Instituto AMMA - Psique & Negritude - Imprensa Oficial
Instituto AMMA - Psique & Negritude - Imprensa Oficial
Instituto AMMA - Psique & Negritude - Imprensa Oficial
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O CORPO<br />
“Ser negro é ser violentado de forma constante, contínua e<br />
cruel, sem pausa ou repouso, por uma dupla injunção: a de<br />
encarnar o corpo e os ideais de ego do sujeito branco e o<br />
recusar, negar e anular a presença do corpo negro.”<br />
Jurandir Freire Costa<br />
O corpo é nossa casa. Casa que habitamos do nascimento até à<br />
morte. O corpo também é a nossa presença indelével nos espaços do<br />
mundo. Ele também é o lugar onde carregamos nossas razões e emoções.<br />
O corpo nunca é passivo: o mundo imprime marcas no nosso corpo e<br />
nosso corpo imprime expressões no mundo. Há todos os tipos de corpos:<br />
gordo, magro, alto, médio, baixo.<br />
Corpos brancos, corpos indígenas, corpos asiáticos, corpos negros são<br />
rigorosamente iguais: cabeça, tronco, membros, um coração, um<br />
fígado, dois rins, uma bexiga, um baço, dois pulmões etc. Uma única<br />
diferença fundamental: corpos femininos, corpos masculinos.<br />
Então qual o sentido de falarmos em corpos negros e corpos nãonegros?<br />
É um sentido político. Os corpos carregam, para além dos<br />
membros e dos órgãos internos, paisagens da História.<br />
A cor dos corpos, os traços da exterioridade são colocados em espaços<br />
desiguais no mundo.<br />
Durante a Formação sobre “Os Efeitos Psicossociais do Racismo”,<br />
os debates em torno do corpo foram uma presença constante. Não<br />
somente o corpo físico, mas também o corpo simbólico.<br />
Também foram propostos vários exercícios corporais, entre eles, de<br />
relaxamento e autoconhecimento.<br />
Liane Zink foi responsável por aprofundar o tema e desenvolveu uma<br />
dinâmica 100% emoção. Ela propôs que o grupo de participantes<br />
pusesse o dedo na ferida, “dramatizando” o silêncio familiar em<br />
torno do sofrimento dos escravos.<br />
47