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a trajetória silenciosa de pessoas portadoras do hiv contada pela ...

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superar fronteiras entre ciência e filosofia: conhecer pensan<strong>do</strong>, pensar conhecen<strong>do</strong>;<br />

romper a unilateralida<strong>de</strong> da racionalida<strong>de</strong> instrumental: tomar a tecnociência a partir <strong>de</strong><br />

nós, não ao invés <strong>de</strong> nós ou para nós; refletir criticamente sobre os saberes da saú<strong>de</strong>, a<br />

epi<strong>de</strong>miologia, as estratégias <strong>de</strong> prevenção: não <strong>de</strong>ixar o conhecimento e a intervenção se<br />

cristalizarem, torná-los experiências sempre vivas e humanas; reconstruir as práticas da<br />

saú<strong>de</strong> como encontro <strong>de</strong> sujeitos; encarar os objetivos das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais como<br />

busca compartilhada <strong>de</strong> meios que como alcance absoluto <strong>de</strong> fins; viver radicalmente a<br />

comunida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos <strong>de</strong> que experiência da AIDS vem nos lembrar (AYRES<br />

et al., 1999, p.69-70).<br />

Redundante dizer que a proposta <strong>de</strong> transmutar nossas atitu<strong>de</strong>s e práticas<br />

mo<strong>de</strong>ladas <strong>pela</strong> racionalida<strong>de</strong> que subjaz e orienta nossas intervenções, é uma<br />

tarefa lenta, complexa e difícil, embora jamais impossível. Para tanto, há<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementar ações que promovam a cidadania e estimulem as<br />

<strong>pessoas</strong> a serem agentes e sujeitos <strong>de</strong> suas vidas, que escolham e <strong>de</strong>cidam,<br />

adaptan<strong>do</strong> os guias e as propostas à sua cotidianida<strong>de</strong>, e que sejam apoiadas neste<br />

caminho, permitin<strong>do</strong> que as <strong>pessoas</strong> reflitam e modifiquem mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vida, atitu<strong>de</strong><br />

ou comportamento, conscientes da teia que engendra sua vulnerabilida<strong>de</strong>.<br />

Se há algo que a trágica história da AIDS trouxe-nos para refletir, bem como<br />

os abalos e as críticas que ela vem provocan<strong>do</strong> nas respostas tecno-científicas, é a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rever a racionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossas práticas, "aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> a onipotência<br />

iluminista da razão-instrumento em favor <strong>de</strong> uma razão que seja um 'estar-no-mun<strong>do</strong>', o<br />

eu e o outro, um construir comum <strong>de</strong>sse mun<strong>do</strong>" (AYRES et al., 1999, p.70). O conceito<br />

<strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> abre caminhos para a renovação, que po<strong>de</strong> ser sintetizada por uma<br />

proposta <strong>de</strong> superação da idéia <strong>de</strong> intervenção em saú<strong>de</strong> como uma ação<br />

transforma<strong>do</strong>ra, menos instrumental e racionalista e mais humaniza<strong>do</strong>ra, que <strong>de</strong>sponta<br />

no conceito <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>, especialmente no que diz respeito ao aspecto prevenção. Para<br />

isso, o autor propõe um giro filosófico no dimensionamento da própria concepção <strong>do</strong><br />

senti<strong>do</strong> prático da intervenção em saú<strong>de</strong>, buscan<strong>do</strong> transpor a lógica mais curativa,<br />

voltada para o tratamento, para uma concepção orientada pelo cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> outro.<br />

O caminho proposto por Ayres (2002) aponta para uma re-<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong><br />

nossas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> prevenção, que nos auxilie a passar <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> tratar para o ato<br />

<strong>de</strong> cuidar, permitin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, a criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> intersubjetivida<strong>de</strong> (social<br />

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