressão constante (J kg -1 ºC -1 ),<br />

D défice anual (Classif. Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong><br />

Thornthwaite) (mm)<br />

DS défice <strong>de</strong> saturação (Pa, g m -3 ou %)<br />

E (1) po<strong>de</strong>r emissivo ou energia emitida por um corpo<br />

negro (W m -2 )<br />

(2) evaporação <strong>de</strong> água (g m 2 s -1 , mm)<br />

E tensão <strong>de</strong> vapor (kPa)<br />

ET eficiência térmica (Classif. Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong><br />

Thornthwaite) (mm)<br />

ea<br />

es<br />

tensão (ou pressão) <strong>de</strong> vapor atual (kPa)<br />

tensão (ou pressão) máxima <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água (kPa)<br />

ET evapotranspiração (mm)<br />

ETp evapotranspiração potencial (mm)<br />

ETr evapotranspiração real (mm)<br />

g aceleração da gravida<strong>de</strong> (9,8 m s -2 )<br />

G fluxo <strong>de</strong> energia trocado entre uma superfície e o meio<br />

subjacente (solo por ex.) (W m -2 )<br />

H fluxo <strong>de</strong> energia entre a superfície e o ar (W m -2 )<br />

HR humida<strong>de</strong> relativa (%)<br />

Ihu índice <strong>de</strong> humida<strong>de</strong> (Classif. Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong><br />

Thornthwaite) (%)<br />

Ia índice <strong>de</strong> ari<strong>de</strong>z (Classif. Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong><br />

Thornthwaite) (%)<br />

Ihi índice hídrico (Classif. Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong><br />

Thornthwaite) (%)


L radiação atmosférica (W m -2 )<br />

L radiação terrestre (W m -2 )<br />

LE calor latente (W m -2 )<br />

m massa <strong>de</strong> volume <strong>de</strong> ar (kg)<br />

md<br />

mw<br />

massa <strong>de</strong> ar seco (= 28,966 g) (kg)<br />

massa <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong> água (=18g) (kg)<br />

p pressão atmosférica atual (Pa, mb, mmHg)<br />

P pressão atmosférica normal ( = 101,3 kPa = 1013,25 mb =<br />

760 mm Hg).<br />

q humida<strong>de</strong> específica (kg kg -1 )<br />

R (1) constante universal dos gases (= 287,05 J kg -1 K -1 )<br />

(2) precipitação (mm)<br />

Rn balanço <strong>de</strong> radiação ou a radiação líquida (W m -2 )<br />

Rnl<br />

Rns<br />

radiação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> onda (W m -2 )<br />

radiação <strong>de</strong> curto comprimento <strong>de</strong> onda (W m -2 )<br />

S superavit anual (Classif. Racional dos <strong>Clima</strong>s <strong>de</strong><br />

Thornthwaite) (mm)<br />

S radiação solar global (W m -2 )<br />

S radiação solar refletida (W m -2 )<br />

Sdir<br />

radiação solar direta (W m -2 )<br />

Sdif radiação solar difusa (W m -2 )<br />

t tempo (s, horas)<br />

T temperatura absoluta do corpo (K)<br />

Ta<br />

Ti<br />

To<br />

Tv<br />

Tw<br />

temperatura do fluido (ar) (ºC)<br />

temperatura irradiativa (ºC ou K)<br />

temperatura do ponto <strong>de</strong> orvalho (ºC)<br />

temperatura virtual (ºC)<br />

temperatura do termómetro molhado(ºC)<br />

v volume (m 3 )<br />

w razão <strong>de</strong> mistura (Kg Kg -1 )<br />

79


80<br />

p diferença <strong>de</strong> pressão (Pa)<br />

R variação da quantida<strong>de</strong> da precipitação (mm)<br />

t intervalo <strong>de</strong> tempo (s)<br />

z espessura <strong>de</strong> uma camada da atmosfera (m, Km)<br />

emissivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um corpo<br />

constante <strong>de</strong> Poisson para o ar seco R/cp)<br />

calor latente <strong>de</strong> vaporização (MJ Kg -1 )<br />

(1) <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do ar (1,2250 Kg m -3 , ao nível do mar)<br />

(2) albedo (%)<br />

temperatura potencial (K)<br />

constante <strong>de</strong> Stefan-Boltzman ( = 5,67 x 10 -8 W m -2 K -4 ).<br />

humida<strong>de</strong> absoluta (g m -3 )<br />

a<br />

s<br />

humida<strong>de</strong> absoluta atual (g m -3 )<br />

humida<strong>de</strong> absoluta máxima (g m -3 )

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