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PROJETO DE INTERAÇÃO SÓ É SEU AQUILO QUE VOCÊ ... - anpap

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18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />

<strong>PROJETO</strong> <strong>DE</strong> <strong>INTERAÇÃO</strong> <strong>SÓ</strong> <strong>É</strong> <strong>SEU</strong> <strong>AQUILO</strong> <strong>QUE</strong> <strong>VOCÊ</strong> DÁ:<br />

A DÁDIVA, COMO PROPOSIÇÃO ARTÍSTICA<br />

Tânia Bittencourt Bloomfield<br />

Professora do Departamento de Artes da UFPR.<br />

O artigo apresenta alguns dos desdobramentos mais significativos, que o projeto de<br />

interação Só é seu aquilo que você dá vem mobilizando, desde que foi colocado em<br />

movimento pelo projeto de residência para artistas visuais Faxinal das Artes, em<br />

Faxinal do Céu, PR, em 2002. O título do projeto de interação foi inspirado na música<br />

Pop Zen, da banda Lampirônicos, BA. Este trabalho constitui-se como um work in<br />

progress, cuja proposta articula questões sobre a memória, a propriedade material, os<br />

atos de dar e de receber, a dádiva e o desapego. Em sete anos de desenvolvimento, o<br />

projeto provocou diferentes respostas, sentimentos, ações e pensamentos nas<br />

pessoas que entraram em contato com ele.<br />

PALAVRAS-CHAVE: Arte contemporânea, projeto de interação, dádiva, memória.<br />

This article presents some of the most significant developments yielded by the<br />

interaction project called You only own that which you give away, since being put into<br />

action by the visual artist resident program Faxinal das Artes, in Faxinal do Céu, PR, in<br />

2002. The title of the interaction project was based on the song titled Pop Zen, by the<br />

Lampirônicos, BA. This is a work in progress, which aims at bringing together issues on<br />

memory, material property, the acts of giving and receiving, gifts and detachment. In<br />

seven years of its development, the project has aroused different responses, feelings,<br />

actions and thoughts in those who came into contact with it.<br />

KEYWORDS: Contemporary art, interaction project, gift, memory.<br />

A Secretaria de Estado da Cultura do Paraná promoveu um projeto de<br />

residência para artistas visuais, de 17 a 31 de maio de 2002, em Faxinal do<br />

Céu, município de Pinhão, no Paraná. Cem artistas de todo o país foram<br />

convidados a participar, selecionados por três curadores, Agnaldo Farias,<br />

Fernando Bini e Cristian Viveros-Fauné. (SECRETARIA <strong>DE</strong> CULTURA DO<br />

ESTADO DO PARANÁ, 2002; BRITO, 2002; FLORES, 2002, HIRSZMAN,<br />

2002; MACIEL, 2002; PELLANDA, 2002, a, b, c).<br />

Entre os artistas do Estado do Paraná, eu fui uma das escolhidas pelo<br />

crítico, professor e historiador da arte, Fernando Bini. O projeto de interação Só<br />

é seu aquilo que você dá foi, então, concebido para ser realizado, de acordo<br />

com as condições especiais proporcionadas pela situação de residência,<br />

apresentando, como proposição artística, a veiculação do raciocínio implicado<br />

em seu título.<br />

Parte desse projeto consistiu em fazer circular, entre os participantes<br />

da residência, dois anéis de prata1 que apresentavam no exterior a inscrição<br />

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Só é seu aquilo que você dá. A materialidade do anel é um dado importante na<br />

constituição do trabalho, porque, sendo feito de prata, causa um dilema para<br />

quem o possui: dar ou reter o anel? O raciocínio, extraído da letra da música<br />

Pop Zen, do grupo Lampirônicos, da Bahia, pareceu estar em consonância com<br />

a idéia de interação do projeto de residência Faxinal das Artes, proposta por<br />

seus mentores.<br />

POP ZEN (Manuca / Lalado / Alexandre Leão) - Tudo o que<br />

você tem não é seu. Tudo o que você guarda não lhe<br />

pertence, nem nunca lhe pertencerá. Tudo o que você tem não<br />

é seu. Tudo o que você guarda pertence ao tempo que tudo<br />

transformará. Só é seu aquilo que você dá. Só é seu aquilo<br />

que você dá. Tudo aquilo que você não percebeu, tudo o que<br />

não quis olhar, é como o tempo que você deixou passar. Tudo<br />

aquilo que você escondeu, tudo o que não quis mostrar, deixe<br />

com o tempo, que o tempo vai revelar. Só é seu aquilo que<br />

você dá. Só é seu aquilo que você dá. E o beijo que você deu,<br />

é seu, é seu, é seu beijo, e o beijo que você deu, é seu, é seu<br />

é seu. Só é seu aquilo que você dá. Só é seu aquilo que você<br />

dá. (NÓSNAL<strong>DE</strong>IA, 2009).<br />

A letra da música Pop Zen, especialmente a frase do refrão, só é seu<br />

aquilo que você dá, foi o elemento-chave na concepção do projeto. Nela, há um<br />

paradoxo: como algo pode ser seu, se você o dá? Caracteriza-se, também,<br />

como um convite à reflexão sobre a impermanência, sobre a transitoriedade de<br />

objetos e processos, sobre a inutilidade de se querer possuir ou deter a<br />

propriedade das coisas, uma vez que tudo que vive neste mundo,<br />

desaparecerá. O que parece restar, em última análise, é somente a memória<br />

dos atos de dar e receber uma determinada dádiva. Tudo que é material está<br />

destinado a ser consumido pelo adensado espaço-tempo.<br />

O caráter axiomático da frase só é seu aquilo que você dá, pode ser<br />

relacionado às doutrinas milenares de religiões ocidentais e orientais,<br />

especialmente, quando se percebe a solidariedade existente com expressões<br />

ou filosofias como, por exemplo, é só dando que se recebe, da tradição cristã,<br />

ou as quatro nobres verdades e o nobre caminho óctuplo, do Zen Budismo.<br />

Integrando o conjunto do projeto, além dos dois anéis de prata, foram<br />

confeccionados carimbos, plotagens de recorte, dois banners, contando com<br />

três metros de altura, e placas de acetato transparentes e numeradas, em que<br />

foram gravadas frases só é seu aquilo que você dá. Adicionalmente, levei para<br />

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Faxinal um disco contendo a música Pop Zen, para ser veiculada no espaço do<br />

restaurante, e lightsticks 2, para serem usados à noite.<br />

Duas artistas selecionadas do Paraná, Deise Marin e Didonet Thomaz,<br />

amigas de longa data, foram escolhidas, por mim, para começarem o processo<br />

de passagem dos dois anéis, cada qual criando uma linhagem da dádiva. Isto<br />

foi necessário, porque eu queria permanecer anônima, com o objetivo de<br />

rastrear a passagem dos anéis, sem causar constrangimentos. As regras, que<br />

estipulei para a passagem dos anéis, foram: ao receber um anel, a pessoa<br />

poderia deter sua posse, pelo tempo que desejasse, mas, ao dá-lo para outra<br />

pessoa, deveria contar para quem o doou, anteriormente, quem o estaria<br />

portando, na seqüência. Assim, a informação chegaria à origem do processo<br />

da passagem dos anéis, e eu poderia fazer registros fotográficos,<br />

anonimamente, de quem os estava portando, em meio a tantos fotógrafos que<br />

estavam trabalhando em Faxinal. (FIGURA 1).<br />

Paralelamente a esse processo, eu instalei, também de forma<br />

anônima, todo o material já mencionado, em locais de passagem ou de<br />

permanência coletiva, tentando garantir a veiculação do pensamento sobre a<br />

dádiva.<br />

FIGURA 1 – Mão da artista Débora Santiago,PR, uma das pessoas que recebeu um<br />

dos anéis com a inscrição só é seu aquilo que você dá, durante o projeto de<br />

residência, em Faxinal das Artes, em 2002.<br />

FONTE: acervo de Tânia Bloomfield.<br />

Ao utilizar diferentes mídias que levaram este raciocínio impresso, sem<br />

que se soubesse quem havia começado o processo, provoquei as mais<br />

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variadas respostas: alguns expressaram sua indignação, por pensarem que a<br />

veiculação da frase se tratava de uma estratégia da Secretaria de Cultura do<br />

Estado do Paraná, no sentido de enfatizar a entrega dos trabalhos produzidos<br />

durante o período de residência, a título de aquisição de acervo para o Estado,<br />

ao valor de R$ 1.500,00, como previsto no contrato entre artistas e a instituição<br />

promotora do evento; outros pensaram se tratar de mais um, entre tantos<br />

trabalhos de artista em desenvolvimento por lá, e aderiram à proposta de<br />

reflexão, inclusive, experimentando trocar as palavras da frase escolhida,<br />

criando, assim, outros nexos sobre a dádiva; outros, ainda, mesmo pensando<br />

se tratar de um trabalho artístico, consideraram-no autoritário e o rejeitaram.<br />

As respostas negativas ao projeto causaram estranhamento ao<br />

jornalista, poeta, artista gráfico e escultor, Reynaldo Jardim (NICOLATO, 2002),<br />

que foi convidado para conviver com os artistas e a produzir um texto sobre a<br />

experiência em Faxinal do Céu. Em seu texto, Jardim apontou oito princípios<br />

ou denominadores comuns que, do seu ponto de vista, lastreavam a arte<br />

contemporânea, naquele momento, representada pelas as ações dos artistas<br />

participantes do evento. Aqui, será reproduzido o trecho que diz respeito ao<br />

projeto em foco.<br />

Já não é uma arte para gostar ou não gostar. <strong>É</strong> uma arte que<br />

irradia uma carga energética, uma aura que ultrapassa os<br />

limites da estesia, instiga a consciência, desafia o<br />

entendimento e exige uma profunda integração, não só da<br />

sensibilidade emocional, mas propõe a quem a contempla e<br />

vivencia, a ameaça gratificante. Decifra-me e eu te devoro. O<br />

sentido ético foi aqui implantado de maneira subliminar numa<br />

paradoxal afirmação que inexplicavelmente causou certa<br />

irritação: "Só é seu aquilo que você dá”. Isso coloca em foco o<br />

conceito de propriedade. Para ter é preciso dar. Quanto mais<br />

você dá sua palavra mais ela se torna sua. O outro é a<br />

confirmação, é a permissão de sua existência. E você só<br />

existe porque o olhar do outro permite. Sem isso não há<br />

interação, sem isso não há vida. Nota-se que a frase não é<br />

imposição, uma palavra de ordem. <strong>É</strong> a mera constatação da<br />

realidade que aqui, onde todos doamos palavras, carinho,<br />

respeito, imagem, se revelou luminosamente. (JARDIM, 2002,<br />

p. 22).<br />

A referência à luminosidade, feita por Jardim, estabeleceu um jogo de<br />

palavras, ao se referir ao uso que fiz de lightsticks que, graças à sua<br />

capacidade de quimioluminiscência, acompanharam algumas das placas<br />

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numeradas, gravadas com a frase só é seu aquilo que você dá, colocadas, à<br />

noite, em árvores próximas das casas dos artistas.<br />

No final do período de residência, dei uma árvore do local para cada<br />

um dos artistas e para mais algumas pessoas envolvidas com a organização<br />

do evento. As placas das árvores foram numeradas de 1 a 110. Eu selecionei<br />

as árvores, levando em consideração quem as receberia e segundo o número<br />

que haviam escolhido, previamente. Elas também foram escolhidas pelo critério<br />

da proximidade das casas em que os artistas estavam morando. (FIGURA 2).<br />

FIGURA 2 – Uma das árvores de Faxinal do Céu, doada, em 2002, para uma pessoa<br />

de Curitiba.<br />

FONTE: acervo de Tânia Bloomfield.<br />

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Essa ação final foi pensada para enfatizar o caráter da impossibilidade<br />

de se deter a propriedade, do que quer que seja: árvores que viviam no lugar,<br />

há décadas, doadas para quem não as poderia levar. Alguns resolveram levar<br />

sua placa consigo, como um souvenir ; outros as deixaram lá, nas árvores de<br />

Faxinal do Céu; outros, ainda, disseram que levariam suas placas e repetiriam<br />

essa ação, doando uma árvore de sua cidade para alguém.<br />

O resultado da produção artística, conseguido no evento Faxinal das<br />

Artes, foi exposto no Museu de Arte Contemporânea do Paraná - MACPR, de<br />

outubro a novembro de 2002, em Curitiba, evento que foi organizado pela<br />

Secretaria de Cultura do Estado do Paraná (SECRETARIA <strong>DE</strong> CULTURA DO<br />

ESTADO DO PARANÁ, 2002; CANAL CONTEMPORÂNEO, 2002). Como<br />

resultado do projeto de interação Só é seu aquilo que você dá, apresentei um<br />

conjunto de objetos que constituiu um memorial das interações realizadas no<br />

período da residência: uma fotografia da mão da artista Débora Santiago<br />

portando um dos anéis que circulou em Faxinal do Céu, 50 x 80 cm; um anel<br />

de prata com a inscrição da frase só é seu aquilo que você dá, dentro de uma<br />

caixa de acrílico; uma placa de acetato com a mesma frase inscrita, para a<br />

árvore de número 12, 20 x 50 cm; uma caixa de metal e acrílico, contendo<br />

vários objetos usados para a execução do projeto, e mais um álbum de<br />

fotografias, 38 x 26 x 6 cm. (FIGURA 3).<br />

FIGURA 3 – Conjunto de objetos doados à Secretaria de Cultura do Estado do<br />

Paraná, como um memorial do projeto de interação Só é seu aquilo que você dá,<br />

realizado no projeto de residência Faxinal das Artes, em 2002.<br />

FONTE: acervo de Tânia Bloomfield.<br />

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Durante o período em que esses objetos ficaram em exposição no<br />

MACPR, houve um fato curioso: fui avisada pelo Diretor João Henrique do<br />

Amaral, em 8 de novembro de 2002, que o anel doado havia sumido. Nos<br />

primeiros instantes, após a notícia, eu fiquei preocupada com a falta de<br />

segurança no museu. Mas, em seguida, percebi que aquele fato estava em<br />

perfeita harmonia com a circulação do pensamento que fundamenta este<br />

projeto de interação.<br />

Em 2003, eu e a artista Deise Marin fizemos uma exposição no Museu<br />

Metropolitano de Curitiba - MUMA, com o intuito de mostrar os<br />

desdobramentos de nossas pesquisas, desencadeados pelo período de<br />

residência em Faxinal do Céu. (BINI, 2003, a; BINI, 2003, b; CANAL<br />

CONTEMPORÂNEO, 2003).<br />

Nessa exposição, eu apresentei trabalhos constituídos por móveis<br />

comprados em lojas de objetos usados, cuja característica comum era o fato de<br />

possuírem gavetas. As gavetas foram preenchidas com terra ou areia. Gavetas<br />

são guardiãs de memórias, depósitos de objetos afetivos ou utilitários, de<br />

posses e propriedades. Esses móveis, em si, por terem pertencido a outros<br />

proprietários, eram como que testemunhas da tese sobre a impermanência das<br />

coisas. De que lugares vieram? Quem foram seus donos? Para quê foram<br />

usados? Posteriormente, um dos trabalhos dessa exposição foi selecionado o<br />

para integrar o 60º. Salão Paranaense. (FIGURA 4).<br />

FIGURA 4 – Da cinza à cinza, do pó ao pó, 2003. Madeira, terra, areia, cinzas e anel<br />

de prata. Conjunto: 3,22 x 1,35 x 0,51 m. Fotografia original: Orlando Azevedo.<br />

FONTE: MARIN; BLOOMFIELD, 2003; SECRETARIA <strong>DE</strong> CULTURA DO ESTADO DO<br />

PARANÁ, 2004.<br />

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Na abertura da exposição do MUMA, eu doei cinquenta anéis<br />

semelhantes aos de Faxinal das Artes, para alguns convidados. Nos meses<br />

subseqüentes, eu fiz mais tiragens dos anéis, doando-os a outras pessoas do<br />

meu convívio. Até o presente momento, já foram doados cerca de cem anéis. O<br />

tempo de passagem dos anéis, de uma pessoa à outra, varia, conforme as<br />

idiossincrasias de cada um. Alguns dos anéis doados permanecem nos dedos<br />

das pessoas que os receberam. Essas confessaram que não conseguem<br />

passá-los para frente. O fascínio do anel as detêm, segundo suas próprias<br />

palavras. Em muitos desses anéis, as inscrições estão desaparecendo, ou já<br />

desapareceram por completo, pelo desgaste natural. Este fenômeno não havia<br />

sido previsto na concepção do projeto, mas se transformou em um<br />

desdobramento interessante da idéia que o norteia. De um jeito ou de outro, o<br />

anel não pertencerá, por muito tempo, a quem quiser retê-lo. O<br />

desaparecimento da inscrição da frase reitera o pensamento nela contido.<br />

A convite do arquiteto e professor do Departamento de Arquitetura e<br />

Urbanismo da UFPR, Paulo Chiesa, instalei o trabalho que havia sido exposto<br />

no 60º. Salão Paranaense, em um mezanino, que fica em um nível acima do<br />

espaço de convivência dos alunos do Departamento. Visto por quem passa<br />

pelo corredor do Departamento, o mezanino se parece com uma vitrine. O<br />

espaço abaixo é um jardim. As plantas crescem no limite do pé-direito daquele<br />

espaço e alcançam o mezanino. Esse fração arquitetônica está protegida das<br />

intempéries, porque fica dentro do prédio e tem uma cobertura translúcida, pela<br />

qual a luz natural passa.<br />

Assim, o trabalho Da cinza à cinza, do pó ao pó foi lá instalado, em<br />

2004, e atravessou várias estações, até ser retirado pelos alunos do curso de<br />

Arquitetura, em 2008. Eu havia doado o trabalho, oficialmente, ao<br />

Departamento, assim que ele foi instalado. No entanto, a doação e a instalação<br />

do trabalho não foram aceitas por parte daquele Departamento, provocando<br />

alguns debates em reuniões departamentais e nas salas de aula. Na metade<br />

do ano de 2008, então, o trabalho foi sorrateiramente retirado de lá e levado ao<br />

depósito geral da UFPR, para descarte. Abaixo, eu registrei dois momentos do<br />

mezanino do Departamento de Arquitetura: o primeiro registra o trabalho<br />

instalado, dias antes de sua retirada; o outro mostra o espaço vazio, logo após<br />

a retirada dele, pelos alunos do curso de Arquitetura. (FIGURAS 5 e 6).<br />

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FIGURAS 5 e 6 – Da cinza à cinza, do pó ao pó instalado no mezanino do<br />

Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, em 2004. À direita, o mezanino<br />

vazio, logo após a retirada e descarte do trabalho, em meados de 2008.<br />

FONTE: acervo de Tânia Bloomfield.<br />

Das pessoas que eram favoráveis à permanência do trabalho no<br />

Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, eu recebi várias<br />

comunicações, que expressaram seu apreço pelo trabalho. Entre essas<br />

pessoas, além do professor Paulo Chiesa, a artista visual e professora Andréa<br />

Berriel, que conheci em 2008, e de quem recebi uma tocante mensagem, por<br />

e-mail.<br />

Oi Tânia querida! Sabe que eu adoro ver a sua obra em<br />

silencioso movimento, praticamente se decompondo em nossa<br />

frente, como nas melhores cenas do Peter Greenaway. Todas<br />

as vezes em que alguém fala em usar aquele mezanino para<br />

alguma coisa eu digo: tem uma viga invertida ali... Não dá para<br />

abrir uma porta mesmo... Não sou a pessoa mais indicada<br />

para apoiar a remoção da sua obra dali. Gosto muito mesmo<br />

da maneira como os galhos de folhas vermelhas se<br />

debruçaram sobre os gaveteiros, da natureza indócil como no<br />

período de decadência nos “Cem anos de Solidão”, em que<br />

formigas vermelhas devoravam a casa, mostrando um tempo<br />

implacável e voraz. Parabéns pelo trabalho! Lindo! Beijos,<br />

Andréa (BERRIEL, 2008).<br />

À semelhança de uma profecia auto-executável, o trabalho cumpriu o<br />

destino previsto em seu título. De fato, se o trabalho não fosse retirado e<br />

descartado, e permanecesse por lá indeterminadamente, um dia, ele<br />

desapareceria, vítima de processos naturais de decomposição.<br />

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Ainda em 2004, houve uma interação divertida entre os alunos do<br />

curso de Educação Artística, da UFPR, e eu, que fui sua professora. Fui<br />

convidada a participar da festa de aniversário de uma das alunas, que ofereceu<br />

aos convidados, a título de lembrança, anéis de plástico de brinquedo, cujas<br />

frases acopladas a eles, propunham jogos semânticos, referentes à frase só é<br />

seu aquilo que você dá. Parte da inspiração para os trocadilhos, veio do<br />

Manifesto Antropófago, de 1928, de Oswald de Andrade. Por exemplo, duas<br />

das frases, nesses anéis, eram: “Só me interessa aquilo que é do outro” e “Só<br />

é seu aquilo que é seu”. De um lado, a prevalência da oferta da dádiva, em só<br />

é seu aquilo que você dá. Do outro, a recepção e a aceitação daquilo que foi<br />

ofertado e que passa, agora, a ser incorporado pelo “eu”, de acordo com as<br />

máximas de Oswald de Andrade, “só me interessa o que não é meu. Lei do<br />

homem. Lei do antropófago”.<br />

No ano de 2006, fui convidada a participar do coletivo de artistas<br />

visuais e/ou, de Curitiba, pelo artista Newton Rocha Filho, o Goto. Para o início<br />

das atividades, o grupo pensou em fazer uma abertura oficial da casa, sede do<br />

coletivo, em que foram apresentados diferentes trabalhos. Eu resolvi doar<br />

árvores, existentes nas ruas próximas à casa e/ou, para os vizinhos da casa.<br />

Nelas, coloquei placas parecidas com as que foram instaladas nas árvores de<br />

Faxinal do Céu, mantendo a seqüência numérica. Nas caixas de correio,<br />

distribuí papéis onde havia a seguinte frase: “A árvore n° ....é sua”. O coletivo<br />

e/ou foi originariamente composto pelos seguintes artistas: Ana Gonzalez,<br />

Cláudia Washington, Cristiane Bouger, Goto, Maria de Lourdes Gomes<br />

(Lourdinha) e eu. Ao iniciarmos as atividades da casa, a única participante que<br />

eu não conhecia era a Lourdinha. Logo, tive a idéia de lhe propor um outro<br />

projeto de interação, em que a regra principal seria nós duas fazermos trocas<br />

de textos, objetos, imagens, e-mails, entre outras coisas, sem nunca nos<br />

encontrarmos pessoalmente. Não me aterei, aqui, à descrição desse outro<br />

projeto. Por hora, quero registrar a resposta que a Lourdinha deu, por e-mail, à<br />

dádiva que lhe ofereci, e para a qual a intermediação da Ana Gonzalez foi<br />

solicitada.<br />

Ola Tânia. Recebi o anel e a placa. Achei o anel lindo e<br />

confesso que fiquei emocionada,chorei. Coloquei o anel no<br />

dedo e fiquei com ele, o dia inteiro, pensando na frase e no<br />

apego que no momento tenho por esse lindo anel. Depois<br />

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pensei na placa e na árvore. Quando fizer a escolha da árvore,<br />

te aviso. Por hora, estou preparando outros sinais para que<br />

você os encontre. Quanto ao anel, pretendo passá-lo, no dia<br />

da abertura do e-ou. Se existir algum problema, me fale.<br />

Amanhã, pela manhã, vou buscar o projetor e levá-lo para o eou<br />

, portanto estarei na casa ao 12:00, mas serei rápida. Bjus,<br />

Lourdinha. MLG. (GOMES, 2006).<br />

Os sinais, mencionados pela Lourdinha no e-mail, transformaram-se<br />

em uma bonita surpresa, que ela preparou para mim. Usando pedaços de fita<br />

adesiva refletiva, material integrante de sua intervenção urbana, batizada de<br />

Maria da Luz, em que cria linhas luminosas nas paisagens noturnas de seu<br />

bairro, Lourdinha construiu as palavras da frase só é seu aquilo que você dá,<br />

instalando, cada uma das palavras, em seqüência, em postes da rede elétrica<br />

da rua onde eu moro, em Curitiba. À noite, ao serem iluminadas pelos faróis<br />

dos carros, as palavras apareceram em ordem, reconstituindo a frase original.<br />

De dia, de uma maneira mais sutil, a frase também poderia ser percebida pelos<br />

passantes, caso prestassem muita atenção. Abaixo, a imagem de uma das<br />

palavras aplicada em um poste. (FIGURA 7).<br />

FIGURA 7 – Interação da artista Maria de Lourdes Gomes, a Lourdinha, do coletivo<br />

e/ou, feita com fita adesiva e luminescente, com o projeto Só é seu aquilo que você<br />

dá, na rua em que moro em Curitiba, em 2006.<br />

FONTE: acervo de Tânia Bloomfield.<br />

Por meses, eu e a Lourdinha conseguimos nos relacionar e fazer<br />

trocas, sem nunca nos vermos, até que, um dia, acidentalmente e sem que o<br />

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quiséssemos, ficamos frente a frente. Mas, esse projeto de interação merece<br />

um memorial detalhado, o que seria impossível realizar no âmbito deste artigo.<br />

Dando seqüência ao relato do projeto de interação Só é seu aquilo que<br />

você dá, gostaria de mencionar a troca de dádivas, realizada com o<br />

psicanalista Célio Pinheiro, com quem tive aulas sobre Psicanálise, em<br />

Curitiba, em 2006. Após o término desse curso anual, nós ficamos amigos e<br />

trocamos alguma correspondência, por e-mail. Em 2008, enquanto o Célio<br />

estava em uma viagem, eu deixei em sua caixa de correio, no prédio em que<br />

tem um consultório, um envelope contendo o catálogo da exposição que fiz<br />

com a artista Deise Marin, no MUMA, em 2003, e mais um anel, com a<br />

mencionadíssima frase inscrita. De volta de sua viagem, encontrou os<br />

presentes que eu havia lhe dado. A resposta que enviou a mim, causou-me<br />

uma grande impressão.<br />

o anel:<br />

Olá Tânia, como vai? Se eu te contar, periga você não<br />

acreditar em mim... Caramba, agradeço muito pela tão<br />

significativa surpresa encontrada na caixa de correio... Bom,<br />

coincidências da vida ou não, estamos no curso [sobre<br />

relações entre a Psicanálise e a Antropologia] tratando da<br />

circulação da dádiva, nos termos das obrigações de dar,<br />

receber e retribuir. Nada mais apropriado e em melhor hora do<br />

que seu presente, do que a dádiva que me destes. E não vi<br />

outra melhor forma de retribuir-lhe senão, em público, fazendoo<br />

circular. Parece que o anel vai circular semanalmente entre<br />

os que estão fazendo o curso, de forma que todos o possuam<br />

por terem também dado. Foi bastante significativo e ilustrativo.<br />

Além do que, seu livro sobre a exposição também circulou.<br />

Bom, era isso, foi bem siginificativo. (PINHEIRO, 2008, a).<br />

E, ainda, no final desse mesmo ano, Célio mandou mais notícias sobre<br />

Aproveitando a deixa, te informo do seguinte: "seu" (que não é<br />

mais seu, mas continua sendo) anel continua circulando entre<br />

os participantes do curso e, cada um que o recebe, vem me<br />

contar que o recebeu. E, o mais incrível, é que a cada troca de<br />

anel, ou seja, cada vez que ele passa de uma pessoa para<br />

outra, ele cria uma história, produz um vínculo, convoca<br />

emoções (e já houve até choro no recebimento da dádiva).<br />

Daria um conto. Abraços, Célio. (PINHEIRO, 2008, b).<br />

Graças às notícias dele sobre a circulação do anel e a relação que<br />

estabeleceu com a Antropologia, procurei entrar em contato com a obra de<br />

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18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />

Marcel Mauss (2003), especialmente, o texto Ensaio sobre a Dádiva, com o<br />

qual, por vários motivos e inadvertidamente, o projeto de interação Só é seu<br />

aquilo que você dá, estabelece uma surpreendente conexão. (FOURNIER,<br />

2009; LANNA, 2009).<br />

Para encerrar este artigo, quero fazer menção a outro desdobramento<br />

significativo e emocionante, que aconteceu em Florianópolis, em 2008, durante<br />

o Encontro Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas – ANPAP, do qual<br />

participei. No dia 21 de agosto, eu fui visitar a Fortaleza de São José da Ponta<br />

Grossa, na Praia do Forte. Dentro do prédio histórico, eu encontrei a senhora<br />

Vilma Castorina Canuto, vendendo rendas de bilro. Logo que entrei, entabulei<br />

uma conversa com ela, mostrando interesse por seu lindo trabalho, e acabei<br />

comprando uma de suas rendas. Ao final da compra, ela me ofereceu um dos<br />

bilros, espécie de pêndulo de madeira, que havia sido utilizado na confecção<br />

da peça que eu havia comprado. Eu fiquei muito emocionada com o presente,<br />

especialmente após saber que se tratava de um bilro que pertencia à sua<br />

família, há pelo menos, três gerações. Imediatamente, eu recusei a dádiva, por<br />

me sentir constrangida em tomar um patrimônio de família. Ela insistiu e<br />

demonstrou um certo desapontamento com a minha recusa. Diante do dilema,<br />

optei por receber o presente. Ao sair do prédio, tomada pela emoção, pensei<br />

em retribuir-lhe, de alguma forma. Eu queria lhe dar alguma coisa muito<br />

significativa. Então, me lembrei que estava carregando um dos anéis do meu<br />

projeto de interação, que eu usava há anos, e voltei ao prédio, para entregarlhe<br />

o meu presente. Ela ficou muito emocionada, ao tomar conhecimento da<br />

trajetória do objeto que eu estava lhe dando. Ela aceitou o anel. Nós duas<br />

choramos juntas.<br />

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NOTAS<br />

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Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />

1 - Ao elaborar a proposta para o evento Faxinal das Artes, tendo já decidido qual seria a matéria-prima<br />

do projeto de interação, a saber, a frase só é seu aquilo que você dá, faltava, ainda, pensar de que forma<br />

a frase circularia entre os participantes da residência. A solução veio, de uma forma rápida e sem rodeios,<br />

da minha filha Raquel, que contava à época com treze anos de idade: “coloque a frase em um anel. Vai<br />

parecer a brincadeira do passa-anel”.<br />

2 Lightstick – (Bastões de luz química). O lightstick (tubos de plástico que contêm ampolas de vidro que,<br />

ao serem quebradas, liberam uma reação química entre os componentes) é composto por duas<br />

substâncias químicas que interagem entre si para liberar energia e um corante fluorescente adequado,<br />

que permite que esta energia seja convertida em luz. O produto que está no tubo plástico é uma mistura<br />

feita com o corante e um derivado do éster de fenil oxalato, também denominado Cyalume. O produto que<br />

está dentro do pequeno tubo de vidro é composto de peróxido de hidrogênio concentrado a 35%.<br />

(SERVIÇO BRASILEIRO <strong>DE</strong> RESPOSTAS T<strong>É</strong>CNICAS, 2009).<br />

REFERÊNCIAS<br />

BERRIEL, Andréa. Re: Da cinza à cinza, do pó ao pó – 2003. Mensagem recebida<br />

por taniabloomfield@gmail.com, em 17 abril 2008.<br />

BINI, Fernando A. F. Corpo e Memória. Exposição Deise Marin e Tânia Bloomfield.<br />

Museu Metropolitano de Arte - MUMA, Curitiba, PR. 2003. Catálogo. (a)<br />

BINI, Fernando A. F. Corpo e Memória em Deise Marin e Tânia Bloomfield. Jornal da<br />

ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte), n. 5, p. 10, setembro de 2003. (b).<br />

BRITO, Danielle. Como faziam os hippies: evento convoca artistas a criar e a debater<br />

a partir de período de convivência em Faxinal do Céu. Gazeta do Povo, Curitiba,<br />

13.abr. 2002. Caderno G, p. 6.<br />

CANAL CONTEMPORÂNEO. Exposição do Faxinal das Artes e Palestra de<br />

Rodrigo Naves. Disponível em: http://www.canalcontemporaneo.art.br. Acesso em: 17<br />

outubro 2002.<br />

CANAL CONTEMPORÂNEO. Deise Marin e Tânia Bloomfield no MUMA, Curitiba.<br />

Disponível em: http://www.canalcontemporaneo.art.br. Acesso em: 4 agosto 2003.<br />

FOURNIER, Marcel. Marcel Mauss ou a dádiva de si. Disponível em:<br />

http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_21/rbcs21_09.htm. Acesso em:<br />

05 maio 2009.<br />

FLORES, Rudney. Incorporados à paisagem: artistas plásticos fazem avaliação<br />

positiva do evento e pedem sua continuidade. Gazeta do Povo,Curitiba, 28. mai.<br />

2002. Caderno G, p. 1.<br />

GOMES, Maria de Lourdes. Só é seu aquilo que você dá. Mensagem recebida por<br />

taniabloomfield@gmail.com, em 16 agosto 2006.<br />

HIRSZMAN, Maria. Duas semanas dedicadas a pensar e fazer arte. O Estado de São<br />

Paulo, São Paulo, 16. mai. 2002. Caderno 2, p. D9.<br />

JARDIM, Reynaldo. A revolução implícita. In: SECRETARIA DA CULTURA DO<br />

ESTADO DO PARANÁ. Exposição Faxinal das Artes no Museu de Arte<br />

Contemporânea – PR, Curitiba, 2002. Catálogo. p. 20-22.<br />

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18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />

LANNA, Marcos. Nota sobre Marcel Mauss e o ensaio sobre a dádiva. Rev. Sociol.<br />

Polit., Curitiba, n. 14, June 2000 . Available from<br />

. access on05 May 2009. doi:<br />

10.1590/S0104-44782000000100010.<br />

MACIEL, Nahima. Faxinal das Artes: Vilarejo de idéias. Disponível em:<br />

http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020530/pri_cul_300502_51.htm.<br />

Acesso em: 30 maio 2002.<br />

MARIN, Deise; BLOOMFIELD, Tânia. Exposição Deise Marin e Tânia Bloomfield.<br />

Museu Metropolitano de Arte - MUMA, Curitiba, PR. 2003. Catálogo.<br />

MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.<br />

NICOLATO, Roberto. À espera de um resgate. Gazeta do Povo, Curitiba, 16. set.<br />

2002. Caderno G, p. 1<br />

NÓSNAL<strong>DE</strong>IA. Pop Zen (Só eu) letra. Disponível em: http://nosnaldeia.musicas.mus.br/letras/984195/.<br />

Acesso em: 14 maio 2009.<br />

PELLANDA, Luís Henrique. Ateliê zoológico. Gazeta do Povo, Curitiba, 18. mai. 2002.<br />

Caderno G, p. 1. (a)<br />

PELLANDA, Luís Henrique. Nudez, mordaça e censura. Gazeta do Povo, Curitiba, 1º.<br />

jun. 2002. Caderno G, p. 3. (b)<br />

PELLANDA, Luís Henrique. O saldo de Faxinal das Artes. Gazeta do Povo, Curitiba,<br />

04. jul. 2002. Caderno G, p. 6. (c)<br />

PINHEIRO,Célio. Re:Surpresa! Mensagem recebida por taniabloomfield@gmail.com,<br />

em 06 agosto 2008. (a).<br />

PINHEIRO, Célio. Re: Treze Tílias - SC - Lugar lindo e estranho. Mensagem<br />

recebida por taniabloomfield@gmail.com, em 01 novembro 2008. (b).<br />

SECRETARIA DA CULTURA DO ESTADO DO PARANÁ. Exposição Faxinal das<br />

Artes no Museu de Arte Contemporânea – PR, Curitiba, 2002. Catalógo.<br />

SECRETARIA DA CULTURA DO ESTADO DO PARANÁ. 60º. Salão Paranaense,<br />

Museu de Arte Contemporânea – PR, Curitiba, 2004. Catalógo.<br />

SERVIÇO BRASILEIRO <strong>DE</strong> RESPOSTAS T<strong>É</strong>CNICAS - SBRT. Luz química.<br />

Disponível em: http://www.sbrt.ibict.br/resposta.do. Acesso em 14 maio 2009.<br />

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18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas<br />

Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia<br />

CURRÍCULO<br />

Tânia Bittencourt Bloomfield<br />

Licenciada em História, pela Universidade de Brasília e em Educação Artística,<br />

UFPR. Pós-graduada no curso de Especialização em História da Arte do séc.<br />

XX, EMBAP-PR. Mestre em Geografia, UFPR. Doutoranda, Programa de Pós-<br />

Graduação em Geografia da UFPR. Professora do departamento de Artes da<br />

UFPR. Artista visual, com exposições realizadas no Brasil e no exterior.<br />

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