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Instituto AMMA - Psique & Negritude - Imprensa Oficial

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é uma coisa que você tem e vai<br />

morrer com isso.<br />

Tive dificuldade com este exercício.<br />

Dificuldade em expressar<br />

meu preconceito. Passou muito<br />

por essa coisa da falta de conhecer.<br />

Uma vez, a partir de uma<br />

experiência de trabalho, conheci<br />

uma aldeia indígena. Tive a<br />

oportunidade de ver os processos<br />

de organização, de educar as<br />

crianças. Enfim, toda uma vida<br />

social. Percebi que meu preconceito<br />

foi nunca ter pensado que<br />

os indígenas se organizassem. O<br />

mesmo com portadores de HIV,<br />

na década passada, eles eram<br />

relacionados rapidamente a<br />

que? A afeminados. Uma idéia<br />

de quem tinha o vírus HIV era<br />

homossexual. Durante esse período,<br />

até eu descobrir o que significava<br />

o HIV realmente, achava<br />

que era isso mesmo. Achava<br />

que eram essas pessoas que<br />

tinham a doença. O estereótipo<br />

dos idosos é de que são aqueles<br />

velhinhos que estão cuidando<br />

dos netos ou são pessoas doentes<br />

que estão no hospital. A partir<br />

do momento que você faz a<br />

leitura de que idoso não é necessariamente<br />

aquele que está na<br />

fila do INSS ou na fila do hospital,<br />

você começa a mudar sua<br />

relação com eles.<br />

O preconceito tem muita a ver<br />

com a ignorância, com o desconhecimento<br />

do outro. Eu convivi<br />

com homossexuais da infância<br />

até a adolescência e achava<br />

muito estranho a imagem negativa<br />

que eles tinham na tv, as<br />

piadinhas. Eu não via eles<br />

fazendo os tipos de coisas que a<br />

tv mostrava. O meu preconceito<br />

mesmo foi em relação à Aids,<br />

associá-la automaticamente aos<br />

homossexuais masculinos.<br />

Quando começamos a falar dos<br />

estereótipos, pensei que a gente<br />

ia relacionar brancos e negros,<br />

estereótipo em cima dos negros e<br />

dos negros e conseqüentes preconceitos.<br />

Por exemplo, o negócio<br />

do samba, “branco não<br />

samba tão bem”. Isso é um estereótipo<br />

e que leva ao preconceito<br />

de que “branco não tem ritmo”.<br />

Outra coisa interessante é que<br />

para haver estereótipo tem que<br />

existir compara-ções. Funciona<br />

em dupla. “Brancos sambam<br />

mal / negros sambam bem” ou<br />

“Negros falam alto / brancos<br />

falam baixo” etc.<br />

Outro estereótipo é com os<br />

homens. A história de que eles<br />

sempre querem transar, sempre<br />

estão a fim de transar. E o preconceito<br />

é que você não confia<br />

totalmente neles.<br />

Mas será que sempre eles querem<br />

transar?<br />

Meu preconceito foi formado<br />

por reiteração de que os indígenas<br />

“adoram a natureza”. Isso é<br />

positivo, adorar a natureza.<br />

Mas daí eu embarquei no estereótipo<br />

de que os indígenas são<br />

“naturalmente infantis”.<br />

Exóticos.<br />

Nós somos educados para os<br />

estereótipos. Por exemplo, ter a<br />

imagem do indígena como preguiçoso.<br />

A imagem de que eles<br />

não trabalham com a terra, não<br />

fazem nada.<br />

Na verdade, eles são muito mais<br />

avançados. A concepção de vida<br />

da sociedade, de estrutura<br />

social. Mesmo que fossem mais<br />

“atrasados”, a pergunta é: mais<br />

“atrasados” em relação a que?<br />

Quando me relaciono com pessoas<br />

brancas, em geral, tenho<br />

muita reserva. Acho que é um<br />

tipo de preconceito também.<br />

Tenho reserva porque tenho<br />

medo de ser machucada.<br />

Gato escaldado tem medo de<br />

água fria.<br />

O estereótipo e o preconceito<br />

são muito próximos porque o<br />

preconceito é apoiado pelo estereótipo.<br />

O estereótipo está<br />

muito colado também em como<br />

vou perceber o outro. Quer<br />

dizer, ele vai interferir na minha<br />

relação com o outro.<br />

Eu me relaciono com as pessoas<br />

brancas, mas preciso de um tempo<br />

para me acostumar com elas. Não<br />

vou me relacionando logo que conheço,<br />

não converso de cara.<br />

Acho que é uma defesa, não é<br />

preconceito.<br />

Em geral, os brancos falam:<br />

“Cuidado com os negros, são<br />

bandidos, marginais, estão<br />

assaltando as pessoas. Se você<br />

vir um negro, de madrugada,<br />

tem que sair correndo". Então<br />

desenvolvi um preconceito por<br />

medo de ser agredida. É estereótipo<br />

e preconceito.<br />

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