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O Pão nas Festividades Tradicionais: a Páscoa e as Festas em ...

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característic<strong>as</strong> do Norte do país, do Algarve e da Madeira. Habitualmente <strong>as</strong> pap<strong>as</strong><br />

são preparad<strong>as</strong> com milho, existindo também cert<strong>as</strong> receit<strong>as</strong> <strong>em</strong> que se utiliza o<br />

centeio. Por vezes, adicionam-se-lhe legumes, tais como couves ou folh<strong>as</strong> de nabo.<br />

As pap<strong>as</strong> de milho pod<strong>em</strong> ser salgad<strong>as</strong> ou doces. Neste último c<strong>as</strong>o trata-se de uma<br />

sobr<strong>em</strong>esa característica da Beira Alta e da Beira Baixa, que localmente se<br />

designando por carolos ou pap<strong>as</strong> de carolo. No Algarve <strong>as</strong> pap<strong>as</strong> de milho tomam a<br />

designação de xerém, e o seu consumo está <strong>as</strong>sociado ao peixe. Na Madeira, os<br />

milhos cozidos ou fritos 3 , serv<strong>em</strong> de acompanhamento a pratos de carne e de peixe.<br />

A sacralidade do pão<br />

Sendo o pão um alimento tão essencial na nossa tradição alimentar, é natural que<br />

essa sua importância se traduza ao nível simbólico de uma forma acentuada. São<br />

faces da mesma moeda. É a sua condição de alimento essencial que torna o pão o<br />

símbolo do alimento por excelência (Toussaint-Samat, 1994: 181): diz-se, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, “ganhar o pão”, com o significado de sustento; evoca-se o pão para referir<br />

a satisfação de uma necessidade tão essencial como “o pão para a boca”; etc.<br />

O pão é um dos alimentos mais sacralizados e mais venerados. Os ex<strong>em</strong>plos dessa<br />

sacralidade são diversos.<br />

Em primeiro lugar não pod<strong>em</strong>os deixar de referir o papel que o pão des<strong>em</strong>penha na<br />

eucaristia, representando o corpo de Cristo, tratando-se neste c<strong>as</strong>o de pão ázimo, o<br />

“símbolo da pureza” (Toussaint-Samat, 1994: 176).<br />

Essa sacralidade está também presente ao longo de todo o processo de preparação<br />

do pão. Começando pela moag<strong>em</strong>, diz a lenda, que o moinho, onde o grão é<br />

transformado <strong>em</strong> farinha, é obra de Deus. O moleiro, era <strong>n<strong>as</strong></strong> sociedades pré-<br />

industriais uma figura do maior respeito e popularidade.<br />

Na preparação do pão, sobretudo o inicio da levedação e da cozedura são<br />

abençoad<strong>as</strong> com orações que difer<strong>em</strong> de região para região, m<strong>as</strong> que no essencial<br />

3 O milho frito é também preparado a partir de pap<strong>as</strong>; depois de cozid<strong>as</strong>, colocam-se numa travessa<br />

ou num prato e deixam-se a arrefecer. Quando estão completamente fri<strong>as</strong> cortam-se <strong>em</strong> quadrados<br />

pequenos e fritam-se (Modesto, 1984: 296).<br />

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