19.05.2013 Views

Download Completo - FLF

Download Completo - FLF

Download Completo - FLF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nº 106 • PUBLICAÇÃO BIMESTRAL • MAIO/JUNHO 2009<br />

ANO XVII • PREÇO € 6,50 – www.flfrevista.pt<br />

p.19<br />

Colheita mecânica de pêssegos<br />

Colheita assistida de melão<br />

p.40<br />

“Alhos de corrida”<br />

p.48Morango<br />

Morango<br />

de Verão no Oeste<br />

p.61 Batata indústria -<br />

perdas de conservação<br />

p.651.º<br />

1.º Concurso<br />

Nacional<br />

de Floricultores<br />

e Floristas


CAXARIAS / NORTE - - Ap. Ap. 1 1 - - CAXARIAS CAXARIAS - - 2436-909 2436-909 CAXARIAS CAXARIAS . . TEL.: TEL.: 351 351 249 249 57 57 00 00 00 00 - - FAX: FAX: 351 351 249 249 57 57 00 00 09 09<br />

SALVATERRA DE MAGOS - - AP. AP. 1 1 - - 2121-000 2121-000 S. S. MAGOS MAGOS - - TEL,; TEL,; 351 351 263 263 50 50 00 00 70 70 - - FAX: FAX: 351 351 263 263 50 50 00 00 79 79<br />

LISBOA - - AV. AV. ALMIRANTE ALMIRANTE REIS, REIS, 23 23 - - 3º 3º ESQ. ESQ. - - 1150-008 1150-008 LISBOA LISBOA . . TEL.: TEL.: 351 351 21 21 88 88 53 53 543 543 / / 47 47 - - FAX: FAX: 351 351 21 21 88 88 53 53 545<br />

545


editorial<br />

ESTATUTO<br />

EDITORIAL<br />

Frutas Legumes e Flores – a Revista dos Profissionais é uma publicação bimestral, especializada<br />

em informação técnica e de mercado dos sectores hortofrutícola, florícola, e outras áreas<br />

da produção vegetal.<br />

A sua vocação é informar o público profissional da área agrícola, com artigos de actualidade<br />

e reportagens. Os artigos técnicos que não sejam da responsabilidade de jornalistas são redigidos<br />

por técnicos e investigadores com formação nas áreas sobre as quais versam os artigos,<br />

sendo editados e revistos pela redacção da Frutas Legumes e Flores, antes da publicação.<br />

Os artigos identificados com a menção “Texto Publicitário” são pagos e têm uma apresentação<br />

gráfica distinta dos restantes, respeitando a Lei da Imprensa e o Código da Publicidade.<br />

A Frutas Legumes e Flores acredita que a divulgação de técnicas e tecnologias inovadoras<br />

e alternativas contribui para a melhoria do desempenho dos agricultores e outros agentes do<br />

sector agrícola, tornando Portugal mais competitivo.<br />

Os temas abordados não estão sujeitos a qualquer hierarquia e são escolhidos mediante a<br />

sua importância sazonal e relevância das culturas na economia do País.<br />

A Frutas Legumes e Flores está aberta a sugestões/críticas dos seus leitores e disponibilizase<br />

a fornecer gratuitamente informações que possam ajudá-los a melhorar a sua actividade<br />

profissional, dentro dos limites do seu conhecimento sectorial.<br />

A Frutas Legumes e Flores não representa nem veicula a opinião de qualquer grupo de interesses<br />

económicos, políticos, associativos ou ideológicos.<br />

A Frutas Legumes e Flores assume o compromisso do Direito de Resposta, tal como a publicação<br />

de notas rectificativas sobre eventuais erros veiculados através das suas edições e<br />

obriga-se a assegurar o respeito pelos princípios deontológicos e pela ética profissional<br />

dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores.<br />

4<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

O Director<br />

Jean-Bernard Pouey<br />

www.flfrevista.pt<br />

ficha<br />

Direcção Editorial:<br />

Director: Jean-Bernard Pouey<br />

jb.pouey@reussirfl.com<br />

Chefe de Redacção: Nélia Silva<br />

neliasilva@flfrevista.pt<br />

Redacção: Nélia Silva.<br />

Colaboraram nesta edição: Ana M. Cavaco; Artur<br />

Amaral; Filipa Vinagre; Guy Dubon; Michel Bru;<br />

Paula Cruz de Carvalho; Veronique Bargain.<br />

Revisão Ortográfica: Piedade Góis<br />

Traduções: Carla Araújo, Nélia Silva, Eduardo<br />

Lemos<br />

Fotografias: Nélia Silva, Pierre Escodo<br />

Direcção de Arte:<br />

Concepção e projecto gráfico: Nuno Magro<br />

nunomagro@iol.pt<br />

Paginação: Nuno Magro<br />

Assinaturas:<br />

Carla Araújo<br />

carla@flfrevista.pt<br />

www.flfrevista.pt<br />

Dep. Comercial e Publicidade:<br />

José Sena<br />

josesena@flfrevista.pt<br />

Jorge Caleça<br />

jorge@flfrevista.pt<br />

Administração:<br />

Jean-Michel Ruchaud<br />

Direcção financeira:<br />

Carla Araújo<br />

carla@flfrevista.pt<br />

Proprietário e Editor:<br />

PUBLICAÇÕES GROUPO TB<br />

Rua Álvaro de Campos, nº 20 - 1º dto., Codivel<br />

2675-225 Odivelas<br />

Tel.: (00351) 219 378 700<br />

Fax: (00 351) 219 378 709<br />

Sede:<br />

Av. de Alicante, 1 - 2º - Puerta 5, 46700<br />

Gandia - Espanha<br />

Tel.: (0034) 962 950 087/962 868 562<br />

Fax: (0034) 661 204 826<br />

publigroupotb@telefonica.net<br />

Nº Registo ERC 115808<br />

Empresa Jornalística nº 223666<br />

Depósito Legal Nº 545443/92<br />

ISSN 0873 - 6626<br />

Periodicidade:<br />

Bimestral<br />

Impressão:<br />

Sociedade Tipográfica, S.A<br />

Os artigos assinados e as páginas que possuem a<br />

indicação texto publicitário são da única responsabilidade<br />

dos seus autores, e podem não expressar<br />

o ponto de vista do editor. As informações incluídas<br />

nos anúncios publicitários inseridos nesta<br />

edição são de inteira responsabilidade das<br />

empresas que autorizaram a sua publicação.<br />

Reprodução proibida sem autorização da Publicações<br />

Groupo TB


Agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6<br />

Actualidade<br />

Notícias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7<br />

Ser competitivo no sector hortofrutícola . . . . . . . . . . . . . . . . .10<br />

Espinafres frescos ultrapassam limites de nitratos . . . . . . . . . . . .12<br />

Alimentaria Lisboa revelou dinamismo em tempo de crise . . . . .14<br />

Fruit Attraction – nova feira de frutas e legumes . . . . . . . . . . . .18<br />

Dossiê Frutos de Verão . . . . . . . . . . . . . .19<br />

Retorno à normalidade na Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20<br />

Herdade D. Joana colhe 2 milhões de quilos . . . . . . . . . . . . .23<br />

Extremadura especializa-se em frutas de caroço . . . . . . . . . . . .24<br />

Variedades de alperce mal adaptadas ao Sul . . . . . . . . . . . . . .26<br />

Colheita semimecânica de pêssegos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28<br />

Vale da Rosa e Uval investem 10 milhões . . . . . . . . . . . . . . . .31<br />

Frio obriga a replantar melão e melancia . . . . . . . . . . . . . . . . .32<br />

Colheita assistida em melão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34<br />

Cultivo<br />

Citrinos - Certificação impulsiona sector viveirista . . . . . . . . . . .37<br />

Alho Francês- Produção na Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .38<br />

“Alhos de corrida” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40<br />

Critérios de avaliação de sementes hortícolas . . . . . . . . . . . . .42<br />

Mercado e Empresas<br />

Riscadinha de Palmela ganha novo fôlego . . . . . . . . . . . . . . . .46<br />

Morango - Oeste investe em produções de Primavera-Verão . . . .48<br />

Agronegócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50<br />

Distribuição<br />

Alimentação resiste à crise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .54<br />

Factores de Produção<br />

O papel das algas na agricultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .56<br />

Medidas de poupança de água desajustadas . . . . . . . . . . . . .60<br />

Tecnologia<br />

Perdas na conservação de batata para indústria . . . . . . . . . . . . .61<br />

Métodos não destrutivos de análise de frutos e legumes . . . . .63<br />

Flores e Ornamentais<br />

1.º Concurso Nacional de Floricultores e Floristas . . . . . . . . . .65<br />

14<br />

40<br />

56<br />

sumário<br />

34<br />

54<br />

65<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 5


agenda<br />

6<br />

JUNHO<br />

SIMPÓSIO DA VINHA- CONSERTAR<br />

O FUTURO<br />

25 e 26 de Junho<br />

Auditório da Universidade de Évora<br />

www.bayercropscience.pt<br />

I VINALIA<br />

27 e 28 de Junho<br />

Penela<br />

www.cm-penela.pt<br />

JULHO<br />

II FEIRA DO MIRTILO<br />

3 a 5 de Julho<br />

Sever do Vouga, Parque Urbano da Vila<br />

www.severdovouga.pt<br />

ENCONTRO ANUAL DA SOCIEDADE<br />

PORTUGUESA DE CIÊNCIA DO SOLO<br />

8 a 10 de Julho<br />

Auditório da Universidade do Algarve<br />

http://eventos.ualg.pt/EACS09/<br />

AGOSTO<br />

PROGNOSFRUIT CONGRESS<br />

6 a 8 de Agosto<br />

Maastricht<br />

Holanda<br />

www.prognosfruit2009.nl<br />

XXIII SIMPÓSIO EUCARPIA SOBRE<br />

ORNAMENTAIS<br />

31 de Agosto a 4 de Setembro<br />

Leiden<br />

Holanda<br />

http://www.ornamentalbreeding.nl/<br />

I CONGRESSO AFRICANO<br />

DE HORTICULTURA<br />

31 de Agosto a 3 de Setembro<br />

Safari Park Hotel, Nairobi<br />

Quénia<br />

http://www.globalhort.org/newsevents/all-africa-horticulture-congress/<br />

SETEMBRO<br />

ASIA FRUIT LOGISTICA<br />

2 a 4 de Setembro<br />

Feira Internacional de Marketing de<br />

Frutas e Legumes<br />

Hong Kong<br />

www.asiafruitlogistica.com<br />

VII SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE<br />

DESINFECÇÃO DE SUBSTRATOS<br />

13 a 18 de Setembro<br />

Collegium De Valk, Leuven<br />

Bélgica<br />

http://ishs-horticulture.org/soildisinfest2009/<br />

WORLD FOOD MOSCOW<br />

15 a 18 de Setembro<br />

18ª Exposição Internacional do Sector<br />

Alimentar<br />

Expocentr at Krasnaya Presnya<br />

Moscovo, Rússia<br />

www.world-food.ru<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

SALÃO DE PLANTAS, JARDIM<br />

E COMPLEMENTOS<br />

17 a 19 de Setembro<br />

Fira de Girona<br />

Espanha<br />

www.firagirona.com<br />

XI SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE<br />

BIOREGULADORES DE PLANTAS<br />

NA PRODUÇÃO DE FRUTA<br />

20 a 24 de Setembro<br />

Bolonha<br />

Itália<br />

http://www.ishs.pbr.bologna2009.it/<br />

V SIMPÓSIO NACIONAL<br />

DE OLIVICULTURA<br />

25 e 26 de Setembro<br />

Auditório da ESAS<br />

Santarém<br />

http://olivicultura09.esa.ipsantarem.pt/<br />

CONGRESSO PORTUGUÊS<br />

DE DIETÉTICA E NUTRIÇÃO<br />

25 e 26 de Setembro<br />

Auditório ESTeSL/ESEL<br />

Lisboa<br />

www.cpdn.diets2009.org<br />

V SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

SOBRE SEMENTES, TRANSPLANTE<br />

E ACLIMATAÇÃO<br />

“Integrar métodos para produzir mais<br />

com menos”<br />

27 de Setembro a 1 de Outubro<br />

Murcia<br />

Espanha<br />

http://www.sest2009.com<br />

II CONGRESSO IBÉRICO E V CONGRES-<br />

SO ESPANHOL DE AGRO-ENGENHARIA<br />

28 a 30 de Setembro<br />

Lugo<br />

Espanha<br />

www.aging2009.org/pt<br />

IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

SOBRE FIGO<br />

29 de Setembro a 3 de Outubro<br />

Meknes<br />

Marrocos<br />

www.ficus2009.ma<br />

OUTUBRO<br />

LUSOFLORA<br />

8 a 11 de Outubro<br />

CNEMA, Santarém<br />

www.cnema.pt<br />

CASTANEA 2009<br />

13 a 16 de Outubro<br />

I Congresso Europeu do Castanheiro –<br />

Alimentação, Madeira, Biomassa<br />

e Energia<br />

Cuneo<br />

Itália<br />

http://www.arboree.unito.it/castanea2009<br />

SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE<br />

PISTACHIOS E AMÊNDOAS<br />

13 a 17 de Outubro<br />

Sanliurfa<br />

Turquia<br />

beak@harran.edu.tr<br />

IBERFLORA<br />

14 a 16 de Outubro<br />

Feira Internacional de Plantas, Flores,<br />

Tecnologia e Jardim<br />

Feira de Valencia<br />

Espanha<br />

http://iberflora.feriavalencia.com<br />

ECOTALAVERA 2009<br />

15 a 17 de Outubro<br />

II Feira Hispono-Lusa de Agricultura<br />

Biológica<br />

Talavera de la Reina, Toledo<br />

www.talavera-ferial.com<br />

III SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE<br />

EFEITOS DAS FRUTAS E LEGUMES<br />

NA SAÚDE HUMANA<br />

18 a 21 de Outubro<br />

Avignon<br />

França<br />

http://favhealth2009.com/<br />

JORNADAS DE FRUTICULTURA<br />

DE LAS VEGAS DEL GUADIANA<br />

21 a 23 de Outubro<br />

Valdelacalzada, Badajoz<br />

Espanha<br />

caval@frutosval.es<br />

I COLÓQUIO NACIONAL DE SEMENTES<br />

E VIVEIROS<br />

29 e 30 de Outubro<br />

Escola Superior Agrária de Coimbra<br />

www.aphorticultura.pt<br />

NOVEMBRO<br />

FRUIT ATTRACTION 2009<br />

4 a 6 de Novembro<br />

Feira de Frutas e Legumes<br />

Feira de Madrid<br />

(Espanha)<br />

www.proexport.es<br />

VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE<br />

ILUMINAÇÃO EM HORTICULTURA<br />

15 a 19 de Novembro<br />

Tsukuba<br />

Japão<br />

http://www.lightsym2009.jp<br />

VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

SOBRE CEREJA<br />

15 a 20 de Novembro<br />

Santiago<br />

Chile<br />

zoffolij@uc.cl<br />

III JORNADAS DO GRUPO<br />

DE FERTILIZAÇÃO DA SECH<br />

“A fertilização e os códigos de Boas<br />

Práticas Agrícolas”<br />

24 a 26 de Novembro<br />

Suca S.C.A. (sala de conferências)<br />

El Ejido, Almeria<br />

Espanha<br />

www.sech.info<br />

ENOVITIS<br />

24 a 28 de Novembro<br />

7º Salão Internacional de Técnicas para<br />

Viticultura e Olivicultura<br />

Feira de Milão<br />

Itália<br />

www.enovitis.it<br />

II SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

DE BIOTECNOLOGIA EM CITRINOS<br />

30 Novembro a 2 Dezembro<br />

Catania<br />

Itália<br />

www.citrusbiotech2009.it<br />

DEZEMBRO<br />

SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE<br />

REGA DO OLIVAL E QUALIDADE<br />

DO AZEITE<br />

6 a 10 de Dezembro<br />

Nazaré<br />

Israel<br />

www.olive-irrigation-symposium.org<br />

2010<br />

FEVEREIRO<br />

FRUIT LOGISTICA<br />

Feira Internacional de Frutas e Legumes<br />

Frescos<br />

3 a 5 de Fevereiro<br />

Berlim<br />

Alemanha<br />

www.fruitlogistica.com<br />

II SIMPÓSIO NACIONAL<br />

DE FRUTICULTURA<br />

4 e 5 de Fevereiro de 2010<br />

Castelo Branco<br />

www.aphorticultura.pt<br />

FRUCHTWELT BODENSEE<br />

19 a 21 de Fevereiro<br />

Feira Internacional de Frutos, Bagas<br />

e Destilação<br />

Messe Friedrichshafen<br />

Alemanha<br />

www.fruchtwelt-bodensee.de<br />

MARÇO<br />

11ª EXPOJARDIM<br />

Feira de Plantas, Flores, Mobiliário<br />

Urbano e de Jardim, Piscinas<br />

e Acessórios, Equipamentos, Máquinas<br />

e Acessórios para Jardinagem<br />

4 a 7 de Março<br />

Exposalão, Batalha<br />

www.exposolao.pt<br />

INTERVITIS INTERFRUCTA 2010<br />

24 a 27 de Março<br />

Salão Internacional de Tecnologias<br />

do Vinho, das Frutas, Sumos de fruta<br />

e Bebidas Espirituosas<br />

Estugarda<br />

Alemanha<br />

www.intervitis-interfructa.de<br />

JUNHO<br />

III SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE<br />

DOENÇAS DO TOMATE<br />

25 a 30 de Julho<br />

Ischia, Nápoles<br />

Itália<br />

www.3istd.com<br />

AGOSTO<br />

28 CONGRESSO INTERNACIONAL<br />

DE HORTICULTURA<br />

22 a 27 de Agosto<br />

Centro de Congressos de Lisboa<br />

Portugal<br />

www.ihc2010.org


Reconhecida Associação Interprofissional<br />

da Fileira Oleícola<br />

A Associação Interprofissional da Fileira Oleícola (AIFO) foi reconhecida<br />

oficialmente pelo Ministério da Agricultura, durante a Bienal<br />

do Azeite 09, que decorreu em Castelo Branco, de 29 a 31 de<br />

Maio. Esta estrutura interprofissional, que agrupa as principais associações<br />

representativas do sector, foi criada em 2006, mas desde<br />

então não havia sido dada qualquer resposta ao pedido de reconhecimento<br />

que apresentou ao Gabinete de Planeamento e Políticas.<br />

«O modelo interprofissional é, claramente, o modelo de organização<br />

de fileira oleícola que melhor responderá aos enormes<br />

desafios que o sector enfrenta: reorganização do sector produtivo<br />

nacional, ambiente concorrencial cada vez mais agressivo,<br />

decorrente do aumento de produção a nível mundial e da estagnação<br />

do consumo (o que condiciona, igualmente, o nível de preços<br />

de mercado do produto), etc.», podia ler-se num memorando<br />

entregue à Assembleia da República, a 13 de mês de Maio, pela AI-<br />

FO, sobre os contributos para a resolução dos constrangimentos<br />

no sector oleícola nacional. Este documento pede a criação de «linhas<br />

de apoio específicas para a promoção do consumo de azeite,<br />

tanto ao nível interno como ao nível da internacionalização das<br />

marcas de azeite português». Por outro lado, sugere que «a reforma<br />

do Pagamento Complementar poderá funcionar como alavanca<br />

financeira para a implantação de actuações das Organizações<br />

de Operadores Oleícolas directamente no terreno e numa lógica<br />

de proximidade com os utilizadores finais». A Bienal do Azeite reuniu<br />

mais de 100 expositores de todas as regiões produtoras de azeite<br />

e cerca de 60 mil pessoas a vivenciar as mais variadas experiências<br />

em torno do azeite degustações; concurso “Azeite & Design”;<br />

provas de BTT, cozinha ao vivo e a tibórnia gigante, foram das atracções<br />

que registaram uma maior afluência.<br />

Manual Técnico Ginja de Óbidos<br />

e Alcobaça<br />

O município de Óbidos e a Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça<br />

apresentaram, a 30 de Abril, o “Manual Técnico Ginja de Óbidos<br />

e Alcobaça”, resultado de um projecto AGRO, que durou ano e<br />

meio, e que teve a coordenação do professor António Ramos, da Escola<br />

Superior Agrária de Castelo Branco. A apresentação deste livro<br />

decorreu no âmbito da jornada “Óbidos Gourmet”, durante a qual se<br />

realizam provas de ginja.<br />

país<br />

actualidade<br />

Portugal terá 2 M€ para fruta nas escolas<br />

Portugal receberá 2 199 600€ para distribuir frutas nas escolas, a cerca<br />

de 600 mil crianças, entre os 6 e os 10 anos. Esta verba indicativa foi<br />

estabelecida no âmbito do programa comunitário “Regime de Fruta nas<br />

Escolas”, que visa promover o consumo de fruta, como parte de uma alimentação<br />

saudável. As normas relativas a este regime foram publicadas<br />

nos Regulamentos n.º 13/2009 e n.º 288/2009.<br />

Apoios aos investimentos até 25 mil euros<br />

A Portaria n.º 482/2009, publicada a 6 de Maio, regula os apoios no âmbito<br />

da acção n.º 1.1.2, «Investimentos de pequena dimensão», ou seja,<br />

de montante igual ou superior a 5000€ e inferior a 25 000€. São elegíveis<br />

equipamentos para melhoramento ambiental e da eficiência energética<br />

das explorações, equipamento e máquinas agrícolas, pequenas<br />

construções e, ainda, pequenas plantações plurianuais. Os apoios, não<br />

reembolsáveis, são calculados sobre o valor do investimento: a) 50% no<br />

caso da aquisição de equipamentos para melhoramento ambiental e de<br />

eficiência energética, quando a exploração se situe em zona desfavorecida<br />

b) 45% no caso da aquisição de equipamentos e máquinas agrícolas,<br />

pequenas construções e pequenas plantações anuais, quando a<br />

exploração se situe em zona desfavorecida; c) 40% no caso de a exploração<br />

se situar em zona não desfavorecida. A primeira fase de candidaturas<br />

decorre de 19 de Junho a 15 de Semtembro de 2009.


8<br />

actualidade<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

país<br />

“Migração Circular” facilita entrada<br />

de trabalhadores ucranianos<br />

A entrada de cidadãos ucranianos em Portugal para trabalhar no sector<br />

agrícola está, este ano, facilitada. Os imigrantes daquele país podem<br />

ser contratados por seis meses, ao abrigo do “Projecto de Migração<br />

Circular entre Portugal e Ucrânia”, que visa combater a falta<br />

de mão-de-obra no sector agrícola em Portugal. A viagem Kiev-<br />

Lisboa-Kiev será paga pelo Programa, bem como aulas de português<br />

à chegada. Esta iniciativa envolve a CAP, o Instituto de Emprego e<br />

Formação Profissional, a Organização Internacional para as Migrações<br />

e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que facilitará a concessão<br />

de vistos.<br />

26.ª Ovibeja dedicada ao azeite<br />

A 26.ª edição da Ovibeja, realizada de 29 de Abril a 3 de Maio, teve<br />

como tema principal o azeite. O Pavilhão AzeiteAlentejo foi o centro<br />

das atenções dos visitantes, tendo recebido mais de 10 mil visitantes,<br />

segundo os números da organização. A feira decorreu durante<br />

cinco dias, ao invés de nove, uma alteração a manter nas próximas<br />

edições. No dia 30 de Abril, decorreu em paralelo um seminário<br />

sobre “Sustentabilidade Económica do Olival”. Neste evento<br />

foi divulgada uma linha de apoio, no âmbito do QREN, que apoia<br />

“clusters” e que poderá aplicar-se ao azeite. As candidaturas pressupõem<br />

que representantes de todos os pontos da fileira estejam<br />

junto no mesmo programa de acção produtores, distribuidores, mas<br />

também agentes que tragam inovação e tecnologia que ajudem a<br />

vender melhor o produto. Os projectos devem assentar em três pilares:<br />

uma ideia que se traduza numa estratégia; um programa de<br />

acção com projectos concretizáveis e “actores”, centrados à volta do<br />

plano de acção. Nelson Sousa, gestor do Programa Operacional Factores<br />

de Competitividade do QREN para o Alentejo, revelou que haverá<br />

um “cartão gold no acesso ao crédito” para estes projectos.<br />

mundo<br />

Comissão regula embalagens<br />

activas e inteligentes<br />

A Comissão Europeia adoptou, a 1 de Junho, um regulamento que introduzirá<br />

um mecanismo de autorização para substâncias utilizadas<br />

para funções activas e inteligentes em materiais em contacto com alimentos,<br />

especialmente embalagens para alimentos. A Autoridade Europeia<br />

de Segurança Alimentar será a entidade responsável pela avaliação<br />

de segurança das referidas substâncias. Será criado um mercado<br />

único para a utilização de embalagens activas e inteligentes, com critérios<br />

de segurança próprios, que permita uma situação concorrencial<br />

para este novo tipo de embalagem. Os materiais e artigos activos em<br />

contacto com alimentos destinam-se a aumentar o prazo de validade ou<br />

manter ou melhorar a condição dos alimentos embalados.<br />

Portuguese Wine nova revista sobre vinhos<br />

Acabou de ser publicada a Portuguese Wine, uma revista anual, bilingue<br />

(inglês e francês), especializada em informação técnica e de mercado<br />

do sector vinícola e destinada a promover o Vinho Português e<br />

produtos/serviços associados à fileira vinícola, no mercado externo. O<br />

lançamento do novo título decorreu na Vinexpo, uma das maiores feiras<br />

mundiais do sector do<br />

vinho, que decorreu em<br />

Bordéus, França, de 21 a<br />

25 de Junho. A Portuguese<br />

Wine é propriedade<br />

da Publicações Groupo<br />

TB, a editora da Frutas,<br />

Legumes e Flores, e tem<br />

o apoio da Viniportugal.<br />

O novo título será<br />

distribuído em outros<br />

eventos nacionais e internacionais<br />

do vinho,<br />

ao longo de 2009.


UE importou 14 milhões de toneladas<br />

de frutas legumes<br />

A União Europeia (UE) importou 11,9 milhões de toneladas de frutas (+1%)<br />

e 2,3 milhões de toneladas de produtos hortícolas (-6%) de países terceiros,<br />

em 2008, segundo os dados do Eurostat. África do Sul, Argentina, Chile<br />

e Brasil foram os principais países de proveniência das frutas,enquanto<br />

os hortícolas vieram sobretudo de Marrocos,Israel,Egipto e Turquia.O comércio<br />

de frutas e legumes entre países da UE,em 2008,atingiu os 31,1 milhões<br />

de toneladas, ou seja, menos 5% do que em 2007. Espanha, Holanda<br />

e Espanha foram os principais exportadores. Os citrinos (4,1 M t) e a maçã<br />

(2 M t) foram as frutas mais transaccionadas,enquanto a batata (5,5 M t),<br />

o tomate (2,4 M t) lideraram o comércio comunitário nas hortícolas.<br />

Ajudas à armazenagem<br />

privada de azeite<br />

A Comissão Europeia propôs, a 25 de Maio,<br />

que se autorize os produtores de azeite a<br />

concorrerem a ajudas à armazenagem privada<br />

de azeite virgem e virgem extra durante<br />

um período de 180 dias e para uma<br />

quantidade máxima de 110 000 toneladas,<br />

devido à quebra significativa e prolongada<br />

dos preços na UE. Os preços do azeite<br />

têm vindo a baixar constantemente desde<br />

o início da campanha de comercialização<br />

de 2008/2009. Nas últimas semanas, o preço<br />

do azeite, concretamente para as qualidades<br />

virgem e virgem extra, tem permanecido<br />

abaixo do previsto para dar origem<br />

a ajudas à armazenagem privada (1779 euros/tonelada<br />

para o azeite extra virgem e<br />

1710 euros/tonelada para o azeite virgem).<br />

AS NOSSAS FALHAS<br />

Na última edição da Frutas,Legumes e Flores, em alguns exemplares<br />

da revista, o endereço de e-mail da empresa J. SOBRAL & DIAS,<br />

na página 55, está ligeiramente cortado. Repomos aqui a informação:<br />

j.sobral-dias.lda@mail.telepac.pt.<br />

mundo<br />

actualidade<br />

Melhorar a venda de produtos de qualidade<br />

A Comissão Europeia emitiu, a 28 de Maio, várias recomendações que visam<br />

melhorar a venda de produtos alimentares de qualidade. Entre as<br />

medidas propostas destaca-se o reforço da coerência e a simplificação<br />

dos sistemas de rotulagem e de certificação privada. Quanto aos rótulos,<br />

é sugerido que se acrescente o local de produção e se criem menções<br />

de carácter facultativo para “produto de agricultura de montanha” e “produto<br />

tradicional”, este último substituindo o actual sistema de especialidades<br />

tradicionais garantidas. A rotulagem dos produtos de agricultura<br />

biológica deverá ser melhorada com o novo logótipo europeu para produtos<br />

bio (em elaboração), que será obrigatório depois de 1 de Julho de<br />

2010. Outra proposta é a criação de um registo único para todas as indicações<br />

geográficas (vinhos, bebidas espirituosas, produtos agrícolas e<br />

géneros alimentícios), como forma de as proteger no plano internacional.<br />

Por fim, são sugeridas orientações em matéria de boas práticas para<br />

os sistemas de certificação privados, de modo a esclarecer melhor o<br />

consumidor e evitar a burocracia imposta aos agricultores.<br />

Fruits & Légumes Magazine<br />

O grupo editorial francês Publications Agricoles, proprietário da revista<br />

Frutas, Legumes e Flores, acaba de lançar no mercado a revista Fruits<br />

& Légumes Magazine. Esta publicação, destinada aos consumidores, ensina<br />

a conhecer melhor as frutas e legumes, como são produzidos, sua<br />

diversidade e virtudes. Esta<br />

primeira edição de Primavera/Verão<br />

está repleta<br />

de conselhos práticos, gestos<br />

simples para descobrir,<br />

conhecer e cozinhar as frutas<br />

e legumes. Conhecer a<br />

história do morango, apreciar<br />

o tempo das cerejas ou<br />

como escolher um bom<br />

melão. Receitas, conselhos<br />

de saúde, encontros com<br />

artistas e com chefs de renome.Tudo<br />

na Fruits & Légumes<br />

Magazine.


10<br />

actualidade<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

país<br />

Ser competitivo no sector<br />

hortofrutícola<br />

Por: Nélia Silva<br />

A Escola Superior Agrária<br />

de Coimbra organizou, a<br />

17 de Abril, um colóquio<br />

sobre o tema “Frutas e<br />

legumes: inovação e competitividade”,<br />

no qual<br />

representantes da produção<br />

e da grande distribuição<br />

falaram sobre os desafios<br />

da competitividade<br />

no sector hortofrutícola.<br />

As empresas hortofrutícolas<br />

enfrentam o desafio da<br />

globalização e lutam por<br />

manter a competitividade.<br />

No futuro próximo (talvez<br />

já em 2010), uma das ameaças à<br />

competitividade das empresas europeias<br />

é a entrada em funcionamento<br />

da zona livre de comércio<br />

EuroMed (União para o Mediterrâneo),<br />

criada em Julho de 2008 por<br />

27 países membros da União Europeia<br />

mais 16 países do Norte de<br />

África e do Médio Oriente. No âmbito<br />

da EuroMed prosseguem as negociações<br />

para a liberalização das<br />

trocas comerciais de produtos agrícolas.<br />

«O mercado europeu será em<br />

breve aberto à produção do Norte<br />

de África, o que nos fará perder<br />

competitividade», constatou David<br />

del Pino, director-geral da Cooperativa<br />

Carchuna La Palma, de Granada,<br />

um dos oradores do colóquio.<br />

Segundo explicou, o primeiro efeito<br />

da globalização é a baixa dos preços<br />

das commodities, onde se incluem<br />

as frutas e legumes.<br />

A actual crise económica, que é<br />

Mesa de oradores do colóquio organizado pelo CERNAS<br />

em parte consequência da globalização,<br />

está a alterar a pirâmide de consumo,<br />

colocando novos desafios aos<br />

produtores. «A zona da classe média<br />

tende a estreitar-se e há cada vez<br />

mais pessoas na classe baixa que consomem<br />

sobretudo commoditties, a<br />

preço baixo. O topo da pirâmide também<br />

alarga, dando origem ao consumo<br />

de produtos masstige (prestígio<br />

de massas), ou seja, produtos<br />

“Premium” mas que não são muito<br />

caros», constatou o responsável espanhol<br />

daquela que é a maior empresa<br />

mundial de produção de tomate<br />

cereja e tomate de especialidade<br />

(525 agricultores associados, 51 mil<br />

toneladas produzidas e 81 milhões<br />

de euros facturados, em 2008).<br />

David del Pino acrescentou que<br />

há apenas «uma pequena oportunidade<br />

de diferenciação» no segmento<br />

das frutas e legumes, mas<br />

requer inovação, ou seja, investimento<br />

em investigação de novos<br />

produtos. «O ciclo de vida das frutas<br />

e legumes é hoje em dia de três<br />

anos e não de 15 ou 20 anos, como<br />

era no passado», justificou.<br />

Relações com<br />

as grandes superfícies<br />

A competitividade do sector hortofrutícola<br />

passa também pela capacidade<br />

de entrar no circuito de abastecimento<br />

das grandes cadeias de<br />

distribuição. «Entra-se pelo preço,<br />

mas mantemo-nos lá pelo serviço»,<br />

assegurou David del Pino. Nesta matéria,<br />

Manuel Évora, administrador<br />

do grupo português Luís Vicente (50<br />

mil toneladas de frutas movimentadas<br />

e 40 milhões de euros facturados,<br />

em 2008), referiu que há «uma<br />

pressão diabólica das grandes superfícies<br />

portuguesas para que os produtores<br />

baixem os preços, além de<br />

grande dificuldade em cobrar aos<br />

clientes, o que acarreta maiores riscos<br />

na programação das campanhas<br />

e gestão de stocks».<br />

Só através da inovação é possível<br />

sobreviver neste cenário. Algo<br />

que o grupo Luís Vicente tem sabido<br />

fazer através do investimento<br />

em produção própria no estrangeiro.<br />

Desde 2008, comprou três<br />

herdades na América do Sul e Central<br />

– uma na Baía, Brasil, com 670<br />

hectares em produção (lima, manga,<br />

papaia, mamão, melão, meloa<br />

e melancia); duas na Costa Rica,<br />

província de São Carlos, uma das<br />

quais já com 556 hectares em produção<br />

(abacaxi e mandioca). «Em<br />

2008, 35% das vendas (em kg) do<br />

grupo Luís Vicente foram de frutos<br />

tropicais, quando em 2005 os<br />

tropicais representavam apenas<br />

4%», acrescentou.<br />

A grande distribuição portuguesa<br />

esteve representada no colóquio pela<br />

Sonae, que em 2008 comprou 98<br />

216 toneladas de frutas e legumes,<br />

por 86 milhões de euros. «O futuro<br />

do Clube de Produtores Sonae passa<br />

pelo aumento dos níveis de serviço<br />

exigido aos produtores; pela sua<br />

localização em zonas de produção<br />

indicadas para o produto em causa;<br />

pela inovação dos produtos e pela<br />

aproximação entre os produtores e<br />

os consumidores», afirmou Nuno<br />

Passadinhas, do departamento agrícola<br />

da Sonae Distribuição. O Clube<br />

de Produtores Sonae tem 209 associados,<br />

metade dos quais da área das<br />

frutas e legumes. •


12<br />

actualidade<br />

Espinafres frescos<br />

ultrapassam limites de nitratos<br />

Por: Nélia Silva<br />

Aedição de Maio da revista<br />

ProTeste publica um estudo<br />

sobre a quantidade de<br />

nitratos contidos em 208<br />

amostras de espinafres<br />

frescos e congelados, alface (rosa,<br />

lisa e frisada), couve lombarda e<br />

alho francês, comprados em lojas,<br />

mercearias e hipermercados portugueses.<br />

O teste consistiu em verificar<br />

se o teor de nitratros ultrapassava<br />

os limites legais e se a dose<br />

diária aceitável era excedida, para<br />

uma criança de 20 kg e um adulto<br />

de 70 kg. A Associação para a Defesa<br />

do Consumidor (DECO), proprietária<br />

da revista, concluiu que<br />

«os espinafres frescos são, pelos<br />

menos em cru,<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

país<br />

Um estudo da DECO pôs à prova sete vegetais quanto ao seu teor em nitratos e alerta<br />

para valores acima da lei em espinafres crus e alface. No entanto, uma especialista<br />

do Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde<br />

Dr. Ricardo Jorge desmistifica o problema, afirmando que «ultrapassar a DDA<br />

ocasionalmente não representa uma preocupação para a saúde».<br />

os mais problemáticos, pelo nível<br />

de concentração de nitratos que encontrámos.<br />

Por exemplo, o limite<br />

legal, para os colhidos no Verão, é<br />

de 2500 mg por kg, mas chegámos<br />

a encontrar 4864 mg», pode ler-se<br />

no artigo. A alface também ultrapassou,<br />

embora de forma menos expressiva,<br />

os limites legais. «Entre<br />

as alfaces lisas compradas no Verão<br />

uma amostra estava fora dos limites<br />

legais. Porém, para as crianças,<br />

e considerando uma porção de 60<br />

gramas, 11 em 14 alfaces superaram<br />

os valores diários admissíveis<br />

para este contaminante… na alface<br />

frisada, 16 em cada 44 amostras<br />

acusam a mesma<br />

transgressão», continua o artigo. É<br />

relatada grande variação na concentração<br />

média em nitratos nos<br />

legumes de folha testados, encontrados<br />

tanto em produtos de agricultura<br />

convencional como de agricultura<br />

biológica.<br />

A legislação europeia parece estar<br />

incompleta no que se refere aos<br />

valores máximos de nitratos nos<br />

legumes. O regulamento europeu<br />

aplica-se apenas a cinco: espinafres<br />

frescos, enlatados, congelados e ultracongelados,<br />

alface fresca, alface<br />

icebergue, alimentos à base de cereais<br />

e para lactentes e crianças jovens.<br />

De fora ficam outros como a<br />

rúcola, alho francês e couve lombarda,<br />

que a ProTeste inclui no seu<br />

estudo. A DECO desafia, por isso,<br />

os estados-membros a monitorizar<br />

e enviar à Comissão Europeia dados<br />

sobre os níveis de nitratos em<br />

produtos susceptíveis de conter este<br />

composto, de modo a contribuir<br />

para estabelecer os limites para os<br />

legumes em falta.<br />

Legumes – benefícios<br />

superam riscos<br />

O artigo não é escrito em tom<br />

alarmista e lembra que «os legumes<br />

contêm nutrientes que compensam<br />

ou mesmo neutralizam parcialmente<br />

os perigos dos nitratos», e que<br />

«os efeitos benéficos resultantes do<br />

consumo de fruta e legumes superam<br />

os riscos para a saúde com a<br />

exposição aos nitratos através dos<br />

legumes». No entanto, afirma que<br />

«o perigo é real», devendo ser tomadas<br />

precauções em relação às<br />

crianças, grávidas e pessoas com<br />

problemas gástricos. A ProTeste sugere<br />

algumas dicas de como diminuir<br />

a ingestão de nitratos, através<br />

da boa preparação e conservação<br />

dos legumes e sugere uma dieta alimentar<br />

que inclua todo o tipo de legumes,<br />

de forma diversificada.<br />

A Frutas, Legumes e Flores entrevistou<br />

o Departamento de Alimentação<br />

e Nutrição do Instituto<br />

Nacional de Saúde Dr. Ricardo<br />

Jorge sobre o tema dos nitratos<br />

e seu perigo para a saúde (ver em<br />

continuação). •


«O importante é as pessoas diversificarem os alimentos»<br />

Porque podem ser os nitratos perigosos para a saúde, se consumidos<br />

em excesso?<br />

O nitrato por si só tem uma toxicidade relativamente baixa, mas os<br />

seus metabólitos e produtos de reacção, tais como os nitritos, o óxido<br />

nítrico e os compostos N-nitroso podem ter efeitos adversos na saúde<br />

humana. O teor alto de nitrito altera a hemoglobina impedindo esta<br />

de transportar o oxigénio, levando à asfixia do bebé. O nome mais<br />

conhecido deste efeito é a Síndroma do Bebé Azul.<br />

Tem sido também referenciada a interacção, no estômago, do nitrito<br />

com compostos amida que levam à formação de compostos N-nitrosos,<br />

que são carcinogénicos em animais e até em humanos. No entanto, segundo<br />

a opinião do Painel Científico de Contaminantes na Cadeia Alimentar<br />

sobre Nitratos nos Vegetais da União Europeia, os estudos epidemiológicos<br />

que relacionam os nitratos e o risco de cancro humano<br />

não sugerem que a ingestão de nitratos através da alimentação esteja<br />

associada com o aumento de risco de cancro.<br />

As frutas e legumes são os principais alimentos que contêm nitratos?<br />

As principais fontes de nitratos na dieta são os vegetais, as carnes curadas<br />

e a água para consumo, mas os vegetais e a fruta podem representar<br />

mais de metade, ou mesmo dois terços, do total de ingestão de nitratos.<br />

Quais as frutas e legumes mais "perigosos" do ponto de vista do teor<br />

de nitratos?<br />

Segundo a opinião do mesmo painel científico, os vegetais de folha verde,<br />

tais como a alface, a couve, a rúcula e os espinafres, entre outros,<br />

são geralmente os que apresentam maiores níveis de nitratos.<br />

É verdade que os legumes produzidos no Norte da Europa contêm<br />

mais nitratos e também os produzidos em estufa?<br />

Sim, é verdade. A intensidade luminosa é o factor chave que determina<br />

a concentração de nitrato nas folhas. Os vegetais produzidos no Inverno<br />

apresentam conteúdos em nitrato superiores aos produzidos<br />

no Verão, no mesmo ambiente. No entanto, convém sublinhar que também<br />

os vegetais produzidos no norte da Europa apresentam conteúdos<br />

em nitrato superiores relativamente aos produzidos no Sul da Europa.<br />

Estas diferenças podem ser explicadas, quer pela maior irradiação<br />

no Verão, que tende a diminuir a quantidade de nitrato, quer pelas<br />

altas taxas de crescimento que coincidem com os períodos de grande<br />

irradiação e temperaturas quentes. Os vegetais produzidos em estufa<br />

tendem a acumular maior quantidade em nitratos pela mesma razão,<br />

ou seja, a exposição a uma menor irradiação.<br />

O que pode ser feito do ponto de vista da produção agrícola para minimizar<br />

o teor de nitratos nas frutas e legumes?<br />

Do ponto de vista agrícola, devem ser seguidos os esquemas de Boas<br />

Práticas Agrícolas elaborados no sentido de responder aos regulamentos<br />

da Europa sobre nitratos e minimizar a concentração de nitratos<br />

nos vegetais. Estas boas práticas têm em consideração factores<br />

como a intensidade luminosa adequada, a utilização de fertilizantes,<br />

a avaliação do teor de nitrato no solo, entre outros.<br />

É referido na reportagem/testes da Proteste de Maio 2009 que<br />

várias amostras de espinafres frescos ultrapassam os limites legais,<br />

tal como a alface. Parece-lhe preocupante?<br />

O eventual impacto para a saúde desta situação dependerá da representatividade<br />

das amostras que ultrapassam os limites legislados no<br />

total de amostras dos mesmos alimentos disponíveis no mercado. A<br />

dose diária admissível (DDA) é a dose diária de uma substância, que<br />

país<br />

actualidade<br />

«Os vegetais produzidos em estufa tendem a acumular maior quantidade<br />

de nitratos»<br />

ingerida durante toda a vida parece, à luz dos conhecimentos actuais,<br />

não ter risco apreciável para o homem. Ultrapassar a DDA ocasionalmente<br />

não representa uma preocupação para a saúde. O que é importante<br />

é as pessoas diversificarem os alimentos que fazem parte da sua<br />

alimentação diária. Para se ter uma ideia mais clara do risco para a<br />

saúde da ingestão de nitratos, seria necessário fazer estudos regulares<br />

de todos os vegetais para avaliar as tendências no que diz respeito<br />

ao conteúdo em nitratos.<br />

Qual o conselho ao consumidor para reduzir os riscos de ingestão de<br />

nitratos via legumes?<br />

Em primeiro lugar, os vegetais devem ser armazenados até ao seu consumo<br />

no frigorífico (a 5ºC) e até um máximo de sete dias. Não é aconselhável<br />

o armazenamento de vegetais à temperatura ambiente, porque<br />

o conteúdo em nitrito aumenta. No caso de crianças, os vegetais<br />

devem ser preparados para consumo imediato ou então congelados,<br />

uma vez que a congelação inibe a acumulação de nitritos. Quanto ao<br />

processamento, os nitratos são solúveis em água, logo a lavagem dos<br />

vegetais (espinafres, alface, endívias entre outros) diminui cerca de<br />

10 a 15% do nível de nitrato. No caso de vegetais que são possíveis de<br />

descascar (batatas, cenouras, tomate, courgete, entre outras) este procedimento<br />

diminui o conteúdo de nitratos. No caso de alface e espinafres,<br />

retirar o caule e a nervura também diminui o conteúdo em nitratos.<br />

Cozinhar os legumes em água também diminui o conteúdo em nitratos.<br />

Convém, todavia, não esquecer que outros nutrientes importantes<br />

se encontram na água de cozedura. Em conclusão, o manuseamento,<br />

o armazenamento e o processamento (incluindo a lavagem, o retirar<br />

a pele e o cozinhar de forma correcta) podem reduzir bastante o<br />

conteúdo em nitratos dos vegetais.<br />

De um modo geral, parece-lhe que as medições e parâmetros usados<br />

e conselhos dados pela ProTeste estão correctos?<br />

Os conselhos dados pela ProTeste estão correctos e são, sem dúvida,<br />

muito importantes para os consumidores. Em relação às medições e<br />

parâmetros, não nos podemos pronunciar, porque desconhecemos as<br />

metodologias utilizadas no estudo (metodologia, controlos interlaboratoriais,<br />

amostragem, etc.).<br />

Entrevista com Dra. Elsa Vasco, investigadora do Departamento de Alimentação<br />

e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 13


14<br />

actualidade<br />

Alimentaria Lisboa revelou<br />

dinamismo em tempo de crise<br />

Omomento de crise que<br />

atravessamos pode ser<br />

uma oportunidade para<br />

o sector alimentar. O<br />

consumidor português<br />

gasta hoje cada vez mais em produtos<br />

de alimentação básica, incluindo<br />

os frescos, como as frutas<br />

e legumes, cujo consumo continua<br />

a crescer e a fazer crescer as vendas<br />

nas grandes superfícies. Mas a<br />

crise está a alterar os comportamentos<br />

do consumidor luso: o consumo<br />

de bens alimentares dentro<br />

do lar aumenta em detrimento do<br />

consumo fora do lar; o consumidor<br />

está mais sensível ao preço; compra<br />

mais “marcas brancas” (da<br />

grande distribuição); concentra os<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

país<br />

Por: Nélia Silva<br />

Informação alimentar em rede<br />

Vai ser criada em Portugal uma base de dados nacional sobre a<br />

composição dos alimentos. O projecto foi apresentado durante a Alimentaria<br />

Lisboa pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge,<br />

em parceria com a GS1 Portugal. O objectivo da plataforma GRIA<br />

(Gestão da Rede de Informação Alimentar) é reunir bases de dados<br />

e dados isolados sobre alimentos (identificação e composição) que<br />

se encontram dispersos a nível nacional (em universidades, laboratórios<br />

do Estado, indústria alimentar e em organismos do Ministério<br />

da Agricultura) e integrá-los numa base de dados mais alargada<br />

a nível europeu, com uma linguagem universal. O projecto reúne já<br />

vários representantes do sector agro-alimentar e a organização convida<br />

todos os intervenientes da cadeia agro-alimentar a associarem-<br />

-se, fornecendo dados. O objectivo último da iniciativa é disponibilizar,<br />

num portal da internet, informação sobre a composição nutricional<br />

dos alimentos, mas também sobre avaliação de risco (químico,<br />

físico e biológico) e benefício dos mesmos para a saúde humana.<br />

A base de dados será uniformizada através de uma linguagem<br />

universal – sistema GS1 GDSN (rede global de sincronização de dados)<br />

– com garantia de qualidade e rastreabilidade das fontes de informação.<br />

Esta rede foi inspirada na rede europeia EuroFIR, que visa<br />

desenvolver e integrar um banco de dados da composição dos alimentos,<br />

global, coerente e validado, que constitua uma fonte oficial<br />

e única para a Europa. Este banco de dados será alimentado pelas<br />

bases de dados nacionais.<br />

O Salão Internacional de Alimentação, realizado na FIL de 19 a<br />

22 de Abril, mostrou que o sector alimentar está em crescimento<br />

apesar da crise. Perto de mil expositores e mais de 25 mil compradores<br />

mostraram o dinamismo desta área de negócio.<br />

A Alimentaria Lisboa reuniu cerca de 1000 expositores, perto de 2000<br />

marcas e 32 mil visitantes<br />

momentos de compra e está menos<br />

fiel às insígnias, comprando em várias<br />

cadeias de grande distribuição.<br />

Estes dados foram revelados pela<br />

empresa de estudos de mercado<br />

TNS, durante a Alimentaria Lisboa,<br />

concluindo-se que «a alimentação<br />

sobreviveu à crise em 2008»(ver estudo<br />

na rúbrica Distribuição).<br />

O ambiente vivido na Alimentaria<br />

Lisboa reflectiu este optimismo.<br />

«A organização cumpriu os objectivos<br />

traçados para esta edição e o<br />

sucesso deste projecto vai reflectirse<br />

na Alimentaria Lisboa de 2011.<br />

Tivemos 25 632 compradores, dos<br />

quais 2860 de origem internacional,<br />

e o certame realizou-se num<br />

ambiente dinâmico e profissional,<br />

conduzindo à realização de um considerável<br />

volume de negócios, o que<br />

me permite caracterizar esta como<br />

uma grande Alimentaria Lisboa»,<br />

concluiu Javier Galiana, directorgeral<br />

da FIL, num comunicado de<br />

balanço da feira. O certame reuniu<br />

cerca de 1000 expositores, perto de<br />

2000 marcas e 32 mil visitantes.<br />

O sector das frutas e legumes<br />

não teve um espaço exclusivo, mas<br />

foi possível encontrar algumas empresas<br />

dedicadas à produção e comércio<br />

de frutas e legumes frescos<br />

e também à transformação. Estiveram<br />

em destaque os produtos<br />

convenientes, como as frutas e legumes<br />

de IV Gama ou as frutas inteiras<br />

embaladas em doses individuais.<br />

Realce ainda para um mercado<br />

em crescimento, o dos rebentos<br />

e cogumelos exóticos, muito<br />

apreciados pelos cozinheiros de<br />

restauração de gama alta.<br />

Algumas empresas apresentaram<br />

soluções de embalamento, pesagem<br />

e etiquetagem destinadas ao sector<br />

hortofrutícola. Nesta reportagem<br />

faça uma pequena visita guiada pósfeira<br />

às novidades e empresas que<br />

interessam ao sector. •<br />

Santos Almeida


Os rebentos são um produto com<br />

cada vez maior procura na restauração<br />

de gama alta. Na Alimentaria<br />

Lisboa, 2 expositores apresentaram<br />

este tipo de produto fresco: a<br />

Cogumelos Cultivados (produtor<br />

biológico) e a Frutock (distribuidor<br />

para a restauração).<br />

A Frustock apresentou<br />

uma gama de rebentos<br />

e pequenas folhas.<br />

«Estamos na fase de<br />

lançamento, é algo<br />

inovador… temos fornecedoresinternacionais<br />

de rebentos, os<br />

chefes de cozinha dos<br />

hotéis pedem-nos coisas<br />

raras, inovadoras,<br />

originais, por vezes<br />

difíceis de encontrar<br />

em Portugal», revelou<br />

Sandra Félix, directora<br />

de Marketing desta<br />

empresa distribuidora de produtos hortofrutícolas para o<br />

canal HoReCa. A responsável refere que neste cenário de<br />

crise o factor preço está no topo das prioridades dos compradores,<br />

mas, ainda assim, a empresa tem tido um aumento<br />

significativo na venda de frutas e legumes, sobretudo a<br />

cadeias de restauração fast food.<br />

Embalagens unitárias de fruta até 200g, desenvolvidas em 2007 pela<br />

Frutifresh e premiadas nesse ano com o Prémio Nacional de Embalagem.<br />

«Garantimos que as nossas embalagens têm pelo menos 200 gramas de<br />

fruta e garantimos a maturidade dos frutos», diz Nuno Figueiredo, director-<br />

-geral da empresa. Segmento em crescimento nas gasolineiras, cafetarias<br />

dos hipermercados e máquinas de distribuição automática. «Apresentámos<br />

ao Ministério da Educação uma proposta para distribuir a nossa<br />

fruta em embalagens unitárias às escolas», revela. “Beba fruta” é outro<br />

conceito da Frutifresh, que visa impulsionar a venda de sumos naturais de<br />

fruta no canal HoReCa, através do preço baixo. «Garantimos que um copo<br />

(25 cl) de sumo natural de laranja tem um preço de 0,32€ para o cliente.»<br />

país<br />

actualidade<br />

Tâmaras secas, polpa de marmelo e molhos picantes<br />

de chilly da Tunísia. Produtos apresentados<br />

pelas empresas Tucoal e Utique Fruit Tunez. «É a<br />

primeira vez que expomos em Portugal, já temos<br />

alguns contactos para compra de tâmaras e polpa<br />

de marmelo destinada à indústria da marmelada.<br />

Procuramos um importador em Portugal que possa<br />

vender os nossos produtos à grande distribuição e<br />

comércio tradicional», diz Fethi Bem Sedrine,<br />

director-geral da Tucoal, acrescentando: «os produtos<br />

tunisinos consumidos em Portugal são<br />

importados via França a preços muito elevados.»<br />

A empresa tem interesse em comprar plantas de<br />

morangueiro em Portugal.<br />

A pior praga na<br />

agricultura é a falta<br />

de informação<br />

Saber a todo o momento qual é o problema e em que<br />

consiste a solução ideal, é imprescindível para defender<br />

eficazmente as culturas das pragas que as atacam.<br />

A Koppert põe à sua disposição todo o seu conhecimento<br />

acumulado durante mais de 40 anos de sucessos lutando<br />

contra insectos, ácaros e outras ameaças possíveis.<br />

O conhecimento é a arma mais eficaz contra as pragas<br />

na agricultura e a Koppert é tudo o que precisa conhecer.<br />

Tudo o que necessitas conhecer


actualidade<br />

Espaço Innoval<br />

país<br />

Bancada interactiva de frutas e legumes. Ao levantar a peça de fruta é<br />

despoletada, no ecrã, informação nutricional, características do produto,<br />

receitas, ou outra informação que se deseje inserir no sistema.<br />

Esta tecnologia permite enviar,<br />

via “blue tooth”, cartões de<br />

visita, vídeos, cupões de desconto,<br />

etc., para o telemóvel<br />

do consumidor próximo da<br />

bancada. Nova solução 100%<br />

“made in Portugal”, apresentada<br />

pela Ipesa Creative<br />

Systems e exposta no Espaço<br />

Innoval da Alimentaria.<br />

A Naturar apresentou as três marcas de vegetais<br />

da sua gama – “Verde Terra»; “Naturar Expert” e<br />

“Veg&Fresh” – , com embalagens atractivas e<br />

modernas. A empresa, sediada em Arazede, tem<br />

uma moderna central hortofrutícola de 50 000m 2 ,<br />

equipada com tecnologia de ponta e profissionais<br />

qualificados.<br />

Vinho feito com quivi fermentado<br />

e 20% de uva da casta<br />

Chardonnay. O sumo de quivi<br />

é estabilizado a frio, antes da<br />

fermentação alcoólica. A bebida<br />

tem 8,5º de álcool. Produto<br />

elaborado na Córsega, em<br />

França, desde Dezembro de<br />

2006. Apresentado pela<br />

empresa portuguesa<br />

“Descubra as Diferenças”, no<br />

Espaço Innoval da Alimentaria.<br />

“Flor das Hortas”, nova linha “gourmet” apresentada<br />

pela empresa Pimensor, inclui massa<br />

de pimentão, massa de alho, malaguetas picantes<br />

trituradas e tempero completo.<br />

OnVu é um rótulo que indica o estado de frescura dos<br />

alimentos refrigerados. Inicialmente, o indicador (a maçã<br />

azul no centro do coração) é azul-escuro e vai ficando<br />

cada vez mais claro com o passar do tempo e o aumento<br />

da temperatura. O contraste evidente entre o coração<br />

e o rebordo mais claro indica que o produto se encontra<br />

fresco, quando o coração fica mais claro do que o<br />

rebordo não é aconselhável o consumo do produto. O<br />

rótulo mantém ou diminui o tempo/dias de indicação de<br />

frescura inicialmente definida pelo produtor, em função<br />

das temperaturas a que o produto estiver sujeito. O sistema<br />

permite programar a etiqueta de acordo com as<br />

especificações do produtor. Inovação apresentada pela<br />

empresa Bizerba, no Espaço Innoval da Alimentaria.<br />

Novos produtos da marca 80G, especialista em fruta<br />

de IV Gama – embalagens familiares; morangos com<br />

cobertura de chocolate e maçã com caramelo. Marca<br />

do grupo Luís Vicente S.A..<br />

Levamos até si a frescura<br />

de nossas frutas todos os dias<br />

Lusopêra – Sociedade de Exportação e Comercialização de Produtos Hortofrutículas, Lda.<br />

Empresa responsável pela comercialização das frutas do CPF (Centro de Produção e Comercialização Hortofrutícula. Lda)<br />

MARCAS REGISTADAS AURORA E SABOR<br />

Estrada Nacional Nº 8, Km 69 – Sobreiral 2540-170 Bombarral • Tel.: 262 600 031 – Fax: 262 600 039 – info@lusopera.com – www.lusopera.com


A empresa libanesa<br />

Industrial Kingdom esteve<br />

na Alimentaria em busca de<br />

importadores de azeite libanês<br />

a granel. «Estou à procura<br />

de clientes do Brasil,<br />

África, etc.», refere, Basel<br />

Rafii, director de vendas da<br />

empresa. O Líbano é um<br />

pequeno produtor de azeite<br />

(20 000 t), mas ainda assim<br />

tem excedentes, devido ao<br />

baixo consumo no país<br />

(8000 t). O azeite libanês é<br />

baseado na variedade local<br />

Surani e resulta de misturas<br />

com azeites de outras proveniências<br />

(Espanha,<br />

Tunísia, Síria).<br />

Gazela 1000, máquina de embalamento<br />

de vegetais, incluindo flores,<br />

em flowpack. Adapta a embalagem<br />

à largura, altura e comprimento de<br />

cada unidade de produto. Introduz<br />

humidade na embalagem para prolongar<br />

a vida do produto.<br />

Capacidade de trabalho: 20 metros<br />

de filme/minuto. Preço base: 55 mil<br />

euros. Da marca italiana Record,<br />

representada em Portugal pela<br />

Emak.<br />

Sienna, máquina para embalamento de<br />

legumes (alface, alho-francês, couve lombarda,<br />

pepino, etc. ) em flowpack, com<br />

tapete de entrada automática, faz leitura<br />

do comprimento do produto e dimensiona<br />

a embalagem para cada unidade. Faz<br />

embalamento de produtos de grande<br />

dimensão (ex. couve portuguesa), com<br />

elevada fiabilidade. Sucessora do modelo<br />

PV 350 da Ulma Packaging. Capacidade<br />

de trabalho: 50 a 60 unidades minuto.<br />

Preço base: 60 mil euros.<br />

A Simpack é uma nova empresa<br />

dedicada ao fabrico e concepção de<br />

embalagens para produtos hortofrutícolas.<br />

A empresa dispõe de um<br />

departamento de design que concebe<br />

a imagem das embalagens ao<br />

gosto do cliente.<br />

país<br />

Projectamos espaços...<br />

actualidade<br />

Cogumelos Cultivados – produtor de<br />

cogumelos Shii-take e outros cogumelos<br />

exóticos. Também produz rebentos,<br />

microvegetais (melão com sabor a pepino<br />

e tomate), orquídeas e outras flores<br />

comestíveis. Principais clientes: cozinheiros<br />

de restaurantes de gama alta. Na foto,<br />

Klaas Zwart, gerente da empresa, sediada<br />

em Tábua. Expositor no stand colectivo<br />

da Interbio.<br />

... concebemos soluções de futuro.<br />

Rua das Pedreiras - Apartado 8 - 4741-908 FÃO • Tel.: 253 989 360 • Fax: 253 989 369<br />

E-mail: geral@estufasminho.pt • www.estufasminho.pt


actualidade<br />

Fruit Attraction – nova feira<br />

de frutas e legumes<br />

Realiza-se, de 4 a 6 de Novembro, na Feira de Madrid,<br />

a primeira edição da Fruit Attraction, uma nova feira<br />

profissional de frutas e legumes, no centro da<br />

Península Ibérica.<br />

Onovo certame está a cargo<br />

do Instituto Ferial de Madrid<br />

e da Fepex (Federação<br />

Espanhola de Produtores<br />

Exportadores de<br />

Frutas, Hortícolas, Flores e Plantas<br />

Vivas). «Espanha é o primeiro<br />

exportador mundial de frutas e legumes<br />

e necessita de uma feira que<br />

reforce a posição do sector nos<br />

mercados interno e externo. A<br />

mundo<br />

Fruit Attraction aglutinará todas<br />

as zonas de produção hortofrutícola<br />

num mesmo certame», explica<br />

a organização em comunicado.<br />

A feira ocupará uma área de 10<br />

000m 2 , em dois pavilhões, e está<br />

dividida em três sectores: Produtos<br />

(fruta e hortícolas frescos, IV e<br />

V Gama, produtos biológicos, legumes,<br />

frutos secos, especiarias e<br />

ervas aromáticas e produtos com<br />

denominação de origem); Fornecedores<br />

da Produção; Distribuidores<br />

e Serviços.<br />

Os promotores do evento anunciam<br />

um «modelo de organização<br />

e colaboração que garante a máxima<br />

orientação da feira para a satisfação<br />

das necessidades dos expositores».<br />

Um dos aspectos inovadores<br />

será a existência de stands modelares<br />

ou “ilhas” de 128 m 2 (para<br />

8 expositores de 16 m 2 cada ou<br />

múltiplos de 4 m 2 ), que, segundo<br />

a organização, permitem «poupar<br />

até 300% face à construção de um<br />

stand de desenho livre». Este último<br />

é possível só a partir de 128 m 2 .<br />

As ferramentas online – uma<br />

newsletter (www.fruitattractionnews.com)<br />

e um portal interactivo<br />

(www.fruitattraction.ifema.es)<br />

– são uma das apostas da organização<br />

para maximizar a comunicação<br />

dos participantes, desde já.<br />

Outro serviço é o “Ponto de Encontro<br />

Profissionais”, através do qual<br />

os expositores podem aceder, an-<br />

tes da data da feira, a informação<br />

sobre os visitantes profissionais<br />

inscritos para estes encontros. Permite<br />

marcar reuniões, fazer convites<br />

ou enviar informação prévia<br />

sobre produtos/serviços. A listagem<br />

de visitantes inscritos pode ser consultada<br />

online, por área de interesse,<br />

sector de actividade ou país de<br />

origem. Serviço disponível a partir<br />

de 1 de Julho e até duas semanas<br />

após conclusão da feira.<br />

A Fruit Attraction funcionará de<br />

quarta-feira (4) a sexta-feira (6) das<br />

10h às 19h.<br />

Espanha é o primeiro exportador<br />

mundial de frutas e legumes,<br />

depois dos EUA e da Holanda. Em<br />

2008, as exportações espanholas de<br />

frutas e legumes frescos superaram<br />

pela primeira vez os 8000 milhões<br />

de euros e atingiram 9,4 milhões<br />

de toneladas. As frutas e legumes<br />

são o principal ingrediente<br />

à mesa das famílias espanholas,<br />

com um consumo de 176 kg e<br />

244€/habitante/ano. •


DOSSIÊ frutos<br />

p20 – Frutos de caroço – retorno<br />

à normalidade na Europa<br />

p23 – Frutos de caroço – Herdade<br />

D. Joana colhe 2 milhões<br />

de quilos<br />

Chegaram os mais apetecidos<br />

p24 – Extremadura especializa-se<br />

em frutas de caroço<br />

p26 – Variedades de alperce mal<br />

adaptadas ao Sul<br />

p28 – Colheita semimecânica<br />

de pêssegos<br />

de verão<br />

p31 – Uva de Mesa – Vale da Rosa<br />

e Uval investem 10 milhões<br />

p32 – Frio obriga a replantar<br />

melão e melancia<br />

p34 – Colheita assistida<br />

em melão<br />

A produção europeia de pêssegos e nectarinas chegará aos 3 milhões de toneladas, mais 7% mais do que em 2008. No entanto, os<br />

efeitos da crise nos mercados e no consumo são difíceis de prever. Os produtores acreditam que o calor e o aumento do consumo<br />

dentro do lar venham a impulsionar as vendas de frutos de Verão, mas vivem espartilhados pelos preços esmagadores das grandes<br />

superfícies e pelas crescentes dificuldades de cobranças.<br />

No caso do alperce, é esperada uma produção 12% superior a 2008, na Europa, que ainda assim não chega para as encomendas.<br />

Apesar de ser um dos frutos mais apetecidos e valorizados na campanha de Verão, falta material vegetal adaptado para responder<br />

à procura. O problema é crítico em algumas zonas da Europa, incluindo Portugal.<br />

Os produtores nacionais de melão e de melancia tiveram um mau arranque de campanha, com custos acrescidos de replantação,<br />

devido ao frio. O mercado mantém o tradicionalismo habitual.<br />

A nível técnico,perseguem as tentativas de mecanizar parcialmente a colheita dos frutos de caroço e do melão.As opiniões dividem-<br />

-se quanto à performance das soluções encontradas.


20<br />

frutos de verão<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

Retorno à normalidade<br />

na Europa<br />

Por: Guy Dubon, Réussir<br />

Fruits et Légumes<br />

Aprodução europeia de pêssegos<br />

e nectarinas em<br />

2009 andará próxima dos<br />

3 milhões de toneladas,<br />

ou seja, cerca de 7% mais<br />

do que em 2008. Quanto às pavias,<br />

a produção deverá ultrapassar ligeiramente<br />

um milhão de toneladas,<br />

ou seja, mais 1% do que em<br />

2008», anunciou Eric Hostalnou,<br />

da Câmara de Agricultura do Roussillon,<br />

durante o 21.º Europech, o<br />

fórum onde anualmente são reveladas<br />

as previsões de colheita de<br />

frutos de caroço na Europa. O<br />

evento decorreu, de 28 a 30 de<br />

Abril, no âmbito do MedFel, o I Salão<br />

Internacional de Negócios da<br />

Fileira Hortofrutícola do Mediterrâneo,<br />

em Perpignan, França.<br />

As condições climáticas homogéneas e favoráveis nos países produtores de frutas de<br />

caroço deixam antever uma campanha europeia “clássica”. Os efeitos da crise nos<br />

mercados e no consumo são difíceis de prever.<br />

As condições climáticas de Maio<br />

e Junho serão decisivas para a qualidade<br />

final da produção e expressão<br />

do potencial produtivo dos pomares,<br />

muito pouco afectado por<br />

intempéries na Primavera e favorecido<br />

por um Inverno frio e com<br />

chuva suficiente para abastecer as<br />

reservas de água.<br />

A homogeneidade do cenário climático,<br />

ao longo dos últimos meses,<br />

nos países Sul da Europa – Espanha,<br />

Itália, Grécia, França e Portugal<br />

– deixam antever uma produção<br />

ligeiramente superior à de<br />

2008 e semelhante à de 2004, 2005,<br />

2006 e 2007.<br />

Quanto ao alperce, é esperada<br />

uma produção de 515 mil tonela-<br />

A produção europeia de<br />

pêssegos e nectarinas em<br />

2009 andará próxima dos<br />

3 milhões de toneladas<br />

É difícil prever o impacto da crise no consumo de frutos de caroço<br />

das, ou seja, mais 12% do que<br />

em 2008. «Em 2009, a<br />

produção de alperce<br />

não foi afectada por<br />

geadas, ou só em<br />

alguns casos e de<br />

forma muito ligeira.<br />

No entanto,<br />

e apesar da<br />

floração abundante,<br />

a carga de<br />

fruta das árvores é<br />

globalmente média»,<br />

relatou Eric Hostalnou. A<br />

produção francesa de alperce<br />

mais do que duplicará, depois de a<br />

campanha de 2008 ter sido gravemente<br />

afectada pelas geadas. Por<br />

outro lado, as produções da Grécia,<br />

Itália e Espanha serão ligeiramente<br />

mais baixas.<br />

Crise gera incerteza<br />

Com volumes confortáveis face<br />

a 2008, este ano as maiores dúvidas<br />

recaem sobre a evolução dos<br />

mercados e do consumo, num cenário<br />

de crise económica. A baixa<br />

do poder de compra, o aumento do<br />

desemprego, a pressão sobre os<br />

preços, imposta pelas grandes superfícies,<br />

são variáveis que causam<br />

incerteza aos produtores.<br />

Nos frutos de caroço, o sector da<br />

indústria de transformação é um<br />

indicador concreto que revela uma<br />

situação complicada. De acordo<br />

com fontes espanholas, o escoamento<br />

de produtos transformados à base<br />

de pêssego (xaropes, concentrados,<br />

etc.) está difícil, desde o final<br />

de 2008, e há grandes stocks nas indústrias.<br />

Fontes gregas partilham a<br />

FRUTOS DE VERÃO


mesma ideia e mencionam ainda<br />

a oferta de transformados argentinos<br />

e chilenos a preços muito baixos.<br />

A eventual redução dos volumes<br />

contratados com a indústria<br />

poderá ter reflexos no mercado de<br />

fresco, pela invasão da fruta que habitualmente<br />

se destinaria à indústria.<br />

Em 2008, só a Espanha vendeu<br />

150 mil toneladas de pavias para a<br />

indústria. «Qual será o impacto sobre<br />

o mercado de fresco espanhol?<br />

O preço dos pêssegos e nectarinas<br />

espanholas destinadas sobretudo à<br />

exportação serão afectados?», questionam-se<br />

os observadores.<br />

Os operadores da União Europeia<br />

também estão preocupados<br />

com os problemas de flutuação<br />

monetária fora da Zona Euro. Os<br />

mercados tradicionais como a Inglaterra,<br />

ou em plena expansão como<br />

a Rússia, estão este ano menos<br />

receptivos. A Grécia, que nos últimos<br />

anos cresceu na exportação<br />

de frutos de caroço para a Rússia e<br />

outros mercados de Leste, poderá<br />

ter que retomar o grosso da sua ex-<br />

frutos de verão<br />

portação para a Europa ocidental.<br />

Embora seja difícil encontrar efeitos<br />

positivos na crise, nota-se agora<br />

que os responsáveis políticos se voltaram<br />

a interessar pelo sector agrícola,<br />

que havia sido marginalizado<br />

em benefício de outras actividades<br />

(finanças, construção). O aumento<br />

do desemprego também cria oportunidades<br />

pela maior disponibilidade<br />

de mão-de-obra. Em Espanha,<br />

onde a falta crónica de mão-de-obra<br />

tem sido apontada algumas vezes<br />

como um travão ao desenvolvimento<br />

da produção agrícola, a situação<br />

está a inverter-se, graças a uma taxa<br />

de desemprego que não tardará<br />

a atingir os 20% da população activa.<br />

Este ano assiste-se, por exemplo,<br />

em Lérida (Catalunha), a uma<br />

diminuição da contratação de trabalhadores<br />

nos seus países de origem.<br />

De 5000 contratos deste tipo,<br />

assinados em 2008, a região passou<br />

para 1000 contratos, em 2009. A<br />

maior disponibilidade de mão-de-<br />

-obra local é visível em algumas regiões<br />

de Portugal. •


22<br />

frutos de verão<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

Previsões de produção<br />

pêssego-nectarina-alperce 2009<br />

Espanha<br />

O potencial de produção não está no<br />

seu máximo, mas é superior a 2008:<br />

+ 5% de pêssegos (326 784 t de produção<br />

estimada) e + 6% de nectarinas<br />

(436 175 t). Diminuição das áreas<br />

de pavias: -6% (406 505 t).<br />

Continuam as plantações de pêssegos<br />

“vermelhos”, de nectarinas e<br />

pêssegos achatados na Catalunha.<br />

No alperce há uma ligeira diminuição<br />

em relação a 2008 (-2%), que se<br />

acentua (- 15%) quando comparada<br />

com a média 2003-2007. A produção<br />

estimada de alperce é de 90 mil<br />

toneladas.<br />

Grécia<br />

Ligeira alta em relação a 2008: + 2%<br />

de pêssegos (252 mil t de produção<br />

estimada), + 4% de nectarinas (98<br />

mil t) e + 4% de pavias (550 mil t). A<br />

área de pomar está globalmente<br />

estável, mantém-se o potencial de<br />

produção de pavias.<br />

Está prevista uma colheita de 50 mil<br />

toneladas de alperce, -30% do que<br />

em 2008, devido a uma fraca taxa<br />

de vingamento.<br />

Produtores franceses agrupam-se<br />

As principais organizações de produtores de pêssegos e nectarinas<br />

francesas criaram uma associação de organizações de produtores<br />

(AOP), com o objectivo de valorizarem a sua produção face à<br />

concorrência estrangeira, nomeadamente espanhola. A nova AOP,<br />

reconhecida em Fevereiro passado, tem sede em Nimes, reúne 80%<br />

da produção organizada do país, ou seja, cerca de 150 mil toneladas<br />

e um volume de negócios de 140 milhões de euros. As quatro grandes<br />

zonas produtoras são: Vallé du Rhône, Crau, Costières du Gard<br />

e Roussillon. Esta associação está a lançar uma campanha de comunicação<br />

com a marca colectiva “Pêche d’ici” (pêssego daqui),<br />

incluindo a colagem de etiquetas desta marca nos frutos, fazendo<br />

apelo ao consumo dos frutos franceses, em detrimento do produto<br />

importado. Outro objectivo desta AOP é dar maior dimensão à produção,<br />

nas negociações com as grandes superfícies de distribuição.<br />

A França importa cerca de 123 mil toneladas de pêssego/nectarina<br />

espanhola, e consome um total de 350 mil toneladas.<br />

Itália<br />

Ligeiro aumento em relação a 2008:<br />

+5 de pêssegos (716 300 t de produção<br />

estimada), + 8% de nectarinas<br />

(795 600 t) e +19% de pavias (107<br />

800 t). Retorno aos níveis de 2005,<br />

2006 ou 2007, mas abaixo de 2002<br />

ou 2004.<br />

Está prevista uma colheita de 200<br />

mil toneladas de alperce, -5% do<br />

que em 2008.<br />

França<br />

Campanha claramente superior a<br />

2008: + 16% de pêssegos (167 185 t<br />

de produção estimada), + 15% de<br />

nectarinas (158 829 t) e +2% em<br />

pavias (6240 t). Grandes diferenças<br />

entre bacias de produção.<br />

A produção de alperce é estimada<br />

em 170 mil toneladas, + 115% do<br />

que em 2008, mas ligeiramente inferior<br />

às campanhas de 2005 ou 2006.<br />

FRUTOS DE VERÃO<br />

Fonte: Europech 2009


DOSSIÊ<br />

Herdade D. Joana<br />

colhe 2 milhões de quilos<br />

Por: Nélia Silva<br />

AHerdade D. Joana Sociedade<br />

Agrícola, Lda, situada<br />

nas freguesias de Caia e<br />

São Pedro, concelho de<br />

Elvas, é um investimento<br />

do grupo Tany Nature, com dois<br />

outros sócios espanhóis, Ricardo<br />

Leal e Frutas Fernandez, ambos<br />

proprietários de investimentos em<br />

Portugal, no sector têxtil (Cristian<br />

Lay) e no transporte de fruta por<br />

navio. A herdade abrange uma área<br />

cultivada de 200 hectares, com pomares<br />

de frutas de caroço (pêssego,<br />

nectarina, ameixa e alperce) e<br />

marmelo, que estão no segundo<br />

ano de produção. Em 2009, é esperada<br />

uma produção de 2 milhões<br />

de quilos, mas em 2011 deverá aumentar<br />

para 3,5 milhões de quilos.<br />

«Queríamos ser portugueses, não<br />

só vender fruta em Portugal mas<br />

também produzir. O nosso principal<br />

problema foi a burocracia, que<br />

atrasou a plantação, só iniciámos<br />

em Maio de 2006, quando já deveria<br />

estar terminada», conta Manuel<br />

Sanz, o gerente da Herdade D. Joa-<br />

Os paraguaios são uma das apostas da Herdade D. Joana<br />

FRUTOS DE VERÃO <strong>FLF</strong><br />

frutos de verão<br />

O grupo espanhol Tany Nature investiu 25 milhões de euros em 200 hectares<br />

de pomar de frutas de caroço, e 400 hectares de olival, no concelho de Elvas.<br />

Seguem-se mais 150 hectares de fruteiras e uma central de embalamento,<br />

avaliada em 100 milhões de euros.<br />

na. Entre os motivos que enuncia<br />

para a escolha da localização, destaca<br />

a qualidade da terra (aluvião do<br />

rio Guadiana) e da água (pH neutro)<br />

e a menor probabilidade de<br />

ocorrência de geadas, que permite<br />

plantar variedades de floração mais<br />

precoce. A colheita começa na primeira<br />

quinzena de Maio, com o alperce,<br />

e decorre até Setembro.<br />

Fruta de qualidade, com cor e sabor,<br />

é o objectivo do grupo Tany Nature,<br />

um dos maiores produtores<br />

de frutas de caroço da Europa –<br />

3000 hectares (incluindo pêra). Na<br />

Herdade D. Joana, tal como nas restantes<br />

quintas do grupo, instaladas<br />

ao longo do rio Guadiana, desde<br />

Mérida até Lepe, o leque de variedades<br />

é grande e inovador. «Começámos<br />

a fazer muita nectarina, variedades<br />

novas da gama Honey, e<br />

também alperces. Iniciámos a produção<br />

de alperces há dois anos, no<br />

total temos 30 hectares», explica<br />

Manuel Sanz. Os paraguaios (pêssegos<br />

achatados) são outra novidade,<br />

tal como novas variedades de<br />

Herdade D. Joana, nas freguesias de Caia e São Pedro, concelho de Elvas<br />

ameixas, de brix elevado (19º a 21º),<br />

obtidas por um geneticista israelita<br />

e exclusivas da Tany Nature.<br />

A fruta colhida na Herdade D.<br />

Joana é expedida para a sede da<br />

Tany Nature, em Zurbaran, Badajoz.<br />

Porém, o grupo deseja construir<br />

uma central de calibragem<br />

e embalamento na quinta portuguesa,<br />

um investimento de 100<br />

milhões de euros, mas que só avançará<br />

com apoios do Estado português.<br />

Entretanto, a área de pomar<br />

O grupo Tany Nature produz 30 hectares de alperce<br />

da Tany Nature continua a crescer<br />

em Portugal. Perto de Elvas, instalaram,<br />

este ano, mais 50 hectares<br />

de fruteiras de caroço.<br />

A Herdade D. Joana concorreu<br />

aos apoios do PRODER com um<br />

projecto (ainda sem resposta) que<br />

inclui a plantação de mais 100 hectares<br />

de fruteiras, 400 hectares de<br />

olival (já instalado) e a construção<br />

da central fruteira. Até ao momento,<br />

o grupo Tany Nature investiu 25<br />

milhões de euros em Portugal. •<br />

106 | Maio/Junho 2009 23


A Extremadura produz 110 mil toneladas de pêssego e nectarina<br />

FRUTOS DE VERÃO<br />

24<br />

frutos de verão<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

Extremadura especializa-se<br />

em frutas de caroço<br />

A área de pomar na Extremadura cresce a um ritmo de<br />

10 a 15% ao ano, com predomínio para as frutas de<br />

caroço. A campanha 2009 apresenta-se normal em produção,<br />

mas arrancou entre o optimismo e o receio,<br />

ensombrada pela crise.<br />

Aárea de pomar na Extremadura<br />

cresce a um ritmo de<br />

10 a 15% ao ano, «mais do<br />

que em qualquer zona de<br />

produção europeia… estamos<br />

isolados das restantes zonas<br />

de produção fruteira e apostamos<br />

na qualidade da nossa fruta, cada<br />

vez mais reconhecida», constata Miguel<br />

Angel, secretário-geral da Associação<br />

de Fruticultores da Extremadura<br />

(Afruex) em entrevista à<br />

Frutas, Legumes e Flores. A fruta<br />

de caroço tem sido a grande aposta<br />

desta província vizinha. A Afruex assegura<br />

que a Extremadura está a<br />

disputar o segundo lugar de produtor<br />

de fruta de caroço em Espanha,<br />

junto com La Rioja, o líder é a Catalunha.<br />

Números que contradizem<br />

as estatísticas apresentadas no Forum<br />

Ecopech 2009, que colocam<br />

a Extremadura como quinta região<br />

produtora de pêssego, pavia e nectarina<br />

em Espanha.<br />

A área de pomar de nectarina<br />

continua a aumentar, enquanto as<br />

áreas de pêssegos e ameixa tendem<br />

a estabilizar. O alperce e o paraguaio<br />

são culturas mais recentes na região,<br />

mas com potencial de crescimento.<br />

«O paraguaio está a ter grande aceitação<br />

no mercado. É uma fruta muito<br />

doce, fácil de pelar e tirar o caroço,<br />

chamam-lhe donuts», explica o<br />

responsável da Afruex. Quanto ao alperce,<br />

são ilustrativas as declarações<br />

de Marisa Petronila, directora de<br />

exportação da empresa Nogal Fruits:<br />

«este ano, se tivesse 5000 hectares<br />

de alperce, vendia toda a produção.<br />

Há mais procura do que oferta… na<br />

semana passada (2ª de Maio), o alperce<br />

de calibre 3-4 valia 3€/kg no<br />

mercado de Perpignan, o nosso que<br />

tem calibre 8, vale cerca de 5€/kg»,<br />

A área de pomar de nectarina continua a aumentar, enquanto as áreas<br />

de pêssegos e ameixas tendem a estabilizar<br />

acrescenta.<br />

A região tem apostado forte na<br />

promoção da imagem das suas frutas,<br />

através do selo de qualidade<br />

«Alimentos de Extremadura», e, em<br />

breve, apresentará a IGP Ameixa de<br />

Extremadura. «Pretendemos a diferenciação<br />

ao criar a IGP Ameixa<br />

de Extremadura, é mais um selo de<br />

qualidade… se vai valorizar a produção<br />

em preço não sei, mas permitirá<br />

vendê-la», opina Francisco<br />

Lopez, director de Frutas Caval,<br />

uma cooperativa que produz perto<br />

de 1000 hectares de ameixa.<br />

Entre o optimismo<br />

e o receio<br />

O ano agrícola correu de feição<br />

à produção de fruta de caroço na<br />

Extremadura espanhola. O Inverno<br />

frio e a Primavera com muitas<br />

horas de sol, sobretudo na data de<br />

floração, permitiram bom desenvolvimento<br />

da fruta. «À excepção<br />

de geadas pontuais e alguns problemas<br />

de vingamento (em ameixa),<br />

em algumas zonas, tudo correu<br />

bastante bem. Tendo em conta<br />

que o nosso potencial de produção<br />

ronda as 320 mil toneladas, em<br />

fruta de caroço (110 mil toneladas<br />

de pêssego e nectarina) e pomoideas,<br />

estaremos com uma produção<br />

à volta de 260 mil toneladas»,<br />

informa Miguel Angel, da Afruex.<br />

Os maiores receios de produtores<br />

e empresas estão associados à<br />

crise socioeconómica que se vive a<br />

Europa. «Preocupa-nos a gestão de<br />

cobranças, a diminuição das garantias<br />

por parte das empresas financeiras<br />

e as relações com as grandes<br />

cadeias de distribuição, que estão<br />

a baixar os preços de forma insuportável<br />

e fazem contratos com


FICHA<br />

DE PRODUTOR<br />

Nogal Fruits<br />

Extremadura S.L.<br />

Zonas de produção: Don<br />

Benito, Miajadas<br />

Área: 300 hectares<br />

(produção própria, 200 ha<br />

de frutos de caroço)<br />

Frutos: Alperce, ameixa<br />

(entre as quais Rainha<br />

Cláudia), pêssego, nectarina,<br />

paraguaio, pêra, nozes,<br />

marmelo<br />

Exportação: 95% da produção<br />

Exportação para Portugal:<br />

75% do total exportado<br />

(2008)<br />

cláusulas que quase chegam a ser<br />

abusivas», constata o mesmo responsável.<br />

Francisco Lopez, da Frutas<br />

Caval, dá voz a estas preocupações:<br />

«encaramos a campanha com<br />

muita incerteza, mantendo os mesmos<br />

clientes, e na esperança de<br />

conseguir cobrar. Vai haver mais<br />

concorrência na exportação, devido<br />

à crise em Espanha».<br />

Marisa Petronila é mais optimista:<br />

«estamos com muito boas expectativas,<br />

pelo menos até 20 de<br />

Junho, data em que começa a chegar<br />

ao mercado a fruta de Lérida.<br />

Por exemplo, na ameixa há menos<br />

uns 40% (zona das Vegas Altas do<br />

Guadiana), devido a problemas na<br />

floração, o que fará aumentar os<br />

preços», afirma.<br />

DOSSIÊ frutos<br />

FICHA<br />

DE PRODUTOR<br />

Frutas Caval<br />

Zonas de produção: Vale<br />

de la Calzada (Badajoz<br />

e Huelva)<br />

Nº de associados: 270, dois<br />

quais 180 produtores de<br />

fruta de caroço<br />

Área: 1200 hectares<br />

Frutos: ameixas (80% da<br />

produção), pêssego, nectarina<br />

e pêra<br />

Exportação: 95% da produção<br />

Exportação para Portugal:<br />

10%<br />

O secretário-geral da Afruex vê<br />

na crise uma oportunidade para<br />

aumento de consumo de fruta, relacionada<br />

com o aumento do consumo<br />

das famílias dentro do lar:<br />

«em situações de crise, muita gente<br />

volta a comer em casa ou leva<br />

a comida para o trabalho, incluindo<br />

uma peça de fruta. É preciso dizer<br />

que a fruta não é cara. Com um<br />

quilo uma família de cinco pessoas<br />

tem a sobremesa assegurada,<br />

por 1,20€. Poucos produtos conseguem<br />

competir com a fruta».<br />

Exportação muda de rota<br />

A Extremadura é hoje uma região<br />

exportadora de frutas por excelência.<br />

Nas maiores empresas, a<br />

exportação ronda os 95%, mas o le-<br />

que de países de destino está a sofrer<br />

mutações. «A exportação para<br />

Europa de Leste funcionou muito<br />

bem durante um par de anos, mas<br />

agora já não é tão atractiva, o poder<br />

de compra local baixou e há<br />

problemas de cobranças, devido à<br />

crise e à baixa dos preços do petróleo»,<br />

precisa Miguel Angel. Portugal<br />

(20%), Alemanha, Itália e Reino<br />

Unido são por esta ordem de importância<br />

(em volume) os principais<br />

clientes. Brasil (ameixa), Amé-<br />

de verão<br />

Novas variedades de frutas de caroço<br />

A Frutas Caval tem um projecto de investigação de novas variedades<br />

de frutas de caroço, em convénio com os Viveiros Provedo.<br />

São 38 variedades de pêssego e nectarina, precoces, com brix de 8º<br />

a 12º, em venda há três anos. Linhas Extreme ® , Fresh ® e Plane ® .<br />

«Iniciamos esse projecto, porque antes usávamos variedades norte-<br />

-americanas e italianas mal adaptadas às condições edafoclimáticas<br />

da Extremadura».<br />

rica do Sul e Sul de África são outros<br />

mercados onde a fruta da Extremadura<br />

começa a ser consumida.<br />

As mais recentes apostas dos<br />

fruticultores da Extremadura são<br />

os mercados do Médio Oriente, Malásia<br />

e Hong Kong. «Já consomem<br />

frutas de caroço, importadas do<br />

Chile e da Califórnia, mas têm gostos<br />

diferentes dos europeus, querem<br />

fruta muito doce, mas sem ácido»,<br />

explica Miguel Angel, a propósito<br />

dos mercados asiáticos. •<br />

Nas Vegas Altas do Guadiana há menos ameixa devido a problemas<br />

com a floração<br />

Empresa especializada em monitorização, confusão sexual e captura massiva de pragas agrícolas e florestais<br />

Ana Paula Santos (Coordenadora Técnica)<br />

Telem. (+351) 919 371 946<br />

paulasantos@atflda.com<br />

Sandra Custódio (Técnica Comercial)<br />

Telem. (+351) 918 498 390<br />

sandracustodio@atflda.com<br />

Paulo Manso (Técnico Comercial)<br />

Telem. +351 919 368 471<br />

paulomanso@atflda.com


26<br />

frutos de verão<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

Variedades de alperce<br />

mal adaptadas ao Sul<br />

Por: Michel Bru (Réussir<br />

Fruits et Légumes)<br />

e Nélia Silva<br />

Itália, França, Espanha e Grécia<br />

produzem cerca de 90% do<br />

alperce europeu. Longe estão<br />

a Hungria, Sérvia, República<br />

Checa e Suíça, produtores de<br />

menores volumes. Portugal é um<br />

produtor residual, com uma área<br />

de 283 hectares (inquérito da Eurostat<br />

relativo ao ano 2007). A<br />

maior parte da produção europeia<br />

de alperce ocorre em zonas tradicionais,<br />

ancorada em uma ou duas<br />

variedades locais, quase endémicas.<br />

«A falta de plasticidade das variedades<br />

explica que, apesar de<br />

existirem muitas variedades disponíveis,<br />

muitas zonas de produção<br />

não encontram novas variedades<br />

adaptadas às suas condições edafoclimáticas.<br />

A falta de material vegetal<br />

adaptado é o principal travão<br />

Apesar da crescente procura de alperce, a produção é muito flutuante de ano para<br />

ano. Falta material vegetal adaptado em algumas zonas de produção na Europa,<br />

incluindo o sul da Península Ibérica.<br />

ao desenvolvimento desta espécie<br />

em diversas zonas», constata Eric<br />

Hostalnou, especialista francês em<br />

frutas de caroço. Uma lacuna que<br />

está a impedir o desenvolvimento<br />

da cultura e a resposta à procura<br />

crescente de alperce no mercado.<br />

O consumidor tornou-se mais exigente<br />

quanto à qualidade, preferindo<br />

calibres médios a grandes, fruta<br />

de cor alaranjada a vermelho e<br />

de sabor doce. Características que<br />

as variedades tradicionais nem<br />

sempre conseguem assegurar.<br />

«Há problemas sérios na adaptação<br />

das variedades a Portugal, o seu<br />

comportamento é muito variável…<br />

a selecção varietal tem sido feita a<br />

pensar nas condições da França e<br />

do Canadá, a genética não está adaptada<br />

ao Sul», reconhece Francisco<br />

«Muitos geneticistas começam a ver um filão a explorar no segmento<br />

do alperce, com a venda de royalties», Manuel Sanz, Herdade D. Joana<br />

O consumidor prefere calibres médios a grandes, fruta de cor alaranjada<br />

a vermelho e de sabor doce<br />

Vez, gerente da Biodamasco, o<br />

maior produtor de alperce em Portugal<br />

(35 hectares em modo de produção<br />

biológica). O histórico de produção<br />

desta empresa de Serpa é<br />

exemplo dessa flutuação. Em 2008,<br />

produziu apenas 20 toneladas (devido<br />

ao granizo), já em 2009 a produção<br />

subiu para 100 toneladas<br />

(média de 3 toneladas/hectare), mas<br />

ficou abaixo do esperado. «Apesar<br />

de muitas horas de frio no Inverno,<br />

houve uma queda inexplicável de<br />

botões florais, algo que normalmente<br />

acontece em situações de falta de<br />

frio», adianta.<br />

Mais de metade da colheita da<br />

Biodamasco é garantida apenas por<br />

uma variedade (2 hectares) – a Ninfa<br />

– com a qual obtém 20 a 30 toneladas/hectare.<br />

Trata-se de uma<br />

variedade precoce, produtiva, mas<br />

com frutos de fraca qualidade.<br />

As queixas sobre o material vegetal<br />

dizem também respeito à<br />

época de produção, muito concentrada<br />

em poucas semanas. «Há 50<br />

ou 60 variedades, mas produzem<br />

todas no mesmo período. Não encontramos<br />

variedades produtivas<br />

que passem do 15 de Junho»,<br />

aponta Francisco Vez.<br />

Opinião um pouco diferente tem<br />

Manuel Sanz, gerente da Herdade<br />

D. Joana (grupo Tany Nature), em<br />

Elvas: «Há muitas geneticistas que<br />

começam a ver um filão a explorar<br />

no segmento do alperce, com a venda<br />

de royalties. Já há uma gama de<br />

variedades mais amplas, que podem<br />

ser produzidas em quase todos os<br />

sítios. Mas é mais difícil produzir<br />

alperce do que pêssego», afirma.<br />

A escassez de volumes e o curto<br />

FRUTOS DE VERÃO


período de tempo em que o alperce<br />

está à venda no mercado europeu –<br />

desde a segunda semana de Maio<br />

até meados de Julho – explicam, em<br />

grande medida, os preços elevados<br />

do alperce. «Na semana passada (2ª<br />

de Maio) o alperce de calibre 3-4 valia<br />

3€/kg no mercado de Perpignan,<br />

o nosso alperce, que tem calibre 8,<br />

vale cerca de 5€/kg!», reconhece<br />

Marisa Petronila, directora de exportação<br />

da empresa Nogal Fruits,<br />

na zona de Don Benito.<br />

Espanha – novas zonas<br />

produtoras<br />

Múrcia é a principal região produtora<br />

de alperce em Espanha. Bulida<br />

é a principal variedade cultivada.<br />

A maioria das explorações é<br />

de pequena dimensão e está dispersa.<br />

A área de pomar está a diminuir.<br />

Há pouca renovação varietal. O plano<br />

estatal que concede ajudas para<br />

replantação de pomares não<br />

convenceu os produtores, nem tão<br />

pouco as variedades existentes no<br />

mercado. Valência é outra zona de<br />

produção, onde a redução da área<br />

de pomar é ainda maior. O alperce<br />

está a despertar o interesse da Catalunha,<br />

Aragão e Extremadura,<br />

zonas onde predominam o pêssego<br />

e a nectarina. São áreas reduzidas,<br />

mas a produção pode evoluir<br />

frutos de verão<br />

rapidamente, se os obtentores conseguirem<br />

encontrar variedades<br />

adaptadas às condições locais.<br />

Grécia e Itália – pouca<br />

renovação<br />

Na Grécia, a produção está concentrada<br />

no Sul, na ilha de Creta,<br />

Tessalónica e Peloponeso. Bébéco<br />

é a variedade tradicional e predominante,<br />

usada tanto para produção<br />

em fresco como para transformação.<br />

Em Itália, a produção está concentrada<br />

em Campania e Emilia<br />

Romagna. Os pomares são compostos<br />

de variedades antigas, usadas<br />

para fresco e indústria. Nos últimos<br />

anos, o alperce começou a<br />

ser produzido em Basilicate e Métaponto.<br />

França – tradição<br />

do alperce<br />

A produção está situada na faixa<br />

mediterrânea – Roussillon, Costières<br />

de Nimes, Crau, Baronnies<br />

e Vale de Rhône. Beneficia de variedades<br />

bem adaptadas às suas<br />

condições edafoclimáticas, embora<br />

nem todas. A aposta na produção<br />

de alperce começou há mais de<br />

duas décadas, para fazer face à concorrência<br />

espanhola do pêssego e<br />

da nectarina. •<br />

«O mercado é deficitário devido à falta de variedades produtivas»,<br />

Francisco Vez


28<br />

frutos de verão<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

Colheita semimecânica<br />

de pêssegos<br />

Por: Nélia Silva<br />

Aprodução de pêssego, nectarina<br />

e pavia (pêssego<br />

amarelo usado na indústria)<br />

em Espanha é estimada<br />

em 1 169 464 toneladas<br />

(dados Forum Europech, Perpignan<br />

2009), das quais 406 mil toneladas<br />

são de pavia. A procura de<br />

produtos transformados à base de<br />

pêssego (metades, doces, sumos,<br />

etc.) está em crescimento, o que<br />

justifica a busca de soluções que<br />

reduzam os custos de produção,<br />

sobretudo quando a fruta se destina<br />

à indústria. Em Múrcia, uma<br />

das principais regiões produtoras<br />

de pavias em Espanha (110 000 t<br />

em 2009), o custo da mão-de-obra<br />

(monda, poda e colheita) representa<br />

cerca de 70 a 80% da conta de<br />

cultura, com 25% desses gastos<br />

destinados à colheita.<br />

Uma equipa de investigadores da<br />

Universidade Politécnica de Cartagena,<br />

da Universidade Politécnica<br />

A colheita de pêssegos com vibradores e um sistema de panos, inventado em<br />

Espanha, reduz o tempo e os custos de colheita, e os danos na fruta não são muito<br />

mais do que quando colhida à mão.<br />

de Valência e do Instituto Murciano<br />

de Investigação e Desenvolvimento<br />

Agrário e Alimentar testou<br />

três sistemas de colheita semimecânica<br />

– A, B e C, este último é<br />

uma versão melhorada do sistema<br />

A – em pêssego para indústria. O<br />

objectivo foi perceber se os meios<br />

mecânicos reduzem o tempo de<br />

colheita e se permitem obter frutos<br />

com a mesma qualidade do que<br />

os colhidos à mão.<br />

Em 2005 foram testados os sistemas<br />

A e B e comparado o seu<br />

desempenho com a colheita manual<br />

que decorria na mesma parcela.<br />

A colheita realizou-se em duas<br />

semanas distintas (meados e fins<br />

de Julho), na primeira em árvores<br />

pequenas (38kg/árvore) e com fruta<br />

em avançado estado de maturação,<br />

na segunda em árvores maiores<br />

(89 kg/árvore) e com idêntico<br />

estado de maturação. O sistema C<br />

foi testado em 2006.<br />

Sistema A: Derrube dos frutos com vibrador térmico de mochila, recepção<br />

dos mesmos com lonas movimentadas à mão e desenhadas pela equipa<br />

de investigadores.<br />

Frutos derrubados<br />

A percentagem de frutos derrubados<br />

com os sistemas mecânicos<br />

variou entre 83 e 95%, dependendo<br />

do tempo que os trabalhadores<br />

demoravam a encontrar a rama para<br />

ancorar o gancho do vibrador.<br />

Os frutos próximos do tronco ou<br />

na base dos ramos principais<br />

(


DOSSIÊ<br />

Sistema C: Derrube dos frutos com vibrador térmico de mochila, recepção<br />

dos mesmos com lonas movimentadas à mão.<br />

Trata-se do Sistema A melhorado.<br />

zidas no sistema. No sistema C, a<br />

percentagem de frutos com danos<br />

severos foi de 2,4% (os frutos colhidos<br />

em 2006 eram 73% maiores<br />

do que os colhidos em 2005). «É<br />

totalmente aceitável e semelhante<br />

aos danos provocados pela colheita<br />

manual. O sistema (C) não precisa<br />

de melhorias na colheita de<br />

fruta para indústria. Se quisermos<br />

usá-lo em fruta para consumo em<br />

fresco é preciso melhorar alguns<br />

pontos para reduzir danos ligeiros<br />

na fruta (picadas e escoriações).<br />

Quanto aos danos sofridos por golpes,<br />

é difícil reduzi-los em qualquer<br />

sistema mecânico, pois muitos<br />

acorrem quando os frutos batem<br />

nos ramos, ao cair», explica<br />

António Torregrosa.<br />

Capacidade de trabalho<br />

Com o sistema A, cada trabalhador<br />

colheu 193 kg/hora, quase o dobro<br />

da capacidade de colheita manual<br />

em pêssego de indústria na re-<br />

gião de Múrcia (100kg/trabalhador/hora).<br />

Com o sistema B, a capacidade<br />

de colheita por trabalhador<br />

foi de 216 kg/hora. No sistema C, a<br />

produtividade aumentou para 328<br />

kg/trabalhador/hora, três vezes mais<br />

do que no sistema manual.<br />

Os custos de colheita com o sistema<br />

C, o que demonstrou melhor<br />

performance, rondam os 500€ a<br />

700€/hectare: «pode-se estimar<br />

o custo de uma equipa, formada<br />

por 1 vibrador, 2 lonas e 3 trabalhadores,<br />

em 25-30€/hora, se colherem<br />

20-25 árvores/hora e com<br />

uma densidade de 500 árvores/hectare,<br />

sendo necessárias 20-25 horas/hectare,<br />

os custos rondarão os<br />

500 a 700€/hora», estima o investigador<br />

valenciano. •<br />

Bibliografia<br />

Artigo “Recolección mecânica de melocotones<br />

com vibradores manuales y lonas de<br />

recogida”, Fruticultura Profesional, nº 172,<br />

Janeiro-Fevereiro 2008<br />

Este sistema (C) foi testado com sucesso na colheita de pêssego, alperce,<br />

azeitona e citrinos. As lonas estão a ser fabricadas pela empresa Industrias<br />

David (Yecla, Múrcia) e vendidas a 2000€<br />

FRUTOS DE VERÃO <strong>FLF</strong><br />

frutos de verão<br />

Melhorias introduzidas no Sistema C: A lona foi aumentada de 3x3 m<br />

para 3x5 m, com perfil metálico na zona central para dar mais rigidez à<br />

lona, facilitando a descarga. Apoios da lona equipados com rodas com<br />

regulação em altura de forma independente (por cada apoio), o que permitiu<br />

facilitar o movimento das lonas entre árvores e regular a inclinação das<br />

lonas na descarga. Aumento do tamanho do gancho do vibrador de 40 mm<br />

para 67 mm, o que permitiu vibrar ramos de maior diâmetro e aumentar a<br />

percentagem de frutos derrubados.<br />

Formação adequada do pessegueiro<br />

para colheita semimecânica<br />

1. Quanto maior a altura do tronco melhor, pois maior é a pendente<br />

possível às lonas para que a fruta rode até ao ponto de descarga,<br />

sem se formarem bolsas de fruta. Pode usar-se o sistema a partir<br />

de 0,5 metros de altura do tronco.<br />

2. A copa da árvore deve estar o mais aberta possível, para evitar<br />

que os frutos choquem com os ramos ao cair.<br />

3. Evitar ramos muito compridos, que sairão para fora do perímetro<br />

das lonas.<br />

4. A poda mecânica ajudará a manter as árvores dentro dos limites<br />

desejados.<br />

A percentagem de danos severos com a colheita semimecânica é quase<br />

idêntica à verifica por colheita manual<br />

106 | Maio/Junho 2009 29


As empresas Herdade Vale da<br />

Rosa e Uval investiram<br />

cerca de 10 milhões de euros<br />

em novas plantações<br />

de uva de mesa, e na construção<br />

de câmaras frigoríficas e outros<br />

equipamentos na central de embalamento,<br />

situada em Ferreira do<br />

Alentejo, e comum às duas explorações.<br />

O investimento teve o apoio<br />

do PRODER, que co-financiou as<br />

duas empresas em 2006 milhões de<br />

euros (investimento total de cerca<br />

de 6000 milhões) e 1464 milhões de<br />

euros (investimento total de 3779<br />

milhões), respectivamente. O pri-<br />

DOSSIÊ frutos<br />

meiro-ministro, José Sócrates, e o<br />

ministro da Agricultura, Jaime Silva,<br />

estiveram na Herdade Vale da Rosa,<br />

dia 1 de Maio, para a assinatura<br />

do contrato de financiamento.<br />

O investimento da Herdade Vale<br />

da Rosa inclui a plantação de 88<br />

hectares de uva de mesa, sobretudo<br />

variedades sem grainha. Crimson,<br />

Thompson e Sugraone são as<br />

principais, mas destacam-se ainda<br />

as variedades Sophia e Midnight<br />

Beauty. Estas duas últimas introduzidas<br />

através de uma parceria<br />

com a Sun World, um importante<br />

obtentor californiano de varie-<br />

dades de uva de mesa e frutas de<br />

caroço. A Herdade Vale da Rosa colhe,<br />

por ano, cerca de 4 mil toneladas<br />

de uva, destinando cerca de<br />

25% da produção à exportação.<br />

O investimento da Uval consiste<br />

na plantação de 66 hectares de<br />

uva de mesa, com e sem grainha,<br />

instalação de coberturas e um sistema<br />

de rega gota-a-gota. A produção<br />

da Uval localiza-se na Herdade<br />

de verão<br />

Vale da Rosa e Uval investem<br />

10 milhões<br />

António Silvestre Ferreira o impulsionador da uva de mesa do Alentejo<br />

da Chã, Porto Mouro (Canhestros),<br />

com uma área útil actual de plantação<br />

de 55 hectares, que deverá<br />

expandir-se a mais 25 hectares, nos<br />

próximos dois anos. O target da<br />

Uval divide-se em 75% (exportação)<br />

e 25% (mercado nacional). A<br />

Uval é uma sociedade entre António<br />

Silvestre Ferreira (proprietário<br />

da Herdade Vale da Rosa) e um<br />

sócio italiano. •


32<br />

frutos de verão<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

Frio obriga a replantar melão<br />

e melancia<br />

Os produtores de melão e melan-<br />

Por: Nélia Silva<br />

cia tiveram um mau arranque de<br />

campanha, com custos acrescidos<br />

de replantação, devido ao frio que destruiu muitas<br />

plantas. A época de colheita é aguardada com apreensão,<br />

em virtude da crise económica. Só um Verão quente<br />

poderá aumentar o consumo.<br />

As baixas temperaturas ocorridas<br />

em Abril originaram<br />

queimaduras nas plantas<br />

de melão e melancia. A<br />

melancia, mais sensível ao<br />

frio, foi a mais afectada no Ribatejo.<br />

«No geral morreram 10 a 20% das<br />

plantas plantadas nos primeiros 15<br />

dias de Abril», afirma Carlos Ferreira,<br />

referindo-se à zona de produção<br />

de Santarém. Na zona de Almeirim<br />

e Alpiarça «as taxas de mortalidade<br />

atingiram os 30% em algumas parcelas,<br />

devido ao frio e ao excesso de<br />

água no solo», refere Alexandra Sequeira.<br />

Este cenário obrigou os agricultores<br />

a retanchar os meloais, com<br />

custos acrescidos na aquisição de<br />

plantas e em mão-de-obra. A replantação<br />

deverá originar uma menor<br />

homogeneidade da produção nas<br />

parcelas, com plantas a evoluir a diferentes<br />

velocidades. Por outro lado,<br />

é expectável um ligeiro atraso<br />

na colheita, que poderá ser recuperado,<br />

se o fim da Primavera e o<br />

início do Verão forem quentes.<br />

Crise gera apreensão<br />

Os produtores de melão aguardam<br />

a época de colheita com apreensão,<br />

devido à crise económica. A<br />

combinação crise-Verão frio é o cenário<br />

mais receado. Se o Verão for<br />

quente, o consumo de melão, melancia<br />

e meloa aumenta, tanto em<br />

Portugal como no resto da Europa,<br />

mas se as temperaturas se mantiverem<br />

amenas, o consumo cai.<br />

«Se não houver calor na Europa,<br />

como aconteceu nos últimos dois<br />

anos, a exportação diminui. Nesse<br />

caso, os espanhóis, que vivem da<br />

exportação, acabam por nos sufocar<br />

com preços baixos», antecipa<br />

Carlos Ferreira, o maior produtor<br />

individual de melão em Portugal e<br />

fundador da Hortomelão.<br />

Alexandra Sequeira, responsável<br />

do departamento agrícola da recém-criada<br />

Campihorta, teme pela<br />

baixa valorização do melão na<br />

produção, à semelhança do que relata<br />

no morango. «Estou convencida<br />

de que os consumidores vão<br />

“Terras do Barro”, nova marca<br />

da Hortomelão<br />

A Hortomelão vai lançar, este ano, a marca “Terras do Barro”,<br />

um melão seleccionado, com um brix mínimo de 13º, com forte aposta<br />

na suavidade da polpa, etiqueta individual e embalagens atraentes.<br />

Para tanto investiu num calibrador que faz selecção através do<br />

brix. «Estamos a investir nesta marca para lançar nos supermercados<br />

ou fora deles, o futuro nos dirá se o nosso produto merece<br />

aceitação», afirma Carlos Ferreira.<br />

As baixas temperaturas ocorridas em Abril originaram queimaduras<br />

nas plantas de melão e melancia<br />

retrair-se, adiando as compras até<br />

os preços baixarem», diz a propósito<br />

da habitual euforia de início<br />

de campanha. Carlos Ferreira nota<br />

uma retracção do consumo de<br />

hortícolas (couves e brócolos),<br />

desde Outubro a esta parte, e acrescenta:<br />

«as pessoas cada vez compram<br />

menos, e produtos mais baratos,<br />

como é o caso de uma meloa<br />

mais pequena, ao invés de levarem<br />

três ou quatro melões, vão<br />

levar só um ou dois.»<br />

Oportunidade<br />

no melão verde<br />

Apesar do habitual tradicionalismo<br />

do nosso mercado, centrado<br />

no melão branco, nota-se alguma<br />

evolução. Os melões verdes têm<br />

ganho quota de mercado e são ca-<br />

da vez mais procurados pelos hiper<br />

e supermercados. A justificação<br />

parece estar na melhor performance<br />

do melão verde em sabor,<br />

textura da polpa e apresentação exterior,<br />

mesmo em condições climáticas<br />

adversas.<br />

Apesar disso, os agricultores portugueses<br />

tardam em responder à<br />

procura do mercado, levando os<br />

compradores a abastecer-se em Espanha.<br />

«Por um lado, falta-nos<br />

“tradição” na produção do melão<br />

verde, e por outro lado, no Ribatejo,<br />

a humidade elevada gera problemas<br />

de oídio, que não se verificam<br />

em Espanha, onde o clima é<br />

mais seco. Os espanhóis conseguem<br />

fazer o melão com as características<br />

e os calibres que os supermercados<br />

procuram, e nós nem<br />

FRUTOS DE VERÃO


DOSSIÊ frutos<br />

«Estou convencida de que os consumidores vão<br />

retrair-se, adiando as compras até os preços baixarem»,<br />

Alexandra Sequeira, ao lado de um associado<br />

sempre», justifica Carlos Ferreira,<br />

que produz cerca de 50 hectares de<br />

melão verde, todo no Alentejo, uma<br />

região mais seca.<br />

O Alentejo foi também a opção<br />

da Campihorta para o melão. A empresa<br />

transferiu, este ano, grande<br />

parte da sua produção para Moura,<br />

Mourão e Montoito. «No Alentejo<br />

consegue-se melão com brix<br />

mais elevado e calibres mais homogéneos,<br />

além de permitir antecipar<br />

a colheita cerca de 15 dias em<br />

relação ao Ribatejo», avança Alexandra<br />

Sequeira.<br />

Na melancia aumenta a procura<br />

de variedades de casca “preta”<br />

(calibre menor, casca mais fina) e<br />

começa a despertar o interesse por<br />

variedades “sem sementes” (ou<br />

«Espero que apareçam melhores variedades<br />

de melão branco, do ponto de vista do consumidor»,<br />

Carlos Ferreira<br />

com micro-sementes”) em detrimento<br />

da melancia riscada.<br />

A meloa tem vindo a perder área<br />

em Portugal, tanto no Algarve como<br />

no Ribatejo. A concorrência da<br />

meloa espanhola, mais barata do<br />

que a portuguesa e em grandes<br />

quantidades, “sufoca” os produtores<br />

portugueses, que se começam<br />

a desinteressar da cultura. •<br />

Equilíbrio Perfeito<br />

Fertilizante potássico com teores equilibrados de enxofre e magnésio. Todos os<br />

nutrientes se encontram na forma de sulfatos, rapidamente assimiláveis pelas plantas<br />

na sua totalidade. Garantia de alto rendimento e qualidade de acordo com as actuais<br />

exigências de mercado. Recomendado em agricultura biológica de acordo com o<br />

Reg. CE Nº 834/2007 e CE Nº 889/2008.<br />

Patentkali ® 30% K 2O · 10% MgO · 42% SO 3<br />

de verão<br />

FICHA DE PRODUTOR<br />

Hortomelão, Produtos<br />

Hortícolas e Frutas, Lda<br />

Sede: Achete, Santarém<br />

Ano de fundação: 2005<br />

N.º produtores: 17<br />

Área por cultura: 460 ha de<br />

melão, meloa e melancia<br />

Zonas produção: Ribatejo e<br />

Alentejo<br />

FICHA DE PRODUTOR<br />

Campihorta, Sociedade<br />

Produção Produtos<br />

Agrícolas, Lda<br />

Sede: Alpiarça<br />

Ano de fundação: 2008<br />

N.º produtores: 36 produtores<br />

Área por cultura: 60 ha<br />

melão; 30 ha melancia; 28<br />

ha morango; 25 ha batata;<br />

20 ha cebola; 58 ha legumes<br />

Zonas produção: Ribatejo e<br />

Alentejo<br />

Parque Industrial de Mitrena · Lotes 42–45 · 2910-738 SETÚBAL · Portugal<br />

Tel.: +351 265 709 660 · Fax: +351 265 709 665 · E-Mail: deiba@dfgrupo.com · www.adubosdeiba.com


34<br />

frutos de verão<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

Colheita assistida em melão<br />

Por: Guy Dubon, Veronique<br />

Bargain (Réussir Fruits<br />

et Légumes) e Nélia Silva<br />

Acolheita representa uma fatia<br />

importante da conta de<br />

cultura do melão, a seguir<br />

aos grandes factores de<br />

produção (plantas, adubos,<br />

plásticos, pesticidas). A colheita<br />

ocupa 60 a 75% do tempo de trabalho<br />

necessário num meloal, muito<br />

menos do que, por exemplo, a<br />

plantação. É, pelo menos, esta a realidade<br />

em França.<br />

A estrutura tradicional da colheita<br />

do melão assenta nos baldes/caixas,<br />

nos paloxes e nos reboques. É<br />

um sistema flexível que se adapta<br />

bem ao maior ou menor volume a<br />

colher. Uma, duas ou três dezenas<br />

de trabalhadores deslocam-se ao<br />

longo de número equivalente de linhas,<br />

e por cada 4 apanhadores há<br />

um carregador que transporta os<br />

baldes/caixas e os descarrega nos paloxes.<br />

É simples e eficaz.<br />

No entanto, o trabalho é penoso,<br />

sobretudo o dos carregadores<br />

dos baldes/caixas. O que impede<br />

um nível constante de produtividade<br />

ao longo do dia. Por outro lado,<br />

as idas e vindas dos carregadores<br />

degradam a vegetação e provocam<br />

estragos nos frutos que estão<br />

a ser colhidos e nos que ainda estão<br />

em fase de maturação. Parece<br />

uma questão menor, muitas vezes<br />

desvalorizada pelos produtores,<br />

mas trata-se de facto de um «atentado»<br />

ao potencial de produção da<br />

parcela, tanto ao nível quantitativo,<br />

pela redução da longevidade<br />

das plantas, como ao nível qualitativo,<br />

através de “toques” nos melões.<br />

De acordo com alguns produtores<br />

franceses de melão, as perdas<br />

relacionadas com a colheita representam<br />

20 a 25% da perda do<br />

potencial de colheita de um melo-<br />

Reduzir a penosidade do trabalho, aumentar a quantidade de melão colhido<br />

por hora e preservar o potencial de produção do meloal são vantagens<br />

das máquinas de apoio à colheita de melão.<br />

al e estão relacionadas com a degradação<br />

da vegetação (plantas e<br />

flores) e impacto na fruta, por pisoteio<br />

e “toques”.<br />

Realidade em Portugal<br />

Em Portugal, os produtores<br />

contactados pela Frutas, Legumes<br />

e Flores não são unânimes nesta<br />

questão. «No ano passado, tive<br />

duas parcelas em que o agricultor<br />

recorreu a mão-de-obra sem experiência<br />

na colheita e em dois<br />

dias as plantas ficaram todas danificadas<br />

devido ao pisoteio, inviabilizando<br />

as colheitas secundárias»,<br />

conta Alexandra Sequeira,<br />

do departamento agrícola da Campihorta,<br />

uma nova empresa de Alpiarça,<br />

que contrata e vende 60<br />

hectares de melão branco. O preço<br />

elevado da mão-de-obra – a colheita<br />

representa em média 25 a<br />

30% dos custos da cultura, assumindo<br />

a contratação de mão-de-<br />

-obra sazonal, e uma produtividade<br />

de 30 toneladas/hectare – e a<br />

escassez de trabalhadores são ou-<br />

tros pontos críticos que refere na<br />

colheita do melão.<br />

Luís Correia, gerente da Planície<br />

Verde, em Rio Maior, que produz<br />

e contrata cerca de 120 hectares<br />

de melões, concorda que «a<br />

cultura do melão é muito dispendiosa<br />

e a colheita ocupa uma percentagem<br />

significativa dos gastos<br />

com mão-de-obra», mas desvaloriza<br />

o impacto da passagem dos<br />

trabalhadores e do pisoteio no melão<br />

e nas plantas. O produtor admite,<br />

no entanto, que os estragos<br />

possam ser maiores no caso da meloa,<br />

«cujos frutos descaem mais e<br />

são mais sensíveis aos toques».<br />

Para Carlos Ferreira, o maior<br />

produtor individual de melão em<br />

Portugal, o custo da colheita na<br />

conta da cultura ronda os 7% (melão)<br />

a 10% (meloa e melancia), valor<br />

que não justifica soluções de<br />

apoio à colheita. Quanto aos danos<br />

na cultura, este produtor fundador<br />

da Hortomelão, considera<br />

que são inevitáveis, mas sem grande<br />

impacto na produção: «há sem-<br />

pre pessoas que pisam mais do que<br />

deveriam pisar, mas não se consegue<br />

evitar isso.» Este empresário<br />

agrícola considera que os terrenos<br />

acidentados em Portugal são um<br />

entrave à rentabilização de máquinas<br />

de apoio à colheita e afirma:<br />

«ainda estou para ver um sistema<br />

mecanizado que me convença na<br />

colheita mecânica de melão e melancia.»<br />

Máquinas de apoio<br />

à colheita<br />

As máquinas de apoio à colheita<br />

são usadas em França desde os<br />

anos 90 e baseiam-se num conceito<br />

comum: cada colhedor deposita<br />

directamente a sua colheita (balde<br />

ou melão) numa “plataforma”<br />

rebocável, eliminando a tarefa árdua<br />

e “destruidora” do carregador.<br />

Alguns modelos são automotrizes<br />

e não necessitam de condutor. Do<br />

lado dos inconvenientes, há o investimento<br />

extra em materiais específicos<br />

e uma organização mais<br />

afinada da gestão do trabalho.<br />

FRUTOS DE VERÃO<br />

1


1<br />

E-Mail:<br />

hortasdoribatejo@iol.pt<br />

Sede:<br />

Lentrisqueira - Apartado 27<br />

2120-216 FOROS DE SAVATERRA<br />

DOSSIÊ frutos<br />

HORTAS DO RIBATEJO<br />

TRANSFORMAÇÃO E COMÉRCIO<br />

DE PRODUTOS AGRÍCOLAS, LDA.<br />

IMPORT - EXPORT<br />

Jorge Cardoso<br />

Tlm.: 917 287 656<br />

Armazém:<br />

Estrada do Convento<br />

Tel.: 263 506 720 - 263 506 724<br />

Fax: 263 506 722<br />

2120-063 SALVATERRA DE MAGOS<br />

2<br />

2<br />

Comércio de Produtos Alimentares, Lda.<br />

Cenouras<br />

Batatas<br />

IMPORTAÇÃO/ EXPORTAÇÃO<br />

de verão<br />

1 - Reboque para nove linhas<br />

O reboque tem uma largura de<br />

11,5 m, podendo levar nove paloxes,<br />

ou 18 paloxes quando empilhados.<br />

Em cada extremidade há<br />

uma extensão rebatível que aumenta<br />

a largura de trabalho para<br />

um total de nove linhas.<br />

O número de plataformas necessárias<br />

dependerá da área da parcela.<br />

Quando todos os paloxes do reboque<br />

estão cheios ele sai e dá lugar<br />

a outro reboque vazio que entra<br />

por detrás e se posiciona na<br />

frente dos apanhadores, permitindo<br />

a continuidade do trabalho,<br />

quase sem paragens.<br />

A plataforma com paloxes<br />

cheios é descarregada no campo<br />

ou levada directamente para a cen-<br />

Telef. 263 505 290/8 - Fax. 263 505 299 • Valqueimado<br />

Est. Nac. 118 - km 49,5<br />

2120-114 SALVATERRA DE MAGOS - PORTUGAL<br />

fruticenouras2008@gmail.com • www.fruticenouras.com


36<br />

frutos de verão<br />

tral de embalamento, se esta estiver<br />

próxima. Nem todas as plataformas<br />

estão autorizadas a circular<br />

na estrada.<br />

«O interesse é dispensar quatro<br />

carregadores de baldes num campo<br />

com uma dezena de colhedores.<br />

Mas a maior vantagem é evitar o pisoteio<br />

da vegetação, o que contribuiu<br />

para preservar a produção futura<br />

e evitar toques nos frutos, que<br />

são desclassificados para segunda<br />

escolha», afirma Yves Ricomes, produtor<br />

de 120 hectares de melão na<br />

região francesa de Languedoc.<br />

2 - Plataforma de recolha<br />

de baldes<br />

Esta máquina de assistência à<br />

colheita é uma plataforma de recolha<br />

de baldes com 21 metros de<br />

largura, abarcando 11 linhas de<br />

melão, e 82 baldes. Quando o bal-<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

DOSSIÊ<br />

3<br />

3<br />

de está cheio ou muito pesado, o<br />

trabalhador pendura-o no gancho<br />

e recolhe um balde vazio, sem nunca<br />

sair da linha onde encontra. Os<br />

baldes são pendurados em ganchos,<br />

que circulam na plataforma<br />

em contínuo, e são recolhidos numa<br />

das extremidades da plataforma,<br />

onde se encontra um tractor<br />

com reboque. A plataforma obriga<br />

os trabalhadores a seguir o seu ritmo<br />

de avanço, uma vez que precisam<br />

dela para pôr os baldes cheios<br />

e recolher outros vazios. Requer<br />

pelo menos dois tractores na parcela,<br />

mais um que leva os paloxes<br />

cheios para a central. Necessita de<br />

um grande espaço para manobra<br />

nos topos da parcela.<br />

«Com o esquema tradicional de<br />

colhedores e carregadores chegamos<br />

a uma média de 1200 a 1500<br />

kg/trabalhador/dia, com esta má-<br />

quina de assistência à colheita chegamos<br />

a colher 2500 kg», testemunha<br />

Francis Roques, produtor<br />

de 50 hectares de melão na região<br />

francesa de Languedoc, e 30 hectares,<br />

em Espanha.<br />

3 - Porta-paloxes automotriz sem<br />

condutor<br />

Este porta-paloxes automotriz<br />

abarca três linhas e desloca-se a<br />

uma velocidade de 0 a 4 km/h. A<br />

máquina avança sozinha no campo<br />

graças a um sistema de sensores<br />

instalados na parte frontal e ligados<br />

à caixa de comando. Permite<br />

aos trabalhadores apanhar o melão<br />

directamente para os paloxes e<br />

dispensa os custos com tractorista.<br />

Adaptado a parcelas de 5 a 10<br />

hectares, com flexibilidade de colheita<br />

de 3 a 5 linhas, com 2 a 5<br />

colhedores. Pontos desfavoráveis:<br />

ruído do motor, pouca mobilidade<br />

em solos argilo-calcários.<br />

«A máquina avança sozinha sem<br />

se perder na parcela. Concentramo-nos<br />

apenas na colheita e esquecemos<br />

que a máquina existe…<br />

ganhamos até 50% na velocidade<br />

de colheita, diminuindo a penosidade<br />

do trabalho», afirma Colette<br />

Bonnet, agricultora e administradora<br />

da Cadralbret, uma cooperativa<br />

agrícola francesa.<br />

4 - Colheita directa e embalamento<br />

no campo<br />

Está máquina automotriz dispensa<br />

o uso de baldes, as meloas<br />

são directamente depositadas num<br />

canal que converge para um tapete<br />

transportador dos frutos até um<br />

operador, que os recolhe e embala<br />

directamente em caixas, ainda<br />

no campo. •<br />

FRUTOS DE VERÃO<br />

4<br />

4


Certificação impulsiona<br />

sector viveirista<br />

Por: Nélia Silva<br />

As primeiras plantas (30 mil)<br />

de categoria certificada<br />

produzidas em Portugal<br />

entraram no mercado em<br />

2007, No ano seguinte foram<br />

produzidas 50 mil, e em 2009<br />

a produção duplicará, atingindo as<br />

100 mil plantas. O sector viveirista<br />

modernizou-se e está a dar resposta<br />

à procura de material de propagação<br />

de qualidade. «A citricul-<br />

D. João aguarda licença<br />

de multiplicação<br />

citrinos<br />

cultivo<br />

Três anos depois do aparecimento das primeiras plantas de categoria certificada em<br />

citrinos, alguns mecanismos do processo de certificação ainda não funcionam. Mas<br />

nos viveiros as condições de produção melhoraram e há novos empresários agrícolas<br />

a apostar na actividade.<br />

tura do Algarve tem consciência de<br />

que ao instalar um pomar tem de<br />

ser com plantas da categoria certificada<br />

… dão-lhe garantia varietal<br />

e sanitária», afirma Flávio Pereira,<br />

responsável técnico da Associação<br />

de Viveiristas do Distrito de<br />

Coimbra (AVDC), a entidade que<br />

faz a certificação das plantas de citrinos<br />

em Portugal.<br />

Nos próximos anos, é esperado<br />

A variedade portuguesa D. João, apreciada pelo seu elevado teor<br />

de sumo e com boa apetência para a indústria, aguarda a inscrição<br />

no Catálogo Nacional de Variedades e licença provisória de<br />

multiplicação. A AVDC tem material base desta variedade isolado em<br />

abrigos e pronto a ser multiplicado. «Temos sido confrontados por<br />

parte dos citricultores para a questão de multiplicar D. João, mas é<br />

um trabalho que demora no mínimo dois anos a ser feito, porque é<br />

necessário a caracterização, a limpeza e posteriormente o registo<br />

em CNV. Esperamos conseguir até final do ano a licença, e começar<br />

a fazer as primeiras plantas de D. João no primeiro trimestre do<br />

próximo ano», estima Flávio Pereira. Cabe à DGADR definir o número<br />

de plantas que podem ser multiplicadas e qual o período de validade<br />

da licença. A variedade foi caracterizada e está a ser sujeita a<br />

limpeza sanitária, estando já provado que o material existente está<br />

isento do Vírus da Tristeza dos Citrinos. Universidade da Algarve,<br />

DRAPAlgarve e AVDC são entidades envolvidas no processo.<br />

«A tendência é para que tenhamos um calendário de maturação<br />

de variedades de citrinos o mais alargado possível, ou seja, com a<br />

chegada dos novos híbridos iremos ter citrinos a colher em algumas<br />

regiões ainda durante o mês de Maio, podendo-se estender até Junho.<br />

Quanto às variedades para a indústria, tem-se estado a apostar<br />

na instalação de novos pomares com um clone de Valencia Late<br />

(a Delta Seedless), impulsionado pela fábrica (Don Simon) que está<br />

instalada na margem esquerda Guadiana, na Andaluzia», revela<br />

o técnico da AVDC.<br />

Este ano serão produzidas 100 mil plantas de citrinos de categoria certificada<br />

um aumento da área de viveiros,<br />

tanto em citrinos, como noutras<br />

espécies fruteiras. Há jovens empresários<br />

agrícolas a instalar-se na<br />

actividade e a área de infra-estruturas<br />

cobertas (estufas), com produção<br />

em substrato, está a aumentar<br />

no universo de associados da<br />

AVDC. «Os produtores de viveiro<br />

estão a ter consciência de que a<br />

produção de plantas (citrinos) no<br />

solo tende a diminuir, uma vez que<br />

os solos que se apresentam isentos<br />

de nemátodos e fungos, ou seja,<br />

onde nunca tenha sido feito viveiro,<br />

são cada vez menos aqui na região»,<br />

explica Flávio Pereira.<br />

Apesar de a legislação (Decreto-<br />

-Lei n.º 329/2007) sobre a certificação<br />

de plantas ter já três anos, o esquema<br />

de certificação ainda não está<br />

a funcionar em pleno. Uma das<br />

questões previstas na lei, que ainda<br />

não passou à prática, é a inspecção<br />

de todos os viveiros (frutícolas, hortícolas<br />

e de morangueiro) por inspectores<br />

oficiais ou técnicos credenciados<br />

pela DGADR, para que o vi-<br />

veiro possa produzir material de categoria<br />

certificada. Está a decorrer,<br />

desde final de 2008 e com fim previsto<br />

para Junho deste ano, um<br />

curso de onde sairão os primeiros<br />

19 técnicos credenciados pela<br />

DGADR. A fiscalização incidirá sobretudo<br />

na fitossanidade das plantas.<br />

«O técnico credenciado será<br />

uma mais-valia para o sistema de<br />

certificação, porque é mais um interveniente<br />

no controlo desses materiais.<br />

Contudo falta delinear quais<br />

as funções de um face ao outro<br />

(inspector e técnico credenciado),<br />

para que não haja duplicação do<br />

mesmo trabalho», acrescenta o responsável<br />

da AVDC.<br />

No que se refere aos citrinos, o<br />

Centro Operativo e Tecnológico<br />

Hortofrutícola Nacional (COTHN)<br />

está a solicitar, à DGADR, o licenciamento<br />

para certificar plantas de<br />

citrinos, devendo substituir a AVDC<br />

nessa tarefa. «Queremos que seja<br />

apenas uma entidade a nível nacional<br />

a fazer este trabalho», explica<br />

Flávio Pereira. •<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 37<br />

AVDC


Produção na Europa<br />

Bélgica<br />

Uma marca comum a toda a produção<br />

Na Bélgica são cultivados 4000 hectares de alho francês para fresco<br />

e 1000 hectares com destino à indústria (sopas, etc.). Quase toda a<br />

produção está organizada, nomeadamente em três leilões – Roulers<br />

(Reo Veilling, 514 produtores), Maline e Brava. A produção é feita em<br />

pequenas explorações familiares, com reduzidos custos de mão-de-<br />

-obra, o que torna o alho belga competitivo em preço. Os maiores<br />

volumes são produzidos de Novembro a Abril, mas há produção<br />

durante todo o ano, excepto em Maio e Junho. Algumas empresas<br />

armazenam o alho francês não lavado, entre 0 graus C e 1 grau C,<br />

para vendê-lo neste período. Das 140 a 160 mil toneladas de alho<br />

francês produzido na Bélgica, 50 mil toneladas são exportadas para<br />

França, Alemanha, Espanha e Holanda. Portugal também importa<br />

alho francês da Bélgica (178 t em 2007). Nos últimos 10 anos, a área<br />

de produção belga aumentou de forma exponencial, tendendo agora<br />

a estabilizar ou crescer de forma mais lenta.<br />

Grã-Bretanha<br />

Organização e técnicas específicas<br />

A Grã-Bretanha produz 2000 hectares de alho francês, a produção<br />

está concentrada nas mãos de poucos produtores (menos de 20<br />

cultivam 20% dos volume total). A produção está organizada<br />

à volta de “category managers”. O alho francês é vendido<br />

sobretudo embalado, sob a forma de fuste branco e verde ou fuste<br />

com 3 a 5 cm de folhas.<br />

Espanha<br />

Alho francês primor<br />

Em Espanha, a área de alho francês é estimada em 2000 hectares.<br />

2/3 do volume é de alho francês precoce (colheita de Abril a Junho),<br />

as zonas de produção principais estão situadas na Andaluzia e<br />

Múrcia. O investimento é de produtores locais, mas também de agricultores<br />

franceses e ingleses que completam o seu calendário de<br />

produção, nestas paragens. A área média por exploração varia entre<br />

20 e 50 hectares, muito do alho destina-se à exportação. A cultura<br />

está em rápido crescimento na Península Ibérica, mas a produção é<br />

muito especulativa. Em 2007, Portugal importou 110 toneladas de<br />

alho francês de Espanha.<br />

38<br />

cultivo<br />

Por: Guy Dubon<br />

e Nélia Silva<br />

Alemanha<br />

Produção para o “hard discount”<br />

Na Alemanha, o alho francês ocupa 2200 a 2600 hectares, a área de<br />

produção está concentrada na região de Dusseldorf, com grandes<br />

produtores, e no Palatinado (norte de Estrasburgo). Na maioria são<br />

produtores independentes em contacto directo com a grande distribuição,<br />

nomeadamente as cadeias de “hard discount”. O alho francês<br />

vende-se sobretudo inteiro com folhas, em molhos de 5 a 10 kg,<br />

mas o pré-embalado começa a desenvolver-se.<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

alho francês<br />

Na Europa, são produzidos cerca de 25 mil hectares de alho francês, equivalentes a<br />

uma produção anual de 700 mil toneladas. Sete países agrupam a maior parte da área,<br />

embora com técnicas de produção, produtos e mercados muito diferentes entre si.<br />

Portugal<br />

Espanha<br />

Grã-Bretanha<br />

França<br />

Holanda<br />

Bélgica


Alemanha<br />

Polónia<br />

Holanda<br />

alho francês<br />

cultivo<br />

Grandes produtores independentes<br />

Na Holanda, 300 a 500 produtores produzem 2800 a 3300 hectares de<br />

alho francês, sobretudo no sudoeste do país. Uma parte da produção<br />

está organizada e é vendida pelas empresas The Greenery e Veiling Zon.<br />

Mas é cada vez mais composta de produtores independentes, que vendem<br />

directamente às grandes superfícies e à indústria de IV Gama (preparados<br />

para sopas e cozinha em wok). Cerca de 50% a 60% da produção<br />

é exportada para a Alemanha, Inglaterra e países da Escandinávia.<br />

A produção está estável, pois enquanto alguns investidores abandonaram<br />

a cultura, por falta de mão-de-obra, outros aumentaram áreas.<br />

Polónia<br />

Pequenos produtores vendem nos mercados tradicionais<br />

Na Polónia, a grande dispersão da produção torna difícil dar números<br />

exactos sobre a produção, estima-se que varie de 2000 a 4000<br />

hectares. A maior parte dos produtores estão situados nas periferias<br />

das cidades, alguns têm alguma especialização na cultura, produzindo<br />

dezenas de hectares. A organização da produção é incipiente, a<br />

mecanização é muito limitada e a qualidade do alho francês heterogénea.<br />

O produto atinge preços apetecíveis (0,66€/kg em 2007/2008)<br />

em comparação com a couve, cebola ou cenoura (0,20€/kg). A<br />

Polónia importa alho francês de qualidade da Holanda e Bélgica,<br />

entre Janeiro e Agosto, e os compradores tendem a preferir o produto<br />

importando, durante todo o ano, em detrimento da produção local.<br />

França<br />

Produção própria de plantas<br />

A França produz cerca de 6000 hectares de alho francês e colhe, por<br />

ano, 176 mil toneladas. Metade deste volume é produzido por agricultores<br />

organizados (80%) ou independentes, a outra metade é realizada<br />

por agricultores instalados na periferia das cidades. O alho<br />

francês é produzido um pouco por toda a França, mas as maiores<br />

regiões produtoras estão concentradas no Norte do país: Normandia<br />

(27 000 t), Pays de Loire (30 000 t, alho francês primor, de Abril a<br />

Agosto) e Nord Pas-De-Calais (20 000 t).<br />

A área média das explorações varia de 6 a 30 hectares, consoante as<br />

regiões, mas a tendência é para aumento da área por exploração e para<br />

a especialização da cultura. Apesar de as variedades híbridas estarem<br />

generalizadas, muitos produtores ainda fazem a produção das próprias<br />

plantas. Alguns começam a comprar plantas aos viveiros, na Bélgica,<br />

Holanda, Espanha e Marrocos. A produção tende a crescer, graças ao<br />

aumento da mecanização (plantação mecânica, colheita automática) e a<br />

investimentos em novas centrais de embalamento, na região Nord Pas-<br />

-De-Calais. Parte da produção é exportada para a Alemanha, Inglaterra,<br />

Escandinávia e Espanha e Portugal (173 toneladas, em 2007).<br />

Portugal<br />

Uma cultura emergente<br />

Não existem estatísticas oficiais sobre área ou volumes de alho francês<br />

produzidos em Portugal, mas estima-se que a área oscile entre<br />

os 400 e os 600 hectares. É uma cultura relativamente nova no País,<br />

que teve grande crescimento nos últimos anos. As principais zonas<br />

de produção são o Oeste (Olho Marinho, Pó, Bombarral, Óbidos),<br />

Ribatejo e Litoral Norte (Póvoa de Varzim, Esposende e Grande<br />

Porto). No Oeste, a área média por exploração é de 3 a 6 hectares.<br />

Vários agricultores usam plantadores ou máquinas de armar camalhões<br />

com marcação do terreno. A colheita é em geral mecanizada.<br />

Existem algumas estruturas organizadas de produção e comercialização,<br />

mas ainda há muitos agricultores a produzir de per si.<br />

A produção começa a ser excessiva para o consumo nacional, pelo<br />

que a exportação tem crescido e a importação baixado. Em 2007,<br />

Portugal importou 460 toneladas e exportou 2622 toneladas de produtos<br />

aliáceos frescos e refrigerados (excepto cebolas, alhos e chalotas),<br />

segundo dados do INE.<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 39


“Alhos de corrida”<br />

De « uma maneira geral, as<br />

variedades híbridas, apesar<br />

de mais produtivas,<br />

são mais sensíveis ao espigamento<br />

e às doenças.<br />

São alhos de corrida. O mercado<br />

está sensível ao aspecto visual, nomeadamente<br />

a cor, mais do que ao<br />

sabor, por isso precisamos de responder<br />

com um alho que o mercado<br />

goste: 25 a 34 mm de calibre,<br />

parte branca importante e menos<br />

folhas», descreve Guy Richard, gerente<br />

da Pot au Pin em Portugal.<br />

O espigamento ocorre sobretudo<br />

em Maio, no final do ciclo das plantações<br />

de Inverno, mas «alguns alhos<br />

já têm potencial de espigamento<br />

no viveiro, por isso deve haver<br />

um equilíbrio perfeito da temperatura<br />

na estufa, a planta deve ser<br />

ajudada a ter um desenvolvimento<br />

progressivo. O alho não gosta de<br />

stress e excessos», garante este técnico<br />

experiente na cultura. Hélio<br />

Paiva, viveirista que fornece plantas<br />

à Pot au Pin, confirma a necessidade<br />

destes cuidados: «no período<br />

de Inverno não se deve deixar a<br />

temperatura descer dos 12ºC e não<br />

se pode deixar a planta parar o<br />

crescimento. É necessária uma fertilização<br />

adequada e contínua, para<br />

obter plantas com 3 a 4 mm de<br />

diâmetro, num ciclo de 90 a 95<br />

dias, que não deve ser ultrapassado»,<br />

explica.<br />

40<br />

cultivo<br />

Por: Nélia Silva<br />

Respeitar<br />

o ciclo da planta<br />

Os especialistas ainda não conseguiram<br />

explicar na totalidade<br />

o que está na origem do espigamento<br />

do alho francês. O fenómeno<br />

é associado a stress sofri-<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

alho francês<br />

O alho francês é uma cultura cara e que requer muitos cuidados, desde o viveiro<br />

à colheita. O espigamento é um dos seus principais constrangimentos, evitá-lo<br />

é difícil, mas não impossível.<br />

do pelas plantas – variações bruscas<br />

de temperatura, grandes amplitudes<br />

térmicas dia-noite –, mas<br />

também há quem refira uma relação<br />

entre a fase da lua à data da<br />

plantação e o espigamento. A Pot<br />

au Pin testou esta teoria em<br />

2008, fazendo plantações na lua<br />

cheia e no quarto minguante, e<br />

concluiu que a melhor solução é<br />

a segunda hipótese. Hélio Paiva<br />

também diz optar, sempre que<br />

pode, por plantações no quarto<br />

minguante e acrescenta: «trabalho<br />

com alguns agricultores pequenos<br />

que só plantam (variedades<br />

standard) no minguante e dizem<br />

nunca ter problemas de espigamento».<br />

Mas a questão crucial para evitar<br />

os prejuízos associados ao espigamento<br />

é a data de colheita.<br />

Uma vez terminado o seu ciclo natural<br />

de crescimento, o alho francês<br />

deve ser colhido de imediato:<br />

«quando a planta está acabada tem<br />

que ser colhida, independentemente<br />

de os preços estarem altos ou<br />

baixos», defende aquele técnico<br />

francês. Mas em Portugal isso nem<br />

sempre acontece (ver caixa).<br />

Planificar a cultura é o segredo<br />

do negócio e pode fazer a diferença<br />

entre uma boa colheita e o fracasso<br />

total. «É necessário preparar<br />

a cultura dois anos antes da plantação,<br />

há uma relação entre as rotações<br />

das culturas no terreno e a<br />

qualidade final do alho… mas o<br />

mais importante é fixar, desde o<br />

início, uma data de colheita, para<br />

obtermos exactamente o alho e a<br />

homogeneidade que precisamos<br />

para o nosso mercado», acrescenta<br />

Guy Richard.<br />

Uma vez terminado o seu ciclo natural de crescimento, o alho francês deve<br />

ser colhido de imediato para evitar o espigamento<br />

A Pot au Pin desenvolveu uma máquina própria de apoio à plantação<br />

Plantação<br />

A plantação é uma operação delicada,<br />

da qual também depende a<br />

qualidade e homogeneidade do produto<br />

final. Hoje em dia, muitos<br />

agricultores já recorrem a máqui-<br />

nas que armam os camalhões e<br />

marcam o local onde a planta é inserida,<br />

posteriormente, à mão. Alguns<br />

produtores usam plantadores<br />

de copos ou pinças. «A plantação é<br />

uma operação que precisa de ser


Produzir um hectare de alho pode custar entre 10 000 a 15 000€/hectare<br />

«Não há calendarização da produção»<br />

O aumento da área de alho francês em Portugal, nos últimos<br />

anos, está a criar um problema de saturação do mercado, devido ao<br />

excesso de oferta em alguns períodos do ano, que fazem baixar<br />

os preços do produto. «Não há calendarização da produção, quando<br />

o preço sobe, faz-se muito alho francês e depois há problemas<br />

de escoamento», admite Flávio Branco, gerente da Frishorta, um<br />

dos maiores operadores do mercado nacional em alho francês.<br />

Perante a saturação do mercado, esta empresa está a apostar no<br />

escoamento do alho para empresas de IV Gama (10 a 20% da produção),<br />

onde há menos oscilações de preço. Flávio Branco considera<br />

que uma solução para aliviar o mercado seria a venda da produção<br />

excedentária à indústria de transformação, mas não tem havido<br />

procura do alho francês neste segmento. «O problema do mercado<br />

português é que não há organização, cada produtor quer obter<br />

o monopólio e cada pessoa vai jogar a sua carta e quem aproveita<br />

a situação é o mercado (compradores) para maximizar as margens»,<br />

afirma Guy Richard.<br />

muito bem feita, com muita calma,<br />

com pessoas que tenham prática»,<br />

defende Guy Richard. Também a<br />

densidade de plantação deve ser calculada<br />

em função do objectivo da<br />

data de colheita e do calibre do alho<br />

que se pretende. No caso da Pot<br />

au Pin, instalada em Salvaterra de<br />

Magos, a densidade varia entre 180<br />

a 220 mil plantas por hectare. Já na<br />

região de Peniche, a densidade praticada<br />

pelos agricultores que trabalham<br />

com a Frishorta é de 120<br />

mil plantas por hectare. •<br />

FICHA<br />

DE PRODUTOR<br />

Frishorta, Comércio<br />

de Produtos Hortícolas, Lda<br />

Sede: Ferrel<br />

N.º produtores: 10<br />

Área de produção: 180<br />

hectares de alho francês<br />

Custo da cultura: 10 000€<br />

/hectare<br />

Exportação: 30 a 40%<br />

Mercados de exportação:<br />

Espanha, França<br />

alho francês<br />

cultivo<br />

FICHA<br />

DE PRODUTOR<br />

Pot au Pin, Exploração<br />

Agrícola, Sociedade Unipessoal,<br />

Lda<br />

Sede: Salvaterra de Magos<br />

N.º de produtores: 1 (própria)<br />

Área de produção: 300<br />

hectares (alho francês,<br />

cenoura, batata, cevada<br />

dística, ervilha)<br />

Área de alho francês: 24<br />

hectares<br />

Custo da cultura: 15 000€<br />

/hectare<br />

Exportação: 100%<br />

Mercados de exportação:<br />

França<br />

«A colheita mecanizada reduz 10 a 20% os custos de produção»,<br />

Flávio Branco, gerente da Frishorta<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 41


42<br />

cultivo<br />

Critérios de avaliação<br />

de sementes hortícolas<br />

A semente certificada é garante de identidade e pureza<br />

varietais e de que estão salvaguardados os valores<br />

mínimos da sua qualidade, no que se refere à percentagem<br />

de semente pura, presença de sementes<br />

de outras espécies e faculdade germinativa. Conheça<br />

os critérios de avaliação de sementes hortícolas, desde<br />

o multiplicador ao mercado.<br />

Na produção e certificação<br />

de sementes de espécies<br />

hortícolas são aplicadas<br />

normas técnicas definidas<br />

por legislação, que<br />

envolvem as várias fases da produção,<br />

iniciando-se com o controlo<br />

dos campos de multiplicação e terminando<br />

com a realização de análises<br />

e ensaios laboratoriais para<br />

avaliar a qualidade da semente obtida<br />

a disponibilizar ao agricultor.<br />

O processo de multiplicação, controlo,<br />

produção e certificação de semente<br />

só pode ter início após a inscrição<br />

das variedades que se pretendem<br />

multiplicar, no Catálogo Nacional<br />

de Variedades (CNV) e/ou no<br />

Catálogo Comum de Variedades de<br />

Espécies Hortícolas (CCVH).<br />

Legislação aplicável<br />

A comercialização de sementes<br />

de espécies hortícolas está regulamentada<br />

a nível comunitário pela<br />

Directiva n.º 2002/55/CE, do Conselho,<br />

de 13 de Junho de 2002. No<br />

País aplica-se o disposto no Decreto-Lei<br />

n.º 144/2005, de 26 de Agosto,<br />

que regula a produção, o controlo<br />

e certificação de sementes de<br />

espécies agrícolas e de espécies hortícolas<br />

destinadas a comercialização,<br />

com excepção das utilizadas pa-<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

hortícolas<br />

Por: Eng.ª Paula Cruz de Carvalho*<br />

ra fins ornamentais, e que transpõe,<br />

além de outros diplomas comunitários,<br />

a Directiva n.º 2002/55/CE.<br />

Categorias de semente<br />

certificada<br />

O sistema de certificação das espécies<br />

hortícolas admite quatro categorias<br />

de semente: a semente<br />

‘Pré-base’, ‘Base’, ‘Certificada’ e a<br />

‘Standard’, sendo que a quase totalidade<br />

dos lotes de semente disponíveis<br />

no mercado pertencem<br />

a esta última categoria.<br />

Para cada espécie vegetal e categoria<br />

são definidas as respectivas<br />

normas de produção, assim como<br />

os valores mínimos de pureza, presença<br />

de sementes de outras espécies<br />

e faculdade germinativa, que<br />

devem ser cumpridos pelos lotes<br />

de semente a comercializar.<br />

Identidade varietal<br />

A cada variedade corresponde<br />

uma descrição morfológica e fisiológica<br />

única que permite a sua<br />

identificação de forma inequívoca.<br />

Essa descrição é efectuada pelos<br />

serviços oficiais responsáveis pelos<br />

catálogos nacionais, no decurso de<br />

ensaios de campo e laboratório, incluídos<br />

no processo de avaliação<br />

das novas variedades para efeitos<br />

Aspecto geral de ensaio de inscrição no Catálogo Nacional de Variedades<br />

da sua inscrição.<br />

Igualmente, a cada variedade<br />

corresponde uma denominação,<br />

podendo existir variedades com várias<br />

denominações (sinónimos) que<br />

se encontram devidamente identificados<br />

no CNV e/ou no CCVH.<br />

Purezas varietal<br />

e específica<br />

A fim de ser garantida a pureza<br />

varietal (% de plantas conforme a<br />

descrição da variedade) e específica<br />

(% de presença de outras espécies),<br />

os campos de multiplicação<br />

de semente devem obedecer a<br />

critérios estabelecidos no que se<br />

refere a: antecedente cultural da<br />

parcela de terreno onde se procede<br />

à multiplicação; isolamento dessas<br />

parcelas para outras culturas<br />

que possam constituir uma fonte<br />

indesejável de pólen e presença de<br />

infestantes, doenças e de organismos<br />

nocivos que reduzam a qualidade<br />

da semente a obter.<br />

Qualidade mínima<br />

da semente<br />

Após a colheita das sementes obtidas<br />

nos campos de multiplicação,<br />

procede-se à sua limpeza e calibragem,<br />

sendo então retiradas amostras<br />

representativas dos vários lotes<br />

de semente. Estas amostras destinam-se<br />

a ser submetidas a ensaios<br />

e análises de laboratório.<br />

Quer na amostragem dos lotes,<br />

quer na realização dos ensaios e<br />

análises de semente, são seguidas<br />

as regras internacionalmente estabelecidas<br />

pela Internacional Seed<br />

Testing Association (ISTA) ou,<br />

no caso de sementes produzidas<br />

nos EUA e Canadá, pelas regras da<br />

Association of Official Seed Analysts<br />

(AOSA). Em Portugal, o Laboratório<br />

de Ensaio de Sementes<br />

da Direcção-Geral de Agricultura<br />

e Desenvolvimento Rural é o único<br />

laboratório acreditado pela IS-<br />

TA para a realização de análises e<br />

ensaios de sementes.


A cada categoria de semente correspondem<br />

valores mínimos em %<br />

de semente pura e de germinação e<br />

valores máximos em % de sementes<br />

de outras espécies. Estes valores<br />

constam da legislação nacional<br />

e comunitária referidas. Apresentam-se<br />

no Quadro 1, para algumas<br />

espécies, exemplos desses valores.<br />

Embalamento e etiquetagem<br />

das sementes<br />

Todas as sementes destinadas ao<br />

comércio devem estar devidamente<br />

embaladas, fechadas e com etiquetas,<br />

que no caso dos lotes de semente<br />

da categoria standard são<br />

emitidas pela entidade que procede<br />

ao embalamento das sementes. Estas<br />

etiquetas, de cor amarelo-torrado,<br />

devem conter as informações<br />

obrigatórias constantes da legislação,<br />

das quais se destacam: o nome<br />

e endereço da entidade que procedeu<br />

à embalagem ou a sua marca,<br />

o nome da espécie e da variedade, a<br />

data de embalagem e o n.º do lote.<br />

Espécie<br />

% Mínima de<br />

semente pura<br />

No caso das pequenas embalagens,<br />

estas informações podem ser<br />

impressas sobre a embalagem.<br />

Prazo de validade<br />

Decorrido um prazo de 18 meses,<br />

no caso de embalagens de papel,<br />

ou de 36 meses, no caso de embalagens<br />

termo-soldadas ou latas,<br />

após a data de embalagem das sementes,<br />

as mesmas deixam de poder<br />

ser comercializadas.<br />

% Máxima de<br />

sementes de<br />

outras espécies<br />

Os lotes cuja validade expirou<br />

podem, no entanto, ser objecto de<br />

nova amostragem, a fim de ser realizado<br />

um ensaio de germinação.<br />

Caso os resultados obtidos nesse<br />

ensaio sejam superiores ou iguais<br />

aos valores mínimos estabelecidos,<br />

esses lotes podem ser introduzidos<br />

de novo no comércio, desde<br />

que as embalagens contenham indicação<br />

da data da revisão de germinação<br />

efectuada.<br />

hortícolas<br />

Quadro 1: Parâmetros de qualidade da semente<br />

% Mínima de<br />

germinação<br />

Abóbora-menina 98 0,1 80<br />

Couve 97 1,0 75<br />

Feijão 98 0,1 75<br />

Melão 98 0,1 75<br />

Nabo 97 1,0 80<br />

Pimento 97 0,5 65<br />

Pepino 98 0,1 80<br />

Tomate 97 0,5 75<br />

cultivo<br />

Outros requisitos legais<br />

• Passaporte fitossanitário<br />

Todas as embalagens de sementes<br />

de Phaseolus vulgaris (feijão comum)<br />

devem ser acompanhadas<br />

de passaporte fitossanitário, no<br />

qual deve estar a marca ZP para todo<br />

o território português.<br />

Todas as embalagens de sementes<br />

de feijão vulgar devem ser<br />

acompanhadas de passaporte fitossanitário,<br />

no qual deve estar a


cultivo<br />

Penca de Chaves,<br />

uma variedade tradicional<br />

inscrita no CNV<br />

Apresentação comercial e peso.<br />

HR Bl 1-25.<br />

Delegação Portugal :<br />

Sandra Marques : +351 966 108 935<br />

João Raposeira : +351 917 464 553<br />

hortícolas<br />

Avaliação da forma dos<br />

frutos de uma variedade<br />

de pimento<br />

PITICE<br />

De porte aberto<br />

e compacta.<br />

HR Bl 1-25.<br />

marca ZP para todo o território<br />

português.<br />

As sementes de cebola, alho-porro,<br />

cebolinho, tomate e outros feijões<br />

devem ser acompanhadas de<br />

passaporte fitossanitário sempre<br />

que a sua venda se destine a profissionais<br />

envolvidos na produção<br />

vegetal. Se se tratar de “pequenas<br />

embalagens” destinadas a não profissionais<br />

há isenção desta obrigatoriedade.<br />

• Tratamento fitossanitário<br />

das sementes<br />

As embalagens de sementes que<br />

tenham sido tratadas com produtos<br />

fitofarmacêuticos devem conter<br />

informação sobre o tratamento<br />

efectuado, nomeadamente: o nome<br />

da ou das substâncias activas,<br />

nome do ou dos produtos fitofarmacêuticos<br />

utilizados e as respectivas<br />

precauções toxicológicas e<br />

ambientais, assim como a frase<br />

“Sementes tratadas com produto<br />

fitofarmacêutico, impróprias para<br />

consumo humano e animal, des-<br />

A primeira batavia com Bl 1-25 e Nr.<br />

Para plantações de Primavera/Verão.<br />

Variedade de porte aberto, cor verde clara<br />

e frisado atractivo. Compacta e produtiva.<br />

Boa apresentação comercial.<br />

HR Bl 1-23, 25, Nr.<br />

tinadas apenas para sementeira”.<br />

No caso das pequenas embalagens<br />

e visto que as precauções toxicológicas<br />

e ambientais dos produtos<br />

podem ser extensas, poderá<br />

ser feita apenas referência às mesmas,<br />

com indicação de que podem<br />

ser consultadas em www.dgadr.pt.<br />

Notas finais<br />

A semente certificada é assim<br />

garante de identidade e pureza varietais<br />

e de que estão salvaguardados<br />

os valores mínimos da sua qualidade<br />

no que se refere à percentagem<br />

de semente pura, presença de<br />

sementes de outras espécies e faculdade<br />

germinativa.<br />

Para obter mais informação sobre<br />

este assunto pode ser consultada<br />

a página da internet da Direcção-<br />

-Geral de Agricultura e Desenvolvimento<br />

Rural (www.dgadr.pt). •<br />

*DGADR, Divisão de Sementes, Variedades<br />

e Recursos Genéticos<br />

ALFACES VILMORIN,<br />

A NOVA GERAÇÃO DE<br />

PRIMAVERA / VERÃO.<br />

COMICE EXQUISE MISTRESS BRP 5632<br />

JUNTOS INOVAMOS PARA VOCÊS<br />

Verde claro atractivo<br />

e productividade.<br />

HR Bl 1-25, Nr.<br />

www.vilmorincom<br />

V ilmorin<br />

Iberica<br />

S.<br />

A.<br />

- C/<br />

. Joaquín<br />

Orozco,<br />

17<br />

bajo<br />

03006 ALICANTE - ESPAÑA<br />

tel : 902 19 34 36 - fax : 96 592 20 44<br />

E-mail : ibericalicante@vilmorin.es<br />

- Illustrations Horticolor ©/Lyon/Reproduction, même partielle interdite. Documento não contractual.


46<br />

mercado e empresas<br />

Riscadinha de Palmela<br />

ganha novo fôlego<br />

A Maçã Riscadinha de Palmela está quase a chegar ao mercado.<br />

Esta variedade precoce já esteve ameaçada de extinção, mas voltou a interessar<br />

os agricultores da região. A Cooperativa Agrícola de Palmela aguarda há anos pelo<br />

reconhecimento da DOP.<br />

Dizem as gentes da terra<br />

que a Maçã Riscadinha de<br />

Palmela é a rainha das<br />

maçãs, a mais saborosa de<br />

Portugal. De odor intenso<br />

(era outrora usada para perfumar<br />

casas) e peculiar sabor acidulado,<br />

faz as delícias do paladar. Gostos<br />

à parte, ela tem o indiscutível<br />

mérito de ser a primeira a chegar<br />

ao mercado, no início de Julho.<br />

Não há registos escritos sobre a<br />

origem da Maçã Riscadinha de Palmela,<br />

mas testemunhas vivas remontam<br />

a sua origem ao século<br />

XIX, no lugar de Barris, concelho<br />

de Palmela. Na década de 70 do século<br />

passado a produção atingiu as<br />

3000 toneladas. A cultura desta variedade<br />

tornou-se uma importan-<br />

O calibre mais procurado e valorizado é o 65-70<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

maçã<br />

te fonte de rendimento para os<br />

agricultores da região, ajudando-<br />

-os a suportar as despesas com a<br />

vindima. As macieiras eram plantadas<br />

em consociação com a vinha,<br />

em regime de sequeiro. A partir<br />

dos anos 80, começaram a surgir<br />

os primeiros pomares estremes e<br />

regados, verificando-se uma intensificação<br />

da cultura.<br />

No entanto, a produção da Maçã<br />

Riscadinha de Palmela começou<br />

a entrar em declínio nos anos 90.<br />

Dificuldades de comercialização,<br />

problemas fitossanitários relacionados<br />

com o cancro do tronco<br />

(Nectria sp.), cujo aparecimento é<br />

facilitado pelas feridas que a zeuzera<br />

(Zeuzera pyrina L.) provoca,<br />

e legislação que proibiu a conso-<br />

Cooperativa Agrícola de Palmela<br />

A Maçã Riscadinha de Palmela tem mais sabor e mais riscas quando<br />

plantada em solos fortes de areia grossa<br />

ciação da vinha com pomar estiveram<br />

na origem desse declínio, que<br />

quase conduziu a Riscadinha à extinção.<br />

«As uvas para vinho começaram<br />

a dar mais retorno financeiro<br />

e, por outro lado, começou a entrar<br />

fruta importada em Portugal,<br />

a preços mais baixos», explica<br />

João Pinoia, presidente da Cooperativa<br />

Agrícola de Palmela, que<br />

vende 30 a 35 toneladas de Maçã<br />

Riscadinha de Palmela.<br />

Hoje em dia, a produção total de<br />

Maçã Riscadinha de Palmela não<br />

deve exceder as 150 toneladas<br />

anuais e grande parte está dispersa.<br />

A maior área está situada nas localidades<br />

de Lau, Areias Gordas,<br />

Serralheira e Pedras Negras (concelho<br />

de Palmela), e em parte do<br />

concelho do Montijo. «Há 30 anos,<br />

Cooperativa Agrícola de Palmela<br />

tínhamos a oferta concentrada na<br />

cooperativa e os compradores estavam<br />

dispersos. Hoje em dia, acontece<br />

o inverso, o comprador está<br />

concentrado e a oferta dispersa,<br />

muitos agricultores preferem vender<br />

nos mercados locais», reconhece<br />

Maria de Lurdes Atalaia, produtora<br />

de Maçã Riscadinha e membro<br />

da direcção da cooperativa.<br />

A procura da variedade é muita<br />

e a produção não chega para as encomendas.<br />

A maçã chega apenas a<br />

algumas lojas das grandes superfícies<br />

de distribuição, no Sul e, um<br />

pouco, no Centro do País, e aos<br />

mercados tradicionais. «Mais houvesse<br />

e mais se venderia», assegura<br />

Maria de Lurdes Atalaia.<br />

Devido à escassez, às suas qualidades<br />

e ao facto de ser a primei


a maçã a surgir no mercado, os<br />

preços pagos à produção são aliciantes<br />

– 0,55€ a 0,75€/kg, em<br />

2008. Sobretudo quando comparados<br />

com preço pago pelo quilo<br />

de uva para vinho (na ordem dos<br />

0,24€/kg). «Seria uma excelente<br />

decisão das pessoas arrancar vinha<br />

e plantar Maçã Riscadinha… custa<br />

mais sustentar um hectare de<br />

vinha do que um hectare de maçã»,<br />

alicia Maria de Lurdes Atalaia.<br />

A Cooperativa Agrícola de Palmela<br />

está decidida a incentivar os<br />

seus associados a voltar a produzir<br />

a Maçã Riscadinha. Hoje em dia,<br />

dos 1600 associados, apenas 40 produzem<br />

a variedade. O único obstáculo<br />

parece ser a descapitalização<br />

dos agricultores. Nos últimos três<br />

anos, surgiram no concelho novos<br />

pomares, cerca de 10 hectares no<br />

total, que deverão entrar em produção<br />

nos próximos anos, dando<br />

novo alento à Riscadinha.<br />

A variedade tem alguns problemas<br />

que requerem melhoria, para<br />

aumentar a produtividade por hectare<br />

e manter a qualidade dos frutos.<br />

«É um fruto muito fácil de fazer,<br />

a maior dificuldade está em<br />

manuseá-lo na colheita e pós-colheita,<br />

porque é muito sensível,<br />

mancha com os toques», descreve<br />

João Pinoia. Por outro lado, tem<br />

um problema de automonda, ou<br />

seja, os frutos mais pequenos caem<br />

naturalmente, e apenas um ou dois<br />

vingam em cada cacho. A cooperativa<br />

pensa que aumentar o comprimento<br />

do pedúnculo poderá ser<br />

uma solução para o problema. •<br />

maçã<br />

mercado e empresas<br />

Os novos pomares têm um compasso de 1,5- 2 m x 4 m<br />

No passado as macieiras eram plantadas em consociação com a vinha Nos anos 80 surgiram os primeiros pomares estremes<br />

FORMAÇÃO PROFISSIONAL<br />

DISPONIBILIZAÇÃO DE TÉCNICOS<br />

PARA ACOMPANHAMENTO DE CULTURAS<br />

COMERCIALIZAÇÃO DE:<br />

FRUTOS – Maçã riscadinha, uva de mesa, figos, citrinos e outros<br />

PRODUTOS HORTÍCOLAS – Nabos, batatas, cenouras e outros<br />

FACTORES DE PRODUÇÃO – Adubos, rações, fitofarmacêuticos e outros<br />

Foto: Cooperativa Agrícola de Palmela


48<br />

mercado e empresas<br />

Oeste investe em produções<br />

de Primavera-Verão<br />

Por: Nélia Silva<br />

OCentro Operativo e Tecnológico<br />

Hortofrutícola Nacional<br />

(COTHN) organizou,<br />

a 12 de Maio, um dia<br />

de campo sobre “As potencialidades<br />

da região Oeste para a<br />

extensão da época de produção de<br />

morango”. O evento decorreu na<br />

Quinta do Rato, Vale de Maceira,<br />

na exploração de Afonso Nobre,<br />

produtor de três hectares de mo-<br />

Lanai<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

morango<br />

A região Oeste tem boas condições naturais para estender o calendário de produção<br />

de morango até ao Outono, dando resposta à procura deste fruto na época quente.<br />

rango em ar livre. Um exemplo sobre<br />

o potencial do Oeste para extensão<br />

do calendário produtivo do<br />

morango. Este horticultor é membro<br />

da organização de produtores<br />

(OP) Lusomorango, há dois anos,<br />

produzindo em exclusivo as variedades<br />

Driscoll’s: San Juan e Lanai.<br />

Em 2009, a San Juan foi a primeira<br />

a ser plantada (20 e 21 de Novembro),<br />

começou a ser colhida<br />

San Juan<br />

A variedade Lanai produz 800g/planta e a San Juan 700g/planta, uma<br />

média que deverá ser ultrapassada no Oeste<br />

Com a máquina de apoio à colheita o rendimento atinge 150 kg/mulher/dia,<br />

com o carrinho fica-se pelos 50kg/mulher/dia<br />

Colheita mecânica baixa custo em 30%<br />

Afonso Nobre está a usar, este ano pela primeira vez, uma máquina<br />

de apoio à colheita, construída em Portugal e emprestada pela<br />

Casa Prudêncio. «É muito vantajoso, foi uma grande aposta mecanizar<br />

a colheita, consigo o dobro ou o triplo do rendimento. Com<br />

a máquina colho 150 kg/mulher/dia, enquanto com os carrinhos<br />

colho 50kg/mulher/dia», compara o horticultor. O número total de<br />

trabalhadoras necessárias à colheita diminuiu de 30 para 20 e a<br />

qualidade do trabalho manteve-se. A velocidade a que máquina avança<br />

é controlada pelo tractorista (máximo aceitável de 8 km/h), e a<br />

altura das cadeiras, em relação ao solo, é regulável. Afonso Nobre<br />

aponta uma diminuição de 20% a 30% nos custos da colheita, o<br />

factor de produção mais caro nesta cultura (70 a 80%). «A produção<br />

de cada hectare de morango custa 28 mil euros, excluindo custos<br />

de mão-de-obra», revelou o agricultor, acrescentando: «a grande<br />

ciência para conservar a qualidade do morango é colher dia sim, dia<br />

não, sem deixar adiantar o campo, nem deixar morangos para trás».


mais tarde (3.ª semana de Abril) e<br />

terminará duas a três semanas antes<br />

da Lanai. A Lanai, apesar de<br />

plantada mais tarde (14 e 15 de Dezembro),<br />

é mais produtiva e tem<br />

um ciclo produtivo maior - 1.ª semana<br />

de Abril até às primeiras chuvas<br />

do Outono.<br />

«Em 2008 alargamos a produção<br />

até Setembro com excelentes<br />

resultados… estas variedades são<br />

óptimas para produção de morango<br />

de ar livre no Oeste», garantiu<br />

Afonso Nobre. Este horticultor<br />

trocou os “baixos rendimentos e<br />

mercados complicados” das culturas<br />

de indústria no Ribatejo, para<br />

se dedicar à produção de morango<br />

no Oeste, uma cultura com<br />

“rendimentos mais elevados e<br />

mais certezas de escoamento do<br />

produto”.<br />

A Lusomorango, cujo objectivo<br />

comercial é abastecer o mercado<br />

365 dias no ano, vê no Oeste a solução<br />

para completar o calendário<br />

de produção de Julho a Setembro.<br />

Meses em que esta região tem<br />

morango<br />

Sentadas, as trabalhadoras fazem menos esforço e não perdem tempo a empurrar o carrinho, a baixar e a levantar<br />

condições climáticas mais apropriadas<br />

à produção de morango,<br />

do que a costa alentejana. «Na Península<br />

Ibérica há poucas geografias<br />

para produzir morango, de<br />

elevada qualidade, durante o Verão,<br />

vemos uma boa oportunidade<br />

no Oeste», esclarece Gonçalo<br />

Andrade, director executivo da Lusomorango.<br />

Este responsável acredita<br />

que a produção de morango<br />

no Verão é uma aposta ganha,<br />

uma vez que, nesta época do ano,<br />

a procura é maior do que a ofer-<br />

mercado e empresas<br />

ta. Os milhões de turistas que<br />

afluem a Portugal e Espanha no<br />

período estival, muitos deles vindos<br />

do Norte da Europa, são fiéis<br />

consumidores de pequenos frutos,<br />

dando garantias de escoamento ao<br />

produto. Motivo que leva a Lusomorango<br />

a direccionar 50 a 60%<br />

das suas vendas para o mercado<br />

ibérico, no período de Verão, enquanto<br />

no Inverno (1.º trimestre<br />

de 2009) 85% do morango desta<br />

OP se dirige a mercados fora da<br />

Península Ibérica. •


agro-negócio<br />

II edição Fórum Bayfruta<br />

A Bayer CropScience organizou, nos dias 26 e<br />

28 de Maio, a segunda edição do Fórum Bayfruta,<br />

em Lamego e nas Caldas da Rainha. Estes fóruns<br />

fazem parte das actividades do Clube<br />

Byfruta, criado pela Bayer em 2008, e servem<br />

para discutir assuntos técnicos e de actualidade<br />

relacionados com a fruticultura, fomentando<br />

as boas práticas agrícolas. O fórum das Caldas<br />

reuniu mais de duas centenas de técnicos<br />

e fruticultores no Inatel da Foz do Arelho.O evento<br />

começou com as “Delícias do Pomar”, um momento<br />

de degustação de aperitivos preparados<br />

com fruta, em combinação com outros ingredientes.<br />

Os oradores convidados versaram sobre<br />

temas como a actualidade e perspectivas<br />

futuras para o sector frutícola (COTHN), o potencial<br />

ilimitado da fruticultura de precisão<br />

(Campotec) e a filoxera da pereira.<br />

Filoxera da pereira a descoberto<br />

Délia Fialho (Frutus/Unirocha) lembrou que desde<br />

meados de 2007 não há qualquer substância<br />

activa homologada para combater esta praga,<br />

que começa a ser uma preocupação para os pericultores.<br />

Nos últimos cinco anos de monitorização<br />

da praga no Oeste (pela Frutus e Frutoeste),<br />

através de cintas armadilhas, o nível de<br />

capturas esteve quase sempre acima do nível<br />

económico de ataque (2%). No passado mês de<br />

Maio, a infestação detectada era já de 40%, tendo<br />

sido capturados afídeos junto ao pedúnculo<br />

das peras, o que revela a gravidade dos ataques.<br />

Em 2008, os técnicos do Oeste testaram substâncias<br />

activas aficídas (não homologadas para<br />

o afídeo filoxera da pereira) «cujos resultados<br />

se mostraram interessantes, necessitando de verificação<br />

e consolidação», afirmou Délia Fialho.<br />

O Calypso da Bayer foi um deles.<br />

«Proibição Integrada»<br />

Jorge Soares foi incisivo na sua apresentação,<br />

na qual rejeitou a fruticultura da “Proibição Integrada”,<br />

mostrando em alternativa exemplos<br />

de três pomares modelo. Num deles, da variedade<br />

Rocha, instalado em 1999, a produtividade<br />

média, em nove anos de vida, foi de 585<br />

000kg/ha (densidade de plantação de 3600 árvores/ha).<br />

«Esta fruticultura de alta densidade<br />

e de precisão é verdadeiramente eficiente e<br />

sustentável, porque em maiores produções utiliza<br />

menores recursos unitários (por kg de fruta)<br />

entre todos os factores de produção envolvidos,<br />

sem excepções… é mais amiga do ambiente,<br />

do consumidor e do produtor, podendo<br />

50<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

Oradores do Fórum Bayfruta na Foz do Arelho<br />

Mais de 200 pessoas participaram no Fórum Bayfruta<br />

atrair novas gerações à fruticultura», afirmou o<br />

administrador da Campotec.<br />

Luz - o alimento dos pomares<br />

Uma das apresentações mais aplaudidas pelos<br />

presentes foi a de Luca Corelli Grappadelli<br />

sobre “Fundamentos fisiológicos do pomar”.<br />

Este investigador da Universidade de Bolonha<br />

falou sobre a relação entre a produção potencial<br />

de frutos e a quantidade de luz interceptada<br />

pelas árvores e mostrou vários exemplos de<br />

sistemas de condução intensiva dos pomares,<br />

alguns dos quais novos (Bibaum; condução em<br />

V), e sua relação com absorção de luz. Grappadelli<br />

disse que não há um sistema ideal de condução<br />

aplicável a todas as geografias, mas antes<br />

um conjunto de pressupostos ou bases fisiológicas<br />

que devem ser respeitados: elevada intercepção<br />

de luz desde a fase inicial do pomar;<br />

boa distribuição da luz e boa gestão da copa<br />

(densidade e distribuição das folhas, pois é pre-<br />

ciso alta intercepção de luz pela folhas certas).<br />

Mas o excesso de luz pode conduzir à oxidação<br />

e queimaduras das folhas e frutos, sobretudo<br />

em pomares superintensivos, com copa reduzida.<br />

Um problema comum na zona do Mediterrâneo.<br />

Aplicação de caulino nas árvores, colocação<br />

de redes de ensombreamento coloridas (há<br />

estudos sobre efeitos das diferentes cores na<br />

morfogénese dos frutos) ou orientação assimétrica<br />

do pomar (diferentes inclinações e orientação<br />

das linhas de árvores numa mesma parcela)<br />

foram algumas das soluções apontadas<br />

pelo investigador italiano para prevenir o problema.<br />

«A investigação começa a mostrar que<br />

condicionar os elevados níveis de luz em pomares<br />

pode ser a próxima fronteira para aumentar<br />

a produção de fruta de uma forma sustentável…<br />

deve questionar-se se os sistemas de condução<br />

que expõem mais as folhas a níveis elevados de<br />

luz durante longos períodos do dia são os mais<br />

desejáveis», rematou Grappadelli.


agro-negócio<br />

Frimos – frio à medida<br />

A empresa Frimos SL, sediada em Pontevedra, na Galiza, esteve presente<br />

como expositora na Apúlia, em Esposende, no 1.º Concurso Nacional<br />

de Floricultores e Floristas, a 30 e 31 de Maio. A Frimos apresentou<br />

soluções de refrigeração para o sector da floricultura, com<br />

destaque para as câmaras de pré-arrefecimento (temperatura de 12º<br />

a 14ºC) para salas de preparação e embalamento de flores. Esta solução<br />

evita o choque térmico que as flores sofrem ao transitarem da<br />

estufa, a temperatura elevada, para as câmaras de frio, a baixa temperatura,<br />

prolongando a sua<br />

vida em jarra. A Frimos instala<br />

todo o tipo de refrigeração,<br />

ar condicionado, tanques<br />

de água fria, etc. em<br />

unidades agrícolas e industriais.<br />

A empresa opera há<br />

20 anos no mercado português<br />

e é responsável por<br />

instalações de frio em algumas<br />

das maiores empresas<br />

do sector agro-industrial<br />

em Portugal. Na foto, Miguel<br />

Márquez, responsável comercial<br />

em Portugal.<br />

Prémio Syngenta “Inovação<br />

em Agricultura 2009/2010”<br />

“Controlo da Estenfiliose em Pomóideas” é o tema do Prémio Syngenta<br />

“Inovação em Agricultura 2009-2010”, desta feita em edição bianual.<br />

Podem concorrer indivíduos ou instituições que desenvolvam<br />

em Portugal uma actividade que se enquadre no tema referido. Os<br />

trabalhos admitidos a concurso devem ser realizados entre 1 de Setembro<br />

de 2008 a 03 de Setembro de 2010. O prémio para o trabalho<br />

vencedor é de 10 mil euros. A Syngenta organiza este prémio pelo<br />

terceiro ano consecutivo, com o intuito de incentivar a investigação<br />

e desenvolvimento como trampolim para a inovação em agricultura<br />

e para o avanço tecnológico deste sector.<br />

Ampla frota<br />

de oficinas móveis<br />

Uma equipa experiente<br />

ao seu dispor<br />

Lagar de azeite móvel<br />

A empresa Centrifugación Alemana, com sede em Jaén, Espanha, esteve<br />

na Ovibeja a apresentar a sua mais recente novidade - um lagar de<br />

azeite móvel, que se descola ao olival dos produtores. Trata-se de um<br />

sistema contínuo integral a duas fases num contentor fechado, que realiza<br />

os processos de moenga e de extracção de azeite virgem, imediatamente<br />

após a colheita da azeitona.Tem capacidade para laborar 25 a 30<br />

toneladas/24 horas.<br />

• Instalações Frigoríficas<br />

• Reparações (serviço técnico próprio)<br />

• Tanques de água fria<br />

• Ar condicionado<br />

• Câmaras de painéis (de fresco e congelado)<br />

• Centrais frigoríficas automatizadas<br />

• Túneis de congelação<br />

• Máquinas de absorção de etileno<br />

FRIMOS S.L. 15 anos de experiência no sector do frio na Península Ibérica<br />

Orbenlle, s/n - Bidiño<br />

36400 O PORRIÑO - PONTEVEDRA - ESPAÑA<br />

Tel.: (0034) 986 346 755/6 • Fax: (0034) 986 346 757<br />

frimos@frimos.com • www.frimos.com


Novo Mercasalamanca inaugurado em Maio<br />

O novo mercado abastecedor de Salamanca foi inaugurado no final de<br />

Maio na confluência das autovias A-62, A-66 e N-501, na estrada Vitigudino.Trata-se<br />

do maior mercado abastecedor do Oeste da Península Ibérica,<br />

com uma área total de 250 000 m 2 . A uma distância de apenas 50 minutos<br />

de Portugal, o novo Mercosalamanca visa atrair agricultores e<br />

comerciantes da zona Centro e Norte de Portugal. O mercado é composto<br />

por três pavilhões: um de frutas e legumes, um polivalente (carne, peixe)<br />

e um terceiro para armazenamento de embalagens vazias, além do<br />

edifício administrativo. A tecnologia é uma das apostas do renovado Mercasalamanca,<br />

com a garantia de frio industrial, em ambos os pavilhões,<br />

a temperatura ideal para conservação dos produtos. É estimada a venda<br />

diária de 212 000 kg de frutas e legumes.<br />

Projecto Lusosem.pt<br />

A Lusosem - produtos para agricultura, S.A. já tem página<br />

na Internet - www.lusosem.pt. Neste espaço está disponível<br />

informação sobre a empresa, os seus produtos e<br />

informações relevantes sobre a actividade. A Lusosem,<br />

empresa portuguesa focada no mercado nacional, pretende<br />

colocar à disposição de todos informação útil, actual<br />

e acessível, esperando que a página seja uma ferramenta<br />

à disposição de todos e um canal privilegiado<br />

de comunicação com o mercado.<br />

• Equilíbrio natural O2-CO2<br />

• Venda faseada<br />

• Baixo investimento<br />

• Colocação e retirada em câmara por pequenos volumes<br />

• Manutenção da frescura do fruto (crocância, turgência)<br />

• Aumenta o tempo de vida útil dos frutos por redução do metabolismo<br />

exemplo de conservação de maçãs e de acordo com a variedade: por unidade de 300kg = até 330 dias<br />

agro-negócio<br />

Madrefruta investe em Angola<br />

A Madrefruta está em negociações com um empresário do Lubango,<br />

no intuito de levar para o sul de Angola a produção de morango em<br />

hidroponia. Humberto Teixeira, responsável da empresa algarvia, esteve<br />

em Angola, em Maio, para discutir o negócio. “Temos neste momento<br />

negociações com um empresário angolano que pretende implementar<br />

um projecto de produção de morango pelo método de hidroponia<br />

na zona do Lubango. Angola tem óptimas condições para<br />

produção de horticultura e na zona do Lubango tem mesmo produção<br />

de morango de ar livre que vem ainda da época colonial, quando<br />

os nossos colonos lá produziam morango”, disse Humberto Teixeira<br />

à Lusa.<br />

PATENTE INOVADORA


Alimentação<br />

resiste à crise<br />

O consumidor português<br />

Por: Nélia Silva<br />

está a gastar mais dinheiro<br />

com a alimentação, a preferir<br />

as marcas brancas e a centrar o consumo dentro<br />

do lar. Os frescos são das categorias mais dinâmicas.<br />

Num momento de crise como<br />

o actual os hábitos<br />

dos consumidores portugueses<br />

estão a mudar. De<br />

acordo com o painel de<br />

lares TNS Worldpanel, relativo ao<br />

primeiro trimestre de 2009, o consumidor<br />

está mais sensível ao preço<br />

(81% dos inquiridos está disposto<br />

a reduzir gastos), concentra os<br />

momentos de compra, fazendo menos<br />

visitas às lojas, e compra de forma<br />

mais racional (visita várias insígnias,<br />

usa mais cartões de desconto,<br />

está mais atento aos preços por<br />

kg). Os gastos feitos nas lojas da<br />

grande distribuição estão cada vez<br />

mais centrados na alimentação.<br />

Cerca de 3/4 do dinheiro gasto pelos<br />

lares portugueses nas lojas de<br />

distribuição moderna são dedicados<br />

54<br />

distribuição<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

aos produtos de grande consumo,<br />

e destes a alimentação representa<br />

62,5% da factura. A alimentação básica<br />

cresceu no primeiro trimestre<br />

deste ano. São exemplos disso<br />

os vegetais congelados (+20,8%), as<br />

batatas congeladas (+18,6%) e as<br />

conservas de legumes (+14,6%).<br />

Com o objectivo de controlar e<br />

reduzir despesas, os portugueses aumentaram<br />

o consumo dentro do lar,<br />

fazendo menos refeições fora. Uma<br />

tendência que pode ser boa notícia<br />

para o sector das frutas e legumes,<br />

em geral mais consumidos dentro<br />

do que fora do lar. Com efeito, os<br />

produtos frescos sobem em volume,<br />

mas não tanto em valor, porque os<br />

preços por kg estão a ter uma evolução<br />

muito baixa ou mesmo negativa<br />

nalguns casos, em comparação<br />

Valor (em %) das vendas de legumes<br />

e verduras para os lares de Portugal Continental<br />

Compra de legumes e verduras embalados diminuiu 9,2%<br />

com o 1.º trimestre de 2008.<br />

Já em 2008, os frescos (*) representaram<br />

33% do valor gasto pelos<br />

lares portugueses em produtos<br />

de grande consumo, mais 5,7% do<br />

que em 2007, indica a TNS Worldpanel,<br />

painel que analisa os hábitos<br />

de consumo dos lares portugueses,<br />

com e sem rede fixa, em<br />

Portugal, com base numa amostra<br />

representativa de 3000 lares.<br />

No ano passado, 7 em cada 10<br />

cestas de compras incluíram, pelos<br />

menos, um produto fresco. Modelo<br />

(76%), Pingo Doce (73%) e Intermarché<br />

(74%) foram as insígnias<br />

com maior percentagem de cestas<br />

com produtos frescos. O Minipreço<br />

foi a cadeia que menor percentagem<br />

de cestas com frescos (46%)<br />

apresentou, mas destacou-se por<br />

crescer 9 pp (pontos percentuais)<br />

face a 2007, neste item. As cestas<br />

compostas exclusivamente por frescos<br />

representaram 7%, na média de<br />

todas as insígnias. O Pingo Doce<br />

destacou-se neste aspecto particular,<br />

com 9% dos seus actos de compra<br />

a serem exclusivamente compostos<br />

por produtos frescos.<br />

Dentro da categoria dos frescos,<br />

as frutas e legumes são dos produtos<br />

que geram mais tráfego nas lojas.<br />

Um facto que as grandes superfícies<br />

têm presente ao centrar as<br />

suas promoções, em folhetos e publicidade<br />

nos media, nos preços das<br />

frutas e legumes.<br />

Legumes e verduras<br />

valeram mais 10%<br />

No que se refere aos legumes e<br />

verduras, entre 2007 e 2008, houve<br />

um crescimento de 10% no valor<br />

gasto nesta categoria (total de<br />

369 188 000€), e um crescimento<br />

de 6,4% no volume comprado (352<br />

989 000 kg). O preço médio por kg<br />

(1.05€) cresceu 4% em 2008. Em<br />

média, no ano passado, cada lar<br />

comprou 94,7 kg de legumes e verduras,<br />

e em cada acto de compra<br />

adquiriu em média 3,36 kg, gastando<br />

3,51€.<br />

Quanto à performance dos produtos,<br />

a cebola (15,8%) e a alface<br />

(15,1%) foram os produtos que<br />

mais aumentaram em valor absoluto<br />

(ver gráfico). A couve (-12,7%)<br />

foi a única verdura que perdeu valor<br />

face a 2007. A batata e o tomate<br />

são os legumes com mais peso


A batata, seguida do tomate, são dos legumes com mais peso em valor<br />

nas vendas das grandes superfícies<br />

em valor nas vendas das grandes<br />

superfícies nesta categoria. A batata<br />

é dos legumes que mais valor gera<br />

nas vendas. Em média cada lar<br />

gastou perto de 25€/ano na compra<br />

de batata. É importante relembrar<br />

que este é um valor médio por<br />

lar e é necessário ter em consideração<br />

que estamos a falar de produtos<br />

muito produzidos para autoconsumo,<br />

o que faz com que o va-<br />

TOMATE CLAUDIUS<br />

- Nova variedade de cacho indeterminada com TSWV<br />

- Frutos de calibre grande com 125 – 145 gr com muito<br />

boa qualidade, e consistência<br />

- Planta vigorosa e uniforme<br />

- Planta equilibrada, na sua relação massa foliar / fruto<br />

- Elevada produtividade<br />

- Resistências: ToMV: 0, 1, 2 / Fol: 1, 2 / For / TSWV /<br />

Ff:abcde<br />

- Para transplantes de Fevereiro / Agosto<br />

lor médio gasto pareça baixo. Por<br />

outro lado, a cenoura, o tomate e a<br />

alface são os “grandes geradores de<br />

tráfego”, ou seja, as verduras que<br />

mais vezes levam o consumidor a<br />

visitar a secção de frescos.<br />

Curiosamente, a compra (em valor<br />

absoluto) de legumes e verduras<br />

embalados diminuiu 9,2%, em<br />

2008. A venda de produtos avulso<br />

(a granel) representou cerca de<br />

70%, enquanto os embalados se ficaram<br />

pelos 30%.<br />

Crise reforça peso<br />

da grande distribuição<br />

O consumidor está a voltar-se<br />

cada vez mais para os super e hipermercados<br />

(76,6% do peso em<br />

valor nos bens de grande consumo),<br />

e a abandonar o comércio tradicional<br />

(11,4%). Mercearias, mer-<br />

distribuição<br />

Oportunidade junto dos reformados<br />

O envelhecimento da população cria oportunidades de venda<br />

nas faixas etárias mais envelhecidas. Estimativas europeias indicam<br />

que, em 2060, 30% da população europeia terá mais de 65 anos<br />

(em 2008 representa 17%) e que a população com mais de 80 anos<br />

representará 12% dos europeus. Em Portugal, 35% da população<br />

tem mais de 50 anos e 12,6% dos lares portugueses inclui-se na categoria<br />

dos reformados. De acordo com a TNS Worldpanel, este grupo<br />

é mais fiel às insígnias (cadeias de grande distribuição onde fazem<br />

compras), gasta menos em marcas brancas e é fortemente motivado<br />

pelos produtos frescos (40% dos gastos em produtos de grande<br />

consumo destinam-se aos frescos).<br />

HORTÍCOLA DO OESTE<br />

Raul Patrocínio Duarte, Lda.<br />

Estrada Municipal Silveira • Coutada<br />

2560-401 Silveira • Torres Vedras • Portugal<br />

Tel.: (+351) 261 937 392 • Fax: (+351) 261 937 435<br />

Telm.: (+351) 939 473 927<br />

e-mail: geral@horticoladooeste.com<br />

www.horticoladooeste.com<br />

cados, frutarias, talhos, etc. estão<br />

a perder clientes, sobretudo na categoria<br />

dos frescos. Em 2008, as<br />

marcas do distribuidor (marcas<br />

brancas) cresceram 21% em valor<br />

e já representam perto de um terço<br />

dos produtos de grande consumo<br />

vendidos em Portugal. •<br />

(*) Frescos: bacalhau seco, carne, peixe<br />

e marisco, frutas, legumes, pão padeiro<br />

TOMATE DURINTA<br />

- O melhor equilíbrio entre<br />

textura, sabor e coloração<br />

- Variedade de cacho indeterminada<br />

e de cor verde intenso<br />

- Cachos de 7 – 8 frutos de forma<br />

redonda, de excelente sabor<br />

com um peso de 110 – 130 gr<br />

- Larga vida ( L.S.L ) de<br />

3 semanas<br />

- Planta vigorosa e muito<br />

resistente<br />

- Resistências: Vírus do Mosaico<br />

do Tabaco ( Tmv ), Verticilium<br />

( V ), Fusarium 1 e 2 ( F1 e F2)<br />

- Variedade muito precoce,<br />

recomendada para cultivos<br />

em estufa e ar livre


factores de produção<br />

O papel das algas<br />

na agricultura<br />

Por: Nélia Silva<br />

Além do uso como fertilizantes,<br />

algumas espécies de<br />

algas produzem moléculas<br />

bioativas capazes de estimular<br />

processos fisiológicos<br />

e induzir resistência nas<br />

plantas.<br />

O efeito fitoprotector das algas<br />

acontece por duas vias: as moléculas<br />

extraídas das algas podem apresentar<br />

actividade directa (antibiose)<br />

ou indirecta (indução de resistência<br />

da planta e/ou melhoria da<br />

população de organismos antagónicos<br />

no solo) contra os patogénicos.<br />

A antibiose de metabólitos de<br />

algas contra bactérias, fungos e nematóides<br />

fitopatogénicos é relatada<br />

frequentemente em estudos<br />

prospectivos, e moléculas bioativas<br />

vêm sendo isoladas e identificadas<br />

em diferentes espécies de<br />

macroalgas.<br />

As macroalgas e os seus estratos<br />

podem reduzir as doenças das plantas<br />

de forma indirecta, ou seja,<br />

através da melhoria das condições<br />

Usadas há séculos na agricultura tradicional como fertilizantes, as algas marinhas são<br />

hoje utilizadas no fabrico de bioestimulantes e produtos naturais que protegem as<br />

plantas de doenças.<br />

física, química e/ou microbiológica<br />

do solo. A aplicação de algas<br />

e/ou extractos pode provocar um<br />

revestimento das partículas do solo<br />

com polissacarídeos, o que estimula<br />

o crescimento de bactérias e<br />

fungos saprófitas, que são antagonistas<br />

a microrganismos patogénicos<br />

presentes no solo. Por outro lado,<br />

algumas espécies de algas produzem<br />

moléculas bioactivas capazes<br />

de induzir resistência nas plantas.<br />

É o caso do polissacarídeo ulvana<br />

de Ulva fasciata, que reduz a<br />

severidade de oídio (Erysiphe polygoni)<br />

e da antracnose (Colletotrichum<br />

lindemuthianum), quando<br />

pulverizado preventivamente sobre<br />

plantas de feijoeiro. «Considerando<br />

que esse polissacarídeo não<br />

apresenta actividade antimicrobiana,<br />

tem-se atribuído o controlo da<br />

doença à indução de resistência das<br />

plantas», explica Marciel J. Stadnik,<br />

do Centro de Ciências Agrárias,<br />

Universidade Federal de Santa<br />

Catarina, Brasil, que esteve em<br />

protecção<br />

Recolha das algas na zona de rebentação, na Bretanha, França<br />

Dezembro passado numa palestra<br />

em Faro, a convite da Universidade<br />

do Algarve.<br />

O Centro Operativo e Tecnológico<br />

Hortofrutícola Nacional organizou,<br />

no passado dia 7 de Maio, um<br />

dia de campo, no Peral, sobre “Métodos<br />

complementares de protecção<br />

fitossanitária dos pomares: aplicação<br />

de algas”. António Guerra,<br />

técnico da Direcção Regional de<br />

Agricultura do Norte, orador desta<br />

jornada, mostrou-se um entusias-<br />

ta das algas e deu vários exemplos<br />

sobre o seu efeito fitoprotector.<br />

«Em 2008 em Armamar pude confirmar<br />

que um agricultor que usou<br />

semanalmente pequenas doses de<br />

algas, enxofre e cobre não teve pedrado<br />

no pomar, enquanto os pomares<br />

dos vizinhos estavam pejados<br />

de pedrado», afirmou. Este técnico<br />

garantiu ainda que os produtos<br />

à base de algas conferem maior<br />

resistência às árvores de fruto contra<br />

o oídio e as monílias. «Em Per-<br />

Goëmar


Moliço e sargaço<br />

Em Portugal, as algas marinhas utilizam-se como fertilizantes<br />

desde o século XIII, particularmente nos campos agrícolas próximos<br />

do mar. A colheita comercial de macroalgas para fertilizantes<br />

foi regulamentada, pela primeira vez, pelo rei D. Dinis, em 1309. Hoje,<br />

o uso de algas como fertilizantes está praticamente restrito à zona<br />

Norte, em particular nos campos hortícolas (masseiras) da Zona<br />

de Póvoa de Varzim e de Viana do Castelo. As duas principais misturas<br />

de algas usadas tradicionalmente como fertilizante são o “moliço”<br />

e o “sargaço”. O moliço é uma mistura de algas e plantas marinhas<br />

colhidas na ria de Aveiro. Esta mistura contém sobretudo Ulva,<br />

Enteromorpha (algas agora pertencentes ao género Ulva), Gracilaria<br />

e Lola, e as plantas marinhas pertencentes aos géneros Zostera,<br />

Ruppia e Potamogeton. O sargaço (também designado por “argaço<br />

e limos”) é o conjunto de diversas algas marinhas (Saccorhiza,<br />

Laminaria, Fucus, Codium, Palmaria, Gelidium e Chondrus) que<br />

crescem nos rochedos da plataforma continental. A tradicional apanha<br />

do sargaço consistia na recolha, na praia ou na beira-mar, das<br />

algas que se desprendem dos rochedos<br />

com o movimento das ondas.<br />

As algas são depois espalhadas<br />

na praia para secar, recolhidas<br />

e armazenadas em “medas”.<br />

O pilado (pequenos caranguejos)<br />

era também recolhido no mar e<br />

triturado, sendo usado juntamente<br />

com o sargaço na adubação<br />

das terras.<br />

pignan vi pessegueiros sem lepra,<br />

numa zona fria, o que me surpreendeu.<br />

Quando falei com os agricultores,<br />

soube que usam zinco e<br />

algas para evitar o problema», conta,<br />

acrescentando: «na Cova de Beira,<br />

fiz análises consecutivas e confirmei<br />

que onde há mais zinco, há<br />

menos lepra e monílias.»<br />

António Guerra realçou que o<br />

efeito fitoprotector das algas ainda<br />

é pouco conhecido, mas disse ter<br />

presenciado vários exemplos. Foi o<br />

caso de uma parcela de vinha da<br />

Fundação Eugénio de Almeida,<br />

afectada pela queda de granizo, onde<br />

se aplicou de imediato um produto<br />

à base de algas. Após uma semana,<br />

a vinha conseguiu recuperar<br />

dos estragos. A mesma “receita” é<br />

válida para as geadas: «após a ocorrência<br />

de geadas deve aplicar-se de<br />

imediato, no máximo até 48 horas,<br />

produtos à base de algas para restabelecer<br />

o crescimento das plantas»,<br />

sugeriu. Na vinha, as algas podem<br />

Medas de sargaço na localidade<br />

de Aver-o-Mar, concelho<br />

da Póvoa de Varzim<br />

ser usadas para minimizar o desavinho<br />

(estimulam o vingamento<br />

dos bagos) e a bagoinha (melhoram<br />

o calibre dos bagos), aumentam o<br />

alongamento dos raquis, conferem<br />

maior resistência das plantas contra<br />

míldio e oídio e aumentam o teor<br />

de polifenóis nas uvas.<br />

António Guerra sugeriu ainda<br />

que as algas podem ser uma solução<br />

para minimizar as doenças do<br />

lenho na vinha e plantas de quivi<br />

(um problema emergente nos pomares<br />

portugueses de quivi). «Só<br />

com medidas culturais conseguiremos<br />

resolver este problema. É preciso<br />

tornar os vasos lenhosos mais<br />

resistentes à entrada do vírus, através<br />

do boro e do zinco», afirmou.<br />

Bioestimulantes<br />

Extractos de algumas espécies de<br />

algas possuem propriedades bioestimulantes,<br />

sendo capazes de estimular<br />

processos fisiológicos da planta<br />

e, assim, aumentar a sua produ-


Goëmar<br />

factores de produção<br />

As algas (Ascophyllum Nodosum) usadas no fabrico dos produtos Goëmar<br />

BM 86 são processadas em fresco<br />

tividade. As algas estimulam a produção<br />

de algumas hormonas, que<br />

regulam o desenvolvimento, crescimento,<br />

senescência e resposta ao<br />

stresse pelas plantas. «Produtos comerciais<br />

à base de A. nodosum aumentam<br />

frequentemente a produtividade<br />

das plantas. Koo & Mayo<br />

(1994) constataram aumento de 10-<br />

25% em produtividade e diminuição<br />

de queda de frutos em plantas<br />

de citrinos com a aplicação aérea de<br />

extractos de algas. Em relação à qualidade<br />

de frutos, tem-se observado<br />

que a pulverização aérea com extracto<br />

de algas aumenta a coloração<br />

avermelhada de maçãs em cultivo<br />

biológico (Marangoni et al., 2004).<br />

Em cultivo convencional, Malaguti<br />

et al. (2002) encontraram o mesmo<br />

resultado na cultivar Mondial Gala»,<br />

relata Marciel J. Stadnik no seu<br />

trabalho “Uso de Macroalgas Marinhas<br />

na Agricultura”.<br />

«Além do uso tradicional consagrado<br />

como fertilizantes orgânicos,<br />

as algas apresentam um enorme<br />

potencial biotecnológico na obtenção<br />

de compostos bioestimulantes<br />

e/ou fitoprotectores. Outra<br />

grande vantagem a favor da utilização<br />

das algas como matéria-prima<br />

é que nas relações custo/benefício<br />

dos investimentos em pesqui-<br />

protecção<br />

Ensaios com Goëmar BM 86<br />

O Goëmar BM 86 foi alvo de ensaios em pereira Rocha (Pêro Moniz<br />

e Painho), em 2008, e em macieira Royal Gala (Peral). O ensaio<br />

realizado em Rocha demonstrou que o produto fez aumentar o<br />

número de corimbos com fruto (+ 15% Painho e + 43% Pêro Moniz<br />

do que a testemunha), bem como a taxa de vingamentos (em Pêro<br />

Moniz, em 150 corimbos, vingaram 196 frutos com Goëmar e 135<br />

com a testemunha). Houve ainda um ligeiro aumento do calibre<br />

(+1,6% e 1,9%) das peras e ligeiro aumento da produção (59 t/ha<br />

com Goëmar e 47 t/ha a testemunha). O ensaio com macieiras, visitado<br />

no âmbito do Dia de Campo sobre “Métodos complementares<br />

de protecção fitossanitária dos pomares: aplicação de algas”, a 7 de<br />

Maio, está a decorrer, num pomar de um dos associados da APAS.<br />

João Azevedo, responsável técnico da APAS, disse que nesta fase<br />

preliminar é possível identificar mais 5% de corimbos com fruto<br />

nas árvores tratadas com Goëmar, do que nas árvores testemunha,<br />

já a taxa de vingamento é um pouco inferior nas macieiras que receberam<br />

tratamento com Goëmar. Produto vendido pela Selectis.<br />

Visita a um pomar no Peral, onde decorre um ensaio com Goëmar BM<br />

86 em macieira Royal Gala<br />

sa e produção industrial, os produtos<br />

naturais têm os maiores retornos,<br />

pois não necessitam de síntese<br />

química de novas moléculas»,<br />

conclui este autor. •<br />

Bibliografia<br />

“As Algas Marinhas e Respectivas Utilidades”,<br />

Leonel Pereira, Departamento de Botânica,<br />

Universidade de Coimbra; “Uso de Macroalgas<br />

Marinhas na Agricultura”, Marciel J. Stadnik &<br />

Roberta Paulert, Centro de Ciências Agrárias,<br />

Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil


www.flfrevista.pt<br />

• 6 edições (um ano) 39€<br />

• Europa - 55€<br />

• 12 edições (dois anos) 74€<br />

• Europa - 105€<br />

Nome:<br />

(Empresa):<br />

Morada:<br />

Localidade: Cód. Postal:<br />

Nº de Contribuinte: E-mail:<br />

Telefone: Fax: Telemóvel:<br />

Para o efeito junto envio o cheque n.º<br />

à ordem de PUBLICAÇÕES GROUPO TB.<br />

no valor de: € do banco:<br />

Ajude-nos a conhecê-lo melhor. Diga-nos qual a sua actividade principal.<br />

Produtor Frutícola O que produz?<br />

Produtor Hortícola O que produz?<br />

Técnico Área:<br />

Floricultor O que produz?<br />

Distribuidor de Factores de Produção Quais?<br />

Indústria de Transformação O que transforma?<br />

Grossista/Armazenista Do quê?<br />

Publicações Groupo TB – Rua Álvaro de Campos, Nº 20 - 1º Dto. • Codivel 2675-225 ODIVELAS<br />

Telfs.: 219 378 700 • Fax: 219 378 709 – E-mail: carla@flfrevista.pt<br />

Outros:


60<br />

factores de produção<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

rega<br />

Medidas de poupança<br />

de água desajustadas<br />

Por: Nélia Silva<br />

AAcção 7.1 da “Estratégia<br />

Nacional para Programas<br />

Operacionais Sustentáveis<br />

de Organizações de Produtores<br />

(OP) de Frutas e<br />

Legumes”, aprovada em Janeiro<br />

deste ano, visa incentivar as OP a<br />

modernizar ou trocar os sistemas<br />

de rega por outros que demonstrem<br />

uma poupança de água, na<br />

mesma área irrigada. No entanto,<br />

só poderão ser alvo de apoio os sistemas<br />

(rega localizada, aspersão,<br />

sistemas de irrigação integrada)<br />

que permitam uma redução de “no<br />

mínimo 25% do consumo de água<br />

…comprovada por pessoa ou entidade<br />

acreditada para o efeito”.<br />

Também são elegíveis sistemas ou<br />

equipamentos que reduzam a aplicação<br />

de fertilizantes e a erosão do<br />

solo e que “se espera venham a resultar<br />

numa redução de pelo menos<br />

10% no consumo de água”.<br />

Esta medida é polémica e revela<br />

desconhecimento da realidade<br />

agrícola por parte de quem a elaborou,<br />

indicam várias partes consultadas<br />

pela Frutas, Legumes e<br />

Flores. “As medidas previstas no<br />

âmbito dos Programas Operacionais<br />

não se adaptam à realidade dos<br />

agricultores”, afirma Domingos<br />

Santos, presidente da Federação<br />

Nacional das Organizações de Produtores<br />

de Frutas e Legumes<br />

(FNOP), explicando: “é extremamente<br />

importante modernizar os<br />

sistemas de rega e tirar o máximo<br />

proveito possível por unidade de<br />

água utilizada, mas não é possível<br />

O Governo aprovou medidas que visam a poupança de água através da modernização<br />

de sistemas de rega, mas as Organizações de Produtores de frutas e legumes<br />

consideram-nas desajustadas da realidade.<br />

assumir um compromisso de redução<br />

de 25% no consumo, porque<br />

cada ano agrícola é variável.<br />

Posso gastar mais água numa parcela<br />

e ser mais eficiente em quilos<br />

produzidos por hectare”, lembra.<br />

Gonçalo Escudeiro, outro dirigente<br />

da FNOP ligado ao sector do<br />

tomate para indústria, questiona<br />

como poderá ser feito o controlo<br />

da poupança de água, “se não há<br />

registos do gasto feito actualmente”.<br />

Uma ideia reforçada por Isaurindo<br />

Oliveira, ex-director técnico<br />

do Centro Operativo e Tecnológico<br />

do Regadio (COTR) e uma das<br />

pessoas que em Portugal mais se<br />

tem dedicado às questões da gestão<br />

da rega: “redução de 25% em<br />

relação a quê? Se não há qualquer<br />

controlo, nem conhecimento do<br />

que se faz, como é possível indicar<br />

um número? Como se garante que<br />

o novo sistema atingirá esse patamar?<br />

E se não se atingir os 25%,<br />

mas apenas 5% ou 10%, o que já é<br />

óptimo, o que acontece? Quem<br />

controla? E quem dá formação a<br />

esses controladores”, muitas dúvidas<br />

partilhadas também pelos agricultores.<br />

Nuno Manana, chefe da Divisão<br />

de Promoção da Competitividade<br />

do Gabinete de Planeamento e Políticas<br />

do Ministério da Agricultura,<br />

explicou à Frutas, Legumes e<br />

Flores que os limiares de redução<br />

indicados resultam do “elevado<br />

grau de exigência” da Comissão<br />

Europeia para com as medidas ambientais<br />

dos programas operacio-<br />

É desejável aumentar a eficiência da água por unidade utilizada, mas não é<br />

possível assumir um compromisso de redução de 25%<br />

nais das OP. Garante, no entanto,<br />

que a redução de 25% é tida apenas<br />

como um “indicador teórico”,<br />

reflectindo-se numa “redução prática”<br />

de 10%. “Não vamos obrigar<br />

a estudos de impacto ambiental,<br />

nem vamos obrigar ninguém a<br />

monitorizar o sistema de rega todos<br />

os anos. Não queremos complicar<br />

a vida às OP, até porque reconhecemos<br />

o atraso na aprovação<br />

da Estratégia Nacional”, disse.<br />

“Procuraremos credibilizar a poupança<br />

de água para que se cumpra<br />

o regulamento comunitário e não<br />

haja verbas a voltar para Bruxelas”,<br />

acrescentou.<br />

Apesar disso, Nuno Manana lembrou<br />

que os custos correntes (consumíveis)<br />

não são elegíveis no âmbito<br />

dos apoios aos programas operacionais<br />

das OP, e só serão admitidos<br />

como uma componente de<br />

um sistema reconvertido que prove<br />

poupar água, em relação ao que<br />

estava antes instalado.<br />

As OP que se candidataram a<br />

apoios no âmbito da poupança de<br />

água devem apresentar, em Setembro,<br />

o comprovativo da poupança<br />

gerada pelo sistema de rega. Mas,<br />

por enquanto, não está definido<br />

quem será a entidade responsável<br />

pela avaliação do mesmo. •


Perdas na conservação<br />

de batata para indústria<br />

Por: Artur Amaral (1)<br />

e Filipa Vinagre (2)<br />

Oconsumo de produtos<br />

transformados de batata<br />

tem aumentado nos últimos<br />

anos na UE. Em<br />

Portugal também se tem<br />

verificado este aumento. De um<br />

modo geral, a indústria tem necessidade<br />

de ser abastecida ao longo<br />

de todo o ano, o que implica conservar<br />

o produto e o seu fornecimento<br />

escalonado. Em muitas situações,<br />

a armazenagem deixou de<br />

ser da responsabilidade da unidade<br />

industrial e passou para os seus<br />

fornecedores, isto é, produtores e<br />

suas associações ou empresas privadas.<br />

As entregas de batata armazenada<br />

para a indústria decorrem,<br />

normalmente, de Novembro a Fevereiro.<br />

O aumento do período de<br />

armazenagem acarreta maiores encargos<br />

energéticos, além de maiores<br />

riscos da alteração da qualidade<br />

da batata. Importa, por isso, avaliar<br />

as principais perdas ocorridas,<br />

garantindo os padrões de qualida-<br />

Durante o processo de conservação ou armazenamento da batata ocorrem sempre<br />

perdas que convém avaliar e controlar, de forma a garantir os padrões de qualidade<br />

exigidos pelos diferentes tipos de consumidores, em especial pela indústria.<br />

de exigidos pela indústria.<br />

Principais tipos<br />

de perdas<br />

O processo de conservação pós-<br />

-colheita da batata é composto por<br />

diversas etapas: formação da casca<br />

(encascamento) e secagem no<br />

campo; acondicionamento no armazém;<br />

depois, uma segunda fase<br />

de secagem já durante o armazenamento;<br />

ao qual se segue o arrefecimento<br />

gradual, até ao valor ideal<br />

de conservação. O período de<br />

conservação poderá ser mais ou<br />

menos longo (semanas a meses),<br />

mantendo-se a temperatura desejável<br />

estável e com um teor de humidade<br />

relativa (HR) nunca inferior a<br />

90%. No final da conservação dever-se-á<br />

proceder ao “aquecimento”<br />

da câmara de conservação, antes<br />

do escoamento dos tubérculos.<br />

Durante o período de conservação,<br />

podem ser considerados dois<br />

tipos de perdas: perdas de peso e de<br />

Figura 2- Armazenamento de batata no interior das câmaras de frio<br />

pós-colheita<br />

Figura 1- Aspecto exterior das câmaras frigoríficas usadas no ensaio<br />

qualidade. Os principais factores<br />

que causam a perda de peso fresco<br />

e de qualidade são: respiração;<br />

abrolhamento; transpiração; alterações<br />

da composição química, especialmente<br />

do amido; doenças e<br />

danos causados por temperaturas<br />

extremas. Durante a conservação,<br />

os tubérculos irão perder peso fresco.<br />

Essa perda é devida essencialmente<br />

aos processos da respiração<br />

e da transpiração. Os processos metabólicos<br />

e de manutenção requerem<br />

energia e, por isso, os tubérculos<br />

utilizam parte da sua matéria<br />

seca (amido, principalmente) para<br />

o fornecimento desta. As perdas por<br />

respiração são relativamente menos<br />

importantes do que as perdas<br />

por transpiração. Estas últimas dependem<br />

de factores como a pressão<br />

de vapor de água do ambiente e da<br />

temperatura de conservação. A taxa<br />

de respiração é mais reduzida pelos<br />

5ºC e mais elevada abaixo ou aci-<br />

tecnologia<br />

ma desse valor. Temperaturas acima<br />

dos 15ºC levam a um aumento<br />

muito elevado da taxa de respiração.<br />

Este tipo de perdas poderá ser<br />

atenuado através da: manutenção<br />

de uma elevada HR (pelo menos 90-<br />

-95%); utilização de ventilação com<br />

ar com uma HR o mais próxima do<br />

valor do interior da câmara; restrição<br />

do período de ventilação; atenuação<br />

ou eliminação dos ataques<br />

de sarna prateada (Helminthosporium<br />

solani). Os tubérculos com<br />

perdas severas de água ficam mais<br />

sensíveis a acidentes fisiológicos (caso<br />

do denominado acastanhamento<br />

da polpa e/ou pinta ferrugenta).<br />

O abrolhamento dos tubérculos<br />

durante a armazenagem resulta<br />

num aumento das perdas de peso;<br />

contribuindo este processo, só por<br />

si, para as perdas por respiração,<br />

devido ao aumento da actividade<br />

metabólica (constituição de novos<br />

tecidos); bem como, num aumen-<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 61


to mais significativo das perdas por<br />

transpiração, devido ao aumento<br />

de superfície.<br />

As perdas de qualidade industrial<br />

devem-se em grande medida às alterações<br />

da composição química dos<br />

tubérculos. Uma das alterações mais<br />

importantes é a conversão do amido<br />

em açúcares redutores e vice-versa,<br />

que é afectado especialmente pela<br />

temperatura. Com valores de temperaturas<br />

muito baixas os teores de<br />

açúcares redutores aumentam; contudo,<br />

a conservação a temperaturas<br />

mais elevadas são indutoras do envelhecimento<br />

fisiológico dos tubérculos,<br />

o que acarreta também o processo<br />

de adoçamento, devido também<br />

ao aumento dos açúcares redutores.<br />

Dever-se-á encontrar a temperatura<br />

ideal em função de factores<br />

como, por exemplo: a variedade<br />

em causa; a duração do período de<br />

conservação; os encargos energéticos<br />

e as condições de armazenagem.<br />

Monitorização da qualidade<br />

da batata Hermes<br />

Durante o período de Setembro<br />

de 2008 a Abril de 2009, avaliou-se<br />

comparativamente a evolução da<br />

qualidade e das perdas da batata de<br />

Figura 3 – Evolução do número médio de brolhos por tubérculo,<br />

na variedade Hermes, submetida a duas temperaturas de conservação<br />

62<br />

tecnologia<br />

Dias de conservação<br />

Percentagem de perda de peso fresco (%)<br />

Temperatura 10ºC Temperatura 7ºC<br />

31 0,7 0,8<br />

72 1,5 1,6<br />

108 2,3 2,5<br />

145 3,1 3,3<br />

172 4,0 4,0<br />

200 4,9 4,6<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

pós-colheita<br />

Quadro 1 – Evolução das perdas médias de peso fresco<br />

por tubérculo em duas temperaturas de conservação (7 e 10ºC).<br />

indústria, variedade Hermes, submetida<br />

a duas temperaturas de conservação:<br />

10ºC e 7ºC. Foram utilizadas<br />

duas câmaras de frio, com ventilação<br />

e controlo da humidade relativa<br />

do ar (Figura 1). Os tubérculos<br />

foram recebidos no dia 11 de Setembro<br />

2008 (Figura 2). A temperatura<br />

foi diminuída gradualmente em<br />

0,5ºC/dia até aos 15ºC e de 0,3ºC/dia,<br />

até aos valores de 7ºC, numa das câmaras,<br />

e 10ºC na outra.<br />

Procedeu-se ao controlo da temperatura<br />

(T) e HR no interior das<br />

câmaras de frio, mantendo-se a HR<br />

no seu interior acima dos 90%. Foram<br />

observadas as perdas de peso<br />

fresco, o número de brolhos e o<br />

comprimento do brolho de maior<br />

dimensão, numa amostra de 20 tubérculos.<br />

Observaram-se, ainda, os<br />

defeitos externos, internos, o peso<br />

específico e o teor de açúcares redutores<br />

em amostras de 10 kg.<br />

Até aos 172 dias de conservação,<br />

não se verificaram diferenças nas<br />

perdas de peso fresco entre as duas<br />

temperaturas de conservação<br />

(Quadro 1).<br />

Aos 200 dias de conservação, a<br />

percentagem de perda de peso fresco<br />

na batata foi de 4,6% e 4,9%<br />

quando armazenada a 7ºC e 10ºC,<br />

respectivamente. Verificou-se um<br />

aumento do número de brolhos<br />

nos tubérculos conservados à temperatura<br />

de 10ºC, a partir dos 127<br />

dias de conservação (Figura 3).<br />

Factores culturais e<br />

perdas de conservação<br />

A qualidade e as perdas durante<br />

a conservação resultam do produto;<br />

das condições de conservação;<br />

do factor varietal e das condições<br />

culturais. As condições culturais<br />

com maior influência na qualidade<br />

e nas perdas ocorridas durante a<br />

conservação são: a fertilização equilibrada<br />

da cultura, nomeadamente<br />

a fertilização azotada e potássica;<br />

o desenvolvimento das doenças e<br />

pragas; as datas e compassos de<br />

plantação, bem como o tipo e a qualidade<br />

da batata-semente; a rega e<br />

as condições de colheita. Uma fertilização<br />

equilibrada é fundamental<br />

de forma a garantir não só uma boa<br />

produtividade, como também os teores<br />

de matéria seca da batata adequados<br />

ao processamento industrial.<br />

Fertilizações desequilibradas,<br />

especialmente em azoto e potássio,<br />

poderão levar a atrasos de maturação,<br />

ocasionando atrasos na maturação<br />

e colheita.<br />

O controlo das doenças e das<br />

pragas é fundamental para se garantir<br />

uma adequada conservação.<br />

Algumas das doenças que atacam<br />

as plantas das batateiras durante o<br />

ciclo cultural poderão passar para<br />

os tubérculos, caso do míldio, afectando<br />

a sua conservação. Entre as<br />

principais pragas assume lugar de<br />

destaque a traça da batateira (Phothorimaea<br />

operculella Zell). Os ataques<br />

da traça iniciam-se no cam-<br />

po, ocorrendo muito próximo ou<br />

mesmo durante a colheita. A infestação<br />

dos tubérculos pode comprometer<br />

seriamente os rendimentos,<br />

através do seu valor comercial, provocando<br />

ainda mais estragos durante<br />

o período de conservação, devido<br />

à existência de galerias abertas,<br />

que facilitam a entrada de agentes<br />

causadores de podridões (fungos<br />

e bactérias). Uma baixa infestação<br />

no campo e uma rápida colheita<br />

e escolha da batata permitem<br />

a sua conservação em boas condições,<br />

diminuindo drasticamente os<br />

riscos. A realização da operação da<br />

amontoa é fundamental como forma<br />

de proteger os tubérculos da acção<br />

da luz do solo, evitando o seu<br />

esverdeamento, e os ataques da traça<br />

nos tubérculos.<br />

A rega é um factor cultural determinante,<br />

não só na obtenção de<br />

uma elevada produtividade (kg/ha)<br />

e qualidade dos tubérculos. A rega<br />

influencia o desenvolvimento e o<br />

crescimento das plantas, indo afectar<br />

muitos outros factores culturais:<br />

a eficiência dos elementos nutritivos;<br />

o desenvolvimento das doenças<br />

e pragas; as condições de colheita<br />

e os danos mecânicos; o teor<br />

de água dos tubérculos durante a<br />

armazenagem; o desenvolvimento<br />

das infestantes; etc...<br />

Actualmente, a totalidade da batata<br />

para indústria é colhida mecanicamente.<br />

Durante o processo de<br />

colheita e transporte da batata para<br />

a armazenagem deve-se ter cuidado<br />

com todos os factores que<br />

possam vir a provocar danos mecânicos<br />

nos tubérculos. A batata<br />

para indústria é especialmente sensível<br />

às feridas e pancadas provocadas<br />

durante este processo. Alguns<br />

destes danos podem agravar<br />

os defeitos externos e internos da<br />

batata, além de contribuírem para<br />

maiores perdas durante a conservação,<br />

seja por via das perdas de peso,<br />

seja pelo desenvolvimento e<br />

aparecimento de podridões. •<br />

(1) Escola Superior Agrária de Santarém,<br />

Instituto Politécnico de Santarém<br />

(2) Instituto Nacional dos Recursos Biológicos,<br />

Fonte Boa, 2005-048 Vale de Santarém


Métodos não destrutivos<br />

de análise de frutos e legumes<br />

Por: Ana M. Cavaco*<br />

Aglobalização do mercado<br />

internacional e uma<br />

maior procura de produtos<br />

hortofrutícolas de<br />

qualidade por parte dos<br />

consumidores têm exigido: uma legislação<br />

mais abrangente; práticas<br />

agrícolas de maior sustentabilidade;<br />

redução no uso de químicos e<br />

pesticidas na fase de cultura e conservação<br />

(e.g. Drzyzga, 2003);<br />

maior controlo e precisão na determinação<br />

do estado de maturação<br />

óptimo para a colheita dos produtos<br />

e na determinação da sua<br />

qualidade e estado de maturação<br />

na pós-colheita; desenvolvimento<br />

de tecnologias com vista à manipulação,<br />

transporte, conservação<br />

pós-colheita e prolongamento da<br />

Os métodos não destrutivos de análise qualitativa de frutos e legumes são rápidos<br />

e melhoram de forma significativa a precisão da calibragem e avaliação dos produtos,<br />

mas o seu custo médio ainda é elevado.<br />

vida de prateleira.<br />

Tão variados quanto o tipo de<br />

frutos são os parâmetros de qualidade<br />

e os métodos correntemente<br />

utilizados para os determinar. Estes<br />

métodos padrão de determinação<br />

directa, entre os quais se destacam<br />

a refractometria [teor de sólidos<br />

solúveis (TSS) (ºBrix)], a penetrometria<br />

(dureza ou firmeza)<br />

e a volumetria [acidez titulável<br />

(AT)], são todos eles destrutivos, demorados<br />

e pouco viáveis durante a<br />

época alta das campanhas de colheita<br />

nas cooperativas ou no quotidiano<br />

trepidante dos entrepostos.<br />

Além de exigirem um número elevado<br />

de operadores nas linhas de<br />

selecção, calibração e análise de<br />

qualidade, e de um ritmo de traba-<br />

pós-colheita<br />

lho intensivo e desgastante, optase<br />

muitas vezes por amostragens<br />

“possíveis” e não as “adequadas”.<br />

Como consequência, é elevada a<br />

probabilidade de erros respeitantes<br />

à caracterização e selecção dos produtos,<br />

e de eventual prejuízo para<br />

produtores, cooperativas, entrepostos<br />

e consumidores.<br />

Quem disse que «a rapidez é inimiga<br />

da perfeição» e que «depressa<br />

e bem, não há quem» desconhece<br />

a existência de métodos ou tecnologias<br />

não-invasivas para determinação<br />

da qualidade de frutos e<br />

legumes. A rapidez de análise nas<br />

linhas automatizadas de alguns<br />

destes aparelhos atinge os 10 frutos/seg/linha!<br />

Todavia, estas tecnologias<br />

não pretendem substituir a<br />

Detector de luminescência associada aos voláteis de frutos, indicativos da sua qualidade interna e frescura, protótipo<br />

da portuguesa Aromasensors<br />

tecnologia<br />

mão-de-obra associada a estas funções,<br />

mas sim aumentar a sua performance,<br />

uma vez que os sistemas<br />

automatizados não sofrem fadiga<br />

nem habituação visual, permitindo<br />

aos operadores serem mais rápidos<br />

e eficazes. As cooperativas e<br />

entrepostos poderão assimoptimizar<br />

a sua logística e recursos humanos,<br />

enquanto melhoram de<br />

forma significativa a precisão da<br />

calibração e avaliação dos seus produtos<br />

hortofrutícolas.<br />

Os aparelhos capazes de uma<br />

análise qualitativa de frutos e legumes,<br />

na sua forma portátil, para<br />

bancada, e para linhas automatizadas<br />

de calibração são rápidos e<br />

precisos, desde que devidamente<br />

calibrados. Não alteram as propriedades<br />

físicas ou químicas dos frutos,<br />

permitem seguir o mesmo fruto<br />

na pré e pós-colheita, fazem a<br />

análise através de modelos de previsão<br />

incorporados no respectivo<br />

software do aparelho, ou por determinação<br />

directa da imagem recolhida,<br />

e permitem o diagnóstico<br />

de fisiopatias e defeitos superficiais<br />

e internos. No entanto, muitas das<br />

empresas que os fabricam ainda<br />

não têm representantes em Portugal,<br />

embora uma vez contactadas,<br />

possam enviar ao local técnicos especializados<br />

para a sua instalação<br />

e formação dos respectivos operadores.<br />

O seu custo médio ainda é<br />

elevado, com preços que podem variar<br />

entre os 25 000 a 50 000€,<br />

atingindo no caso da sua integração<br />

em linhas automatizadas de ca-<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 63


64<br />

tecnologia<br />

libração cerca de 200 000€. A aquisição<br />

destas tecnologias deve, por<br />

isso, ser sempre precedida de um<br />

aconselhamento especializado junto<br />

dos representantes ou técnicos<br />

das empresas que fazem a sua instalação<br />

e/ou de grupos científico-<br />

-académicos especialistas na área.<br />

Métodos não-invasivos<br />

Os métodos não-invasivos assentam<br />

em vários princípios fisicos ou<br />

químicos. Os mais versáteis e com<br />

maior disponibilidade no mercado<br />

actualmente são os ópticos, mais<br />

exactamente, a espectroscopia de<br />

Vis/NIR, cujo aparecimento inicial<br />

respeitava a fins medicinais e militares<br />

(Hand et al., 1998, Nicolaï<br />

et al., 2008), mas que posteriormente<br />

foi sendo assimilada pela<br />

área agrária e indústria agro-alimentar.<br />

No entanto, a sua integração<br />

na rotina de produtores, cooperativas<br />

e entrepostos ainda não<br />

é a realidade que gostaríamos!<br />

Na esperança de melhorar a vida<br />

de todos aqueles que diariamente<br />

se vêem a braços com toneladas<br />

de frutos e legumes para avaliar,<br />

aqui vão algumas propostas de tecnologia<br />

não-invasiva disponível no<br />

mercado.<br />

Grupo Unitec<br />

Os espectrómetros de Vis/NIR:<br />

NIR QS-200 © (bancada), Nir QS-<br />

300 © (portátil), QS_ON LINE 902 ©<br />

(para linha automatizada de cali-<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009<br />

pós-colheita<br />

O IQA da Aweta analisa o grau brix, acidez, aroma e taxa hidrométrica dos frutos através de raios infra-vermelhos<br />

bração de frutos sem caroço), comercializados<br />

pelo Grupo Unitec<br />

(Itália), permitem a determinação<br />

de TSS, dureza e AT, bem como peso,<br />

cor, tamanho e defeitos na casca,<br />

de vários frutos quando se associa<br />

o QS_ON LINE 902 © a linhas<br />

automatizadas de calibração.<br />

Maf Roda Agrobiotic<br />

A Maf Roda Agrobiotic (França<br />

com representante em Portugal)<br />

dispõe dos sistemas Optiscan II,<br />

Pomone II, Tetrascan II, Uvascan,<br />

Axone-Twinscan e InSight NIR, todos<br />

passíveis de serem integrados<br />

em linhas automatizadas de calibração,<br />

e que determinam cor e defeitos<br />

na casca de produtos tão diferentes<br />

como citrinos, cerejas,<br />

maçãs, batatas ou hortaliças, e ainda,<br />

TSS, índice de gordura e percentagem<br />

de massa seca.<br />

CAP GbR, Brimrose,<br />

Aweta<br />

O CP Pigment analizer PA1101<br />

comercializado pela CAP GbR. (Alemanha)<br />

permite o doseamento<br />

não-invasivo (Vis/NIR) de pigmentos<br />

em frutos e legumes (aparelho<br />

portátil). A Brimrose (USA, com representação<br />

em Espanha) apresenta<br />

também vários modelos de<br />

AOTF NIR (portátil, bancada e linha<br />

automatizada). Por outro lado,<br />

temos ainda o NIR IQA comercializado<br />

pela Aweta (Holanda, representada<br />

em Portugal pela Nova<br />

Electrolis) para linhas automatizadas<br />

de calibração. Este sistema<br />

que mede o grau de absorção de<br />

luz infra-vermelha e a largura de<br />

onda emitida, analisa o TSS dos<br />

frutos e permite análises rigorosas,<br />

uma vez que avalia a totalidade do<br />

fruto. Um importante avanço tecnológico,<br />

pois a distribuição de<br />

açúcar num fruto não é uniforme.<br />

Os desenvolvimentos recentes deste<br />

sistema permitem medir ainda<br />

a acidez, aroma e taxa hidrométrica.<br />

A Aweta dispõe ainda do sistema<br />

AFS (sensor acústico de firmeza)<br />

para análise da qualidade interna<br />

dos frutos. Através de ultrasons,<br />

mede o padrão de vibração<br />

produzido pelos frutos (“vibração<br />

ressoante atenuada”), determinando<br />

o índice de firmeza, que permite<br />

diagnosticar a podridão, perdas<br />

de peso, grau de frescura e estrutura<br />

interna do fruto.<br />

Bestnv<br />

A Bestnv (Bélgica) apresenta no<br />

mercado vários calibradores ópticos<br />

para linhas automatizadas como<br />

o Helius TM , Genius TM , Ixus TM ,<br />

Xyclops TM and Mat TM que permitem<br />

fazer a distinção de forma, cor e estrutura<br />

dos produtos hortofrutícolas.<br />

Estes aparelhos fazem uso da<br />

tecnologia FLUOTM, infravermelho,<br />

raios X, câmaras ou leds para<br />

obter maior contraste e determinar<br />

eficazmente defeitos superficiais<br />

de frutos e legumes e ainda<br />

resíduos tóxicos, como as aflotoxinas<br />

e outros contaminantes em<br />

hortaliças.<br />

Agro-technologie<br />

Relativamente a outro tipo de<br />

tecnologias não-invasivas, é de referir<br />

o texturómetro Durofel<br />

DTF100 (portátil) comercializado<br />

pela Agro-technologie (França,<br />

com representante em Espanha),<br />

que determina a firmeza do fruto<br />

por impedância mecânica, enquanto<br />

a Aweta apresenta no mercado<br />

um detector acústico de firmeza,<br />

AFS para bancada, muito útil na<br />

avaliação de frutos crocantes, como<br />

referido acima.<br />

Ripesense<br />

e Aromasensors<br />

A Ripesense disponibiliza um<br />

sensor ou nariz químico, o Ripesense<br />

® , que consiste numa etiqueta<br />

que se coloca nas embalagens, e<br />

que muda de cor por interacção<br />

com os voláteis libertados pelos<br />

frutos ao longo do processo de maturação<br />

na prateleira. Por sua vez,<br />

a Aromasensors (Portugal) tem já<br />

protótipos de vários tipos, prontos<br />

a serem fabricados e comercializados,<br />

de detectores de luminescência<br />

associada aos voláteis de frutos,<br />

indicativos da sua qualidade interna<br />

e frescura (ver artigo na edição<br />

Março-Abril 2009 da <strong>FLF</strong>). •<br />

*Investigadora em Bio-Sensing, Centro de<br />

Electrónica, Optoelectrónica e Telecomunicações<br />

(CEOT), Universidade do Algarve,<br />

Campus de Gambelas 8005-139 Faro;<br />

acavaco@ualg.pt<br />

Referências bibliográficas e web sites<br />

consultados:<br />

Drzyzga O. (2003) Diphenylamine and derivatives<br />

in the environment: a review. Chemosphere<br />

53: 809-818.<br />

Hand, A., Grant, B and Gaughan, R. (1998)<br />

Photonics brings in the harvest. Photonics<br />

Spectra 32 (10): 103-126.<br />

http://www.cp-info.de<br />

http://www.maf-roda.com<br />

http://www.brimrose.com<br />

http://www.bestnv.com<br />

http://www.ripesense.com<br />

http://www.aromasensors.com


país<br />

1.º Concurso Nacional<br />

flores e ornamentais<br />

de Floricultores e Floristas<br />

A vila da Apúlia,<br />

em Esposende, acolheu,<br />

nos dias 30 e 31 de Maio,<br />

o 1.º Concurso Nacional<br />

de Floricultores<br />

e Floristas. Um evento<br />

organizado pela<br />

Associação de<br />

Floricultores de Portugal,<br />

em colaboração<br />

com a Cooperativa<br />

de Arte Floral.<br />

Inauguração com o director regional de Agricultura do<br />

Norte, o presidente da Câmara Municipal de Esposende<br />

e o presidente da Junta de Freguesia da Apúlia<br />

Esta «<br />

festa tem como principal<br />

objectivo a promoção<br />

da flor e todo o sector associado,<br />

onde a AFP tem<br />

vindo a actuar, com intenção<br />

de o organizar e defender os interesses<br />

socioprofissionais dos floricultores,<br />

e ciente da oportunidade<br />

de negócio que este sector representa<br />

no actual panorama agrícola<br />

nacional. Acreditamos que é benéfico<br />

para o sector a realização de um<br />

certame onde todos os agentes da<br />

cadeia produtiva estão representados»,<br />

afirmou João Paulo Oliveira,<br />

presidente da direcção da AFP.<br />

Simultaneamente à mostra de<br />

flores, floricultores, floristas e produtos<br />

relacionados com o sector,<br />

decorreu o I Concurso Nacional de<br />

Floristas, organizado pela Cooperativa<br />

de Arte Floral (CAF). Estiveram<br />

em prova perto de uma dezena<br />

de concorrentes. O primeiro prémio<br />

(600€) foi atribuído a Catarina<br />

Maciel, de Ponte de Lima, em<br />

segundo lugar (400€) ficou Bruna<br />

Castro, de Guimarães, e em terceiro<br />

(300€) Sónia, de Torres Vedras.<br />

O evento decorreu junto à praia<br />

da Apúlia, uma paisagem agradável,<br />

que deslumbrou o muito público<br />

que por ali passou e contribuiu<br />

para divulgar a utilização da<br />

flor como elemento decorativo. Os<br />

dois dias foram também uma oportunidade<br />

para os agentes do sector<br />

se encontrarem e estabelecerem<br />

contactos comerciais.<br />

A inauguração contou com a<br />

<strong>FLF</strong> 106 | Maio/Junho 2009 65


flores e ornamentais<br />

presença do director regional de<br />

agricultura do Norte, António Ramalho,<br />

o presidente da Câmara Municipal<br />

de Esposende e o presidente<br />

da Junta de Freguesia da Apúlia.<br />

António Ramalho escutou as<br />

preocupações e ambições das empresas<br />

do sector florícola nortenho,<br />

algumas a aguardar resposta a projectos<br />

de investimento candidatos<br />

ao PRODER. «Ainda estamos a fe-<br />

país<br />

I Concurso<br />

Nacional<br />

de Floristas<br />

char o primeiro concurso (Julho<br />

2008), a avaliação dos projectos não<br />

terminou. Seguramente em Julho<br />

a avaliação estará concluída. No segundo<br />

concurso houve uma grande<br />

lacuna na junção de ficheiros de<br />

georreferenciação aos projectos de<br />

investimento, temos centenas de<br />

projectos à espera de avaliação por<br />

falta destes documentos», disse António<br />

Ramalho à Frutas, Legumes<br />

1.º Prémio - Catarina Maciel, de Ponte de Lima<br />

2.º Prémio - Bruna Castro, Guimarães 3º Prémio - Sónia, Torres Vedras<br />

e Flores. Questionado sobre os sectores<br />

de actividade que mais projectos<br />

candidataram na região Norte,<br />

o director-regional elencou o<br />

vinho, seguido das frutas (quivi).<br />

Até ao momento, estarão aprovados<br />

apenas dois projectos na área<br />

da floricultura, pelas contas de António<br />

Ramalho. Outros projectos<br />

aprovados: centrais de embalamento<br />

de quivi, transformação de fru-<br />

Produção de cravos, margaridas, rosas e bolbosas<br />

Ofereça uma flor,<br />

ganhe um sorriso!<br />

tas (Frulact, Maia), transformação<br />

da castanha, adegas, cogumelos<br />

(SousaCamp). «Não tivemos no<br />

Norte nenhum projecto de fileira<br />

que subsistisse, porque não havia<br />

coerência do ponto de vista técnico-económico<br />

nos investimentos<br />

conjuntos produção – agro-indústria.<br />

Alguns acabaram por ser reapresentados<br />

individualmente»,<br />

confessou. •<br />

Rua do Faicho, Lote 7 – 2º Esq.<br />

4740-055 Apúlia, Esposende<br />

Tel.: (00 351) 933 812 408<br />

Tel.: (00 351) 933 812 409<br />

joliveirapaulo@gmail.com


AGROGARANTE<br />

Sociedade de Garantia Mútua, S.A.<br />

Morada> Rua João Machado, nº86<br />

3000-226 COIMBRA<br />

Telefone> +(351) 239 854 310<br />

Fax> + 239 854 319<br />

E-mail> agrogarante@agrogarante.pt<br />

Site> www.agrogarante.pt<br />

O que precisa para<br />

concretizar o projecto<br />

agrícola que tem<br />

em mãos.<br />

Tem em mãos um projecto agrícola inovador, mas faltam-lhe apoios<br />

e as garantias para o concretizar? É para isso que existe a AGROGARANTE.<br />

A sociedade do sistema de Garantia Mútua vocacionada para apoiar<br />

a Agricultura, a Agro-Indústria e a Floresta, sectores estratégicos para<br />

a economia portuguesa.<br />

Agora através da AGROGARANTE, as empresas Agro-florestais podem obter<br />

todas as garantias que necessitam para se modernizarem e aumentarem<br />

a sua competitividade:<br />

> Garantia a sistema de incentivos, requerida no âmbito de programas de<br />

apoio às empresas, nomeadamente o IFAP, torna possível o recebimento<br />

antecipado de incentivos e outros apoios públicos.<br />

> Garantia a empréstimos, que lhe permite obter crédito junto das<br />

Instituições Bancárias em melhores condições de preço e prazo.<br />

> Garantias de bom pagamento, para o cumprimento dos compromissos assumidos<br />

com fornecedores e outras entidades.<br />

> Garantias ao Estado, que asseguram o cumprimento das obrigações<br />

perante as Instituições Públicas (IVA, etc.).<br />

É este forte investimento na inovação e na iniciativa empresarial que<br />

torna a Garantia Mútua um instrumento de sucesso. Porque tem soluções<br />

à medida das necessidades específicas dos diversos sectores de actividade.<br />

Porque aposta no futuro dos ENI, das Micro, Pequenas e Médias Empresas.<br />

Quando precisar de uma Garantia a Sistemas de Incentivos, Garantia<br />

a Empréstimos, Garantia de Bom Pagamento ou Garantia ao Estado, fale com<br />

o especialista em Garantias para o sector Agro-Florestal: a AGROGARANTE.<br />

No âmbito do novo Quadro de Incentivos (ProDeR)<br />

deve consultar a AGROGARANTE para a emissão<br />

de Garantias a favor do IFAP e/ou para empréstimos<br />

necessários ao seu PROJECTO.<br />

Estamos prontos a prestar-lhe todas as garantias de forma mais simples,<br />

rápida e económica.<br />

Com a AGROGARANTE, as boas<br />

produções estão garantidas!

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!