a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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18.05.2013 Views

e cultural) nos quais os projetos de felicidade que os sujeitos carregam consigo possam ser plenamente escutados e compreendidos. Caminhos que vêm ao encontro das novas correntes do pensamento da Enfermagem que refletem a respeito da arte de cuidar, e que entendem que este transcende a fragmentação do sujeito, aproximando-o do todo, buscando uma visão integral do ser humano (DUARTE DE SÁ, 1999). Tais proposições trazem no momento da cena a realidade subjetiva que inclui o desejo, as emoções e o inconsciente. Resgatam o sentido do viver, do adoecer e do morrer como experiência subjetiva, como problema existencial (TAVARES e TEIXEIRA, 1997; POLAK, 1997). Acredito que para se construir um novo modelo de prevenção, faz-se necessário ampliar os horizontes e lançar diferentes olhares sobre a vida na sua expressão mais ampla, sobre o indivíduo e a coletividade; entender a atitude cuidadora no âmbito da prevenção, não mais como um conjunto permeado de técnicas, regras e normas autoritárias, punitivas e de controle, mas buscar ressignificar as práticas de saúde por meio de novas sensibilidades pelo saber e o sentir, o ver e o ouvir, o tocar e ser tocado. E é nessa ressignificação que as questões pertinentes às pessoas que querem ser cuidadas e seus projetos de felicidade, encontram aconchego. E quem sabe, como diz Ayres (2002), possamos nos inspirar por essa imagem e buscar nossos próprios projetos de felicidade. 4.2 CENTRO DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO: A SERVIÇO DA PREVENÇÃO Em 1980, diante do inexplicável fenômeno da AIDS, enunciada como uma doença repleta de incertezas e de medos que veio interromper o curso natural das coisas, como mencionado, pensadores da AIDS, dentre eles o pesquisador Jonathan Mann, falavam da necessidade de se elaborar, promover e aperfeiçoar elementos no campo da intervenção que envolvesse a participação das pessoas e sua(s) parceria(s) sexuais ou de drogas injetáveis, os programas de prevenção do HIV e os 81

sistemas sociais, com o objetivo de reduzir a velocidade da transmissão do vírus, e assim alterar o curso da epidemia da AIDS. Pensando nessa questão, Mann et al. (1993) identificaram três denominadores essenciais para se buscar o sucesso nos programas de prevenção, que seriam: educação/informação, serviços sociais e de saúde e um ambiente social adequado. O primeiro elemento-chave, o acesso à informação/educação é considerado um dos requisitos e os detalhes da consecução desse trabalho são decisivos (MANN et al., 1993), mas não são suficientes, uma vez que existe uma lacuna entre o recebimento da mensagem e o comportamento subseqüente. O momento em que se trabalha as informações não pode ser caracterizado como repasse de conteúdos generalizantes e impessoais, mas sim uma relação educativa diferenciada, de apropriação dos conhecimentos que se traduzirão em reflexões voltadas para a tomada de decisões e atitudes, conscientizando os indivíduos e, sobretudo, tornando-os sujeitos na tomada de decisões e cuidado de si (BRASIL, 1999a). É preciso discutir as informações, privilegiando o conhecimento prévio das pessoas, conforme o seu nível de instrução, de forma clara e não ambígua, respeitando a cultura na qual se inserem. O segundo elemento-chave de sucesso envolve os serviços sociais e de saúde, que devem ser associados às mensagens informativas com um viés educativo. Segundo Mann et al. (1993), os serviços de apoio devem incluir provisão de informações, assistência e produtos por meio de redes governamentais, não- governamentais e privadas, e sua eficácia aumenta à medida que se garante a participação de pessoas e das comunidades aos quais se destinam. A prevenção e assistência ao HIV/AIDS envolvem uma ampla gama de serviços e canais – alguns com vários objetivos (por exemplo, serviços de assistência médica maternoinfantil, serviços básicos de saúde, clínicas de doenças sexualmente transmissíveis), outros mais específicos às necessidades criadas ou reveladas pela pandemia (programas de amplo alcance dedicados a usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo). De outra perspectiva, alguns serviços envolvem pessoal dedicado a tarefas específicas (técnicos de laboratório, controladores de qualidade das camisinhas, enquanto outros envolvem uma ampla gama de profissionais das áreas social e de saúde que podem ser solicitados para executar tarefas relacionadas ao HIV/AIDS no curso de seu trabalho (aconselhadores, educação para a saúde) (MANN et al., 1993, p.172). 82

e cultural) nos quais os projetos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> que os sujeitos carregam consigo<br />

possam ser plenamente escuta<strong>do</strong>s e compreendi<strong>do</strong>s. Caminhos que vêm ao<br />

encontro das novas correntes <strong>do</strong> pensamento da Enfermagem que refletem a<br />

respeito da arte <strong>de</strong> cuidar, e que enten<strong>de</strong>m que este transcen<strong>de</strong> a fragmentação <strong>do</strong><br />

sujeito, aproximan<strong>do</strong>-o <strong>do</strong> to<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> uma visão integral <strong>do</strong> ser humano<br />

(DUARTE DE SÁ, 1999). Tais proposições trazem no momento da cena a realida<strong>de</strong><br />

subjetiva que inclui o <strong>de</strong>sejo, as emoções e o inconsciente. Resgatam o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

viver, <strong>do</strong> a<strong>do</strong>ecer e <strong>do</strong> morrer como experiência subjetiva, como problema<br />

existencial (TAVARES e TEIXEIRA, 1997; POLAK, 1997).<br />

Acredito que para se construir um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> prevenção, faz-se<br />

necessário ampliar os horizontes e lançar diferentes olhares sobre a vida na sua<br />

expressão mais ampla, sobre o indivíduo e a coletivida<strong>de</strong>; enten<strong>de</strong>r a atitu<strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>ra<br />

no âmbito da prevenção, não mais como um conjunto permea<strong>do</strong> <strong>de</strong> técnicas, regras e<br />

normas autoritárias, punitivas e <strong>de</strong> controle, mas buscar ressignificar as práticas <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> novas sensibilida<strong>de</strong>s pelo saber e o sentir, o ver e o ouvir, o tocar e<br />

ser toca<strong>do</strong>. E é nessa ressignificação que as questões pertinentes às <strong>pessoas</strong> que<br />

querem ser cuidadas e seus projetos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>, encontram aconchego. E quem<br />

sabe, como diz Ayres (2002), possamos nos inspirar por essa imagem e buscar nossos<br />

próprios projetos <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>.<br />

4.2 CENTRO DE TESTAGEM E ACONSELHAMENTO: A SERVIÇO DA<br />

PREVENÇÃO<br />

Em 1980, diante <strong>do</strong> inexplicável fenômeno da AIDS, enunciada como uma<br />

<strong>do</strong>ença repleta <strong>de</strong> incertezas e <strong>de</strong> me<strong>do</strong>s que veio interromper o curso natural das<br />

coisas, como menciona<strong>do</strong>, pensa<strong>do</strong>res da AIDS, <strong>de</strong>ntre eles o pesquisa<strong>do</strong>r Jonathan<br />

Mann, falavam da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se elaborar, promover e aperfeiçoar elementos no<br />

campo da intervenção que envolvesse a participação das <strong>pessoas</strong> e sua(s)<br />

parceria(s) sexuais ou <strong>de</strong> drogas injetáveis, os programas <strong>de</strong> prevenção <strong>do</strong> HIV e os<br />

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