Introdução 4 Este manual <strong>de</strong> diagnóstico e <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> SAF foi criado com a intenção <strong>de</strong> compartilhar idéias, experiências e técnicas participativas, <strong>de</strong> modo prático e simples. A idéia <strong>de</strong> criá-lo vem do fato <strong>de</strong> que, todos os anos, milhares <strong>de</strong> trabalhos científicos na área agroflorestal são produzidos no Brasil e no exterior, porém, em sua maioria, em uma formatação e linguagem ina<strong>de</strong>quadas aos técnicos <strong>de</strong> campo, estudantes e leigos. Nesta mesma perspectiva, uma seqüência <strong>de</strong>ste manual, com o título “II-Monitoramento e Experimentação Participativa em SAF”, estará em construção para o ano <strong>de</strong> 2001. No momento em que se está lendo este manual, milhões <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong> florestas estarão sendo perdidas no mundo todo e, com elas, saberes acumulados pela humanida<strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> anos. No entanto, as informações, metodologias, recursos e pessoas que po<strong>de</strong>riam contribuir para que essa realida<strong>de</strong> fosse diferente estão isoladas das comunida<strong>de</strong>s e pessoas que <strong>de</strong>las necessitam. Entre outras causas <strong>de</strong>ste isolamento, estão os problemas <strong>de</strong> comunicação intercultural, ou seja, a forma como a informação é interpretada e armazenada, e como se busca intercambiar ou difundir essa informação. Esta constatação não é um <strong>de</strong>mérito a quem faz ciência, mas aponta para o abismo que existe entre a realida<strong>de</strong> e a linguagem da ciência formal, e a realida<strong>de</strong> e a linguagem on<strong>de</strong> se vive e se produz a ciência popular e indígena. Para reduzir a distância entre saberes e realida<strong>de</strong>s, e recuperar do <strong>de</strong>scaso e do esquecimento saberes que estão reprimidos ou esquecidos por séculos <strong>de</strong> colonização, etnocentrismo e arrogância intelectual, consi<strong>de</strong>ra-se que são necessários: -métodos participativos já sistematizados e acessíveis; -recursos e pessoas treinadas para ir até as comunida<strong>de</strong>s; -coerência não só entre os processos <strong>de</strong> diagnóstico e planejamento participativos locais e regioniais, mas também entre os programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e recuperação sócioambiental <strong>de</strong> escala regional e macroregional. A ligação entre o local e o global já acontece através da mídia, porém, <strong>de</strong> modo geral, dirigido pelo mercantilismo e grupos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r associados a ele. Hoje, po<strong>de</strong>mos saber o que se passa pelo mundo(<strong>de</strong>ntro dos limites e direcionamentos da mídia internacional) assistindo à TV, ou nos comunicando pela re<strong>de</strong> mundial que é a Internet. Do mesmo modo, em qualquer dos continentes, po<strong>de</strong>mos encontrar as mesmas roupas, comidas, mercadorias e programas <strong>de</strong> televisão. Esse é o resultado <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> terraplanagem cultural, cuja lógica dominante se baseia no lucro e na acumulação, bem como no po<strong>de</strong>r que se gera no processo. É esta lógica que faz com que bilhões <strong>de</strong> dólares viajem incógnitos pelas vias eletrônicas <strong>de</strong> comunicação, alimentando a especulação financeira, consolidando ou eliminando economias e, assim, influenciando culturas, ecossistemas e países. A “globalização”, como foi batizado este processo, é assim uma versão mo<strong>de</strong>rnizada e continuísta do movimento mercantil e militar-expansionista que começou no século XV com as caravelas portuguesas. Porém, a atual onda globalizante, além <strong>de</strong> mercadorias e capitais, tem colocado em contato, com muito mais rapi<strong>de</strong>z e facilida<strong>de</strong>, regiões e pessoas muito distantes do ponto <strong>de</strong> vista geográfico e cultural. Embora o “globaritarismo” (a versão financeiroespeculativa da globalização) privilegie as mercadorias, a informação e a cultura também pegam uma carona nessa nova “caravela virtual”. A partir do final do século 15, até meados do século 19, os escravos africanos, <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Diagnóstico e Desenho <strong>de</strong> Sistemas Agroflorestais
Índice Introdução, 1 Capítulo I Apresentação, 3 Princípios e Informações Niveladoras, 6 Capítulo II Levantamento <strong>de</strong> Dados, 16 Sensibilização e I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> Eixos <strong>de</strong> Trabalho, 18 Formando a Re<strong>de</strong>, 19 Capítulo II As Oficinas e Sua Preparação, 21 As Oficinas em Sistemas Agroflorestais, 23 Bibliografia Consultada, 38 5 <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Diagnóstico e Desenho <strong>de</strong> Sistemas Agroflorestais