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Instituto AMMA - Psique & Negritude - Imprensa Oficial

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DESCONSTRUIR, RESIGNIFICAR<br />

Rever a história do Brasil de um ponto de vista não racista e não<br />

sexista talvez seja trabalho para gerações inteiras. Mas a largada já<br />

foi dada e seus pilotos são, principalmente, sociólogos, antropólogos,<br />

educadores, psicólogos, negros ou brancos comprometidos<br />

com a tarefa de passar a limpo os conteúdos da nossa história.<br />

No Módulo I da Formação sobre Os Efeitos Psicossociais do<br />

Racismo foi trabalhado um breve panorama da história da criança<br />

negra no Brasil. Também buscou-se identificar o surgimento de<br />

instituições de correção e confinamento, matrizes das atuais<br />

FEBEMs e FUNABEMs.<br />

Como formador foi convidado o historiador Marco Antonio<br />

Cabral. Ele apontou para o itinerário da criança e do jovem marginalizados.<br />

O historiador situou sua fala na São Paulo do começo do século<br />

XX, uma cidade frenética caracterizada pelo final da escravidão -<br />

sem nenhuma política de compensação para os libertos e seus<br />

filhos -, e a entrada de enormes contingentes de imigrantes para<br />

cumprir uma dupla função: trabalhar nas lavouras paulistas e<br />

branquear o país. Nesse momento, há um significativo aumento<br />

da criminalidade e observa-se a criança e o adolescente (chamado<br />

de menor) sendo punido por “desordens”, “vadiagens” e pequenos<br />

furtos (qualquer semelhança com a São Paulo do século XXI<br />

não é mera coincidência).<br />

Marco Antonio ressaltou que para combater os delitos juvenis, o<br />

Estado azeita seus aparelhos de repressão e correção. Assim<br />

nasce, em 1902, o <strong>Instituto</strong> Disciplinar destinado a recolher<br />

“pequenos mendigos, vadios, viciosos, abandonados, maiores de 9<br />

e menores de 14 anos que lá deveriam ficar até completarem 21<br />

anos”. Estava dado o empurrão para o confinamento de muitas<br />

crianças e adolescentes pobres da cidade de São Paulo. Segundo<br />

Marco Antonio, era o começo da transformação do “menino da<br />

rua” em “menino de rua”.<br />

No debate com os participantes, ficou claro que os atuais meninos<br />

e meninas de rua bem como os “institucionalizados”, na sua maioria<br />

negros, não surgiram nas esquinas urbanas de repente. Atrás<br />

deles, há uma história de discriminação e exclusão sistêmicas.

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