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II Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Geociências, 2008<br />
BIVALVES PERMIANOS DA FASE DE CONTINENTALIZAÇÃO DAS<br />
BACIAS DO GONDWANA OCIDENTAL: SISTEMÁTICA,<br />
PALEOGEOGRAFIA E BIOESTRATIGRAFIA<br />
JULIANA MACHADO DAVID<br />
E-mail: juliana_mdavid@yahoo.com.br<br />
Orientador: Rosemarie Rohn Davies<br />
Co-Orientador: Marcello Guimarães Simões<br />
Moluscos bivalves estão entre os elementos mais comuns e conspícuos do registro fóssil<br />
do Grupo Passa Dois (Permiano), da Bacia do Paraná, Brasil. As principais ocorrências<br />
provêm, principalmente, das assembléias de Leinzia (ou Anhembia) froesi, Pinzonella<br />
illusa, Pinzonella neotropica, Leinzia similis e Terraia altissima, que ocorrem em<br />
sucessão estratigráfica nas formações Serra Alta, Teresina/Corumbataí e <strong>Rio</strong> do Rasto.<br />
A evolução dos moluscos do Grupo Passa Dois constitui um capítulo à parte na história<br />
evolutiva da Classe Bivalvia, dado seu desenvolvimento em bacia intracratônica, em<br />
ambiente do tipo lago/mar, sob condições de extremo isolamento geográfico e stress<br />
ambiental. De fato, a fauna do Grupo Passa Dois é conhecida pelo alto grau de<br />
endemismo dos gêneros e espécies presentes, porém, alguns autores reconheceram as<br />
afinidades desses bivalves (exclusive Formação <strong>Rio</strong> do Rasto) com ancestrais marinhos,<br />
em especial com os Megadesmidae, comuns no Permiano do Gondwana. Até 1980,<br />
cerca de duas dezenas de gêneros eram conhecidos para o Grupo Passa Dois, das quais<br />
mais de 90% da distribuição paleobiogeográfica era restrita à Bacia do Paraná. Em<br />
1984, M.R. Cooper e B. Kensley registraram na Formação Waterford (Permiano),<br />
Grupo Ecca, da Bacia do Karroo, África do Sul, algumas das espécies anteriormente<br />
descritas para as faunas das formações Teresina e Corumbataí. Mais recentemente, em<br />
2000, alguns autores (H. Stollhofen e colaboradores) mencionaram a presença de<br />
espécies da Formação <strong>Rio</strong> do Rasto em rochas permianas da Namíbia (Formação Gaias).<br />
A principal espécie presente nestas rochas é Leinzia similis, entretanto estes fósseis<br />
nunca foram formalmente descritos ou ilustrados. A confirmação da presença desta<br />
espécie na Formação Gai-as, Namíbia, reveste-se de grande importância<br />
bioestratigráfica, pois no Grupo Passa Dois, ela está confinada aos níveis estratigráficos<br />
referentes ao Membro Serrinha, na parte inferior da Formação <strong>Rio</strong> do Rasto. Na borda<br />
leste da Bacia do Paraná, os fósseis presentes nessa unidade litoestratigráfica,<br />
especialmente os conchostráceos, plantas vasculares e anfíbios são indicativos de idade<br />
pré-Triássica. Na Formação Gai-as, Namíbia, os fósseis de Leinzia similis são<br />
encontrados em abundância em horizonte pouco abaixo de tufos vulcânicos, cuja<br />
datação radiométrica de minerais de zircão indicam idades de aproximadamente<br />
265+2.5 Ma (limite Wordiano-Capitaniano). Dessa maneira, as ocorrências do gênero<br />
Leinzia no continente africano (formações Gai-as) sugerem idade pré-Triássica para o<br />
topo do Grupo Passa Dois, na Bacia do Paraná. Em adição a essas questões<br />
bioestratigráficas, outro aspecto importante da pesquisa em desenvolvimento refere-se a<br />
paleobiologia e evolução do gênero Leinzia e de outras formas semelhantes (Anhembia).<br />
Desde que foi proposto, em 1949, por J.C. Mendes, o posicionamento taxonômico deste<br />
gênero é problemático, em razão do parco conhecimento da anatomia interna de suas<br />
espécies. O re-exame de fósseis de Leinzia ou Anhembia, provenientes de rochas da<br />
porção basal da Formação Serra Alta, mostra a presença de cicatrizes musculares bem<br />
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