Instituto AMMA - Psique & Negritude - Imprensa Oficial
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As ações afirmativas não se popularizaram?<br />
Maria Lúcia - Ainda não. Temos assistido frequentemente a manifestações que<br />
evidenciam a resistência da sociedade em relação às ações afirmativas. Há um<br />
discurso que responsabiliza os negros por eventuais retrocessos e que caracteriza<br />
as ações afirmativas como um racismo às avessas. Também é notável que maior<br />
consciência e maior conhecimento da realidade, por parte de setores da população<br />
negra, não são suficientes para desconstruir o discurso racista. Esta situação<br />
nos leva a buscar outras dimensões do conhecimento, para a compreensão da<br />
perpetuação das práticas discriminatórias.<br />
Como a compreensão da dimensão subjetiva do racismo pode ajudar?<br />
Maria Lúcia - É necessário saber que as relações entre brancos e negros estão<br />
permeadas por representações que precisam sair do plano latente e vir para o<br />
plano da consciência. Isto também significa que ações envolvendo a dimensão<br />
subjetiva do racismo precisam ser introduzidas na pauta do Movimento Negro,<br />
descortinando o impacto da imagem que brancos e negros têm de si e do outro.<br />
Essas imagens manifestam-se por meio de atitudes, brincadeiras, chacotas, desrespeitos,<br />
humilhações. As ações que praticamos no cotidiano estão mediadas<br />
por fatores subjetivos que, na maioria das vezes, desconhecemos. Levar em consideração<br />
este aspecto será um passo importante para começarmos a compreender<br />
de que lugar se fala. A idéia é trabalhar a conexão entre percepção, sentimento,<br />
ação. Tal conexão poderá facilitar a busca de saídas mais satisfatórias.<br />
Quais os objetivos principais da Formação?<br />
Maria Lúcia - A formação “os efeitos psicossociais do racismo” é parte de uma<br />
proposta mais ampla que visa à elaboração do racismo introjetado através de<br />
uma abordagem psicossocial, com vistas a favorecer o estabelecimento de novos<br />
parâmetros de convivência. Esperamos também, a partir da formação, criar uma<br />
rede de interlocutores na área de saúde mental e educação.<br />
É uma formação só para pessoas negras?<br />
Maria Lúcia - Não. Um dos princípios fundamentais da nossa atuação é o estímulo<br />
ao diálogo interétnico-racial.<br />
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