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Entrevista Nestor Perini

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38 getulio maio 2010 maio 2010 getulio 39<br />

pErIsCópIo EntrEVIsta<br />

No despojado escritório que a<br />

Lupatech mantém na Rua Pequetita,<br />

na zona sul paulistana,<br />

o presidente <strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> vem<br />

abrir a porta. Ele mesmo serve<br />

a água e, terminada a entrevista, prepara<br />

o café na pequena cozinha localizada à<br />

esquerda da entrada. Em 1976, graduado<br />

pela Escola de Administração de Empresas<br />

de São Paulo da Fundação Getulio<br />

Vargas (ele se lembra com carinho<br />

dos professores Antonio Angarita e Ary<br />

Oswaldo Mattos Filho, de quem teria<br />

levado nota baixa “por causa da minha<br />

péssima caligrafia”), foi trabalhar como<br />

trainee e depois gerente administrativo<br />

da São Paulo Alpargatas. Quatro anos<br />

depois, deixou a promissora carreira para<br />

fundar, no Rio Grande do Sul natal, sua<br />

própria empresa. Considerado uma das<br />

estrelas do novo capitalismo brasileiro,<br />

com uma trajetória de compras de pequenas<br />

e médias empresas, <strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong><br />

foi pioneiro na captação de recursos<br />

pelo processo de venture capital e private<br />

equity. Assim, a pequena Microinox,<br />

que produzia microfundidos de aço, se<br />

expandiu para a Valmicro, utilizando os<br />

microfundidos na fabricação de válvulas<br />

industriais e agregando valor. Percebeu,<br />

então, que o futuro estava na produção<br />

de componentes para exploração de petróleo<br />

e gás, e criou um plano estratégico.<br />

Hoje o grupo opera com 21 fábricas e<br />

a Lupatech, que vale em torno R$ 1,5 bilhão,<br />

executa um bem-sucedido projeto<br />

de se tornar um player global. A seguir,<br />

a entrevista:<br />

Quando o senhor se deu conta de que o<br />

negócio era investir no segmento de petróleo<br />

e gás?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Em 1993 já tínhamos<br />

essa percepção e esse desenho estava<br />

claro. Mas para isso é preciso lembrar<br />

do DNA da Lupatech. Veja, muitas<br />

vezes, para ficar num exemplo, um<br />

engenheiro monta uma empresa porque<br />

conhece o assunto, é a sua especialidade.<br />

Ele começa do zero e irá até<br />

o fim com aquele negócio, a razão de<br />

sua existência. Nem eu nem meu sócio<br />

Schittini éramos engenheiros [risos].<br />

Queríamos começar uma empresa e<br />

optamos pela microfusão em fundição,<br />

pois ele tinha alguma experiência. Depois<br />

de três anos, percebemos que só<br />

com a microfusão não iríamos longe e<br />

tínhamos de expandir. De 1980, quando<br />

criamos a empresa, até 1983, passamos<br />

pelos piores anos da recessão aqui, consequência<br />

do segundo choque do petróleo.<br />

Em 1984 criamos uma empresa<br />

que passou a usar os microfundidos na<br />

elaboração de um produto de maior valor<br />

agregado, que era a válvula. Em 1987<br />

meu sócio saiu da empresa e voltou<br />

para Florianópolis, aliás, uma decisão<br />

inteligente, pois até hoje ele continua<br />

morando à beira-mar [risos].<br />

E a empresa começa a trajetória de compras<br />

de fábricas?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Naquele momento<br />

começou o processo de aceleração da<br />

empresa, existiam potencial e oportunidades<br />

de mercado, mas não tínhamos<br />

entreViStA<br />

nEstor pErInI<br />

não HÁ pulo do gato<br />

para o presidente da lupatech, não há muito a inventar para tornar o país mais competitivo:<br />

investir maciçamente em educação e atacar as reformas proteladas<br />

Por Carlos Costa<br />

Foto José Geraldo Oliveira<br />

recursos para a expansão. Foi quando<br />

saímos em busca de sócios investidores<br />

financeiros. Fizemos a primeira operação<br />

de private equity em agosto de 1987,<br />

portanto há 23 anos. Num estágio em<br />

que não havia ainda fundos regulados,<br />

a CVM não regulava fundos de companhias<br />

fechadas e o capital de risco era<br />

um negócio incipiente. Fomos uma das<br />

primeiras empresas brasileiras a receber<br />

recursos gerados em negócios de aplicação<br />

por meio de private equity. Esses<br />

recursos vieram para dar à companhia<br />

uma direção: empresa que passa a ter<br />

sócios investidores financeiros é uma<br />

empresa que quer ser grande e cresce<br />

para abrir o capital.<br />

Que vantagem se dá ao investidor?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> É tornar líquido o<br />

seu capital. Na época pensávamos da<br />

seguinte forma: precisamos comprar<br />

empresas e para isso teremos de criar<br />

um plano estratégico de crescimento.<br />

Assim, em 1987 passamos a contar com<br />

um conselho de administração, com auditoria<br />

externa. Embora tivéssemos um<br />

faturamento minúsculo, existia a vontade<br />

de fazer a empresa crescer. Em 1990<br />

instalamos uma fábrica de válvulas em<br />

Portugal, ficamos três anos, mas não foi<br />

uma boa decisão, vendemos a empresa<br />

e em 1993 abrimos outra fábrica de válvulas<br />

para petróleo na Argentina, pois<br />

havia lá o processo de privatização da<br />

YPF, a estatal de petróleo, com enormes<br />

possibilidades de crescimento – e<br />

também pensando no Mercosul, pois já


produzíamos válvulas no Brasil. E em<br />

1995, já com o nome Lupatech, abrimos<br />

a Steelinject.<br />

E de onde veio o dinheiro?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Veio de uma segunda<br />

rodada de private equity, quando entrou<br />

o Bozano Simonsen Advent. Recebemos<br />

a primeira inversão de fundo private<br />

equity já com a nova legislação da<br />

CVM. O Bozano montou esse fundo<br />

pioneiro e a Lupatech foi a primeira<br />

empresa brasileira a usar esse tipo de<br />

recurso. Compramos tecnologia no<br />

exterior para desenvolver a Steelinject.<br />

Mas a empresa argentina foi vendida<br />

em 1998?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> O Brasil estava com<br />

problema de câmbio, o real supervalorizado,<br />

veio a desvalorização, o que tornou<br />

insustentável a continuidade do projeto,<br />

e por outro lado a Argentina entrava em<br />

um beco sem saída por causa da paridade<br />

cambial, caindo logo depois numa recessão<br />

terrível. Com o dinheiro da venda<br />

da empresa, em 2000 compramos outra<br />

companhia do setor, focada em petróleo<br />

e gás, a Metalúrgica Nova Americana<br />

(MNA). E em 2001 fizemos uma operação<br />

de debêntures com o BNDES para<br />

conseguir mais recursos e poder não só<br />

comprar a empresa, mas aumentar o seu<br />

processo de investimentos. Mas antes,<br />

em 1993 fizemos a terceira rodada de private<br />

equity, e aí entrou o GP Tecnologia<br />

e o BNDES transformou as debêntures<br />

em capital. Em 1995 aconteceu a quarta<br />

rodada de private equity, quando entrou<br />

um fundo de capital francês Natexis, entrou<br />

o Axxon Group, e nós já estávamos<br />

com o plano esboçado.<br />

Foi quando aconteceu a abertura de<br />

capital?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Era o momento de<br />

pensar nesse processo, pois a empresa<br />

já tinha certo corpo, mesmo faturando<br />

apenas 80 milhões de reais. Quando a<br />

Petrobras retomou os investimentos,<br />

percebemos que era no setor de petróleo<br />

e gás que havia maior possibilidade<br />

de crescimento. A cadeia automotiva,<br />

embora seja boa, é uma cadeia dura, de<br />

baixo valor agregado e alta concorrência.<br />

Tínhamos a MNA, empresa 100%<br />

dedicada a válvulas para petróleo e gás, e<br />

também a Valmicro, que pegava um pe-<br />

o empresariado<br />

nacional sabe que<br />

a sobrevivência<br />

de sua companhia<br />

depende da<br />

competitividade<br />

global. todos estão<br />

acordando para isso<br />

daço da linha de petróleo e gás. Criamos<br />

esse plano, pois queríamos abrir o capital<br />

e passamos a buscar fábricas de pequeno<br />

e médio porte para comprar, juntamente<br />

com o processo de busca de recursos<br />

via mercado de capitais e com um programa<br />

agressivo de endividamento de<br />

longo prazo. A meta era formar uma<br />

base de produtos e serviços para petróleo<br />

e gás. Na sequência dessa estratégia<br />

de crescimento por aquisições seletivas,<br />

buscamos na Argentina empresas de válvulas,<br />

de compressores, de ancoragens,<br />

de revestimento de tubulações e vimos<br />

qual era o leque e compramos a Jefferson<br />

Sudamericana com a estratégia de formar<br />

um portfólio de produtos e serviços<br />

para petróleo e gás. Quando compramos<br />

a MNA ela faturava 7 milhões de reais<br />

e, em cinco anos, o faturamento subiu<br />

para 100 milhões. Entre os anos de 2003<br />

e 2005 amadurecemos a estratégia e em<br />

2006 fomos para o mercado.<br />

As experiências anteriores de Portugal e<br />

Argentina foram um aprendizado?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Saímos da Argentina<br />

em abril 1998 e voltamos em 2007. No<br />

caso de Portugal, tínhamos um produto<br />

que não estava bem desenhado para<br />

o mercado europeu e a gestão não foi<br />

adequada. Foi a experiência internacional<br />

ruim, diferentemente das demais.<br />

Parte das empresas que compramos já<br />

eram companhias com boa penetração<br />

no mercado internacional, como, por<br />

exemplo, a Jefferson Sudamericana,<br />

com filiais nos Estados Unidos e México,<br />

portanto já operando no mercado<br />

internacional. A estratégia de se tornar<br />

um player no mercado de petróleo e gás<br />

foi construída, não uma coisa aleatória. A<br />

internacionalização da companhia tam-<br />

bém é um processo que vem desde 1989,<br />

quando começamos a exportar para empresas<br />

da Europa e Estados Unidos. Hoje<br />

a Lupatech está de olho nas oportunidades<br />

do mercado brasileiro com todas as<br />

bases compradas devidamente ampliadas.<br />

Temos um parque industrial de primeiríssima<br />

linha em todas as 21 unidades<br />

e estamos criando mais algumas plantas<br />

que são expansões das novas empresas.<br />

E agora temos o desafio de dar um salto<br />

no faturamento no Brasil, aproveitando<br />

as experiências e os caminhos já abertos<br />

por empresas nossas que já estavam no<br />

mercado. A Jefferson e a fábrica de compressor<br />

Aspro já estão internacionalizadas<br />

e 80% do faturamento vem do mercado<br />

internacional, como Ásia, Europa,<br />

ou seja, temos de aproveitar o boom do<br />

crescimento interno na área petrolífera,<br />

mas precisamos ir ao mercado internacional<br />

de forma mais madura.<br />

Falemos sobre esse momento de otimismo<br />

que vive o Brasil: qual sua percepção?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> O Brasil tem pela frente<br />

uma ou duas décadas para se consolidar<br />

como uma das economias mais<br />

importantes do mundo e muitas das<br />

bases estão consolidadas. Alguns setores<br />

têm bom posicionamento no mercado<br />

internacional, com empresas fortes e<br />

globais. E temos condições de desenvolver<br />

outros setores. Nosso empresariado<br />

é bem preparado e há instrumentos<br />

importantes de apoio, como o BNDES,<br />

que desempenha papel absolutamente<br />

diferenciado. Poucos países têm algo semelhante<br />

ao BNDES para financiamento<br />

em longo prazo. Mas mesmo assim há<br />

problemas de infraestrutura seriíssimos<br />

que precisam ser atacados de vez, e não<br />

de forma marginal como acontece. Esse<br />

é o desafio: atacar a infraestrutura de logística<br />

e física. Mas também é preciso repensar<br />

a infraestrutura da competitividade<br />

no sentido econômico, simplificando<br />

a legislação tributária e trabalhista – o<br />

que, como sabemos, é um processo lento.<br />

É mais difícil mudar a legislação do<br />

que construir um porto ou uma estrada.<br />

Que setores do empresariado ainda não<br />

se deram conta disso?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Minha fase de envolvimento<br />

com a política empresarial é<br />

coisa do passado, quando presidi uma<br />

entidade empresarial em Caxias do Sul<br />

[risos]. Mas de forma geral o empresariado<br />

sabe que a sobrevivência de sua<br />

companhia depende da competitividade<br />

global. Todos estão acordando para isso.<br />

No caso específico da Lupatech, que entraves<br />

pesam mais? A burocracia para a<br />

exportação?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> O problema central<br />

não é a burocracia. Para ser competitivo<br />

o Brasil precisa de um câmbio relativamente<br />

flexível, não podemos esquecer<br />

dessa variável, pois não temos uma<br />

política cambial realista. Em segundo,<br />

não podemos nos dar ao luxo de ser um<br />

país caro do ponto de vista do custo da<br />

mão-de-obra. E não falo de altos salários,<br />

mas da carga enorme de encargos<br />

que, aliada à pouca aplicação do conceito<br />

de manufatura moderna, faz com<br />

que se perca produtividade e competitividade.<br />

A carga tributária é uma coisa<br />

doida e que em algum momento terá<br />

de ser atacada e se isso não acontecer<br />

será um entrave sério. Sei que não é<br />

fácil, nenhum governo quer perder receita.<br />

Mas se quisermos ser competitivos<br />

globalmente será preciso uma reforma<br />

profunda que harmonize interesses. De<br />

fato, a questão tributária emperra.<br />

Há quem afirme que o pré-sal está no limite<br />

da rentabilidade, pelo alto custo da<br />

extração em águas profundas<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Não é correto. Há<br />

desafios, ainda em fase de soluções tecnológicas,<br />

que serão resolvidos. Mesmo<br />

que o custo do barril de petróleo fosse 50<br />

dólares seria viável realizar a extração.<br />

As grandes reservas de petróleo no mundo,<br />

fora as dos tradicionais produtores<br />

do Oriente e da Venezuela, estão em<br />

águas muito profundas. Se olharmos os<br />

estudos realizados pelo Departamento<br />

de Energia dos EUA, claramente perceberemos<br />

que é em águas profundas<br />

que estão grandes reservas, ou seja, as<br />

do Brasil, da costa da África e do México.<br />

Esse petróleo precisa ser extraído,<br />

pois é necessário. E durante muito tempo<br />

ele continuará a ser a matéria-prima<br />

de todo o processo industrial. O nosso<br />

pré-sal irá exigir investimentos pesados<br />

nos próximos quinze ou vinte anos,<br />

mas será um diferencial enorme para<br />

colocar a economia do Brasil em um<br />

patamar bem distinto.<br />

não haverá mudança<br />

significativa se der<br />

serra ou dilma, pois<br />

os desafios de ambos<br />

serão parecidos:<br />

resolver os problemas<br />

para que o Brasil se<br />

torne competitivo<br />

A Petrobras é a grande cliente da Lupatech?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> A Petrobras e os seus<br />

epcistas [substantivação da sigla Engineering,<br />

Procurement and Construction<br />

Contracts], as empresas de engenharia<br />

e construção de plataformas e de gasodutos<br />

contratadas pela Petrobras. Esse<br />

conjunto representa 75% do faturamento<br />

da empresa. Os outros 25% estão distribuídos<br />

no segmento industrial.<br />

O senhor acompanhou a economia e as<br />

decisões de governos desde a criação da<br />

CVM, passou pelo governo do PSDB e do<br />

PT. Haverá mudanças com o resultado da<br />

eleição entre José Serra e Dilma Rousseff?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Não haverá mudança<br />

significativa, pois os desafios de ambos serão<br />

parecidos: resolver os problemas para<br />

que o Brasil se torne competitivo. Temos<br />

de pensar no desafio de cunho político,<br />

que é tornar o Brasil público, eficaz e eficiente.<br />

Qualquer governante que assuma<br />

terá de fazer a reforma política para ajudar<br />

o Brasil a ter gente mais preparada.<br />

Já na questão da educação produtiva,<br />

existem trabalhos importantes sendo produzidos<br />

nas federações da indústria e em<br />

órgãos de formação profissional, como o<br />

Senai. O Brasil passa por uma mudança<br />

importante, embora esteja longe do ideal,<br />

mas investe muito dinheiro nessa área.<br />

Veja, não há muita coisa no mundo a ser<br />

inventada sob o ponto de vista de tornar<br />

o país mais competitivo. Temos de pensar<br />

nas heranças que o Brasil tem nas questões<br />

tributárias, alguns países nem criaram<br />

ou não conseguiram ser tão criativos<br />

a ponto de fazer o que o Brasil fez, que<br />

foi criar um mastodonte tributário. Desmanchar<br />

isso na Coréia, por exemplo, foi<br />

mais fácil. Temos de olhar as boas experiências<br />

e fazer parecido. É preciso investir<br />

maciçamente em educação, como se fez<br />

na Coréia. Na área de segurança jurídica,<br />

de alguma forma, estamos mais avançados<br />

que nossos vizinhos da América Latina.<br />

Não precisamos de grandes coisas.<br />

A chave é investir pesado em educação<br />

e encarar as reformas de base.<br />

Qual foi o pulo do gato no caso da Lupatech?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Não existe pulo do<br />

gato. O que acontece com a Lupatech<br />

tem a ver com o DNA da empresa.<br />

Procuramos a vida inteira trabalhar<br />

com governança e com apoio do capital<br />

financeiro. A abertura de capital<br />

foi um processo, não um fato isolado.<br />

Depois, seguimos o caminho que traçamos:<br />

criar uma empresa dinâmica,<br />

com uma estrutura profissional, focada<br />

em um setor e que tem acesso a capital,<br />

que trabalha para ser um player nesse<br />

setor. Num primeiro momento, um<br />

player importante na América Latina<br />

no setor de válvulas e de produtos e serviços<br />

para petróleo e gás. E com essa<br />

base operar em outros mercados. Vimos<br />

na Argentina essa possibilidade como<br />

vimos na Colômbia e compramos ali<br />

uma empresa; agora temos esse mesmo<br />

posicionamento com o México.<br />

E como acontece a gestão das duas dezenas<br />

de fábricas do grupo?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Estamos num processo<br />

de consolidação e de reorganização<br />

de cada companhia, transformando-as<br />

em uma estrutura mais matricial e integrada<br />

para ganhar em redução de custos<br />

e eliminação de sobreposições, mas<br />

mantendo no comando do negócio, em<br />

sua maioria, seus antigos gestores.<br />

Como foi a fase em que trabalhou na<br />

Alpargatas?<br />

<strong>Nestor</strong> <strong>Perini</strong> Entrei como trainee<br />

em 1976 e fiquei quatro anos na empresa.<br />

Saí para montar meu negócio. A São<br />

Paulo Alpargatas foi uma grande escola,<br />

como a EAESP foi uma grande escola.<br />

Alpargatas era na época, não sei hoje, a<br />

maior produtora de calçados, de lonas<br />

e de tecido de jeans. Quando trabalhava<br />

ali, a gente falava muito do “espírito<br />

alpargateiro”: acordar cedo, trabalhar<br />

muito e vibrar com a companhia. Na<br />

Lupatech temos esse mesmo espírito. As<br />

empresas têm alma e são perenes.<br />

40 getulio maio 2010 maio 2010 getulio 41<br />

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