Instituto AMMA - Psique & Negritude - Imprensa Oficial
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A<br />
EDUCAÇÃO<br />
Sempre que alguém pergunta: qual a<br />
saída para o Brasil crescer e distribuir<br />
melhor sua renda, suas oportunidades,<br />
suas riquezas? Nove entre dez pessoas<br />
apontam a educação como condição<br />
sine qua non para seguirmos em frente.<br />
É curioso que essa aposta na educação<br />
seja quase unânime e, ao mesmo tempo,<br />
as escolas públicas brasileiras sejam tão<br />
maltratadas. Certamente, essa situação<br />
não surgiu hoje nem ontem. A escola<br />
brasileira já nasceu complicada: branca e<br />
para poucos. Eurocêntrica e etnocêntrica.<br />
Agora, no século XXI, os números oficiais<br />
dão motivo à comemoração: nunca<br />
tanta gente esteve dentro das escolas.<br />
Garantido pela Constituição Brasileira,<br />
artigo 208, o ensino fundamental, obrigatório<br />
e gratuito, é para todos sem distinção<br />
de classe, gênero e raça.<br />
No entanto, a esmagadora maioria das<br />
crianças, adolescentes e jovens não brancos,<br />
além de gramática e português,<br />
conhecem também o bê-à-bá da discriminação<br />
racial na escola. Discriminação<br />
traduzida em olhares, desatenções, indiferenças,<br />
inadequações culturais, palavras<br />
ofensivas.<br />
Mas não apenas os alunos têm lições de<br />
intolerância, os educadores negros também<br />
enfrentam preconceitos dentro da<br />
escola além de barreiras para a sua<br />
ascensão profissional.<br />
Como sempre, no Brasil, muitas vozes se<br />
levantam para dizer que a escola não<br />
pratica o racismo, que trata todos com<br />
igualdade. Tal afirmação faz parte do<br />
racismo à brasileira – na maioria das<br />
vezes, dissimulado e escorregadio.<br />
Praticado nas entrelinhas.<br />
Mas como não reconhecer o racismo<br />
quando um professor desqualifica ou<br />
ofende um aluno por sua raça/etnia?<br />
Como não ler racismo e sexismo nos<br />
livros didáticos que insistem em atribuir<br />
papéis sociais subalternos aos negros e<br />
às mulheres? Como não se indignar com<br />
aulas de história que são useiras e viseiras<br />
em retratar a história da escravidão<br />
como uma história de submissão da<br />
população negra. Ou nas aulas de geografia<br />
que ignoram, solenemente, a complexidade<br />
do continente africano? Se<br />
todas essas manifestações não forem<br />
racistas, são o que?<br />
Durante a formação sobre Os Efeitos<br />
Psicossociais do Racismo, Eliana Oliveira,<br />
responsável pela Oficina Educação e<br />
Cultura, discorreu acerca dos temas: O<br />
papel do Educador; História pessoal e<br />
sua influência na aprendizagem; Função<br />
dos estereótipos na manutenção do<br />
racismo.<br />
Na seqüência, leia a entrevista, dada<br />
por Eliana Oliveria, especialmente<br />
para esta publicação.<br />
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